A Missão escrita por StefaniPPaludo


Capítulo 32
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora em postar, mas sexta-feira tive um casamento e cheguei muito tarde e ontem tive vestibular e cheguei muito cansada em casa. Para recompensar segue este capítulo agora e outro de noite. Beijos e boa leitura!



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Me deparei com uma sala clara e vazia, a não ser por um banco também branco enrustido na parede. Havia uma outra porta na parede em paralela a que eu tinha vindo. Corri até ela, tentando abri lá, mas estava trancada.

Desisti e sentei no chão, puxando os joelhos para mais perto do meu corpo e os prendendo ali com os braços. Abaixei a cabeça nos joelhos e deixei as lágrimas saírem.

Eu havia falhado. Não fui capaz de proteger meus pais e agora estava ali presa. Oque aconteceria com eles? E comigo? Porque eu não fui mais forte? Devia ter aguentado. Não podia ter falado nada. Teria sido melhor se eu tivesse morrido.

Continuei chorando alto, de soluçar, encolhida num canto da sala. Aquilo não podia ser verdade.

– Liss — escutei uma voz me chamando, mas não quis olhar para ver quem era. Não me interessava. Provavelmente era alguém querendo saber mais informações. - Liss — a voz masculina chamou de novo — Olhe para mim. Está tudo bem.

Como podia estar tudo bem se eu tinha revelado a profissão dos meus pais? Nada estava bem. Eu corria perigo e eles corriam mais perigo ainda.

Ouvi passos se aproximando de mim e senti mãos me puxando para cima. Iria tudo recomeçar de novo.

– Me solte! Não se aproxime — gritei, enquanto me debatia, tentando me soltar das mãos.

– Tá tudo bem. Se acalme. - as mãos me largaram e eu voltei para o chão — Olhe para mim Liss. Por favor. Olhe nos meus olhos. Sou eu, Júlio. Não vou te fazer mal. Ta tudo bem agora.

Me levantei de pé, mas continuei no canto da sala, na defensiva, pronta para chutar a qualquer mínimo movimento em minha direção. Mas não pude deixar de verificar se era Júlio mesmo.

Levantei apenas os olhos para cima e encontrei os deles me fitando, mais doces do que nunca. Seu rosto parecia o reflexo do desespero do meu. Me permiti respirar fundo e relaxar por um momento. Respirar ainda era uma terrível dor, e minha cabeça ainda estava zonza pela falta de oxigênio.

Júlio viu que eu não estava tão na defensiva e veio vindo vagarosamente pro meu lado. Quando estava bem pertinho de mim, me puxou para seu peito e me envolveu com seus braços protetores.

– Shhhh..... Acabou. Pronto. Acabou. Está tudo bem agora. - e por sentir seus braços e seu calor em volta de mim e escutar seu coração batendo, eu me senti protegida. Ele tirou uma mão das minhas costas e começou a fazer carinho em minha cabeça, passando a mão nos meus cabelos molhados, para me acalmar mais ainda.

– Mas eles vão matar meus pais. - eu disse e no momento em que as palavras saíram da minha boca me dei conta de uma coisa: Júlio era um deles também, foi ele quem prendeu meus braços e minhas pernas. Botei as mãos em seu peito e me empurrei para longe dele. - Você também vai. Você tava lá. Vai me matar e depois vai matar meus pais.

– Liss, isso não é verdade. Aquilo foi só o exercício de treinamento. Você está segura e seus pais também. - ele me puxou de volta para seu peito.

Ele estava certo. Eu estava indo para o exercício de treinamento. Que tinha sido aquele. Nem ele e nem Alexandre tinham interesse em ferir meus pais. Tudo estava bem. Era só um exercício. Dei um suspiro. Só um exercício. Mas um exercício que eu havia falhado:

– Eu falhei. - admiti baixo, apenas para mim mesma. - Contei o que não poderia ter contado.

Júlio acabou escutando o que disse, e fez questão de me acalmar:

– Todos até agora falharam. Não se preocupe. É muito difícil conseguir resistir a tortura. Agora vamos, vou levá-la até seu dormitório junto com os outros.

Me afastei dele, percebendo que como eu estava toda encharcada tinha deixado a sua farda, que antes estava impecavelmente alinhada, molhada também.

– Desculpe por ter te molhado.

– Sem problemas.

Entrei no dormitório e fui direto para minha cama, estava cansada e confusa e precisava descansar para que cada inspirar e expirar parasse de doer. Todos que já tinha feito o exercício antes de mim estavam ali, e quando eu fui para minha cama. Danilo, Carol e Eric surgiram na minha frente para querer saber como eu tinha ido.

– Não sei. - eu disse, falando sobre o meu desempenho. - Eu contei sobre os meus pais para o Alexandre. E depois que sai da sala, tive meio que um surto. Achei que eles iriam fazer alguma coisa de verdade comigo e com a minha família. Júlio foi quem teve que me acalmar.

– Imagine o acalmar do Júlio: soldado, recomponha-se — Carol engrossou a voz para fazê-la parecida com a de Júlio, mas eu não gostei. Ele tinha me tratado bem. Tinha sido tão carinhoso comigo. Fazia tempo que eu não via uma demonstração de afeto daquelas. Ele me prendendo em seus braços, acariciando minha cabeça. Ou eu estava confundindo as coisas? Ele tinha feito aquilo, certo? E por que? Porque eu estava realmente louca e aquela era a única maneira de me fazer voltar a razão ou por que ele se importava comigo?

Não conseguia pensar sobre isso agora e meus amigos estavam ali na frente, olhando para mim, esperando que eu risse da piada da Carol ou falasse outra coisa. Escolhi a segunda opção:

– Com vocês não aconteceu isso de surtar?

– Eu fiquei um pouco em choque logo que sai. -Eric não parecia muito bem, estava pálido e tinha uma expressão assustada no rosto.

– Eu fiquei aliviado quando sai de lá. Todo o tempo eu tinha em mente que aquilo era só o exercício e que nada de ruim aconteceria. - admitiu Danilo

– E comigo foi bem parecido. - falou Carol — Só que depois que o Alexandre me mergulhou na água pela primeira vez eu já disse o que ele queria. Não tinha o porque esconder. Era só um exercício.

– Mesmo assim você devia ter escondido. Esse era o objetivo do exercício. - Danilo parecia até irritado com a Carol.

Eu tava cansada daquilo. Queria descansar, me recuperar e poder pensar com clareza:

– Vocês se importariam... Eu queria dormir um pouco — pedi.

– Claro — responderam em uníssono.


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