Um mês de desespero escrita por Leon Yorunaki


Capítulo 27
XXVI: Dark Void


Notas iniciais do capítulo

Antes de mais nada, peço desculpas pelo sumiço, por mais que eu tenha tentado avisar.
Hoje se completariam três meses (ou melhor dizendo, doze semanas) sem uma atualização. Os motivos são os mais diversos, indo desde uma viagem realizada no final de julho, o planejamento de duas oneshots nas quais me concentrei durante o restante das férias...
Mas a partir do primeiro dia de agosto, o tempo livre que eu tinha desapareceu por completo. As vinte e sete páginas do meu TCC até então (dois terços delas de referencial teórico) são prova disso. Mas chegando à metodologia, acabei por mandar tudo às favas por ora e desestressar-me com minha velha e querida fanfic.
Não deu muito certo, por dois motivos. Um é que já estou atrasado novamente, correndo o risco de perder parte da nota do TCC por não cumprir os prazos estipulados (deveria entregar amanhã, 08/10, a metodologia completa e corrigida pelo orientador. Nem comecei a fazer). O outro é o que vocês veem aqui embaixo.

p.s> O capítulo ficou gigantesco, eu sei. Vejam isso como um pedido de desculpas pela demora. E não se preocupem caso eu desapareça por mais umas dez semanas. Creio que até o meio de dezembro eu esteja livre dessa tortura (na verdade, o prazo do TCC termina em 14/11, mas como ainda terei de defendê-lo perante a banca no início de dezembro, conto ele como parte do período em que estarei sem vida)



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Um turbilhão de emoções passava pela mente de Himiko, nenhuma delas agradável. Sentada em frente à porta do bloco cirúrgico do centro Pokémon de Verdanturf, a garota tremia, não apenas pelo frio criado pelo potente ar-condicionado do local, mas por medo. Futa estava do outro lado em uma operação de emergência; seria a única chance de lhe salvar a vida, contudo ela temia que isso não fosse o suficiente.

O medo se alternava em certos momentos com o ódio. Sentia raiva de Diego, o golpe baixo que usara. Raiva daquela maldita Beedrill, a qual causara todo aquele estrago, fazendo com que até mesmo o peito de Himiko doesse como se fosse ela a vítima da ferroada. Mas, principalmente, sentia raiva de si mesma.

Tinha plena consciência de que não tomara a mais segura das decisões, entretanto pesava igualmente a vontade de acabar com tudo aquilo o mais rápido possível. Ela temia perder a única pista que podia farejar, a chance de pegar Norman desprevenido no ginásio. O risco que correra tinha um preço, e após o seu erro consumado, descobriu que não estava preparada para pagar por ele.

Se tivesse de escolher, preferia ter sido ela a levar o golpe. A vida de Futa, na visão dela, valia mais do que sua própria. Para alguém que vivia a todo momento acuada, tomando decisões erradas uma após a outra e tendo de conviver com as consequências de suas falhas, talvez a morte não fosse algo tão ruim quanto parecia.

Via Diego a sua frente, caminhando pelo corredor do hospital. Ele mantinha um sorriso discreto porém sarcástico em seus lábios, olhando em direção à treinadora, aproximando-se dela. Cerrou os punhos, desejando por uma oportunidade de matá-lo. Apenas lhe faltava uma arma, uma pedra afiada, alguma coisa que pudesse fazê-lo sangrar até a morte. Ignorava seu tamanho avantajado, desconsiderando que seriam necessárias duas dela para ter a mínima chance contra o grandalhão…

Um alerta sonoro sinalizava o fim da cirurgia. Himiko piscou, notando que a pessoa que caminhava em sua direção não era Diego, mas sim o médico responsável pela operação de Futa. Em seu susto, recuou o braço, que ameaçava golpeá-lo, a mão direita ocultando um brilho metálico que parecia evaporar-se no ar, como se no instante anterior houvesse uma lâmina negra em sua mão.

Olhou para o rapaz, sua aparência cansada denunciava a dificuldade da cirurgia, a fadiga era possível consequência de ele já não estar em seus anos de juventude. A expressão preocupada em seu rosto antecipava as notícias que estava prestes a dar.

— Nós fizemos o possível. A operação foi um sucesso, mas os danos foram muito extensos e em uma área bem delicada. Infelizmente não posso afirmar se ele vai se recuperar.

— Quais são as chances? — perguntou ela, assustada.

— Vamos esperar pelo melhor. — desconversou ele. — Seu Pokémon está em boas mãos, mas só o tempo pode dizer como as coisas vão se desenrolar daqui em diante.

— Entendo…

— Eu recomendo que você tente descansar. Eu prometo que você será avisada de qualquer coisa imediatamente.

A garota, tentando se controlar para não desabar, aceitou. Não era como se ela não tivesse notado pela expressão dele o real estado de Futa. Estava óbvio para Himiko que as chances de recuperação eram mínimas, se é que havia alguma. Estavam talvez contando com um milagre.

Preferia não pensar desse modo quando adentrou o pequeno cômodo de descanso, a única cama disponível naquele momento sendo desocupada por uma visitante não exatamente inesperada. A Lombre que lhe seguira até lá após ajudar a garota a escapar mais cedo balbuciou alguma coisa, um som indecifrável para a treinadora.

— Eu não entendi nada… — disse ela em resposta, melancolicamente.

A Pokémon insistiu em tentar se comunicar, sem sucesso. Sem a ajuda de Futa ela não podia compreendê-la, de modo que desistiu de tentar entender a mensagem e se jogou na cama, escondendo o rosto sob o travesseiro.

Culpava-se outra vez pelo impulso, pela imprudência. Não era como se seu Pokémon não a tivesse alertado do perigo, a sensação estranha que ele lhe relatara. Como se sempre soubesse…

A dor lhe atingia de um modo diferente desta vez. Não era um sofrimento como o que tinha por Nuri e Monk, ainda latentes da véspera. As emoções que lhe incomodavam até então era algo passivo, uma vontade de se desfazer em lágrimas e se afogar nelas.

Não, desta vez era diferente. A dor era mais vívida, como se o sangue em suas veias se revoltasse contra ela. Como se o veneno da Beedrill corresse em seu corpo, causando um formigamento incessante. Como se a culpa não pertencesse à mente, mas ao corpo.

Não sentia propriamente dor, mas sim um incômodo angustiante. Não conseguia chorar, tampouco sentia-se triste pela morte iminente. Sentia raiva, um ódio de si mesma, a sede de sangue lhe deixava cada vez mais ativa, lhe causando o temor de que tomasse outra atitude da qual iria se arrepender.

— Me faça parar, ME FAÇA PARAR!

Olhava para a cama, logo em seguida para o resto do quarto. Precisava extravasar todo aquele ódio, aquele sentimento pesado que lhe deixava naquele estado de ira. Virando-se para a Lombre, em um súbito de consciência, ordenou:

— Use os esporos do sono em mim! Ou qualquer coisa!

A Pokémon lhe olhou, confusa, sem compreender o que lhe fora pedido. Recusou-se a usar o golpe em um primeiro momento, mas ao ver que a expressão com que ela se levantava da cama, mudou de ideia. Atacou, não com os esporos do sono, que não tinha a capacidade de usar, mas com o pó paralisante. Himiko arrependeu-se imediatamente por ter desejado ser atacada, após perceber que ao contrário do alívio causado pelos esporos do sono, o golpe usado lhe trouxe apenas mais dor.

Seus músculos se contraíam contra sua vontade, tirando-lhe a capacidade de se mover ou mesmo de se manter em pé. Acabou atirada ao chão por seu próprio peso, acertando a cabeça na lateral da cama. Tentou gritar, mas não conseguiu produzir som. Sua mente continuava a funcionar a todo vapor, tentando ignorar os espasmos ocasionais que faziam com que seu corpo reclamasse por conta da constante tensão.

Percebendo o erro que cometera, a Lombre afastou-se, saindo pela porta sem poder ouvir as súplicas que Himiko podia apenas mentalizar. Por um minuto, ou talvez uma centena deles, ignorava o estado de Futa ou a raiva que sentia de si mesma, o que, considerando o estado atual da garota, não era exatamente vantagem.

Forçava-se a olhar sem que os olhos respondessem, fixados em um ponto no teto, enquanto sentia seu corpo ser carregado de volta para a cama por dois pares de mãos. Um deles, tocando seu pescoço, ordenou para seu acompanhante, uma voz que ela logo reconheceu.

— Traga uma seringa e uma ampola de Dantrium. Traga a Meg também, podemos precisar dela aqui.

O barulho dos passos não podia distraí-la das dores musculares, tampouco as palavras de conforto do médico; reconheceu pela voz ser o mesmo que lhe avisara sobre o estado de Futa. Sua vontade era de ao menos olhar para ele, ver a expressão de seu rosto, mas nem isso era capaz de fazer por conta da constante contração.

E o alívio causado pela medicação que era injetada em suas veias no instante seguinte foi imediato, apesar de as cãibras persistirem por outros tantos minutos. Aos poucos, foi recuperando a capacidade de se mover, virando o rosto a tempo de encontrar um pequeno Pokémon de pelagem amarelada entrando no cômodo. Pensou em um primeiro momento se tratar de um Pikachu, mas logo percebeu o engano ao notar as orelhas tão avermelhadas quanto as marcas nas bochechas, bem como a cauda, igualmente rubra, em formato de cruz.

— Vai ficar tudo bem. — continuou o médico, logo percebendo como os acontecimentos se desenrolaram para que a situação chegasse àquele ponto. — Eu lhe apliquei um relaxante muscular, vai cortar o efeito da paralisia e aliviar o incômodo.

— Obrigada. — respondeu ela, rouca, a voz persistia fraquejante ao sair da garganta.

Ele a encarava, notando a expressão da garota. Provavelmente pensou em tecer algum comentário, mas mudou de ideia antes de fazê-lo, visto o modo com que a olhava.

— É bom que permaneça em repouso pelas próximas horas, tudo bem? Tente dormir um pouco. — virando-se para o Pokémon ao lado, concluiu. — Vamos, Meg, pode ir descansar.

A Plusle guinchou, um chiado curto de aprovação, antes de se retirar juntamente com o médico, deixando a treinadora sozinha com seus pensamentos. A culpa finalmente lhe abandonara, sendo substituída pela curiosidade em entender o porquê das coisas terem se desenrolado daquele modo.

Pois era fato que a Beedrill a havia atacado. O alvo não era Futa, mas sim ela, a treinadora. Tudo levava a crer que fora sob ordem de Diego.

Himiko questionava os motivos, não lhe fazia sentido que ele a atacasse. Fora uma transação sem contratempos, tanto que ele entregara seu cartão pessoal a ela para que pudesse entrar em contato caso necessário.

Ela ameaçou levantar da cama, sem sucesso. Seu corpo não respondia, desta vez pelo motivo contrário; sentia-se mole demais para realizar qualquer movimento. Possivelmente um efeito colateral do remédio, motivo provável pelo qual ela foi alertada para permanecer em repouso. Enfim, desistiu, não sendo essa a maior dúvida que tinha naquele momento.

O que a deixava confusa era o modo com que a situação se deu após a ferroada. Sentira a dor do golpe; um incômodo persistia até então, agora apenas um leve formigamento na região do tórax. Lembrou-se ter corrido até o Kirlia, desfalecido com o efeito do golpe. Tentou chamá-lo de volta para a pokébola, sendo impedido pela Lombre, que acabara por lhe ajudar a escapar da caverna.

Não conseguia entender como, contudo. Normalmente, ela apenas conseguia compreender a fala dos Pokémon quando Futa usava seus poderes de forma consciente através do toque. Seu corpo caído, sem vida, não teria toda essa capacidade, por mais que ela o segurasse pelo braço naquele momento, ou em suas costas logo depois.

Ela tentou formular diversas teorias que pudessem explicar o que se passou, sem se conformar com nenhuma delas. Acabou finalmente adormecendo, não encontrando resposta, vencida pelo cansaço e pelo relaxamento muscular.

— — —

Himiko acordou em um sobressalto, apesar do corpo ainda amolecido pelos resquícios de medicamento que corriam em suas veias. Além do formigamento persistente, com o qual já se acostumara, sentia um incômodo no ombro direito, como se os remédios se recusassem a chegar àquela articulação em específico.

Tentou lembrar-se de algo que pudesse justificar a dor, sem sucesso. Esperava que sua cabeça, a qual atingiu a lateral da cama quando de sua queda, pudesse ainda ter reclamação na forma de dor, mas não o fazia. Não se lembrava de ter realizado movimento brusco, tampouco de cair por cima do braço. Exceto em seu sonho.

Tentou tirar isso da cabeça, contudo. Não havia sido um pesadelo como os que tivera anteriormente. Ninguém havia morrido, não visualizara pessoas desconhecidas, nem lugares que não reconhecia, nem mesmo acontecimentos difíceis de serem explicados. Era apenas um pesadelo qualquer.

Ela recapitulava as imagens em sua mente, encarando o céu estrelado através da janela tentando adivinhar que horas eram. A noite chegara e avançara sem que Himiko se desse conta, tão sonolenta e relaxada, mais do que normalmente se permitia.

Lembrou-se de April, com seus talvez nove ou dez anos. Brincava com ela em seu sonho, correndo pelo quintal de sua antiga morada em Mahogany. Era apenas mais uma brincadeira de infância, em que tentava alcançá-la. Era a vez de Himiko tentar tocar a irmã; a agilidade da mais nova lhe dava condições de igualdade na brincadeira, após contornar o tronco da solene árvore de Cheri Berries que tinham no pouco espaço em que podiam correr, escapando de ser tocada por pouco centímetros…

— Você não me pega, haha!

As duas corriam em direção ao lado oposto do quintal, aonde ficavam as plantações de sua mãe. Ambas sabiam que ela não ficaria nada feliz em ver as duas ali, o que não impedia-as de continuar correndo.

Himiko estava prestes a alcança-la quando o chão se abriu aos seus pés, sendo engolida pela terra em uma longa queda, de talvez uns cinco ou seis metros. Atingiu o chão apoiando-se no braço direito, sentindo seu ombro deslocar-se com o impacto, uma dor intensa que lhe fez gritar, um ruído abafado pela poeira.

A caverna escura não tinha nenhum detalhe que pudesse lhe chamar a atenção; somente pedras e mais pedras espalhadas, provavelmente resultantes do próprio buraco que se abrira no teto. Ela fechou os olhos e, quando os abriu novamente, já não estava mais sozinha. Diego se aproximava, estalando os dedos enquanto colocava um sorriso macabro no rosto.

E foi nesse momento que Himiko acordou, sobressaltada. Claramente a revolta pelos acontecimentos da manhã foi quem lhe ocasionara aquele pesadelo. Sua mente lhe pregava uma peça outra vez, a dor no ombro desaparecendo rapidamente. Conformou-se em pensar que dormira de mau jeito sobre ele.

Finalmente sendo capaz de se levantar da cama, foi lembrada por seu estômago com um ronco de que não se alimentara desde o início da manhã. Ignorando a Lombre, que retornara para dormir no chão do quarto junto a ela, saiu do cômodo em direção ao saguão central do Centro Pokémon, descobrindo que este já estava fechado para o acesso ao público, denunciando que já passavam e muito das dez horas da noite. Apenas uma recepcionista se encontrava no local, distraindo-se com uma revista nas mãos.

Não que ela tivesse a intenção de sair àquele horário, não quando uma opção razoável pairou sob seus olhos. Contou as piastras que lhe sobrara, decidindo por comprar uma barra de cereais e um suco em uma máquina automática de lanches. Não era exatamente a opção que desejava, sabendo que sua fome lhe pedia uma refeição mais elaborada, mas era melhor que os salgadinhos, chocolates e refrigerantes ali disponíveis. Devorou o lanche rapidamente, desejando que fosse o suficiente para que não precisasse se preocupar com comida até a manhã seguinte.

Não demorou para que se recordasse porque estava ali. Seu peito voltou a arder em uma pontada, como se por outra vez levasse uma ferroada. A ausência de notícias de Futa fazia com que se sentisse angustiada. Lembrou-se do estado em que se encontrava quando viu o médico responsável pela operação do Kirlia. Pressupôs que, no caso de ele ter más notícias para lhe dar, não o faria naquela situação. Ele, com toda a certeza, iria esperar que ela se recuperasse, de modo que somente ficaria sabendo na manhã seguinte.

Por outro lado, ele não teria feito o mesmo caso as notícias fossem boas. Sentiu-se mais uma vez irritada, incapaz de saber até mesmo como seu Pokémon se encontrava.

Ela sabia que não aguentaria esperar até a manhã. Seu ciclo de sono acabara destroçado pelos acontecimentos recentes, de modo que seria incapaz de dormir. O sentimento de impotência voltava a lhe atormentar; o receio de se ver outra vez naquele desespero tornava-se cada vez mais intenso.

Só havia uma coisa a fazer, uma única maneira de conter seus sentimentos.

Ela iria atrás de Futa. Com ou sem permissão.

Olhou outra vez para a mesa da recepção; percebeu ser ignorada pela pessoa ali presente, ainda entretida com a revista. Sentiu naquele momento que não valia a pena se manifestar, não quando estava tão próxima da área de acesso restrito à equipe médica.

Empurrou suavemente uma das portas de vai-e-vem, tentando não fazer ruído. Logo se viu em um corredor bem iluminado, algumas portas de correr fechadas lhe chamando a atenção. Ele pode estar em qualquer uma delas.

Logo em seguida notou um pequeno mural na parede a sua frente, com indicações das localizações dos quartos. Percebeu que o CTI ficava ao final do corredor pelo lado esquerdo, sendo o local mais provável para encontrá-lo. Bastava permanecer em silêncio e sem fazer ruído durante o curto percurso, torcendo para que não fosse vista. Era improvável que não houvesse ninguém acordado, de modo que seria notada muito em breve. Esperava apenas que o fosse depois de ver o estado em que se encontrava seu Pokémon.

O primeiro sobressalto se deu quando ouviu uma leve batida seca em um dos cômodos a sua frente. Duas ou três vozes podiam ser discernidas, conversando a respeito de aleatoriedades, colocando a garota em estado de alerta. A porta de correr da pequena sala estava entreaberta, exatamente em frente à porta do CTI.

Não ficou para escutar a conversa, tratando de aproveitar sua sorte e entrar o mais rápido possível. Se tivesse sorte, não seria notada ao adentrar a sala vazia.

Quando encontrou o leito de Futa, no entanto, teve um segundo sobressalto. As luzes que se acendiam por conta do sensor de presença não apenas denunciavam a intrusão como também revelou de maneira dramática o estado de Futa. O frio que sentia não era apenas devido à percepção física por conta do potente sistema de refrigeração. Via o corpo do Kirlia estendido sobre o leito, os vários eletrodos presos a sua cabeça e tórax ligados a um monitor central, o líquido esverdeado que pingava lentamente de um frasco ligado a seu pescoço, as bandagens manchadas em tons escuros cobrindo o ferimento causado pela Beedrill…

O peito de Himiko voltou a latejar, como se fosse ela a sentir a dor do golpe pelo qual seu Pokémon estava internado naquele momento. De fato, jamais deixara de sentir o incômodo, que oscilava entre as pontadas súbitas a uma leve coceira. Ela já percebia a este ponto que o sentia como uma consequência do vínculo que tinha com Futa.

Mas em nenhum momento até então a dor fora tão intensa quanto agora.

Himiko ajoelhou-se, faltava-lhe forças para se manter de pé. Viu-se incapaz de não gritar por conta da dor, exceto pelo fato de sua voz se recusar a sair. Arrepiando-se, sentiu como se sua alma tentasse escapar do corpo, debatendo-se, buscando alívio daquela agonia.

Já não tinha mais sanidade o suficiente para notar os sinais sonoros intermitentes do equipamento de onde os eletrodos ligados a Futa partiam. Ela sabia que ele estava partindo, seu rosto eternamente sereno, a expressão fixa no rosto. Sabia pois era ela quem sentia as dores, era ela quem vivia o sofrimento do último alento, sentia na pele o que era morrer. Seus olhos enxergavam claramente o inseto com o ferrão fincado em seu peito. Não o de Futa, mas o seu próprio.

Ao contrário do que pensara durante a explosão no ginásio de Mauville, isso sim era morrer. Sentia suas vísceras se desprendendo de seu corpo, o gosto de sangue na boca…

E tudo parou de súbito em um ruído intermitente, a sinalização luminosa do equipamento passando de amarelo para vermelho.

Himiko viu-se ainda de joelhos, indiferente a qualquer dor que sentia segundos antes. O sinal sonoro persistia, o único som que evitava o silêncio de se firmar.

Arrastou-se pelo pouco mais de um metro que a separava do corpo agora sem vida, segurando seu braço, tocando-o no exato instante em que a médica de plantão adentrava o CTI atraída pelo alerta do monitor.

Tudo ocorria em câmera lenta. O barulho dos passos, apressados, aproximando-se. O brilho rosado diante de seus olhos, acompanhado de um curto estalo. O grito de surpresa partindo de suas costas. O fôlego desaparecendo enquanto tentava respirar. O ruído de um objeto pesado atingindo o chão.

Logo tudo desapareceu. O negro povoava sua visão, o silêncio era o único ruído. Sua existência se tornara tão etérea quanto o nada que a cercava.

Aos poucos, o vazio começava a se dissolver. Um suave farfalhar chegava a seus ouvidos, vindo de todos os lados. A escuridão já lhe aparentava menos intensa, o negro tendendo ao cinzento, de modo que sombras dançantes podiam ser vistas ao redor, como se fossem refletidas em uma parede, delimitando uma redoma circular aonde nada parecia existir.

O motivo para essa mudança logo se tornou visível. Um cristal avermelhado começou a brilhar, centímetros acima de sua cabeça. O brilho surgia fraco, porém era o suficiente para ofuscar a pouca visão que ela tinha do exterior da redoma.

Não demorou para que ela se acostumasse a essa nova condição. Antes que pudesse discernir as formas que via do lado de fora, contudo, distraiu-se com um murmúrio agudo que acabava com o aparente silêncio. O farfalhar se tornou mais forte por um breve instante antes de reduzir, uma das formas que era refletida agora se apagava. Quebrava-se não apenas o silêncio, como também o cristal, esfarelando-se em milhares de grânulos. O murmúrio voltou, agora mais alto e enfim reconhecível.

— Futakosei…

A voz fraquejante foi a última coisa que Himiko percebeu antes dos tremores. A escuridão voltou imediatamente, os sons murchando até desaparecerem por completo.

Levou um certo tempo até que tudo parasse de se mover. Um novo cristal surgira, substituindo o anterior. Este tinha um formato achatado, seu brilho tendendo mais ao púrpura, porém mais forte, dando a Himiko uma visão melhor do local aonde estava; não que houvesse algo para se ver na redoma escurecida, mas podia ao menos discernir as paredes opacas, as sombras que via sendo reflexos de um mundo exterior ao enclausuramento.

Percebeu no momento seguinte o feixe avermelhado que abria caminho pelo teto, atravessando o cristal. O intenso brilho que percebia não era primário, mas apenas a difusão de um raio luminoso que vinha do lado de fora. A pedra começava a girar sobre seu próprio eixo, os feixes de luz rotacionando pelo espaço circular…

Um deles o atingiu no rosto, cegando-a por um instante; quando conseguiu recuperar a visão, notou imediatamente a ausência do cristal. Em contrapartida, tornara a escutar diversos ruídos. As vozes lhe pareciam familiares, porém indiscerníveis. Elas, além dos curtos tremores, eram a única prova de que não havia mergulhado de volta no vazio.

E, de repente, aconteceu.

Uma faísca púrpura brilhou por uma fração de segundo. Sentiu que a redoma se aquecia após o fato, causando-lhe um conforto inusitado. Não era exatamente calor, percebia que havia algo a mais, uma sensação de preenchimento, como se tivesse sendo abraçada.

Logo em seguida fez-se a luz. Via-se em uma floresta, apreciando a luz do sol que brilhava, as flores que desabrochavam, os pássaros que cantavam em um pequeno grupo voando em sua direção…

Percebia que algo estava errado, contudo. Eles estavam prestes a atacá-la.

Himiko gritou, o som ecoando de maneira confusa. Ouviu seu próprio grito antes mesmo de abrir a boca. Os pássaros pareciam se assustar, mudando de rota…

— Está se divertindo?

A garota piscou, como quem se despertava de um transe. A floresta e os pássaros desapareceram. Tudo ao seu redor era branco, como se estivesse em um cômodo infinito. Não podia discernir se haviam paredes ou teto, a cor alva tomando toda a sua visão, à exceção do orbe púrpura que segurava com as duas mãos, o mesmo que lhe refletira sobre os olhos. E de Futa.

O Kirlia se encontrava a alguns passos de distância, sem qualquer ferimento; mantinha uma expressão compenetrada que não denunciava suas emoções. Encarava-a, sem sorrir, porém sem repreendê-la. Himiko controlou-se em correr até ele, percebendo o quanto aquilo era inusitado.

— Onde estamos?

— Quer arriscar um palpite? — perguntou ele em resposta, gesticulando com a cabeça.

Ela olhou para trás. Ao contrário do que pensava, não estava rodeada pelo branco. Centenas de prateleiras se encontravam alinhadas, formando diversos corredores a suas costas. Cada uma delas continha dezenas de orbes como os que ela segurava. Desconcertada, colocou o cristal que segurava junto aos outros antes de virar-se de volta.

— Espere, o que eu vi eram…

Ela parou, notando a ausência de reação dele. Normalmente Futa iria deixar transparecer o que pensava através de sua expressão, ou mesmo do movimento corporal. Não era de seu feitio permanecer estático e sério. Himiko sentiu que não deveria estar ali. Porém, ao mesmo tempo, percebeu ao menos que ele não se mostrava irritado ou mesmo incomodado com a presença dela, o que a deixava desconcertada de certo modo.

—…suas memórias. Eu estou na sua mente?

— Sim e não. — respondeu ele. — Podemos dizer que eu esteja na sua.

— O que está acontecendo, afinal? Por que suas memórias estariam comigo?

A garota piscou, perdendo a visão de Futa. Ele desaparecera apenas para surgir ao seu lado, como que em um passe de mágica, segurando um cristal esverdeado. Ao contrário de todos os outros que vira nas prateleiras, este tinha uma ponta afilada, capaz de cortar as mãos de quem o manuseasse sem a devida atenção.

— Veja você mesma. — ele estendeu a pedra a ela. — Com cuidado. Segure com as duas mãos e com a ponta para baixo.

Viu-se imediatamente refletida na superfície lisa do cristal. A expressão de confiança que via em seus olhos, com toda a certeza, pertencia apenas ao reflexo, que decidiu ganhar vida e se voltar para dentro da joia, dando as costas para a Himiko original.

— O que é isso?

— Apenas continue vendo.

Aos poucos, o cenário em torno do reflexo se tornava visível. O marrom tomava o lugar do verde. Um brilho luminoso partia do fundo, como se alguém acendesse uma potente lanterna em sua direção.

De repente já não via mais o cristal em suas mãos, apenas a caverna em que se encontrava, agora caminhando ao lado de seu outro eu. Ela virou o rosto em sua direção, decidindo então falar.

— Eu sei que ainda está com medo…

A Himiko real logo percebeu o que estava acontecendo. Era, como já imaginava, uma recordação de Futa, a qual enxergava através dos olhos dele. Um momento que não desejava reviver, porém não tinha escolha; persistiria em fazê-lo de qualquer modo, estando ele gravado no mais íntimo de suas memórias.

Empurrou então a sua versão passada para longe, sentindo um estalo, como se estivesse se desprendendo de si. Fez isso por consciência própria, não por ter sentido que algo daria errado, mas por lembrar-se de que as coisas haviam acontecido exatamente daquela maneira. Virou-se para trás, em tempo de estender os braços para a frente em direção à Beedrill que voava em sua direção com o ferrão do abdome apontado para seu peito…

Sentiu-o sendo perfurado, por mais que tentasse evitar. Seus olhos se fecharam, uma tentativa de não sentir a dor que tomaria conta de cada célula de seu corpo, porém sem jamais percebê-la. Tentava com todas as forças expulsar a criatura que abria espaço por suas entranhas. Abriu os olhos em seguida, encarando o inseto, este sim demonstrando sentir uma dor excruciante…

A cabeça da Beedrill se ejetou de seu corpo em um estalo, instantes antes das outras partes. Logo em seguida viu-se atirada ao chão pelo seu próprio peso, incapaz de se mover, porém sem perder a visão do que ocorria ao seu redor.

Seu eu passado, antes caído ao chão, corria em sua direção, dando uma rápida olhada na pokébola em sua mão antes de tocar em seu braço…

Himiko então viu-se sugada, flutuando em direção ao seu corpo. Fechou os olhos centímetros antes do impacto e, quando os abriu novamente, viu-se de volta a sala branca.

— Você se alojou no meu corpo… então esse tempo todo…

Futa não se fez pronunciar, apenas assentindo. Ela colocou as mãos à cabeça, pressionando-as contra as orelhas enquanto virava o rosto para baixo. Simplesmente não conseguia compreender.

— Isso é muito confuso! — desabafou a garota. — Quer dizer, como eu lhe encontrei aqui? Como eu posso sair? Como eu posso saber se algo disso é real?

— Tudo o que você viu é real, por mais que seja só uma ilusão. — explicava ele, demonstrando ligeira ansiedade. — E por isso mesmo precisamos sair; temos que voltar à realidade antes que seja tarde.

— Eu não estou entendendo…

— Olha, esta é a sua mente, não a minha. Você dita as regras, você fez com que isso se formasse, e só você pode nos levar de volta.

Himiko, incapaz de compreender o que aquilo significava, preocupou-se. Notou que Futa estava inquieto, finalmente mostrando algum sentimento.

— Me diga o que fazer então!

— Tem que existir uma porta aqui, algum meio de contato com o lado de fora. Quer dizer, como você entrou?

Ele olhava fixamente para os olhos dela, esperando que ela chegasse a alguma conclusão. Himiko apenas conseguiu se sentir intimidada.

— Calma, me deixe pensar!

A inquietação de seu Pokémon deixou-a nervosa. Ele era o único que compreendia o que estava acontecendo, logo deveria entender as consequências. Podia estar morto, mas permanecia vivo dentro de seus pensamentos, um arrastando o outro consigo…

Talvez houvesse algum sentido nisso, afinal, por mais que não houvesse nenhum. Fechou os olhos, tentando se lembrar de cada detalhe. Entrara no CTI, apenas para encontrar Futa sofrendo, dando seus últimos suspiros enquanto ela sentia a dor que deveria ser dele. Tocou-o logo após a morte, apenas para ver tudo se tornar negro, os orbes surgindo em suas mãos…

Ela então compreendera, ao menos, como viera parar ali.

— Me dê a última memória! O cristal verde!

— Para que você quer ele?

— É a nossa saída. Me ajude aqui.

Ele apareceu ao seu lado, entregando-lhe outra vez o prisma esverdeado, a ponta afiada para baixo. Ela controlava-se para não olhar para as imagens daquela manhã que tentavam forçar seu caminho para suas lembranças.

Himiko foi então abaixando-se, encostando o cristal no chão alvo. Sentiu uma leve pontada no peito, reminiscência do que sentira por todo o dia. Era, pela primeira vez, um bom sinal. Esperava apenas poder suportar a intensa dor que sua ideia iria lhe causar, pois sabia que era o único meio.

Ficou talvez um minuto ou dois ali, sem coragem de continuar. Futa não protestou pela demora, apesar de ser ele quem estivesse com pressa. Tampouco fez qualquer comentário. Talvez ele percebesse o que estava prestes a acontecer, afinal.

Tremendo, ela pressionou o cristal com força contra o chão, sentindo este se abrir, do mesmo modo que seu peito era metaforicamente perfurado. Urrava de dor, porém isso não a impediu de empurrar o cristal com o pé, não em direção ao fundo, mas para o lado, o prisma deslizando pelo chão e abrindo uma fenda negra no solo antes imaculado, um rasgo largo o bastante para que pudesse cair na escuridão.

Ignorava o novo tremor, o barulho dos diversos orbes caindo de suas prateleiras, o ruído dos cristais atingindo o solo…

— Vamos, não temos mais tempo!

Olhou para Futa, que a segurava pelo braço. Não pôde deixar de notar a grande ferida que se abriu em seu peito, um corte feito com imperícia, com formato semelhante ao rasgo que Himiko abrira no chão…

Pularam juntos. Viam-se em queda livre, uma descida suave na escuridão. A janela de luz que era a fenda se fechava rapidamente, assumindo a cor azul por um breve instante antes de desaparecer por completo. Futa encarava sua treinadora, um sorriso no rosto se misturando ao choro ao notar o que ela pensava…

— Então… é tarde demais…

— Como disse?

— Eu vejo em seus olhos… talvez eu não consiga mais voltar…

— Então fique! — ela também chorava, compreendendo o que ele via. A dor física desapareceu no mesmo instante que ela atravessara a fenda, mas preferia senti-la por outras dez vezes a ter de passar por isso. Futa tomou consciência de que estava morto, de que todos os esforços haviam sido em vão.

— Você não entende… eu tenho que voltar! Este corpo é seu, você não poderia suportar se eu ficasse…

— Eu não vou aguentar ver a sua partida. Me deixe morrer com você!

— Não posso deixar. Eu lhe prometi, lembra? Faria o que estivesse ao meu alcance para que você encontrasse sua irmã!

April…

— Você prometeu que faríamos isso juntos! Não pode me deixar…

As lágrimas jorravam de ambos os rostos.

— Eu vou estar com você, e isso é uma promessa. Você nunca desistiu, por mais que pareça impossível. Me deixe tentar o impossível desta vez…

Antes que ela pudesse responder, ele apoiou-se nos ombros dela, pegando impulso em direção ao nada, distanciando-se dela. Percebeu que não podia fazer nada, que ele a abandonara naquele triste momento, que por mais uma vez ele se sacrificava para salvar a vida dela…

Não. Eu não posso pensar assim.

Eu pensei que ele havia morrido, mas o encontrei vivo dentro de mim.

Olhou para Futa outra vez, notando que ele se distanciava cada vez mais.

Ele não me deixaria desistir agora. Devo esperar pelo melhor…

Mentalizou então suas energias positivas. Talvez estivesse enganada e houvesse alguma chance, afinal. Ele, ao menos, acreditava que havia, e isso era o suficiente para que Himiko pudesse ter também um mínimo de esperança. Incapaz de fazer outra coisa, gritou.

— Futakosei…

Observava-o desaparecer na escuridão, possivelmente distante demais para ouvi-la. Continuava talvez em queda livre, agora incapaz de perceber qualquer força. Poderia por bem estar flutuando, inerte, sem a influência da gravidade, o que por algum motivo sentia que realmente estava.

Logo sentiu um baque seco em sua cabeça, notando o orbe azul e perfeitamente esférico que lhe atingira. Segurou-o, tentando ver de onde ele viera. Encontrou centenas de cristais ao seu redor, memórias totalmente desorganizadas, empilhadas de qualquer maneira umas por cima das outras. Não se atrevia a se aproximar, notando a quase ausência de cor e as pontas afiadas de boa parte deles.

Focou-se então na gema que a acertara, imaginando qual memória estaria nele contida. Viu em seu reflexo um Pokémon de pele cinzenta, os olhos púrpura lhe encarando com uma expressão ameaçadora, os lábios fechados assemelhando-se a um zíper, em uma tentativa de apavorá-la.

Assutou-se ao vê-lo, jogando seu corpo para trás, Sentiu um peso sobre os ombros, duas mãos que lhe puxavam. A esfera azul desapareceu, dando lugar ao braço de Futa…

Estava de volta ao CTI, imediatamente cercada por duas pessoas; uma levava seus dedos ao pescoço da garota, pressionando-o pela lateral, a outra olhava fixamente para seus olhos, estes focados no monitor que recebia os eletrodos ligados ao Pokémon no leito…

Aonde o Kirlia deveria estar, contudo, encontrou apenas uma mancha luminosa. Um esferóide contendo nada mais que energia. Uma mancha de luz que lhe cegava a visão.

Começou a garagalhar, um riso histérico, compreendendo o que acontecia.

— Eu o salvei… ele está… vivo…

E desmaiou.


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Notas finais do capítulo

Primeiro de tudo... vocês não pensaram que o nome dele era somente Futa, não é? Escondi esse pequeno segredinho de vocês até aqui. Futakosei é um nome que pode não ser sematicamente correto, mas está aqui por um motivo. E parte dele é não deixar se perder o duplo-sentido que passou pela cabeça do Kurono em 2010. Sim, o gameplay original é antigo assim.

Ah, fiz uma capa nova que retrata esse novo momento da fic. Irei atualizá-la em breve, em respeito aos leitores que não desejam um spoiler deste capítulo antes de o lerem.


Notas do in-game:
Finalmente, finalmente posso voltar a comentar a respeito das notas do jogo com vocês... Pense em uma parte chata do jogo.
Primeiro, o susto que vocês passaram é tão angustiante quanto o meu. Lembram que eu comentei que tomei um Pursuit na cara na hora errada?

Ele sobreviveu com 2 pontos de vida. Sério. Tentei refazer os cálculos, mas não cheguei a conclusão nenhuma. Ambos os pokémon tem seus status alterados nesse hack. Simplesmente desisti de tentar quando vi que não anotei o HP inicial do Kirlia (tenho certeza que não estava com a vida cheia)

Passado o susto, fiz o grind ad infinitum para o ginásio de Lavaridge. Não o cito a não ser nas notas. Como eu falei, o jogo é brutal; o líder é do tipo dragão e, como todos os outros, usa seis pokémon. Me surpreendi ao ver que quatro deles são idênticos aos da Clair em Johto. Até nos níveis. Como vocês veem nas notas da história, o grind é brutal mesmo. Se bem que a rota anterior tem uns monstros no lv.26~28, então dá pra lidar com isso.

Sem promessas para o futuro, mas acho que acidentalmente dei um spoiler que não deveria aqui em cima. Eu sei que dá tempo de editar, mas oh well, deixemos ele aqui, não é como se eu tivesse dito algo que não devia.

Status do time:
Pokémon: 4
Futakosei (Gardevoir) Lv. 40; Bold, Synchronize.
Ikazuchi (Manectric), Lv.41, Serious, Lightning Rod
Nagrev (Charmeleon), Lv.39, Naive, Blaze
Gérson (Gyarados), Lv.40, Brave, Intimidate

Mortes: 6 +0 = 6



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