A Missão escrita por StefaniPPaludo


Capítulo 8
Capítulo 6




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/617123/chapter/8

No intervalo de uma hora que tive, vaguei um pouco pelos corredores dos prédios. Fiquei feliz quando encontrei um bebedor de água e fiquei lá um bom tempo repondo o líquido em meu corpo. Após isso me sentia um pouco melhor, com um pouco menos de fome e menos cansada, mas não cem porcento. Talvez quarenta.

Fui até o lado de fora, onde uma espécie de bosque cheio de árvores e com uma grama bem cortada existia lá. Me sentei em uma sombra e fiquei vendo os poucos soldados que passavam, imaginando se algum diria me tornaria tão insensível e dura como eles.

Quando imaginei que já tivesse quase terminando a hora do almoço voltei para a sala de aula em que havia passado metade da manhã, torcendo para que fosse lá a próxima aula. Chegando na sala, não encontrei ninguém, mas como não tinha outro lugar para ir e talvez ainda fosse cedo para alguém ter voltado, permaneci, esperando.

Nunca havia me sentido tão solitária em toda a minha vida. Parecia que eu estava em um mundo com pessoas de coração de gelo, sem sentimentos, frias e racionais. Como eu pude ser designada para este cargo? Será que aguentaria até o fim? Ah! Claro que sim! Eu teria que aguentar. Mas o que aconteceria se eu aguentasse? Nunca ouvi falar em ninguém que tenha desistido no seu treinamento, isso seria porque ninguém tinha desistido até hoje ou a pena para quem faz isso é tão ruim que nem divulgam? Só sei que a fome e o cansaço estavam me deixando depressiva. E eu não podia pensar nessas coisas. Devia me concentrar somente em minhas aulas.

Após algum tempo fiquei surpresa quando vi entrando na sala Júlio. Logo me passou pela cabeça que eu tivesse no lugar errado, perdida da minha turma:

– Ah.... oi - disse sem jeito, me levantando e pegando minhas coisas — Desculpe eu achei que minha próxima aula fosse aqui, não tenho o horário das aulas nem nada e ando meio perdida.

Já estava perto da porta quando ele interveio:

– Não. Você está certa, é aqui mesmo a sua próxima aula.

Voltei para meu lugar e sentei, sem entender muita coisa. Será que eu teria aula particular com ele? Ou será que ele estava ali esperando para falar com Alexandre? Se fosse somente para falar com meu professor porque ele teria trazido uma mochila cheia de coisas, que ele tirava nesse exato instante?

Ainda tentava entender a situação quando Júlio sentou-se e olhou pra mim:

– Você está bem?

– Sim. Porque não estaria? - respondi ríspida, como todos os outros daquele lugar. Era claro que eu estava bem, nossa muito bem... com fome, cansada, num lugar em que parece que todo mundo quer te bater.

–Não sei, você não parece estar muito bem e o primeiro dia sempre é complicado. - percebi que hoje ele não estava tão grosseiro e arrogante como ontem. De novo aquela história das pessoas aqui serem instáveis. Será que ele sofria de bipolaridade? Será que escolhiam quem ia para o exército pela instabilidade da pessoa?

Nem respondi nada, apenas abaixei a cabeça e fiquei olhando para o chão. Mas pelo jeito, hoje ele estava a fim de bater papo:

– O que aconteceu?

– Nada. - nem olhei para ele para responder.

– Como nada? Esta parecendo que você vai desmaiar a qualquer instante.

Não consegui mais me controlar e descontei toda a raiva que sentia desde o começo do dia nele:

–É. Nada. Só estou com fome, to cansada. Tudo dói e to quase desmaiando mesmo. E ainda se isso não bastasse, uma pessoa que num momento parece que quer me matar e em outro momento quer puxar conversa, quer saber como estou e o que aconteceu. Será que não é muito óbvio?

Me arrependi no instante em que terminei de pronunciar as últimas palavras. Ele era meu superior e eu havia gritado com ele. Provavelmente isso me geraria uma punição muito maior do que ficar sem almoço ou ter que fazer alguns exercícios.

Mas ao contrário do que imaginei ele deixou quieto, apenas me deixando em paz, até que percebeu o que eu havia dito:

– Como assim você está com fome? Não acabou de almoçar?

– Não. - respondi baixo, tentando consertar o erro de antes.

Júlio entendeu o que havia acontecido:

– Foi o Alexandre? Ele deixou você de castigo sem almoço?

–Sim, foi uma punição por não ter feito os exercícios como ele mandou. - não quis dizer que esses exercícios que ele mandou eram outro castigo. Não queria mostrar meu fracasso perto dele.

Ele resmungou alguma coisa baixo, pareceu um xingamento, e então me chamou para ir para perto dele, já achei que fosse me dar outra punição ou mesmo uma agressão física ali mesmo, como um soco, mas ele começou a mexer em sua mochila, procurando alguma coisa. Pediu que eu estendesse a mão e quando fiz isso colocou alguma coisa nela, e a fechou, para que eu não visse o que era.

– Vá para o banheiro, entre e fecha a porta. Depois coma e volte. - ele disse olhando nos meus olhos. Não pude novamente deixar de perceber que seu rosto era mais jovem do que o corpo aparentava.

Sai e me dirigi ao banheiro, e apenas quando cheguei lá, entrei em uma das portas, e abri a mão, me dei conta do que ele havia me entregado: era alguma coisa de comer. Analisando mais de perto percebi que era uma barra de cereal de chocolate. Não perdi tempo e comi rapidamente, já me sentindo um pouco melhor quando terminei. Minha fome não havia passado totalmente, mas estava bem menor. Aproveitei que estava no banheiro e dei uma lavada no rosto e uma arrumada no cabelo que estava todo embaraçado.

Quando voltei à sala de aula, meus colegas já estavam todos lá sentados e aula já tinha começado. O professor que estava lá na frente não era o Alexandre, mas sim o Júlio. Rapidamente procurei por Alexandre na sala, mas não o encontrei.

–Sente-se — Julio me disse, interrompendo sua explicação.

Foi o que eu fiz e fiquei tentando entender sobre o que era aula, acho que era alguma coisa envolvendo primeiros socorros ou alguma coisa parecida. Não consegui me concentrar muito pois não parava de olhar para Júlio. Quem era esse homem? Ele era o cara durão que o seu corpo demonstrava ou o cara gentil que podia ser percebido em seu rosto? E porque ele havia me dado aquela barra de cereal? Porque eu estava com fome? Para ver se eu descumpriria as regras do Alexandre? Ou o quê?


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E quem é esse homem? Me digam ai! O que vocês acham do Júlio e porque ele deu a barra de cereal para Liss?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Missão" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.