No dia seguinte que descobri que Brittany tinha um namorado fui para a escola sem expectativa alguma. Decidi que ela não me encarava, e sim que ela encarava todo mundo. Eu não era nenhum caso especial. Por que motivo ela me encararia? Ela namora um homem já tem dois anos.
Eu continuava repetindo isso na minha cabeça, mas era difícil acreditar na parte que "ela encara todo mundo" pois ela claramente me encarava de um jeito estranho. Eu só queria saber porquê ela fazia isso. Ela estava desgraçando muito a minha cabeça. Bugando tudo. Eu estava ficando doida.
Eu estava andando no corredor com Quinn rumo à lanchonete. Vi de longe Brittany sentada em um banco com uns dois amigos do lado. Merda, pensei, vou ter que passar por ela. Não vou olhar pra cara dela, não vou.
E assim fiz. Passei olhando para o lado oposto ao dela. Quinn me chamou logo depois de passarmos pelo banco onde ela estava sentada.
— Sabe aquela menina que o Puck acha bonita, que ele queria ficar? Acho que chama Brittany...
— Sei, quê que tem? — Respondi demonstrando certo desinteresse.
— Ela te encarou até a alma agora.
— An? Me encarou? — Fingi não estar entendendo.
— Sim, te encarou muito.
Logo ela mudou de assunto, mas eu não conseguia parar de pensar na menina. Então não era com todo mundo que ela fazia isso. Quinn sempre reparava nas pessoas, e ela viu que Brittany estava me encarando; muito. Estava me encarando muito. Não era só coisa da minha cabeça.
Eu precisava conhecer essa menina. De verdade.
Na hora de ir embora subi rápido no ônibus pois minha dor de coluna não me permitiria ir em pé naquele dia. Logo depois de mim, Brittany subiu. Ela observou bem os lugares e olhou para mim. Sorriu, ajeitou o cabelo atrás da orelha se sentando ao meu lado. Eu estava explodindo de alegria. Virei o rosto para a janela para disfarçar o riso que saía involuntariamente. Me virei para ela.
— Oi. — Falei sem pensar, sorrindo.
— Oi. — Ela respondeu também sorrindo.
Ficamos em silêncio e eu resolvi colocar uma música no meu celular para ouvir no fone de ouvido. Ela viu a música que escolhi e fez um comentário. Não escutei e tive que retirar os fones.
— O quê?
— Você tá ouvindo Cambriana? Eu amo Cambriana. — Ela falou.
— Sim. — Olhei para os olhos dela um pouco surpresa. Nunca imaginaria que ela gostava desse tipo de música. — Também amo.
— Sério? Cara, você tem noção do tanto que é raro achar alguém que goste disso?
— Tenho. — Soltei uma risada com um som esquisito. — Quer ouvir comigo?
— Claro. — Ela respondeu sorrindo. Emprestei um fone pra ela e seguimos em silêncio o resto do caminho. Às vezes cantarolávamos algumas partes das músicas juntas e dávamos risada quando uma de nós desafinava demais ou cantava muito alto sem perceber.
Ela estava acabando comigo.