Equinócio escrita por NocturnalVacancy
Notas iniciais do capítulo
Texto feito de madrugada, baseado num sonho louco. Prova incontestável do meu subconsciente perturbado.
Acordou zonzo na manhã seguinte, talvez por consequência da bebedeira durante a festa passada. Levantou-se com dificuldade, devido à cabeça que latejava em decorrência da ressaca, perguntando-se onde teria ido parar a calça jeans que trajava na noite anterior. Ainda desorientado, caminhou silenciosamente em busca do banheiro mais próximo, tomando o devido cuidado para não pisar em qualquer uma das garrafas quebradas espalhadas pelo chão.
Enquanto observava a bagunça de latas e corpos sonolentos pela sala, não conseguiu conter o tímido sorriso. Embora já soubesse que seria sua a responsabilidade de organizar aquele caos quando todos deixassem o apartamento, tinha certeza que a noite fora divertida, ainda que mal se lembrasse dos seus feitos. A porta abriu sem grandes ruídos e, naquele momento, todo o seu mundo desmoronou.
Através de sua longa experiência com manhãs desastrosas, sabia que o banheiro sempre guardava alguma surpresa – desde pessoas nuas na banheira até restos de alguma substância ilegal na pia. No entanto, jamais estaria preparado para ver sua melhor amiga deitada no azulejo frio, entre latas vazias e camisinhas usadas, perdida em uma confusão de sangue e fios dourados.
Continuou parado no mesmo lugar por mais alguns instantes, tentando encontrar a voz que sumira em algum lugar no fundo da garganta. No instante seguinte, corria com o corpo feminino entre os braços, sem importar-se com o sangue a escorrer dos pulsos abertos a manchar o carpete, o vidro que perfurava a pele de seus pés descalços ou as palavras de desespero escapando de seus lábios, na vã esperança que a garota em seu colo pudesse ouvir suas súplicas sem nexo.
O pranto do rapaz acabou por acordar a todos do topor em que se encontravam, mas ele pouco se importava. Continuou apenas a ir de encontro à porta, tentando desesperadamente lembrar-se onde deixara a chave. Simplesmente não conseguia pensar devidamente naquela situação, porém mais tarde, quando o perguntassem e as memórias viessem sob a forma de borrões desconexos, ele se lembraria de longos fios cacheados e olhos assustados abrindo a estrutura de madeira.
Já no corredor de seu andar, enquanto cada segundo em espera pelo elevador equivalia a uma eternidade e o calor dela se esvaía pouco a pouco, ele apenas conseguia centrar-se em uma oração silenciosa, ainda que não fizesse isso desde que era uma criança, implorando para que ela aguentasse apenas mais um pouco.
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