Vollfeit - Interativa escrita por N Spar


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Hey, pessoal, como vão? Essa é minha segunda interativa, mas ainda tenho muito o que caminhar no Vale das Fanfics. Espero que gostem. Boa leitura, :3



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Até os onze anos, ouvi inúmeras vezes a lenda que dizem aquecer os corações de nós, ihenes, e de nossos aliados, os diellors. O conto, com data desconhecida, é passado de geração em geração e revela uma metáfora para a base da criação dos nossos reinos. Minha mãe se sentava comigo no banco da varanda, sem faltar a uma noite de sexta-feira, e dizia que o sol era a fonte de todas as coisas boas na Terra no início de tudo. O povo, que o adorava, resolveu apelidá-la de “dia”. Porém, infelizmente para eles, o sol não era eterno. Após horas, sua luz quente e confortável dava lugar a uma escuridão gélida e inexpressiva, esvaziando o céu. Neste, apenas o sol conseguia enxergar uma forma tão grande quanto ela. A lua, chamava-se. Apenas o sol era capaz de observar a tristeza dessa lua quando esta pegava seu lugar e era chamada de “noite”, tornando-se conhecida por atrapalhar as atividades do povo e sugar os sentimentos agradáveis. Lembro-me de questionar minha mãe sobre a falta de noção do sol, que parecia não querer ajudar seu semelhante. Ela, com um sorriso iluminando seu rosto, pedia por paciência e continuava explicando: um dia, o sol decidiu tomar uma atitude – não apenas pelo povo, que odiava a lua cada vez mais, mas pelo próprio companheiro fúnebre. Com permissão deste, passou a direcionar seu brilho à mesma, fazendo-a refletir luz. As pessoas, maravilhadas com o acontecimento inesperado, festejaram por longos dias – e noites.

É meu conto preferido, apesar de parecer infantil para uma garota de dezoito anos. É ainda mais irônico pelo fato de mostrar que as pessoas podem ganhar tudo com trabalho em equipe, como o sol e a lua ganharam mais companhia no céu com as estrelas, que se revelaram com a lua iluminada. Ah, sim, é irônico, pois faço parte da equipe de espiões de Ihene, o reino da Lua. E, talvez você saiba, espiões não trabalham em equipe.

Pareci um pouco solitária, acredito. Realmente passo a maior parte do tempo com minha própria presença, assim como a lua imaginava ser. Estamos em tempos de paz – segundo a história, tivemos complicações militares apenas durante a junção dos reinos -, mas ainda tenho um trabalho longo, com viagens para missões de reconhecimento de outros impérios e recolhimento de informações sobre os mesmos. Nas horas abertas, posso agir como uma cidadã comum entre as ruas da vila, destinada àqueles que não trabalham nos castelos. Os outros, escolhidos a dedo para servir a realeza, vivem no mesmo teto desta. Apesar de fazer parte desses contratados, fui liberada, depois de meu pedido, a ter uma casa fora da área real. Devem existir diversos motivos para isso, mas não encontro a mais importante. Talvez tenha sido pela mania que peguei, após anos de trabalho, em se misturar com a grande população. Ou minha preferência em ficar nas sombras no lugar de se destacar na multidão. Ou apenas pelo fato de ter morado no castelo da família Ranica quando criança - já que meus pais eram guardas -, cansando-se de todo o contato com as figuras autoritárias.

Meus procriadores eram habilidosos e me levavam, às vezes, para seus treinamentos diários. Foram nessas manhãs recheadas de lanças, flechas, bestas e diversas outras armas que perceberam o intenso brilho nos meus olhos quando os assistia lutar. Apesar de não acharem normal uma criança com menos de nove anos se interessar por isso, deram-me uma chance e descobrimos, juntos, meu potencial para batalhas a curta distância e, quando precisasse, uma boa mira para alvos distantes e em movimento.

O que os surpreendeu, não em menor escala, foi a natureza de meu poder. Voltem ao tempo do conto que lhes mostrei. A época que criaram os reinos do Sol e da Lua, aliados e vizinhos desde o começo, deve ser tão antiga quanto ele. Essa separação em dois reinos se deu apenas pelos diferentes poderes que encontraram em parte das populações e, já que precisavam de nomes, decidiram homenagear os imensos astros. Foram divulgados indivíduos capazes de dominarem o elemento fogo, ou a água, o ar, os relâmpagos ou a terra. Com isso, as autoridades das famílias mais velhas decidiram, em concordância, criar seus reinos de acordo com essas habilidades: o Sol acolheu os íntimos de fogo e relâmpago, enquanto a Lua abraçou aqueles da água e do ar. A terra era comum e a mais fraca entre os elementos, tornando-se existente em ambos os castelos.

Meus pais foram privilegiados pelo “destino” e nasceram com poderes característicos do reino do Sol. Ambos eram do elemento fogo e esperavam que eu herdasse essa natureza. Acho que o destino foi tão simpático com eles que decidiu equilibrar a situação, bagunçando suas vidas. No teste usual para trabalhar no castelo, mostrei afinidade com o elemento ar. Eu estava no castelo errado, mas tinha a opção de me mudar logo em seguida ou depois dos doze anos. Apesar de ter mais duas primaveras, naquele tempo, para migrar, meus pais pediram ao rei para que abrisse uma exceção. Tentei acalmá-los, dizendo que me daria bem no reino da Lua e viraria a melhor guarda de lá. Parecia não surtir efeito, mesmo meus pais sorrindo quando me ouviam. Bem, pais têm o costume de imaginar seus filhos serem devorados por gigantes albinos após saírem para comprar pães. Eu saí para comprar os pães, tornei-me algo melhor que uma guarda e retornei feliz, querendo mostrar-lhes o feito. Não pude conhecer suas reações, mas tento imaginá-los até hoje, sorrindo e me presenteando com uma adaga de dente de dragão.

E não que virar uma espiã seja realmente melhor que guardar os limites do castelo da família Inira. Para mim foi algo totalmente satisfatório, mas poderia ser entediante para um soldado. Este também me chamou a atenção quando precisei decidir uma função, já que passara no teste citado. Esse teste não foi minha melhor experiência. Se vocês acabassem de formar um reino, buscariam por servos, certo? Mas e se fossem cientes de que, entre sua população, houvesse pessoas capazes de dominarem os elementos da natureza? Acho que selecionariam apenas esses para trabalharem dentro de sua casa. Foi isso que fizeram através dessa avaliação, que provocava a resistência e paciência dos cidadãos até que os mesmos desbloqueassem suas habilidades ou o tempo acabasse – caso isso acontecesse, eram liberados e declarados como “sem poderes”. Assim, o poder se concentrava ao redor da realeza. Mas não a veja como desumana. A prova era voluntária, e visto como vantajosa para aqueles que sonhavam em morar perto dos reis – acredito que já saibam meu motivo para passar por isso, então me pouparam de citar como acho inexplicável a adoração que essas pessoas veem em estruturas grandes de pedra com ouro dentro. Foi intensa, mas abriu diversas possibilidades para conhecer as terras além de Vollfeit.

Foi fácil de acostumar com a mudança para as terras de Ihene, ou para o lado leste de Vollfeit - todo o território que abarca os dois reinos -, se preferir. A cidade é tão bonita quanto o lado oeste, mas uma das coisas que me prendeu totalmente à nova vida foi a noite daqui, que é sempre encharcada pelas luzes de balões espalhados pelas ruas. É como se eu observasse um festival todas as noites antes de dormir. Outro ponto forte, na minha visão, é a tecnologia que usamos antecipadamente. Nossos astrônomos e cientistas trabalham em cima de antigos pergaminhos, que revelam conhecimentos apenas quando banhados por luz noturna. Se eu seguisse a ideia da lenda que lhes mostrei, não faria sentido essa história de “luz noturna”, já que a iluminação continuaria sendo proveniente do sol – então por que, gnomos, esperariam a noite para estudar? Todavia é apenas um conto, não muda a história que dita nossa responsabilidade em descobrir meios melhores para viver, enquanto Diellor aplica esses métodos e cultiva alimento para todos. É por isso que, se for visitá-lo, encontrará uma grande área destinada a pomares e grandes plantações. Crescemos com a ideia de que, por serem ligados ao sol, são melhores nesse ofício, recebendo ajuda da própria estrela gigante. Mais um motivo para ser grata por controlar o ar. Plantar morangos não está entre minhas competências, mas prová-las sim.

Além de testarmos diversos equipamentos novos, o que acho muito mais interessante que as frutas vermelhas, temos mais materiais para estudar astronomia e acesso rápido aos horóscopos – não que eu acredite, mas me divirto com certas previsões.

Sim, espiões estudam, assim como todos os outros até completarem dezenove anos. Depois disso, passamos a focar em habilidades de acordo com nossos ofícios, dentro ou fora das robustas construções. Ainda falta um ano para que eu finalize meus conhecimentos básicos e passe a usar manhãs e tardes apenas para treinamento de combate com o conhecido mestre Auren, melhor usuário do poder do ar.

Será um longo ano de espera.


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Notas finais do capítulo

Fichas: http://goo.gl/forms/kwws2jPAqe
Demorem o tempo que precisarem para completar, já que não as usarei por ordem de envio, ^^



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