Dancin' easily through my dreams. escrita por harlequinade


Capítulo 1
Único.


Notas iniciais do capítulo

Eu sou completamente Denise/Xavecão trash. Shippo muito, gente, vocês não têm noção. E como eu não tava me segurando de tantos feels, resolvi fazer essa one-shot só pra matar minha vontade desses dois.
A fanfic se passa no universo da ed. 79, com todo mundo ainda na praia.
Espero que goste, boa leitura :)



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“I remember the way that you move
You’re dancin’ easily through my dreams
Its hittin’ me harder and harder with all your smiles
You are crazy gentle in the way you kiss”

Magic – Colbie Caillat

Motivo #57 para que Denise odiasse a praia: O calor era insuportável.

Mesmo de madrugada, às três horas da manhã, estava quente e sufocante e Denise, como uma boa garota da cidade, tão acostumada com o ar-condicionado do shopping, sentia-se prestes a morrer. Havia jogado o lençol fino no chão e, mesmo descoberta e com roupas curtas e frescas, era como estar em uma sauna.

Se este fosse o único problema, tudo estaria – quase – bem. Mas ela tinha que dividir o quarto com Magali, que falava enquanto dormia – “Quim... Pãezinhos doces... Hm... Mingau, desça já daí...” –, e Mônica, que, por mais que não roncasse, respirava alto como um rádio chiando. E também havia o maldito pernilongo passeando de foguete ao lado de sua orelha, zumbindo como se tirasse sarro de sua cara.

— Ai, não tá dando, não! – Denise resmungou, levantando da cama e calçando os chinelos – Lugarzinho uó que não me deixa dormir.

Quando saiu para o corredor, a temperatura já havia mudado, consideravelmente diferente do forno que estava o quarto. Ela passou pela porta do quarto de Zé Bento e Crispiano, ouvindo os roncos altos como o motor quebrado de um trator. A porta ao lado estava entreaberta, e Denise pode espiar um Xavequinho no décimo oitavo sono, dormindo com a boca aberta.

Mas Xavecão não estava lá.

Deixando com que seus olhos se acostumassem com a escuridão da casa, Denise caminhou lentamente pelos cômodos, sentindo a coceira da curiosidade e do interesse se fazer presente.

Até pensou por um segundo em deixar-se enganar e dizer a si mesma que só estava preocupada com Xavecão – toda a história maluca da viajem do tempo talvez não fosse a única, e o garoto podia ser mais complexado do que se permitia demonstrar –, mas rapidamente descartou a ideia e foi sincera consigo mesma.

Estava atraída por Xavecão.

Completamente, absurdamente, irrevogavelmente.

Nem mesmo o discurso tocante de palavras bonitas de Mônica pôde mudar isso. Denise agora entendia que não tinha obrigação nenhuma para com Xavequinho ou Xavecão, ela não precisava ficar com nenhum dos dois se não quisesse. Cebola já havia sido salvo – naquelas. Particularmente, ela achava que a Dona Cebola deveria levar aquele garoto problemático para umas intensas sessões de psiquiatria, mas Denise não se mete em questões familiares – e a história já havia sido alterada, mas isso não significava que o que ela sentia também havia mudado.

Talvez Bia – Rayssa, Ricarda, qualquer nome não tão mixuruca – estivesse certa; talvez Denise fosse só uma menina fútil que se importa com a aparência e nada mais. Xavequinho e Xavecão são as mesmas pessoas, apenas fisicamente diferentes.

Mas não era só isso.

Não eram só os músculos ou o cabelo diferente – que Denise ainda queria descobrir que tipo de progressiva havia sido feito ali. Xavecão era destemido, corajoso, decidido, tinha a pose de um líder, era gentil como só alguém que realmente amou e perdeu pode ser. Era maduro. Xavequinho ainda era quase uma criança, ainda havia o vislumbre de um garotinho nele. Eram as mesmas pessoas, mas, ao mesmo tempo, eram completamente diferentes.

Denise fez uma careta desgostosa. Tudo aquilo era confuso demais. A vida era muito mais fácil quando ela era apenas a garota fofoqueira e fabulosa do Limoeiro, fazendo compras e falando mal dos outros com Carmen.

Então avistou o topo de uma cabeleira loira pela janela, os fios balançando com a brisa.

— Minha Nossa Senhora do Brilho, que ventinho maravilhoso – Exclamou quando abriu a porta e sentiu o frescor da noite.

— Oi, Denise – Xavecão sorriu levemente – O que você tá fazendo aqui? Não conseguiu dormir?

Denise retribui o sorriso, percebendo como ele desceu os olhos rapidamente sobre seu corpo.

— E dá pra dormir dentro de um micro-ondas desse? – Ela se sentou ao lado dele, no chão de madeira da varanda – Ou o problema sou eu? Porque o resto do povo tá perecendo pedra.

— Acho que é porque você prefere o inverno.

— Como você sabe?

— A minha Denise sempre preferiu o frio – Desviou o olhar, fitando as ondas do mar – Ela dizia que as pessoas ficam mais elegantes no inverno.

— E ficam. Todo mundo fica muito mais chique de cachecol e sobretudo. Ninguém merece ficar suando e cheirando a suor num calor desses.

— Você está na praia – Comentou bem-humorado.

— Eu ainda não sei controlar o clima, então eu tenho que me jogar, né? – Também olhou em direção da praia, para a areia que parecia ainda mais clara com a luz cintilante da lua – Mas e você, grandão? Por que não tá capotado igual sua versão miniatura? Tinha percevejo na sua cama?

— Eu só... Não consegui dormir – A voz dele tornou-se mais pesada, cansada e nostálgica – Encontrar minha Denise hoje e vê-la fugir foi como um soco na cara – Xavecão olhou para ela – Pior do que os que você me dá.

Denise encolheu os ombros e soltou uma risadinha envergonhada.

— Mals aí.

— E então eu contei toda a história pra vocês... Foi como revivê-la – Coçou a nuca, sem jeito – Fiquei meio emotivo.

— Você gosta mesmo dela.

— Eu a amo – A firmeza em sua voz pegou Denise de surpresa – Ela fez de mim um homem. A guerra também, mas eu não acho que há algo nesse mundo que me tocou tão profundamente quanto a minha Denise. Ela me ensinou a ser quem eu sou, ela me mostrou o caminho.

— Ai, colega, tá romântico demais. Para que eu choro – Denise piscou, espantando a umidade do canto de seus olhos. Não tinha certeza de como se sentir ao ouvi-lo dizer que a amava, mas ao mesmo tempo não ser direcionado a ela.

— Desculpe – Xavecão sorriu tristemente.

Ficaram em silêncio por algum tempo, apenas o barulho das ondas quebrando na areia. O céu estava escuro como tinta e Denise perguntou-se se alguma vez já havia visto uma lua tão brilhante como aquela. Sentia como se precisasse respirar fundo. A intensidade que Xavecão falava da Denise do futuro – a intensidade em que ele falava dela – a deixava meio baqueada. Era muita coisa para assimilar. Berenice e sua vingança doentia, as crianças pseudo-inocentes de Umbra, Cebola sendo um mané, Madame Creuzodete e sua infinidade de segredos, Magali e sua magia esquisita, viajem no tempo, Xavecão, a Denise do futuro.

Era demais.

— Tudo culpa dessa velha biruta... – Denise resmungou para si mesma.

— O quê? – Perguntou Xavecão.

— Eu só tava pensando como toda essa confusão aconteceu por culpa da doida da Berê e essa baboseira de Jumenta Voadora. A filha dela faz bullying com um bando de pirralhos e é o mundo inteiro que paga o pato. Que culpa a gente tem se ela não deu educação pra menina? Que culpa a gente tem se o Cebola é um idiota com um parafuso a menos? Tudo começou com ela.

— É... – Ele assentiu – É uma droga. Tudo o que aconteceu, tudo o que ela fez... Mas, sabe, por mais que ela tenha trazido tanta desgraça, eu sou grato a ela.

— Hm? Pirou também?

— Se a Berenice não tivesse colocado a alma do Cebola naquela máscara, ele nunca teria a chance de conquistar o mundo, nunca nos forçaria a nos isolar, nós nunca lutaríamos... E eu nunca ficaria com a minha Denise.

— Oh.

— Pode parecer loucura e até mesmo ser brega, mas eu passaria por tudo isso de novo, quantas vezes fosse necessário, para ficar com ela.

Denise suspirou. Esse cara também não me ajuda!

— O que você gosta nela?

— Ah, é mais fácil você perguntar o que eu não gosto – Ele sorriu, completamente apaixonado – Eu gosto do jeito dela. Minha Denise é tão forte, sempre alegre, sorrindo, confiante. Não importa qual seja o problema, ela sempre tem uma solução. Ela é engraçada, sempre me faz rir. É companheira. Ela pode ser muito bagunceira às vezes, mas ela sabe a hora certa de brincar e a hora certa de tratar as coisas com seriedade. Gosto de como nunca tem tempo ruim pra ela, só roupa ruim – Xavecão riu, olhando para Denise logo em seguida – Eu gosto das marias-chiquinhas – Ele tocou a ponta de seus cabelos castanhos, seus olhos azuis ganhando um brilho especial – Gosto de como ela é bonita. De como você é bonita.

Xavecão estava muito mais perto do que antes, e agora suas mãos levemente ásperas estavam no rosto de Denise, seu polegar acariciando o queixo. Ele estava a encarando daquela maneira lânguida de novo, como se ela fosse a coisa mais preciosa do mundo.

Denise sentia-se como se fosse a coisa mais preciosa do mundo naquele momento.

— Eu me lembro de quando nós tínhamos um tempo livre e saíamos pra dançar. Me lembro de quando nós ainda não estávamos juntos, mas de como eu sonhava com você todas as noites. E então você sorria pra mim e aquilo me deixava extasiado, como se o mundo fosse um lugar tranquilo, e não uma utopia distorcida querendo nos matar – Seus olhos posaram nos lábios de Denise – Me lembro do jeito que você me beijava.

Denise era uma mulher forte e decidida, mas nem mesmo ela era forte o suficiente para resistir àquilo.

Em um movimento rápido, ela fechou o pouco espaço entre eles e o beijou.

Xavecão respondeu no mesmo instante, beijando-a de volta. Era como se ele estivesse no deserto e Denise fosse a água; ele a beijava com sede.

Ela rodeou os ombros largos com os braços, colando seu corpo ainda mais em seu peito nu. A pele de Xavecão estava quente e Denise via-se mais uma vez com calor – mas aquele não a incomodava nem um pouco.

Sua língua era ávida e necessitada, deslizando sobre a de Denise. A barba de Xavecão arranhava seu rosto, mas ela encontrou-se adorando a sensação, embrenhando os dedos nos cabelos loiros enquanto ele a puxava para mais perto, fazendo com que ela sentasse em seu colo, montando em seus quadris.

Uma das mãos de Xavecão repousou na base de suas costas, subindo lentamente por dentro de sua camiseta, sentindo a textura macia de sua pele. Denise suspirou, descolando sua boca da dele para respirar. Ela o abraçou, sentindo como ele beijava seu maxilar e a lateral de seu pescoço.

Certo, era oficial.

Ela estava apaixonada.

O pensamento a fez estremecer.

— Está tudo bem? – Ele perguntou em um tom suave, esfregando gentilmente suas costas com uma mão e apertando sua cintura com a outra.

— Eu só... Não sei se isso é certo – Denise respondeu, mas não desfez o abraço – Você tem namorada. E eu sei que ela sou eu, mas ao mesmo tempo nós não somos. Da mesma maneira que você e o Xavequinho são diferentes, tenho certeza que eu e a Denise do futuro também somos. Isso é tipo trair?

— Eu acho que não. Talvez? Não sei – Ele suspirou – Eu sinto falta da Denise, mas ela fugiu de mim. Você está aqui – Ele tocou sua nuca, indicando que queria que ela o olhasse. Ela assim o fez – Vocês são a mesma pessoa, e eu não amo a Denise do futuro ou a Denise do passado. E amo a Denise. Você, ela, tudo. Eu amo você por inteiro.

Denise ainda não estava convencida de que aquilo era certo, mas tampouco estava convencida de que aquilo era errado. Simplesmente não sabia a resposta. Tentou colocar-se no lugar da Denise do futuro e imaginar como se sentiria se visse aquela cena, a Denise do passado nos braços do Xaveco do futuro, mas não conseguiu uma resposta. Era tudo complicado demais.

Mas quando olhou para Xavecão e viu a sinceridade de suas palavras em seu rosto, de repente o certo e errado não pareciam importantes. Ela seria inconsequente por mais alguns minutos e pensaria em tudo mais tarde.

Naquele momento, beijá-lo novamente era suficiente.


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Notas finais do capítulo

Ai, meu OTP de TMJ, no regrets ♥
Peço desculpas se minha Denise ficou meio descaracterizada, mas escrever uma personagem como ela é meio complicado :/
Muita obrigada por ler e comente se puder (✿◠‿◠)