Mundo medonho escrita por Helen


Capítulo 1
Intrepidez.




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A garota despertou de seu sono, abrindo os olhos negros. Passou algum tempo se acostumando com a luz, que deixava sua pele branca mais branca ainda. Brincou um pouco com os cabelos azuis escuro antes de resolver se levantar da sua aconchegante cama, que a abraçava com calor mesmo em meio ao lugar frio.

O quarto onde estava era pequeno. Suas paredes eram amarelas claro, e o teto de madeira. No canto estava uma escrivaninha larga, de um lado uma estante com poucos livros e acima uma janela, que deixava a luz do sol entrar. A garota estava na cama de cima de um beliche e embaixo dormia um rapaz da mesma idade. Mesmo com sono, ela desceu de sua cama, e foi até o rapaz. Ela tentou sacudi-lo com a intenção de acordá-lo, mas apenas teve um ronco como resposta. A moça grita com ele, e o rapaz de cabelos turquesa acorda.

— Não sabe fazer nada além de dormir, Ronald? — pergunta ela.

— E você não sabe fazer nada além de me acordar, Agatha? — ele retruca, com senso de humor.

Sua vida despreocupada havia sido interrompida pelo despertar dos Medos. Antes, podiam dormir até a hora que quisessem e não seriam chateados por isso. Agora, Agatha obrigava a Ronald a acordar cedo para participar de testes de diferentes instituições contra os Medos. O rapaz argumentava com a moça que a participação facultativa não estava ali por nada. "Quando precisarem de nós, eles irão nos chamar." era a frase que ele mais dizia à ela. Mesmo assim, não havia palavra que convencesse Agatha. Ronald parou de insistir na terceira semana seguida.

— Quem é o escolhido da vez? — perguntou ele.

— Consegui contatar os "Intrépidos". Eles são os mais poderosos na luta contra os Medos.

— Por que eu só consigo achar que sua preocupação é desnecessária?

— Desnecessária é sua preguiça.

Agatha saiu do quarto e deixou o Ronald ali. Ela andou por alguns corredores e entrou em um largo banheiro cheio de duchas. Foi até uma que tinha acoplada ao cano do chuveiro um pequeno armário branco. Conferiu suas coisas e então tomou banho depois de fechar as cortinas.  Pouco depois, terminou. Vestiu uma blusa branca, uma bermuda jeans e um tênis azul. Ela gostava de dizer que aquela roupa era como um uniforme. Agatha saiu de lá e procurou Ronald por alguns momentos. Ele surgiu de um corredor, vestido com uma camisa branca, uma bermuda camuflada e botas marrons.

— Você não demorou tanto quanto da última vez. — disse ele, enquanto Agatha se aproximava.

— A água estava gelada.

Eles saíram do local onde estavam — um hotel pertencente aos pais de Ronald — e chamaram um táxi.

— Tem certeza? Eles enrolam muito na viagem e tiram proveito disso, deixando uma rota simples super cara. — alertou Agatha, antes de eles entrarem no veículo.

— É melhor do que ir a pé, não acha? — Ronald entrou no táxi, e em seguida Agatha o acompanhou.

 O taxista deveria estar de bom humor naquele dia, já que dirigiu até o destino de modo convencional, sem fazer curvas ou caminhos desnecessários. Algum tempo depois os dois se encontravam de frente para uma das centrais dos Intrépidos. Eles entraram no prédio imponente e se encontraram numa sala vazia. Ronald se virou para Agatha.

— E agora, como faz?

— Um minuto.

 Ela bateu numa das paredes, começando uma pequena melodia. De dentro das paredes, várias pessoas perguntaram uma mesma coisa.

 "Quando é que milagres acontecem?"

— Milagres acontecem quando a gente vai à luta. — respondeu Agatha, com determinação.

"E quem é que luta?"

— Diga "Os intrépidos" — sussurrou Agatha para Ronald.

—... Sério? — ele sussurrou de volta.

— Vai logo!

— Os Intrépidos! — disse Ronald, em alta voz.

Uma porta abriu entre as paredes. O corredor era assustador, mas como não havia medos, Ronald e Agatha passaram por ele sem problemas. No fim dele, havia um homem alto, de cabelos escuros e que usava um terno.

— Espero que não sejam espiões. Seria triste ter que matá-los tão cedo.

— Não se preocupe com isso. — disse Agatha.

— E você, rapaz?

— Hum? Eu vim aqui arrastado por ela. Não me importo muito com essas organizações.

— Está aqui contra sua própria vontade?

— Sim, mas se eu for embora, ela vai me matar enquanto eu durmo.

— Entendo. É a sua irmã?

— Não. Só colega.

— Ah, entendo. Sigam-me.

Os dois seguiram o homem por alguns corredores, até entrarem numa sala espaçosa. Era dividida em um espaço cheio de mesas e computadores, onde pessoas trabalhavam em áreas diversas, e o resto da sala era cheio de equipamentos de treino físico. Vozes ecoavam por todo o lugar.

— Meireles irá testar suas capacidades. Se passarem, bem-vindos aos Intrépidos. — o homem não parecia incomodado com aquela agitação. — Meu nome é Loch, mas me chamem de Dr. Sylvannia por aqui.

— Yes, sir. — disse Ronald.

Loch saiu de perto dos dois recrutas e logo teve que se ocupar. Eles andaram pela sala e observaram o trabalho de cada pessoa. Com facilidade acharam Meireles. Não apenas porque ele estava supervisionando um grande grupo de pessoas, ou porque ele estava usando uma camisa rosa com flamingos amarelos, nem por causa da sua voz forte mas amigável. O principal motivo deles terem o encontrado foi o “Meireles” escrito nas costas da camisa, com letras laranjas.

— Uh... você é o Meireles, certo? — Agatha se aproximou lentamente do homem. — Loch recomendou que procurássemos por você.

— Ah, olá! — Meireles se virou para ela e a abraçou, tomado por uma alegria impressionante e vinda de nenhum lugar. — Você tem um cabelo legal!

— Pa...ra... você est...á me... esmag...ando...

— Oh, perdão.

Meireles a soltou e cumprimentou Ronald com um forte aperto de mão, logo em seguida balançando todo o braço do rapaz. Sem soltar a mão de Ronald, Meireles pegou a mão de Agatha e os arrastou por toda a sala, e então entrou em outra, que aparentava ser o local onde se faziam reuniões, ou aulas. Os dois sentaram nas cadeiras e o homem pegou duas folhas de papel com linhas e outras duas com cores. Deu uma de cada aos dois jovens com um lápis e pediu pra que se afastassem.

— É simples. Quero que escolham as cores, uma por uma, sem repeti-las, duas vezes. Escrevam as duas ordens de escolha na folha. Vou analisa-las e ver no que dá.

Ronald e Agatha pegaram os papéis e fizeram como ordenado. Não demorou. Meireles pegou as folhas e analisou-as por um período quase longo. Terminada a análise, disse que ambos estavam aprovados. Nem Agatha, nem Ronald sabiam o porquê, mas eles agora eram bem-vindos aos Intrépidos.

— Comecemos com o conceito. Espero que aprendam bastante. Vão precisar. — disse Meireles, animado com os recrutas.


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