Livre é Shoujo-ai! escrita por Noraneko


Capítulo 1
Livre é Shoujo-Ai


Notas iniciais do capítulo

Então, gente... Peguem leve comigo, por que sou novato em romance, e mais ainda em Yuri. Entrei no desafio por interesse próprio, e foi mais pra competir mesmo. Eu gosto hehehe.

"Aqui é a Sarah. Tenho 20 anos, e meu sonho é me tornar uma mangaká popular no meu país. Meus cabelos são negros, meus olhos azuis. Eu uso um óculos preto e quadrado, meu peso é segredo e minhas medidas são 83/55/75"

"Aqui é a Ruka. Tenho 20 anos, e eu não tenho sonhos. Então desde que a Sarah tenha sucesso, eu vou ficar feliz. Meus cabelos são negros, meus olhos pretos. Uso óculos também e todo mundo diz que sou irmã da Sarah. Tenho 49 quilos e minhas medidas são 82/55/75"

Aqui é o Noraneko e digo que eu não falei nada sobre elas se apresentarem... Foram elas que quiseram...

"A Ruka foi tão fofinha quando disse que desde que eu tenha sucesso ela será feliz..." disse Sarah abraçando a amiga.

" Dá carinho na minha cabeça?" perguntou Ruka rindo feito uma criança

Sarah, Ruka e Noraneko desejam-lhes uma ótima leitura.



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O relógio batia às três da manhã. O café das duas xícaras já tomado dava um fio de energia para a dupla. Na cadeira em frente a uma escrivaninha, papéis espalhados e amassados, farelo de biscoito, a xícara vazia e os cotovelos de Sarah, que com a mão direita coçava seus cabelos negros. Ela nem se importava com a presilha frouxa prestes a cair. Estava centrada na continuação de sua história. O problema era o bloqueio criativo. Nada mais em sua mente conseguia ser transpassado até seus dedos ágeis para desenhar.

Sua assistente a ajudava tanto na história quanto nos detalhes, nos quadros, nas pinturas e na compra de salgadinhos às vezes... Ela estava esperando o último desenho de sua amiga para voltar a escrever a história. Ruka já bocejava entediada.

- Sarah... Nada ainda? - perguntou Ruka ajeitando suas lentes a frente de seus olhos azuis.

- Ruka... Vem aqui. - chamou Sarah limpando seus óculos e colocando-os a frente de seus olhos pretos novamente.

- Diga. – pediu Ruka, apoiando seu rosto no ombro da desenhista.

- Essa cena... A gente tem que muda-la!

- Que?! Por qual motivo? – Ruka estava um pouco desapontada

- Analise Ruka. Nós não podemos colocar uma cena tão pervertida como essa na nossa história. – explicou Sarah

- Mas, não é “Amor feminino”? Shoujo Ai?!

- E é por isso que não podemos colocar isso na história. Ela é de classificação livre, e o que temos aqui não é nada mais do que um Orange. – explicou Sarah

Ruka parou, leu a história inteira e repentinamente começou a rir. Ela continuou lendo, dando algumas pausas para olhar Sarah, que só observava a leitura da assistente com cara de poucos amigos. No fim, Ruka fechou o rascunho e olhou para Sarah com um sorriso sonso na boca.

- O que é um Orange? – perguntou ela. Sarah quase caiu da cadeira incrédula

- Não acredito! Não sabe o que é um Orange?! Inacreditável.

- Não fique tão assustada com isso! Eu não sabia nem o que era anime até você me arrastar a isso

Isso era verdade. As duas sempre foram amigas... Pelo menos desde quando se lembram. A amizade começou quando ambas ficaram na mesma sala um ano antes do ensino médio. Muitos diziam que elas eram muito parecidas pelo fato dos cabelos serem da mesma cor e praticamente do mesmo formato, além de serem as únicas a usarem óculos na classe inteira.

Mas, quando Ruka descobriu que Sarah era otaku, se surpreendeu. Como as garotas diziam que os otakus eram “porcos, nojentos, pervertidos e animais”, ela sentiu um pouco de medo por saber que sua amiga era na verdade um deles.

Só que a surpresa foi ainda maior quando Ruka foi conversar sobre o assunto com Sarah, e passou a gostar de animes e mangás. E ao saber que o sonho de sua amiga era se tornar uma criadora, não hesitou em ajuda-la.

O tempo passou, e o mangá “Die Die Love” estava se tornando um sucesso lentamente. Um mangá improvável, criado por duas novatas tem uma das maiores vendas desde o último festival de novos escritores – vulgo “Comiket” –.

O tempo passou, porém Ruka ainda não sabia dos gêneros por dentro desse mundo.

- Mas, já se passaram seis anos! É sério que você nunca ouviu falar de Orange na vida? – perguntou Sarah ainda incrédula

- Que culpa eu tenho? Eu não sou depravada! – retrucou Ruka em autodefesa

- Você tem uma estante de Ecchi, Hentai e Galge! Não me venha com essa. – treplicou Sarah

- Mas, vamos entrar num consenso básico! Se o nome do gênero significa romance feminino, isso já poderia envolver qualquer tipo de romance. Desde que seja entre duas garotas, uma relação no anime poderia ser considerado apenas “Shoujo Ai”, não?

- Você não entende a magia! – exclamou Sarah

- Magia? – perguntou Ruka confusa.

- Vou te explicar em termos leigos, amiga! O Orange não é apenas um romance explícito. O Orange mostra o amor intenso e impuro que existe entre duas garotas. Mais que o preconceito que elas sofrem, a exclusão, e tudo mais é posto a tona num “lírio* quente”.

*Yuri é lírio em japonês

- Eu não entendi nada! Na verdade, eu não entendo desde quando você me explicou sobre “Tachi” e “Neko” semana passada. – disse Ruka coçando a cabeça.

- Mas, isso não é difícil de entender! “Tachi” é quem toma a iniciativa, e “Neko” é a quem é dominada!

- Tudo bem, mas eu ainda não consigo entender por que separam o gênero em três! Poderiam colocar um gênero só e classificações diferentes. Eu não entendo!

- Tudo bem... Se você não está entendendo, eu vou explicar de um modo que você nunca vai esquecer!

- Como assim?

Sarah pegou a cabeça dela com delicadeza e passou a acaricia-la. Logo depois lhe deu um beijo estalado em sua bochecha direita. Ruka ficou corada, mas riu ao invés de se assustar.

- Que gracinha. – elogiou Ruka com o ato da amiga

- Isso é shoujo ai! – disse Sarah rindo.

- Isso foi legal. Faz de novo... – pediu ela. Estava parecendo uma criança.

Sarah repetiu o ato de acariciar, mas depois virou seu corpo e se jogou em cima de Ruka e ambas caíram no chão. O impacto arrancou os óculos de ambas, e o barulho talvez teria perturbado os pais de Sarah que estavam dormindo.

- S-Sarah? – perguntou Ruka. Ali foi quando ela se assustou mesmo.

- Agora vou te explicar o que é um Yuri! – exclamou Sarah olhando para a amiga com um rosto bem assustador.

Na verdade o grau de miopia dela era bem maior que o de Ruka, por isso, ela não enxergava seu rosto direito.

- E-espere Sarah! Eu não...

- Não o que? – perguntou ela cortando Ruka. – Vai dizer que esse é o seu primeiro beijo?

- E se for?

- Estou tirando proveito. – retrucou Sarah.

Ruka não entendeu por que Sarah tateava tanto seu rosto, mas descobriu logo depois de ter seus lábios tomados pelos dela.

Ruka ficou sem reação. O beijo durou alguns segundos. Sarah sorriu e saiu de cima dela. Logo depois procurou seus óculos para enxergar bem novamente.

- I-isso é Yuri? – perguntou Ruka assustada e corada. Sarah assentiu sorrindo e se levantou para voltar a escrever – Isso não foi legal!

Sarah riu e voltou a ler a história para tentar desenhar novamente. Ruka ainda não tinha se levantado e nem posto seus óculos. Ela na verdade estava pensando no carinho que Sarah estava dando em sua cabeça minutos atrás. Ela ficou calada com as mãos na cabeça. Quando a imaginação migou para o beijo, ela corou ainda mais e se levantou. Ela balançou a cabeça e se aproximou de Sarah novamente.

Assim que ela viu os desenhos, ela soltou uma interjeição. Ficou assustada com as cenas que a amiga desenhava.

- Sa-Sa-Sarah?! O que é isso? – perguntou Ruka tentando não olhar para o desenho. Sua curiosidade era maior que sua força de vontade.

- O que...? – perguntou Sarah. Ela estava fora de sintonia, apesar de não parecer. Seu olhar estava entediado, e seu rosto apresentava uma pequena cor vermelha.

A assistente começou a falar que aquilo estava fora do gênero de “Die Die Love”, e que elas estavam discutindo isso minutos antes, mas parecia que a desenhista não a ouvia.

Sarah estava surpresa com seu coração, que pulsava mais forte. Ela nunca pensou que beijar Ruka era tão bom. Ela já teve experiência com meninos, e mesmo assim sua assistente era melhor do que todos seus quatro namorados anteriores. Eram lábios suaves, delicados... O corpo de Ruka era muito cheiroso, assim como seus cabelos... Sarah ficou apaixonada pela sua amiga de infância.

Seus devaneios foram interrompidos por Ruka, que deu um peteleco na testa de Sarah, tentando “acordá-la”.

- Sarah! – gritou Ruka. Logo depois do susto, Sarah sentiu um zumbido no ouvido e ficou nervosa.

- Não faça mais isso... – pediu a desenhista coçando o ouvido.

- Você não está prestando atenção em mim! – argumentou Ruka

- O que foi?

- Veja só o que você está desenhando!

Sarah olhou, e é até melhor que eu não diga o que estava acontecendo no desenho. Ela ficou assustada e envergonhada com o próprio desenho e escondeu de sua amiga... Mas, era tarde demais mesmo.

- Cara! Eu não acredito que desenhei velcro na frente de uma garota que acabei de beijar! – disse Sarah escondendo o rosto com vergonha.

- “Velcro”? – perguntou Ruka

- Sim... É “você sabe o que” dito de forma chula!

- Ah... Sim... – entendeu Ruka, corando lentamente.

- M-Me desculpe... Eu acabei passando dos limites. – pediu Sarah

- Tudo bem... Eu não acho isso tão sujo. Afinal, eu leio hentai. – respondeu Ruka tentando confortá-la

- Não é isso... Eu ainda roubei seu primeiro beijo, e... Bem... Eu inconscientemente desenhei isso pensando no beijo.

Ruka desviou o olhar. Ela não queria ver o rosto de Sarah por algum motivo oculto e estranho.

- S-sabe... Eu queria que você desse carinho na minha cabeça de novo... Você se lembra de quando fazia isso quando eu ficava triste? – lembrou Ruka

- É verdade... A gente sempre comprava sorvete ou chocolate e conversávamos sobre alguma coisa legal... – respondeu Sarah sorrindo.

- E-então... Você poderia? – Sarah assentiu.

Sarah então sentou na cama, e Ruka ainda no chão se aproximou dela. Uma de costas para outra. A desenhista passou a olhar os cabelos negros de sua assistente, e começou a acaricia-la, antes de hesitar um pouco. Logo, ela ouviu Ruka soltar uma risadinha feliz.

- O que foi? – perguntou Sarah.

- Ruka é uma menina de sorte. Ela tem a melhor amiga do mundo, e que se arrepende quando faz algo errado na mesma hora. – respondeu Ruka

- Você é uma graça quando fala na terceira pessoa. Você só faz isso quando aconteceu alguma coisa... – lembrou Sarah

- Sabe o que é? A Ruka... A Ruka também gostou... Do beijo... E... A Ruka quer mais... – retrucou ela. Foi nessa hora que seu corpo estremeceu um pouco.

Sarah ficou um pouco surpresa. Ela olhou para sua assistente, que olhou para cima com o rosto ruborizado. Ela se aproximou e Ruka apenas esperou seus lábios serem tocados.

O beijo foi mais como um pedido de desculpas de Sarah com a aceitação de Ruka, do que qualquer outra coisa. Quando elas se distanciaram, a assistente se virou para sua desenhista sorrindo e colou sua testa na dela.

- A Ruka ama muito sua melhor amiga. – sussurrou Ruka. – Sarah é muito preciosa para ela.

- A Ruka também é muito preciosa para Sarah.

E foi assim que mais um beijo aconteceu. Dessa vez mais apaixonado. Foi a primeira vez que elas usaram suas línguas para aumentar mais o prazer daquele toque. Parecia estranho, mas o aroma de café ainda residia na boca de ambas e assim, o beijo ficou mais “doce”. Elas se distanciaram de novo para puxarem mais ar para seus corpos, para, em seguida, voltarem a se beijar.

O corpo de Sarah foi ficando mais leve, e Ruka lentamente foi se deitando em cima de sua amiga, aprofundando o beijo ainda mais.

Agora parecia algo mais pervertido. Enquanto elas juntaram uma das mãos, a outra percorria lentamente a pele. Sarah estava apertando a barriga de Ruka lentamente, enquanto a mesma segurava um dos seios da desenhista.

Quando separaram seus lábios novamente, elas ficaram deitadas na cama. Ruka ainda era acariciada por Sarah. Deitada com a cabeça entre seus seios, ela acabou pegando no sono, assim como a desenhista.

Uma semana depois

Eram quatro horas de uma tarde de domingo. Sarah e Ruka combinaram de fazer mais um pedaço do novo volume de Die Die Love na casa de Ruka desta vez. Assim que Sarah chegou à casa da amiga, foi recepcionada pelo irmão mais velho dela.

- Ah... Ruki. Como vai? – cumprimentou Sarah

- Eu vou bem. Veio visitar a Ruka? – perguntou

- Sim. Ela está.

- Está sim... Ela foi tomar um banho... Bem, entre. Eu vou sair agora. Se quiser, pode ir espera-la no quarto.

- Obrigada.

E assim, Sarah subiu até o quarto de sua amiga. Era um lugar bem familiar, pois a morena já perdera as contas de quantas vezes fora lá.

Alguns minutos depois, Ruka chegou. Ela abriu a porta e viu Sarah lendo um de seus mangás.

- Você demorou! – reclamou Sarah, não tirando os olhos do mangá.

Ela não notou que Ruka estava com toalha amarrada no corpo, com seus cabelos ainda molhados. Quando a assistente deu uma risada, Sarah olhou para ela, e imediatamente Ruka abriu a toalha mostrando todo seu corpo a sua amiga.

- R-Ruka? – perguntou Sarah envergonhada.

- Hoje... Você irá me dar aulas de Orange... – disse Ruka com o rosto corado e um sorriso bem pervertido em seu rosto.

No calor do momento, Sarah só abriu seus braços, esperando sua assistente ir para a tal “aula”.

Fim


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Notas finais do capítulo

Bom... É isso. Obrigado pra quem leu e deu atenção a essas duas garotas!

"Obrigada!" agradeceu Sarah

"Obrigada" agradeceu Ruka

'Noraneko, por qual motivo está escrito "Die Die Love" na capa'

É o nome do mangá delas. As duas da capa são as heroínas do mangá de Sarah e Ruka

'Você devia colocar a Sarah e a Ruka na capa'

"Não!! Eu tenho vergonha! Eu não iria ficar na capa nem se o autor suplicasse!" exclamou Sarah escondendo o rosto

"Eu não sou fotogênica!" disse Ruka sorrindo envergonhada

"Mas, você é bonitinha... Ia ficar melhor do que eu" argumentou Sarah

"Você me chamou de bonitinha... Que lindinha..." disse Ruka rindo

"Mas, é a verdade" retrucou Sarah colando seu nariz no de sua assistente

"Beijinho de esquimó... Você sabe como ser fofa também."

Entre essa troca de carinho, eu me despeço! Até a próxima história.