Entre a razão e o coração. escrita por Kah Oliveira


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Voltei haha, espero que gostem. Boa leitura!



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Arizona PDV.

Aquela voz ficava ecoando na minha mente sem parar, precisava sair daquele salão, precisa evitar ter pensamentos impróprios por aquela mulher. Procurei os meus amigos e dei uma breve explicação que estava cansada e indisposta, Teddy queria me acompanhar mas falei pra ela não se preocupar, sai do salão à francesa em direção ao meu quarto.

Fechei a porta atrás de mim tirando meus sapatos, joguei meu corpo sobre o colchão, coloquei meus braços acima da minha cabeça, fiquei por alguns minutos na mesma posição.

Resolvi tomar um banho para aliviar a tensão, me despi, entrei logo debaixo da água morna apoiando minhas mãos na parede.

“Por que você não consegue tirar ela dos seus pensamentos...Arizona? Ela é namorada do seu irmão, será que você não vê? Céus! Qual o problema comigo?. - me martirizava enquanto sentia a água correr pelo meu corpo. - Droga, que mulher é essa...inferno!"

– Chega! – suspirei pensando em voz alta. – Não vou mais me permitir pensar nessa mulher, além de tudo ela é hétero, não que isso seja um problema...mas ela é comprometida e ainda com Tim.

“To pensando o que?. - continuei em meus pensamentos. – Que eu posso ter algo com Callie...minha cunhada?! Não...não! Abaixa a bola Arizona."

– Mas bem que eu queria... - soltei um suspiro pegando a toalha para me enxugar.

Na minha cama já vestida com meu babydoll, antes de apagar completamente, lembrei que Tim me intimou à ir para a casa de campo logo cedo, isso significava que eu ia ter que ver Callie, e isso era só o começo do quanto íamos ter que conviver juntas.

+++

– Nona, onde estão todos?. - fui entrando na cozinha e sentando no banco e apoiei meus braços no balcão.

– O Sr. Daniel e a Dona Bárbara já se alimentaram, seu irmão e a Srta. Callie saíram bem cedo.

– Então...eles foram sem mim?

– Minha filha, o Sr. Daniel pediu para assim que você acordasse e estivesse se alimentado para procurá-lo.

– Tudo bem Nona...agora você pode fazer aquele suco de laranja que só você faz. - digo, sorrindo.

Depois de me alimentar fui encontrar meu pai em seu escritório, bati na porta e entrei assim que ele consentiu, ele vestia uma roupa despojada e mexia em uma papelada.

– Papai? . - ele tirou os olhos dos papéis, tirou o óculos colocando encima da mesa e me analisou.

– Arizona, já está pronta para irmos?

– Pensei que tinham ido sem mim...vejo que vocês acordaram muito mais cedo do que me informaram, Tim e Callie não vão conosco?

– Arizona...seu irmão e a Callie foram resolver alguma coisa relacionada à negócios e eles vão um pouco mais tarde...então você vai comigo e sua mãe, esta bem?

– Tudo bem pai...já estou pronta.

Depois de uma hora e meia já estávamos na casa de campo, tinha esquecido de como aquele lugar era lindo, levei meus pertences para o quarto e peguei uma roupa básica e adequada para montar à cavalo, estava com tantas saudades disso de sair cavalgando por ai livremente, fui saindo em direção ao Haras particular.

Fiz um rabo de cavalo e de longe, Owen me viu e acenou. Quando cheguei perto, subi na madeira da cerca da arena e sentei. Owen me deu um imenso sorriso, o ruivo foi se aproximando da onde eu estava.

– Srta Arizona, quanto tempo?!.

– Sim...agora eu voltei e pra ficar, e onde está minha égua, está cuidando bem dela?

– Charlote está muito bem cuidada...e ela sente sua falta, vai querer dar uma volta nela?

– Claro...vim aqui pra isso, sinto falta de Charlote também. - Charlote era uma égua toda branca.

– Vou buscá-la...já volto.

Desde a primeira vez que vi Charlote me apaixonei, ela era uma égua muito arisca mas comigo ela não era e nem com Owen, vi Owen chegar com a égua e desci da cerca me aproximando lentamente, ele fazia carinho em sua crina e ela já estava com a sela...dei-me espaço e montei.

– Vai andar aqui na arena?

– Por enquanto sim...obrigada Owen.

Ele saiu alegando que ia dar comida para os demais cavalos, comecei a andar lentamente pela arena, explorando o local, aproveitando o fato de depois de muito tempo sem andar a cavalo. Divagava em meus pensamentos e eles iam diretamente para Callie, suspirei, ela estava mexendo comigo de alguma forma e era inevitável.

– Não imaginava que andava a cavalo.

Viro meu rosto direção da voz e meu coração para de bater por um instante, sinto minhas mãos suando, Callie estava apoiando os braços na cerca e vestia uma calça jeans justa e uma blusa azul de alça, muito linda por sinal e ela sorria com aquele sorriso megawatt. "Céus!, essa mulher ainda vai me enlouquecer"

– Vejo que há muitas coisas que você não sabe sobre mim. - digo, sorrindo.

– Verdade, mas tenho tempo agora...não se preocupe.

– Pensei que só viriam depois do almoço.

– Conseguimos chegar antes...colocamos as coisas no quarto e resolvi dar uma volta, enquanto Tim e seu pai foram conversar.

– Aqui é muito grande como me encontrou?.

– Digamos...que eu perguntei. - abro meu sorriso de covinhas com as palavras de Callie.

– Ficou muito tempo aí me observando?

– Um pouco, você estava em seu próprio mundo...não quis te incomodar.

– Você nunca me incomodaria Callie. - Callie sorri e vejo a mulher corar. - Quer andar a cavalo também? . - digo, olhando pra ela.

– Não...não, para ser sincera eu nunca andei a cavalo antes. - Callie abre um meio sorriso.

– Como não? Você não vem aqui? e ninguém te incentivou, te ensinou...sei lá?.

– Não Arizona! Na verdade eu nunca quis...Tim e eu fazemos outras coisas quando a gente vem pra cá. - sorrio, forçado.

– E que tal eu te ensinar agora? . - sugeri.

– Não sei não...Arizona.

– É muito tranquilo...podemos fazer assim você monta comigo e a gente da uma volta, se você não se sentir bem nós paramos. - ela me olhou e pareceu pensar por um momento.

– Tudo bem...vou confiar em você. - sinto meus batimentos cardíacos batendo rapidamente.

"Calma Arizona! Se controla...você só vai dar uma volta a cavalo com ela, como cunhada e possíveis amigas."

– Você vai gostar...eu garanto. - digo, descendo da égua.

Desci da Charlote com a intenção de trocar de égua, ela era muito arisca e não queria que Callie se assustasse. Estava distraída procurando por Owen com o olhar, assim que eu avistei fiz sinal para ele se aproximar, Callie entrou pela porteira e quando eu olhei ela estava fazendo carinho na crina de Charlote, olhei pra Callie e Charlote sem acreditar naquela cena que estava presenciando, o homem ruivo parou ao meu lado incrédulo tanto quanto eu.

– Acho que a Charlote gostou de alguém. - Owen, comenta.

– O que? . - Callie diz assim que vê eu e Owen à observando. - Fiz alguma coisa de errado?

– Não Callie...é só que a égua ela é arisca, ela não deixa qualquer pessoa se aproximar...apenas eu e Owen conseguimos e parece que ela gostou de você.

– Desculpe Arizona...eu não sabia, como ela se chama?

– Charlote.

– Lindo nome. - Callie se vira e começa a falar com Charlote. - Você é uma linda égua Charlote. - eu sorria que nem boba de ver aquela cena.

– O que você acha? . - pergunto para o homem ruivo.

– Charlote gostou de Callie...mas acho melhor você pegar um cavalo mais manso. - o ruivo diz, e eu afirmo em positivo com a cabeça e logo o homem sai das minhas vistas.

– Vamos andar com ela Arizona?

– Não, vamos andar com outro cavalo...ela gostou de você mas não vamos arriscar.

– Tudo bem...

Owen retornou com outro cavalo e perguntou se andaríamos pela arena mesmo, dessa vez optei em andar pelo campo, ajudei a Callie a subir no cavalo e subi logo em seguida. O ruivo abriu a porteira e comecei a andar.

Callie estava na minha frente, de um modo que eu tinha que ficar bem próximo ao seu corpo pra poder guiar, eu inalava seu cheiro e ele me inebriava, aquela cheiro tão bom...fechei meus olhos por um breve momento sentindo seu cheiro e seu corpo junto ao meu, percebi que seu corpo estava um pouco tenso.

– Callie...relaxa, eu estou aqui com você, não precisa ter medo ok?!

Callie virou um pouco o corpo para poder me olhar, isso nos deixou mais próximas, encarei seus lindos olhos chocolates e ela me deu um sorriso assentindo com a cabeça. Fomos andando pela fazenda à trotes lentos.

– Eu não conhecia essa parte...Arizona.

– Parece que eu fiquei incumbida de te apresentar então...Tim e eu adorávamos passear por todo esse lugar. - digo, com um sorriso triste.

– Tim nunca me mostrou e nem falou sobre esse lado.

– Aqui era nosso lugar preferido, depois que fui embora Tim nunca mais gostou de vir até aqui...ele ficou muito sentido quando parti e minha mãe comentou comigo que ele não vinha mais pra esse lado da fazenda.

– Entendo...talvez seja por isso que ele nunca me mostrou não é?

– É...mas enfim, quero te mostrar um lugar.

Fomos caminhando com o cavalo e a Callie estava mais relaxada, fui chegando perto do campo onde tinha a plantação de girassóis, eu presenciava a latina impressionada com o que ela via, desci do cavalo e ajudei ela a descer também, amarrei as rédeas do cavalo em uma árvore.

– Oh... . - murmura, Callie.

– Minha mãe fez essa plantação de girassóis e parece que ainda está bem conservada. - digo, sorrindo.

– É...lindo!

– Vem comigo.

Segurei na mão de Callie e fui andando pela trilha de terra, ela segurava a minha mão bem forte e fomos caminhando levando apenas alguns minutos até chegarmos à uma cachoeira, soltei a mão de Callie e deixei ela apreciar a paisagem sem falar nada, ela se agachou deixando sua mão ser molhada pela água enquanto sorria.

– Ai...está bem gelada . - Callie faz uma careta.

– Você é muito sensível Srta Torres. - digo, rindo.

– Srta Torres?, Hmm...você que é muito insensível Srta Robbins. - Callie provoca.

Eu giro meu corpo e caminho até algumas pedras e me sento, Callie ao me ver sentada vai até a mim e senta do meu lado e ficamos em um silêncio apenas observando a queda da cachoeira.

– Obrigada, Arizona.

– Obrigada?

– Você me apresentou esses lugares e também me passou uma confiança para fazer algo que nunca tinha feito, e pra ser sincera eu não costumo confiar muito nas pessoas. - ela diz sem me olhar, e eu sorrio com suas palavras.

– Já é um começo...acho que possamos ser amigas além de cunhadas. - digo, olhando para o outro lado.

– Acredito que sim, eu me sinto tão à vontade com você.

– Eu também...

– Sabe aquele papo que eu posso descobrir mais coisas sobre você? O que acha de praticarmos?.

– Acho uma boa idéia, também quero descobrir mais coisas sobre você...qual sua cor preferida? Seu filme preferido ? Sua comida preferida? - digo, rindo e olhando para a latina.

Vejo a Callie balançando a cabeça em negação e gargalhando.

– Quantos anos você tem mesmo, Arizona?

– Acho que exagerei um pouco...mas me diz uma coisa que você não gosta? . - digo, olhando pra latina.

– Não gosto da pronúncia do meu nome "Calliope" em público.

Calliope... . - digo, testando em meu tom de voz. - É lindo, não deveria se envergonhar ou algo do tipo.

– Sabe...até que você falou de um jeito que não ficou tão feio. - Callie sorri.

Eu me levanto rapidamente e vejo Callie me observar sem dizer nada e quando ela faz o ato de se levantar também eu faço um gesto para ela esperar, vou caminhando até onde avisto um punhado de flores, eu arranco uma e volto com a flor em minha mão, me sento do seu lado novamente e passo levemente meus dedos por sua face, ela fecha os olhos no mesmo instante. Então eu ajeito sua franja e coloco a flor presa em sua orelha, Callie abre os olhos sorrindo pra mim.

Nossos olhares ficam parados um no outro, sinto uma onda de calor percorrer por todo meu corpo, escuto o barulho da queda da água como se estivesse à quilômetros de distância, parecia que tudo estava acontecendo em câmera lenta, eu estava completamente hipnotizada e não conseguia desviar meus olhos azuis dos chocolates de Callie, eu coloco minha musculatura para frente aproximando meu rosto do seu lentamente...mas antes que eu fizesse alguma besteira um estalo me fez voltar a realidade, me levantei completamente desnorteada.

– Vamos? Precisamos voltar. - digo, tentando não parecer tensa.

– Vamos. - Callie me olha confusa, e se levanta batendo as mãos no seu jeans.

Depois de voltar até onde tinha deixado o cavalo, Callie pediu para guiar e eu concordei ensinando algumas coisas para ela, quando chegamos até a arena eu deixei o cavalo com Owen e nós começamos a caminhar até a casa em total silêncio, eu não sabia o que falar e Callie não quis puxar assunto, ela apenas fez uma brincadeira quando estávamos quase entrando na casa.

Percebi que ela não quis deixar o clima tenso, e pra ser sincera não sei se ela fingia que rolou um clima, pelo menos da minha parte na cachoeira, ou ela estava se fazendo de desentendida...então eu deixei pra lá e alertei minha mente para não me deixar quase se levar novamente.

Quando entramos na casa avistei meu irmão e meus pais na sala conversando em total harmonia, eles bebiam um vinho tinto e escutavam uma música calma enquanto davam umas boas gargalhadas.

– Vocês demoraram. - diz, meu pai.

– Estava apresentando alguns lugares que a Callie não conhecia. - digo, sem entrar em mais detalhes.

– O almoço será servido daqui a pouco. - minha mãe avisa.

– Estou vendo que vou perder a minha namorada pra você, Arizona. - Tim, diz em tom de brincadeira.

Callie senta ao lado de Tim e sela seus lábios e o abraça, fica com a cabeça encostada no ombro do meu irmão e fica me olhando como todos os outros da sala.

– Não...pode ficar tranquilo meu irmão ela é toda sua. - digo, irônica.

Vou em direção a escada e começo a subir rapidamente, ainda consigo escutar meu irmão dizer "O que deu nela?", entro no meu quarto fechando a porta e deixando meu corpo cair até o chão, apoio meus braços nos joelhos e abaixo minha cabeça.

"Droga...o que esta acontecendo comigo? Eu tenho que me controlar mais, essa forte atração vai me levar fazer uma besteira a qualquer momento"

Levantei e fui tomar um banho decidida que não ia me deixar levar por atração nenhuma com aquela latina, além de não querer trair a confiança do meu irmão...além de tudo tem muitas mulheres por ai que eu posso me interessar e a Calliope não é e nem pode ser uma delas.

Depois do banho desci para o almoço, estavam todos sentados na mesa então percebi que eu demorei muito para me arrumar, sentei junto com todos, os olhares pairavam sobre mim, vejo a expressão de todos assustados ainda por aquele comentário que eu fiz mais cedo.

– Entao Tim, quando vou conhecer o No Limits?. - quebrei o clima tenso fingindo que nada aconteceu.

Até então Tim me olhava desconfiado, mas depois de ver a minha naturalidade ele começa a sorrir.

– Quando você quiser e puder, maninha. - Tim, sorria.

– Ótimo, vou ficar muito feliz. - olho de soslaio para Callie que estava concentrada na sua comida.

No começo o almoço estava um pouco tenso, mas conforme o tempo foi ficando mais tranquilo e já estávamos rindo e conversando sobre demais assuntos, logo depois do almoço fomos para a sala e o clima estava muito descontraído em família, o vinho também ajudava as boas risadas altas.

Minha mãe saiu do nosso campo de visão e voltou com um álbum de fotos, entregando na mão de Callie.

– Aqui tem umas fotos de Tim e Arizona crianças, sei que você já viu várias fotos mas essas são mais especiais.

– Mamãe...acho que era pra você mostrar as fotos apenas de Tim, não as minhas também. - digo, alertando minha mãe.

– Calma, maninha...você era uma graça quando criança. - Tim, diz rindo e bebendo o líquido vermelho de sua taça.

Calliope olha as fotos e sorri fazendo alguns comentários, me deixando constrangida quando ela dizia que eu era uma criança linda.

– Essa foto aqui com uma fantasia de bruxa está muito bonitinha...Arizona. - A latina diz, gargalhando.

– Está me zoando, Callie? . - levanto uma sobrancelha.

– Não...realmente esta bonitinha.

A tarde estava muito agradável em família, eu me sentia feliz e só pensava que foi a melhor escolha que eu já tinha feito em voltar para NY, eu olhava meus pais e me sentia abençoada por ter eles, mesmo quando eu era mais nova e eles viajavam muito por causa dos negócios, quando eles estavam por perto eles faziam de tudo para dar atenção para mim e Tim, e vejo que até hoje isso não mudou.

Vejo meu pai e Tim sair para conversar, ficando apenas eu Callie e minha mãe, conversávamos amenidades quando os dois retornaram com uma expressão meio preocupante.

– Precisamos retornar, preciso resolver um problema de negócios e Tim vai me ajudar. - meu pai diz, com um semblante bem sério.

– Tudo bem...vou arrumar minhas coisas. - digo, me levantando do sofá.

– Não! Você e Callie podem ficar Arizona e sua mãe também, o dia ainda não terminou e vocês podem voltar mais tarde.

– Eu vou com você, Daniel...tenho que ajeitar algumas coisas e vou aproveitar que você vai mais cedo para me adiantar. - minha mãe diz, levantando.

Aquilo parecia um pesadelo, eu ia ficar sozinha com a mulher que eu não poderia tocar, beijar e ter nada e que eu estava totalmente atraída, não poderia ser verdade, eu via ela relutar para não ficar ali também, queria acompanhar meus pais e meu irmão, mas Tim não deixou ela ir com ele, convenceu ela e eu para ficarmos ali, ele começou a dizer para nós nos conhecer mais, que seria uma ótima oportunidade para isso e que cuidássemos uma da outra. Por sorte eu não ia ficar totalmente sozinha com a Calliope por causa dos empregados, mas isso não queria dizer nada.

Fomos até o carro para despedir deles, e Tim deu a chave de seu carro para Callie já que ele ia no carro dos meus pais, ele puxou Calliope pela cintura e deu um beijo de despedida de tirar o fôlego que até meu pai foi obrigado a pigarrear para ele largar a latina, eu não evitei de olhar aquela cena, olhei sem piscar os olhos para me torturar e colocar na minha cabeça de vez por todas que aquela atração que eu tinha por Calliope não poderia existir mais.

Depois que meu pai arrancou com o carro eu e Callie fomos entrando para dentro da casa, ficamos conversando ainda bebendo o vinho tinto, eu ria de algumas confissões que a Callie me fazia e ela também ria das minhas, conforme o dia estava acabando para virar a noite o clima ia esfriando então decidimos ficar por ali mesmo e nem aproveitar a piscina ou fazer qualquer outra coisa fora da casa.

Decidimos que voltaríamos mais a noite para poder passar o efeito do álcool em nossas veias, já que íamos pegar uma estrada de volta para casa, mas parece que o universo estava me testando ou sei lá o que, os raios começou a rasgar o céu indicando que estava vindo um temporal e isso com certeza ia dificultar a nossa volta para casa, então eu teria que ficar mais tempo com Calliope, o que já estava me deixando um pouco impaciente.

Ouço os primeiros pingos de chuva cair e se tornar mais forte, os raios e trovões rasgavam o céu eu e Callie nos entreolhávamos sem falar nada, senti que ela não estava confortável de estar ali também naquela situação, o celular dela começa a tocar e vejo ela sair para outro cômodo para atender, me levantei procurando uma bebida mais forte.

Faço um whisky duplo, viro de uma vez só e sinto o líquido arder na minha garganta, eu repito a dose mais uma vez, eu sabia que beber não ia adiantar em nada mas foi a única coisa que eu pensei nesse momento para aliviar um pouco da tensão, eu sabia que não poderia exagerar por que se eu ficasse embriagada as coisas poderiam ser piores.

Callie retorna com cara de poucos amigos, ela senta novamente no sofá e eu me sento do seu lado, não tão perto para ela não sentir meu hálito com cheiro de whisky.

– Tim me ligou.

– E o que ele disse? - digo, sem olhar para ela.

– Ele disse que com esse temporal fica perigoso voltarmos, e parece que não vai passar tão cedo...e pra eu conversar com você para dormirmos aqui. - engulo seco com as palavras de Callie.

– Isso não vai te atrapalhar...você não tem compromisso? . - questiono, Callie.

– Não tenho problema em ficar aqui, Arizona...mas amanhã temos que sair cedo. - Callie pega sua taça encima da mesa de centro e da um gole generoso. - E você?

– Eu não tenho nada importante. - respondo.

– Então vamos arranjar uma distração?

– Tudo bem Srta Torres, o que você sugere? . - provoco a latina.

– Não sei Srta Robbins, que tal eu te afogar na piscina?. - Callie, prende o riso.

– Socorro! Minha cunhada é uma assassina. - digo, fingindo indignação.

Callie não agüenta mais segurar o riso e gargalha, eu à acompanho. Depois de chegar a uma conclusão do que poderíamos fazer eu e Callie já trocadas com nossos pijamas decidimos assistir um filme já que o clima estava frio e estava chovendo bastante, não tínhamos muitas opções.

Acabamos comendo pizza congelada já que eu não sei cozinhar e também não deixei Callie fazer nada, eu já tinha dispensado os empregados, então eu estava literalmente sozinha agora com a latina.

Sentamos no sofá e joguei o cobertor sobre nós, depois de uma conversa intensa de qual filme íamos assistir, ela queria uma comédia romântica e eu um terror, de tanto eu insistir ela acabou concordando comigo.

– Arizona, não gosto de filmes de terror, eu tenho medo...sério.

– Tudo bem Calliope, eu estou aqui...

– Por que eu sempre vou na sua, heim?.

– Posso dizer que eu sou muito persuasiva. - digo, sorrindo.

– Eu percebi. - Callie, mostra a língua pra mim.

Coloco o filme pra rodar, algumas cenas Callie se assusta e quando eu vejo ela já estava praticamente no meu colo, Callie segurava meu braço direito com as duas mãos e as vezes apertava com força, algumas cenas ela não conseguia assistir então ela fechava os olhos e escondia a cabeça no vão do meu pescoço, eu estava mais interessada com ela mais perto de mim do que com o filme, eram poucas vezes que eu prestava atenção, eu não me incomodava com os apertos que ela dava em meu braço, ou com qualquer coisa que ela fazia, muito pelo contrário eu estava gostando daquilo...gostando muito.

Eu me controlei ao máximo para não tocar Callie de uma maneira íntima ou que surgisse um clima de que eu estaria interessada nela, e posso dizer que foi a coisa mais difícil que eu fiz, retrair o meu desejo queimando por aquela mulher, e eu consegui com sucesso.

Logo que o filme acabou, já estava ficando um pouco tarde e a chuva teimava em cair sem parar lá fora, como íamos sair cedo fomos subindo para o quarto, Callie parou na porta do seu quarto e eu na minha, ficamos nos olhando e ela suspirou.

– Boa noite, obrigada pelo dia agradável. - Callie diz, sorrindo e girando a maçaneta da porta.

– Boa noite, Calliope...

Depois de entrar no meu quarto e deitar na cama, eu ficava rolando de um lado pro outro sem conseguir pegar no sono, meus pensamentos estava no quarto ao lado em Calliope, escuto a porta do meu quarto se abrir e me sento na cama de imediato.

– Arizona?

– Sim...

– Me desculpe, você já estava dormindo? . - acendo a luz do abajur e vejo a latina parada com o seu travesseiro nos braços.

– Não...estou um pouco sem sono.

– Posso dormir aqui com você? Eu estou com medo.

– Quantos anos você tem mesmo Calliope?. - digo, rindo e usando as mesmas palavras de Callie de hoje mais cedo.

– Tudo bem, não vou mais te incomodar...eu me viro sozinha. - Callie foi fechando a porta lentamente.

– Não! . - Callie para de fechar a porta, e me olha. - Vem aqui . - bato a mão no colchão ao meu lado.

– Não quero ser inconveniente...Arizona.

– Quantas vezes vou ter que te falar que você não me incomoda, parece até criança. - digo, rindo.

Callie caminha até a minha cama coloca seu travesseiro e deita ao meu lado de costas pra mim, eu sinto uma vontade enorme de abraçá-la e juntar nossos corpos para ficar próximos, porém eu fico apenas observando suas costas, eu me viro e apago a luz do abajur.

– Arizona, por que apagou a luz? eu to com medo.

– Eu estou aqui, relaxa...

Calliope vira ficando de frente comigo, o clarão que vinha lá de fora entrava pela janela do quarto sem deixar o ambiente totalmente escuro, ficamos nos olhando sem dizer absolutamente nada.

Eu elevei minha mão até seus cabelos e os coloquei atrás da sua orelha, deixei minha mão escorregar até abraçar sua face, fiquei fazendo carinho em seu rosto com o polegar e Calliope fechou os olhos, deixei minha não escorregar pela lateral do seu corpo devagar parando na sua cintura e durante todo esse processo ela ainda permanecia de olhos fechados.

– Arizona...

– Shhh... - coloquei meu dedo indicador em seus lábios. - Não diga nada, Calliope... . - digo, sussurrando.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Acho que vocês vão me xingar, kkk eu sei...parei na melhor parte, mas e ai será que vai rolar algo dessa vez ou não? Deixem seus comentários e opiniões :)



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