Remorso de Vader escrita por Dracule Mihawk


Capítulo 1
Remorso de Vader - Capítulo único


Notas iniciais do capítulo

Desculpe-me, mas tive esta ideia apenas pela imagem que,agora, é a capa desta história. Legal que eu a encontrei no Desciclopédia, achar uma imagem linda assim lá é meio que raro, sei lá.

Enfim, boa leitura!



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Os passos lentos e silenciosos, a respiração arrastada e abafada pela máscara escura — a qual não podia ficar em hipótese alguma muito tempo separada dele —, o terror nos rostos dos subordinados, que, automaticamente, curvavam-se à medida que ele caminhava.

No superdestróier imperial assim era toda vez que Darth Vader passava.

A frota do Império Galáctico cruzava os circos do Sistema Coruscant naquele momento; centenas de caças, dezenas de destróieres, e o superdestróier — a nave-mãe.

Da ponte de observação, solitário, Vader contemplava a imensidão e negror do manto estrelado. Abaixo dele, o gigantesco planeta-cidade, Coruscant.

Coruscant, o lugar onde ele vivera a maior parte de sua vida. Um escravo liberto recém-chegado à capital da velha República Galáctica, um aprendiz Padawan de Obi-wan Kenobi, um Cavaleiro Jedi...

E Lorde Vader, aprendiz de Palpatine, o traidor da República.

Sim, naquele mesmo lugar ele havia decepado o braço do mestre Mace Windu, condenando-o à morte certa pelas mãos de Darth Sidious.

Mas apesar de todos os momentos conturbados envolvendo a Ordem Jedi, Vader tinha algo mais a atormentá-lo. As muitas lembranças daquela que um dia ele amara, e também assassinara.

Sempre foi instruído a disciplinar a própria mente, a controlar as emoções, a afastar certos pensamentos, mas ali, sobre o sistema Coruscant, viu o rosto de Padmé Amidala. Bonito, quieto, morto.

— Lorde Vader — chamou-lhe o almirante Noat. — A frota aguarda seu comando para entrar no hiperespaço e sitiar o sistema de Kashyyyk. As tropas foram contadas: trezentos mil combatentes de infantaria, seiscentos e vinte pilotos, quatrocentos e cinquenta naves de assalto, trinta destróieres, vinte unidades AT-ST, dez Walkers tipo anfíbio e mil e quinhentos batedores terra-ar.

´ A respiração sinistra do Lorde Sith era indecifrável. Vader, ainda de costas para o comandando, respondeu:

— Muito bem, almirante. Preparar para o hiperespaço. Abateremos a rebelião dos Wookies de uma vez.

— Sim, milorde. — O oficial postou-se em continência para o Lorde Negro.

— Dispensado, almirante.

— Sim, meu senhor. — Noat reverenciou Vader e, a passos nitidamente aliviados, deixou o Sith novamente sozinho.

Abaixou a cabeça, os olhos cobertos pelo visor da máscara.

A máscara, o eterno vínculo dele com a vida depois da batalha contra Obi-wan Kenobi, seu velho mestre e amigo, no vulcânico planeta Mustafar.

Virou-se — as pisadas ecoando sobre o chão metálico —, atravessou a Ponte de Comando sob temerosos olhares dos demais tripulantes e, enfim, chegou ao seu destino.

A cúpula particular, o único lugar em que não havia ninguém a encará-lo. Era ele e apenas ele.

Adentrou a porta mecanizada e, sentando-se na cadeira à frente, viu-se englobado novamente; a porta havia se fechado.

Braços mecânicos vindos do teto retiraram, cuidadosamente, a máscara para que ele pudesse contemplar o próprio rosto. Naquele ínfimo lugar não havia perigo estar sem a máscara; era como estar dentro de um casulo protetor.

E ali, deparou-se, diante do projetor, com o holograma que mais costumava assistir: o sepultamento de Padmé.

Estava linda, com flores brancas decorando os longos fios castanhos e encaracolados. O vestido azul-claro era perfeito. E nas mãos da amada o pingente que ele fizera quando criança para ela.

Vader, com os próprios olhos e não por intermédio de um visor, viu-a descer à sepultura em Naboo — planeta natal de Padmé —, vagarosamente. Ele estava quieto, muito quieto. Os olhos castanhos concentrados, como se estivessem lá, vendo-a em Naboo, não em um projetor. As mãos protéticas apertando de tal modo os braços da cadeira, angustiadas, assim como ele estava.

Reproduziu a cena mais uma vez, congelando o rosto de Padmé. Ali, deitada, ela parecia um anjo, uma criança a repousar.

“Você é um anjo?” ele lembrou-se da primeira frase que disse a ela quando se conheceram. Padmé Amidala, uma jovem rainha em fuga; Anakin Skywalker, uma criança escrava.

Os olhos serenos tão fixados, talvez hipnotizados, pelo holograma do rosto de Padmé.

— Eu deveria ter seguido seu conselho — disse ele consigo. — Eu sabia que uma parte de mim jamais desejava empunhar o sabre de luz novamente. Jamais.

Padmé ainda estava de olhos fechados. O rosto dela pairando na tela projetada.

— Tudo o que fiz foi para protegê-la, Padmé, para salvá-la... Mas no fim, fui eu... Eu a matei. E agora estou em uma trilha fechada, um caminho sem volta.

E, contemplando o rosto de Padmé, Vader sentiu vergonha, nojo de si mesmo. Não conseguiu mais sustentar o olhar para a tela, preferindo girar a cadeira e esconder a própria face em uma das mãos. Como um covarde, imaginou-se.

— Obi-wan estava certo. Eu me tornei exatamente o que havia jurado destruir. Eu... Eu peço seu perdão, Padmé... Meu amor. Eu sinto muito.

Todavia ele sabia que Padmé jamais o responderia. Ele estava diante de uma simples representação holográfica, e mesmo que estivesse face a face com ela, Padmé estava morta. Esta era a realidade.

A realidade. A fria chaga que nem a armadura medicinal nem a máscara conseguiriam fechar, a escancarada e ensanguentada ferida que jamais iria sarar. A maldição de Anakin Skywalker, de Darth Vader: o remorso.

O sensor sinalizou; alguém fora da cúpula desejava falar-lhe. Era chegada a hora de Anakin repor as duas máscaras — sentimental e física —, era hora de ser Darth Vader mais uma vez.

Os braços mecanizados desceram e, com eles, a máscara.

A porta da cúpula se abriu lentamente.

— O que foi agora, almirante? — A voz seca de Vader atravessou a câmara, fazendo os temores de Noat se atenuarem. Ele sabia quais eram as consequências de desagradar o braço direito do Imperador.

— Meu senhor, entramos no Sistema Kashyyyk — relatou. — A frota está se preparando para o desembarque.

Os olhos de Vader foram de encontro ao minúsculo objeto que estava sobre o painel de controle de sua cúpula: o sabre de luz. Tomou-o com a mão direita, levantando-se da cadeira logo em seguida.

— Excelente, almirante. — O Lorde Negro caminhou à frente do subordinado. — Prepare a minha nave imediatamente.

Vader deixou a cúpula para trás. A respiração abafada ecoando.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por ler.

Até mais o/