Guerreiros escrita por L M


Capítulo 52


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!!! :)



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Em meio as montanhas cobertas pelo manto frio, estava a pequena vila vizinha da cidade Imperial. Estavam passando com as cabeças erguidas os olhos firmes no horizonte iluminado por tochas, enquanto Tadashi fazia as apresentações para o povo curioso que mantinham os olhos fixos em todos ali.

Hana ainda sentia-se com a culpa cobrir seu ombro, os olhos castanhos atentos a achar os olhos reconfortantes azuis para onde poder se apoiar, mesmo o dono dos olhos não saber disso. A voz estridente de Kohaku se fazia presente, mandando todos irem em direção as cabanas onde passariam a noite antes de irem ao amanhecer até a cidade Imperial.

Os céus daquela região, por alguma razão não possuíam o mar de estrelas igual as anteriores e a Lua sumia atrás das montanhas frias, isso fazia Hana ter uma sensação de desconforto e estranha em seu peito, de alguma forma estranha a fazia sucumbir ao medo surdo de sair dali o mais rápido que conseguia. Porém um braço a empurrando delicadamente para frente, fez a menina recobrar a compostura e seguir na direção aonde os demais soldados estavam indo.

Hana sentia Riki atrás de si, enquanto os olhos vagavam por pessoas usando trapos e mantinham os rostos chamuscados, o que a fez parar de supetão atraindo a atenção de Kohaku que seguiu o olhar dela:

–Aqui se refugiavam os sobreviventes do ataque.-falou Kohaku colocando a mão no ombro de Hana e apertando:

–Wakarimasu.-respondeu Hana sentindo os olhos pesarem ao ver uma mãe com queimaduras e enfaixada segurando seu filho nos braços, enquanto o acalentava fazendo o pequeno parar de chorar:-Quantos sobreviveram?

–Cinco pessoas.-respondeu um velho chegando ao lado de Hana e Kohaku. Era, supostamente, o líder da pequena vila ali formadda entre as montanhas de neve:-Meus homens encontraram quantos puderam e os médicos já ajudaram com os cuidados necessários. Mas não podemos apagar a dor da perda e a lembrança deles.

–Este é o sr. Biwan o líder da vila.-falou Kohaku:-Nós entendemos o que quer dizer senhor, somos homens da guerra e sabemos o que os traumas nos causam.

–Principalmente quado dormimos.-respondeu secamante Haruo/Hana e logo retornou ao caminho, vendo os demais garotos entrarem em uma cabana:

–Meu rapaz!-chamou alto a voz do velho, fazendo Hana virar pouco, apenas dando para o homem ver seu perfil de lado:-Espero que a festa de hoje a noite anime seu coração angustiado.

Hana sorriu de lado fechando os olhos:

–Henkō suru mono wa nani mo arimasen!-falou Haruo/Hana:-Não há o que mudar em cicatrizes, só faze-las doerem menos.

A garota continuou seu caminho entrando nas cabanas onde algumas moças ajudavam os demais garotos a se vestirem. Via os rostos corados dos garotos, pelas mulheres serem bonitas e estarem utilizando vestidos soltos mostrando algum traço de peles que as mesmas possuíam e não pareciam estarem envergonhadas. A garota revirou os olhos deixando a espada em uma mesa de madeira e viu Ran encostado no batente da janela com os braços cruzados, as tatuagens nos braços fazendo-se presente aos olhos da menina que apenas ficou sentada em cima da janela apoiando as mãos nos joelhos:

–Ran, você está bem?-perguntou Haruo/Hana:

–Ele estaria atrás de comida agora.-falou Ran sorrindo triste e Hana sentiu o peito contrair-se:-Sumimasen! Apenas não me acostumei ainda.

–Talvez nunca se acostume, cara.-falou Haruo/Hana:

–É... Tabun.-falou Ran.

As mulheres saíram das cabanas ao mesmo tempo que uma alta música começou a tocar, os garotos saíram aos poucos deixando a cabana ainda mais vazia. Apenas restando Hana e os amigos:

–Uma festa!-exclamou Goenji:-Watashi no ā, quanto tempo não vou a uma festa.

–O som da música, a dança sensual das belas mulheres, o lampejo dos apaixonados. A crista das mágoas viradas em copos de saquê, as lágrimas virando risadas, choros palavras desconexas.-falou Hotaru se erguendo retirando o capacete e o colete:-Onde homens podem ser homens, afinal.

–Hotaru!-bradou Hideo:

–Aonde está indo?-perguntou Jin:

–Eu...? Pela primeira vez me sinto homem o suficiente para dizer, que vou afogar minhas mágoas e temores.-falou o loiro se virando para os demais rapazes com os olhlos verdes cintilando:-Estou em uma tristeza desgraçada pela morte do Shiro, com medo porque provavelmente devo morrer amanhã na guerra e querem saber...?! Pelo menos hoje eu vou encher a cara e ter uma última vez a sensação de liberdade e vida!

–Ficar bêbado não é vida, Hotaru.-falou Daisuke:

–É sim, meu caro. É, quando nos choques em sua mente pelo álcool você se imagina em outra situação e esquece dos problemas.-falou o loiro saindo porta afora deixando os demais ali dentro absorvendo as palavras dele:

–Admito que ele tem carisma.-falou Jin dando de ombros e sorrindo de lado batendo o ombro de Takeshi e se retirando da cabana, fazendo todos encararem com expressões leves de surpresa:

–Eles têm razão.-falou Goenji retirando o capacete e o colete:-Esta noite eu não sou o soldado Sasori, sou apenas o Goenji!

Logo aos poucos, Daisuke saiu acompanhado de Kyo que levou Ran junto deles. Norio ajitou os cabelos e Hideo os desprendeu, soltando as medeixas castanhas longas e saindo porta a fora. Na sala só restando Riki, Takeshi e Hana.

Riki estava com os braços cruzados na altura do peito, enquanto Takeshi mantinha seus olhos azuis fixos na silhueta de Haruo/Hana sentado(a) no batente da janela, onde o brilho das tochas do lado de fora, faziam seu rosto ficar ainda mais belo, de um modo que o coração do jovem Wurochiha disparasse contra a sua vontade e o garoto se xingasse em pensamento.

Takeshi fechou os olhos com raiva e apertou os punhos:

–Estou saindo.-falou firme indo em direção a porta chamando a atenção de Hana que com o coração saltado virou-se rapidamente para o garoto saindo:

–Nani?! Irá encher a cara também?-perguntou querendo não demonstrar que se importava:

–Hai, pela primeira vez concordo com as palavras de Hotaru!-falou o garoto virando os olhos azuis gélidos e brilhantes para Hana que sentiu o peito se aquecer:-Pode ser minha última noite, e quero fechá-la com o meu melhor sorriso.

A garota viu a silhueta de Takeshi desaparecer em meio as pessoas do local e voltou a encostar as costas na madeira fria da janela, apoiando os péssimas a frente enquanto encarava Riki que se mantinha com os braços cruzados na altura do peito e um olhar perdido ao chão:

–Nani ka mondaidesu ka?-perguntou Hana:-O que há com você?

–Será mesmo nossa última noite?-indagou Riki erguendo os olhos verde na altura de Hana. A garota apenas apoiou a cabeça na madeira e encarou os céus:-Porque, eu realmente, não espero que seja.

–Por que?-perguntou Hana virando-se para ele:-E se for? E se nós morrermos amanhã defendendo o nosso país e as pessoas que amamos?! Não sei você, mas morrer defendendo aqueles que amo é uma boa maneira de partir para mim.

–Hana-chan... Não quer ver novamente sua família?-perguntou Riki:

–Riki, eu não ligo de não vê-los nunca mais, contanto que o miserável do Kabuto não os machuquem!-falou Hana com raiva:-Eu não aguentaria! Não dá! Não dá! Eu não posso perder mais ninguém, só tem morte nesse inferno de lugar! Só tem tragédias!

–Shitte imasu.-falou Riki se aproximando:-E passará sua, provável, última noite aqui sentada no batente da janela olhando o céu frio da região?

Hana sorriu pela nariz olhando com pesar o rosto de Riki já próximo do seu:

–Minha ideia de despedir minha última noite com vida não é bebendo e nem dormindo com mulheres.-falou Hana:-Passarei a provável última noite, apenas só... Pensando longe.

–Não quero que morra.-falou Riki com raiva:

–E eu não quero que morra.-falou Hana sorrindo de lado:

–O que fará com Kabuto amanhã?-perguntou Riki:

–Eu vou acabar com ele.-falou Hana:

–Kami no ainotameni!-bradou Riki:-O homem é mais forte do que você, é mais provável você morrer antes.

–Não, se não ele... Nós dois! Ao mesmo tempo, só cairei quando ele cair primeiro.-falou Hana olhando séria para o céu noturno:-Pode ir Riki, viva sua última noite!

–Hana...-começou Riki:

–Pode ir!-falou a menina sorrindo.

Riki se aproximou e beijou a testa de Hana saindo com as mãos nos bolsos em seguida. A porta se fechou e Hana se viu sozinha, lembrou-se da situação em que se encontrara quando viu que não havia conseguido passar na casamenteira. Ela ficou sentada no batente da janela com a chuva caindo do lado de fora molhando suas pernas e a parte inferior da camisola que usava, e ali a pouco vinha sua amanda avó lhe consolar o coração cicatrizado.

Mas nesse momento, ela estava só. Sentia falta do beijo da avó, das palavras de consolo, de algum abraço familair no qual ela pudesse se apoiar. Ela queria despejar suas dores e agustias nas costas de alguém, porém não conseguia ver quem ali aguentaria seus fardos em mentiras e continuaria a andar normalmente sem curvar-se.

Ela não choraria.

Não.

Simplesmente viu as risadas aumentando, a medida que em sua mente via os copos de bebida descendo garganta a baixo de seus amigos. Não podia culpá-los, eram homens que estavam tristes, com medo, angustiados e só esqueciam dos problemas com o sabor do álcool e do beijo de mulheres, porém Hana não era um homem.

A garota viu uma sombra surgir a sua frente logo tomado forma, como sua vestimenta dela mesma, o reflexo dela vestido de Haruo:

–Nani?!-indagou saindo do batente da janela com o coração saltando:-Mas o que... Deus!

–Olá Hana!-falou a voz mais grave de Haruo, enquanto ela encarava abismada:-Por que você simplesmente não deixa eu tomar as rédeas da situação. Sou mais forte do que você, sou o que todos os garotos se espelham, sou o que o papai iria querer como legítimo filho!

–Não! Você é um disfarce!-falou Hana tapando os ouvidos:

–Eu sou tão real quanto você, garota! Até mais real do que você! E sou melhor!-falou o garoto se aproximando, os ombros estavam mais largos e sua fisinomia parecia ser realmente um homem que se parecia com ela. Assustada Hana vu um possível irmão que poderia ter:-Você colocou em mim a atitude de Natsumi e a coragem de Raiden, mas em que característica eu me assemelho com você...? Nenhuma! Você me fez o melhor com aquilo que você queria possuir, mas é fraca demais para isso!

–Não! Não!-falou Hana com convicção:-Não é nada disso!

–Você tem certeza?!-indagou o garoto se aproximando de Hana que sai de perto da janela e vai para o outro lado da sala:

–Toridasu!-gritou:-Vai embora!

–Diga-me que eu sou melhor do que você!Em que eu me assemelho a você?!-gritava Haruo próximo a ela.

Hana gritou e socou a cara do garoto.

A menina sentiu cortes na mão direita, ao mesmo tempo que a dor a acordava para a visão do espelho a frente dela completamente quebrado com os cacos de vidro ainda agarrados a sua mão que sangrava e doía trêmula:

–Ah...-Hana ofegou indo para longe do local pisando nos cacos, com a mão trêmula junta ao peito.

Hana foi sentando no chão enquanto encarava a mão ensanguentada e retirava os cacos de dentro das feridas, ela se ergue e lava a mão com a água gelada fazendo o ferimento arder e ela apertar os lábios para reprimir um grito.

Ela enfaixa a mão com um pano roxo qualquer que achou no chão. Colocou as duas mãs na cabeça encostando na parede e ficou pensando em como, raios, ela não reparou que era um maldito reflexo seu?! E como não reparou que havia andado até o maldito espelho?!

–Estou louca... Devo está ficando completamente louca.-murmurou para si mesma.

Ela encarou ao redor a sala escura que se encontrava, enquanto a música ressaltava do lado de fora e risadas eram ouvidas. Talvez o silêncio e a solidão sejam seus maiores inimigos no momento, se estivesse realmente louca, não queria ter de enfrentar as ilusões de sua cabeça perturbada solitária.

Ela respirou fundo retirando o colete e colocando um agasalho negro com o símbolo do exército e saiu porta a fora, sentindo o frio lhe envolver, enquanto era iluminada pelas luzes que enfeitavam o local. Ela sorriu de lado, era bonito, tinha saudades das festas que sua mãe dava ou a obrigava ir. A saudade nunca foi tão insana.

Hana ia com as mãos dentro dos bolsos caminhando por entre as pessoas que sorriam e dançavam ao redor de uma fogueira felizes, haviam pessoas fantasiadas de dragões, leões, macacos e outros animais que assustavam e alegravam ao mesmo tempo as crianças. A música tocava balançando os corpos de várias mulheres que dançavam com a beleza de uma deusa, a beleza que Hana invejava na maioria por não obter para si da mesma.

Ela via Hotaru dançando, completamente bêbado com uma mulher, do doutro lado ela via Norio e Kyo rindo alto com os demais camponeses que contavam casos, aparentemente hilários, para os dois soldados.

Ao longe Goenji conversava com uma bela camponesa, enquanto Ran tentava acertar os tiros mesmo estando bêbado o que só fazia ele rir ainda com mais vontade. Hideo estava beijando uma mulher ao longe encostado em um banco, enquanto os demais dançavam e sorriam pelo menos nessa noite.

Riki estava bebendo algo conversando com Jin que parecia mais sociável no momento. Hana sorriu de lado e foi a procura dos olhos que não encontrava até o momento:

–Haruo, meu amigo!-gritou Ran abraçando Hana que sorria e tentava sair do aperto do garoto:-Eu te adoro, você é o cara!

–Arigatō! Mas faça o favor de me soltar, Ran!-indagou Haruo/Hana tentando se livrar dos braços fortes do garoto bêbado:

–Você é o mais forte!-falou Ran:-O mais forte... Você é, é sim...

–Arigatō! Arigatō! Arigatō!-falou Haruo/Hana se livrando do aperto de Ran e saindo correndo apressadamente deixando o garoto para trás. Riu sozinha enquanto andava ainda mais pela vila.

Hana estava andando vendo várias pessoas comendo e conversando, rindo como se não estivessem em guerra, de um modo acolhedor que fez Hana sorrir. A menina viu mais a frente Daisuke sentado em uma ponte admirando um lado congelado, ficou curiosa e deixou sua busca por Takeshi de lado indo até o garoto de longas franjas:

–Daisuke!-bradou Hana tentando ver se ele não estava bêbado e ao notar os olhos normais, ficou mais aliviada:

–Kon'nichiwa, Haruo.-saudou Daisuke com um sorriso de lado:-Finalmente saiu daquela cabana, cansou de ficar sozinho?

–Pois é, pensei melhor.-respondeu dando de ombros Haruo/Hana:

–Como está a nossa situação?-perguntou Daisuke e Hana riu:

–Todos bêbados, enquanto Hotaru e Hideo estão agarrados a duas mulheres e possivelmente Goenji também.-falou Haruo/Hana:

–Já era de se esperar deles.-falou Daisuke:-Diga-me, não pensa em se casar, Haruo? Digo, no futuro?

–Oh, que pergunta. Por que isso agora?-perguntou Haruo/Hana:

–Porque vejo que talvez eu não possa realizar este sonho.-falou Daisuke:

–Nazena no?-perguntou chegando perto de Daisuke que mantinha o olhar nos cristais de água congelada abaixo deles:-Por que não?

–Não sente a tensão da morte perto de si, Haruo? Eu, sinceramente, admiro a sua imensa coragem por não beber e por não sofrer em silêncio.-falou Daisuke e Hana abaixou o olhar:-Sei que posso morrer amanhã, e vejo o sonho de ter uma família... Pessoas para proteger que eu amo, ficarem presas do outro lado dessa caada de gelo. Da qual eu não posso alcançar.

–Daisuke...-murmurou Haruo/Hana comovida:-Não diga isso.

–Eu levei um tapa de realidade quando Shiro morreu, pode acontecer comigo e todos os meus sonhos e planos irão congelar.-falou Daisuke:

–Por que tem tanta ceretza de que morrerá? Nem todos morrem...-murmurou Haruo/Hana:

–Porque eu quero salvar quem amo e está me esperando, matando os desgraçados do exército inimigo.-falou Daisuke:-E para isso, a minha vida terá que ser sacrificada.

Hana olhou para os cristais de gelo e concentrou chakra em suas duas mãos emanando fogo e o jogando no rio congelado rapidamente fazendo o gelo derreter e uma fonte de água brotar com fumaça para fora dos cristais:

–Você só é derrotado quando desiste. Sempre há uma esperança desde que você ainda esteja respirando.-falou Haruo/Hana e Haruo sorriu trazendo a água até si com seu chakra e sorrindo para Hana:

–Arigatō.-falou Daisuke:

–Dōitashimashite.-respondeu:-Você, por acaso, viu o traste do Takeshi?

–Da última vez, ele estava indo mais para a entrada da vila.-falou Daisuke:

–Obrigado.-falou Haruo/Hana saindo:

–Haruo!-chamou Daisuke e Hana se virou:-Você é um grande amigo.

–Você também...-murmurou Haruo/Hana.

Hana estava agora correndo em direção a entrada da vila, estava querendo conversar com Takeshi, talvez se estivesse certa e ele realmente estivesse apaixonado por ela, revelaria sua verdadeira identidade. Ele ficaria mais aliviado e talvez a ajudasse, a menina estava sorrindo com a hipótese de acontecer.

Hana estava correndo ainda mais rápido, mas parou na entrada da vila com uma sensação estranha de olhos sobre ela. A menina se virou rapidamente e não viu nada, porém havia duas sombras atrás de uma velha cabana e fazendo barulhos abafados.

Hana estava com o coração disparado.

Tem horas que nosso sexto sentido nos manda não seguir em frente, talvez por lá no fundo ele conhecer o que nos espera. Também conhecida como intuição, que gritava para Hana parar de andar a passos lentos em direção a cabana. Ela parou de repente colocando a mão machucada em direção ao peito, enquanto andava.

Virou-se deparando com Takeshi aos beijos com Cho.

Takeshi estava segurando a perna direita de Cho, enquanto alternava os beijos entre a boca inchada da menina e o pescoço já marcado. Ele segurava firme na cintura dela, enquanto a prensava ainda mais na parede da cabana fazendo-a arfar pelas carícias.

Hana sentiu o peito despedaçar, porém os olhos não saíam da imagem, por mais que algo gritasse em sua mente para sair dali.

Cho segurava firme nos cabelos e ombros de Takeshi, enquanto voltavam a se beijar com volúpia, até Takeshi murmurar alto:

–Aishiteru!-ele falou ofegante:-Amo você...

Hana não se lembra de sentir uma dor igual, porém apenas conseguiu sair correndo nesse momento. A mão machucada reprimia a dor no coração que parecia ser tão impossível ter, porém ao mesmo tempo tão real. As lágrimas pingavam na neve enquanto ela corria para fora da vila.

Então amar era isso, afinal de contas. Amar era sinônimo de sofrer, porque as duas sensações sempre viviam juntas e agora travavam uma batalha dentro do peito da menina que chorava. Hana não sabia que doía ver a pessoa que ama nos braços de outra, definitivamente doía e era uma dor tão psicológica que se tornava forte a cada passo que ela corria.

Quando se viu longe o suficiente, ela caiu de joelhos sentindo o peso das palavras ditas por Takeshi rasgando ainda mais seu ser. Porém ela riu enquanto as lágrimas caíam, ela foi burra o suficiente para pensar que ele poderia amá-la mesmo estando vestida de homem. Hana apertou a neve fria nas mãos, sentindo-a queimar sua pele:

–Watashi wa bakadesu.-ela murmurou:-Uma tonta que sabia dos perigos do amor e mesmo assim se deixou levar... Como sou idiota!

Ela continuava a chorar e a socar o punho na neve, enquanto os flocos desciam dos céus e caíam no solo fofo, fazendo Hana apenas encostar a cabeça em um tronco velho de árvore e deixar as lágrimas apenas deslizando pelo seu rosto.

Sem som.

Sem nada.

Hana não sabia ao certo quanto tempo havia ficado ali sentada na neve, sentindo sua mão esquerda queimada pelo gelo, porém seus sentidos retornaram no momento em que o grito se fez presente, fazendo-a erguer rápido a cabeça e bate-la no tronco, enquanto seus olhos inchados e doloridos olhavam ao redor.

O grito se fez ouvir novamente. Não parecia ser de uma pessoa adulta, essa obsrvação fez o coração de Hana saltar. Mas o que, diabos, uma criança iria fazer sozinha nas montanhas de neve a essa hora da noite.

Ela reprimiu a resposta para si mesma, e apenas saiu correndo sem arma e sem nada atrás do grito que se tornava a cada instante mais forte:

–Shikashi, dono yō na... ?!-indagou ela parando, enquanto o grito a levava em outra direção.

Hana corria, fazendo suas botas afundarem na neve, porém ela não se importava porque estava chegando perto. Ela virou uma rocha e encontrou o mesmo menino que estava chorando nos braços da mãe sobrevivente na vila agora preso em uma rede presa no alto.

Enquanto lobos estavam tentando pular e agarrá-lo:

–Tasuketekudasai! Tasukete! AHH!-gritou o garotinho pousando seus olhos em pânico em Hana que apenas agiu e nem pensou no motivo e nem como o garoto foi parar naquela situação.

Os quatro lobos, um de pelagem branca, outro de pelagem marrom, rubra e negra com olhos amarelos que Hana reconhecia muito bem. Seu peito se contraiu porém o desespero do garoto não a fez fugir. O fogo já batia até seus ombros pelas emoções fortes que ela estava sentindo:

–Venham!-gritou forte.

O primeiro lobo branco corre até ela com a boca escancarada de dentes pronta para perfurar sua carne, porém Hana desviou do ataque pulando em cima do animal e evocando fogo nos pelos do animal que se debatia enquanto morria queimado.

O lobo marrom agarrou a bota de Hana que caiu na neve, enquanto o lobo rubro tentava mordê-la no pescoço. O garotinho gritava ainda mais desesperado, fazendo Hana agir mais rapidamente ignorando suas próprias dores. Ela evocou fogo e jogou na face do lobo rubro, fazendo seus olhos saltarem e o mesmo cambalear caindo sem enxergar mais nada, pela face derretida.

Hana virou e chutou o lobo marrom na face, e o mesmo caiu para o lado e a menina se pôs de pé pegando uma pedra e o lobo a atacou uma segunda vez. Hana com a pedra a preencheu de fogo e em seguida a jogou contra a cabeça do animal com toda a força que possuía, fazendo o bicho não morrer, mas ficar desacordado.

Hana se virou ofegante para o garotinho trêmulo na rede, ela estava se aproximando do garoto porém o mesmo fixou seus olhos mais a frente e gritou alto. Hana só teve tempo de se virar quando o lobo negro pulou em cima da mesma ficando em baixo do garoto que se debatia chorando na rede. Hana segurou a boca do lobo que se mantinha aberta para cravar-lhe os dentes no peito:

–Há!-murmurou Hana tentando ter força para tirar o animal de cima de si:-Sai! Não!

A força do lobo era maior e as patas dele estavam em cima de suas pernas, a impossibilitando de se mexer. Hana xingou alto vendo que não aguentaria, porém a rede do garotinho se desprender uma parte caindo alguns centímetros, tempo exato para o lobo se erguer e Hana com a mão lotada de fogo entrar no peito do animal que uivou uma última vez com os olhos amarelos fixos nos olhos castanhos de Hana, enquanto o animal dava seu última suspiro.

Hana sentiu o peso do animal cair em cima de si, e sentiu dor na mão na qual ainda se encontrava atravessada no corpo do animal. A maldita mão que se cortara com o espelho, vagarosamente ela retirou a mão e empurrou o corpo do lobo para o lado se levantando com as pernas tremendo, a mão direita vermelha pelo sangue do lobo.

Ela queimou a rede e libertou o garotinho que correu abraçando sua cintura, enquanto ela não sabia como reagir quanto a isso. Ainda era um soldado, ela afastou o garoto e se abaixou ofegante:

–Como veio parar aqui e... Nessa situação, moleque?-perguntou Haruo/Hana com a respiração falha:

–Kabuto...-sussurrou o menino e Hana sentiu os pelos eriçarem, enquanto o coração saltava:

–Nani?! Não brinque com uma coisa dessas!-falou Haruo/Hana nervoso(a):

–Kabuto!-gritou o garoto:

–Pare!-gritou Haruo/Hana com raiva:

–Ele está certo, não brigue elo garoto dizer a verdade Haruo.-falou a voz fria do assassino de seu amigo e que ela mais temia. Trêmula por está só, longe da vila, sem armas e quase sem chakra fazia a garota levar em conta a ideia de morte iminente.

Hana se virou encarando Kabuto que estava com suas vestes negras atrás deles vários lobos e alguns homens que sorriam sadicamente. Aos poucos todo o exército estava cercando Hana e o garotinho que se encontrava trêmulo atrás da menina que estava ofegante e a ponto de entrar em pânico, mas ainda não entregaria a toalha:

–O exército acabou de achar o troféu!-falou Kabuto rindo com sua voz fria:

–Foi uma emboscada...-murmurou Haruo/Hana:-Muito inteligente, tenho que admitir! Mas não pense que ainda será fácil me derrotar!

–Ainda tem a ousadia de blefar para mim, Haruo...-começou Kabuto retirando o manto negro de sua face revelando a face cheia de cicatrizes, o longo cabelo negro esvoaçando com o vento e os olhos azuis familiares:-Ou devo dizer... Hana!

Hana arregalou os olhos, enquanto sentiu as pernas vacilarem encarando os olhos cruéis de Kabuto. Logo ouviu o grito do garoto atrás dela e em seguida algo bateu forte em sua cabeça, fazendo-a cair sentindo sangue em sua testa, porém a inconsciência a levou dali.


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Notas finais do capítulo

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