Death And All His Friends escrita por fukkk


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Minha primeira fic. Este primeiro cap está meio confuso, mas logo tudo irá se esclarecer. Comentem sugestões. Obrigada.



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Correr era a única coisa que pensava e fazia. Deixando rastros de sangue no chão lamacento, machucando os pés e enfrentando o cansaço extremo de meu corpo, ia correndo por horas agora. A floresta ia ficando cada vez mais escura e cada vez mais perigosa. Não sabia ao certo para onde estava indo, só sabia que tinha que me salvar dele. Meu corpo formigava, minha mente gritava, meus músculos enfraqueciam, não tinha mais para onde correr. Cada respiração, cada gemido, cada pensamento poderiam ser meus assassinos.

"Para onde está correndo, passarinho?", "Para onde?", "Louca.. Louca... Louca... Uma louca morta, morta, morta...", "Sozinha!", "Se entregue". Caí no chão, sem esperanças, com medo, e, principalmente, sozinha. Durante toda minha vida protegi os outros, me sacrifiquei em cada parte sempre tendo o pensamento de que eles vem primeiro. E agora, aonde eles estão? Não, não poderia pensar nisso. Tinha que correr, correr, correr.

Depois de 2h, não conseguia mais ficar de pé. Sangue escorria de minhas pernas, meus pés inchados e a cabeça confusa. Estava nos arredores de um vilarejo mas não podia atrair a atenção de ninguém, todos podiam ser uma ameaça ou traidores. Precisava descansar, tinha que me esconder aonde pudesse.

Entrei em uma igreja, estava vazia. Me ajoelhei no altar e comecei a rezar. Nunca fui devota, nunca acreditei no que os padres diziam e nunca fui de bem com Deus. Mas no desespero é que encontramos a fé, a redenção e, quem sabe, a salvação. Comecei a rezar cada vez mais forte, lutando para que meus demônios saíssem e me libertassem, rezando para que o meu caçador não me achasse. Rezando para ser salva.

Algo me tirou da minha reza. Ouvi passos atrás de mim e congelei. Não tinha para onde correr, estava morta e enterrada com a vísceras para fora. "Se quiser me matar, me mate agora. Vá! Não hesite!" eu disse apressadamente. Esperava a morte, a doce lâmina gelada na minha garganta, o sussurro da escuridão. Mas ao invés disso, ouvi uma voz suave e uma mão quente em meu ombro, "Pecadora, não tenhas medo. Deus irá te salvar de todos os seus pecados...". Virei-me para ver o rosto de tal voz doce, e pela minha sorte, era um padre. Um homem gordo e careca, suando através da batina pesada estava atrás de mim. Não era o demônio que esperava, e sim uma alma bondosa. Beijei os seus pés: "Oh Padre, estou perdida, perdida, perdida! Eu só quero voltar para casa, não aguento mais. Estou tão cansada!", "Você quer encontrar a paz, pecadora?" disse o padre, ainda com a mão em meus ombros. Então ele me fez levantar e segui-lo. Ele me guiou até uma sala pequena atrás da sacristia, sentou-se em uma mesa e tirou um objeto que parecia uma pedra de sua gaveta. "Sente-se", disse. Ao entrar na sala, pude ver o meu estado. Meu vestido estava rasgado e sujo de sangue, os meus pés descalços estavam pretos, meu cabelo grudado em minha testa molhada de suor. Finalmente sentei, sentindo minhas pernas pesadas e adormecidas. "Parece que encontrou o inferno na terra, pecadora", disse o padre. "Mais do que isso", encarei-o e voltei a dizer: "Preciso da sua ajuda, Santidade. Preciso saber onde encontrar o Senhor William Lancaster. Sei que o senhor deve conhecê-lo, ele é muito influente nesta região. Preciso que me entregue algo de grande valor". O padre rechonchudo me encarou e soltou um suspiro. Sabia de algo, sabia onde encontrá-lo. "Sim, sim. Sei quem é. Mas infelizmente, ele se mudou há alguns anos. Me parece que foi morar no campo e está administrando uma pequena vila perto de Wessex". Wessex, isso era tudo que ele sabia? Bom, talvez eu não estivesse tão longe. Não desistiria. "O senhor sabe se ele está sozinho?", perguntei. "É viúvo, sua mulher morreu de peste há dez anos. Sem filhos", respondeu com um olhar curioso e perguntou: "Você por acaso veio a mando do prefeito?". "Sim, estava a caminho de sua propriedade quando fui assaltada e deixada ao relento. Agora preciso seguir por conta própria, imediatamente" menti, por mais que achasse o padre confiável, não poderia dizer o real motivo pelo meu encontro com William. Não poderia me arriscar, nem para as paredes. "Você não sairá desta igreja antes de se alimentar, me parece muito fraca para continuar".

Não me lembrava da última vez que tinha me alimentado, na verdade tinha me esquecido de me alimentar na floresta. A fome me fazia salivar e quando o padre colocou a sopa na minha frente, a ataquei sem hesitar. Realmente estava muito fraca para partir sem alimento e muito menos a pé. Tinha que roubar algum cavalo (não me parecia haver carros nesta região, e se houvesse, seriam demasiados barulhentos) e mantimentos. Terminei toda a sopa, saboreei até a última gota e me dei conta de que estava sozinha na sala. O padre deixou eu seguir meu caminho, afinal.

Saí da sala e fui de encontro ao altar, igrejas costumam ter muito ouro e prata e era exatamente isto que mais precisava. Depois de pegar o mínimo de ouro e prata que achei, segui para a porta. Perto do confessionário, vi o padre. Estava com uma cara sombria -talvez por eu ter lhe roubado- e com as mãos nas costas. Cheguei mais perto, lhe agradeci e disse-lhe que tudo que estava pegando emprestado ia ser devolvido ao dobro. "Oh, minha querida", disse mexendo na pedra que ainda estava em sua mão, continuou: "Você realmente acha que pode confiar em qualquer um que vê pela frente?". Minha cabeça começou a girar e entrei em estado de alerta. Estava perdida. Antes de pensar em fazer algo, senti uma pontada em minha cabeça e tudo ficou escuro.


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