Evolution: Parte 3 escrita por Hairo


Capítulo 6
Cabelos Vermelhos


Notas iniciais do capítulo

Galera, esse é o o penultimo capítulo do Projeto Celadon e dessa fase inicial da Parte 3. Resolvi fazer algumas coisas diferentes e explorar um pouco mais as possibilidades que essa cidade tem a oferecer.

Boa leitura!



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Capítulo 6 – Cabelos Vermelhos

Jody estava dormindo quando o telefone tocou. Foram necessários três toques para que ela finalmente abrisse o olho e começasse a processar o que acontecia. Devia ter adormecido depois do treinamento com os Pokemons, de tão cansada. Agora era a vez de Jack, que aparentemente ainda não havia voltado. Isso significava que não haviam se passado ao menos duas horas desde que regressara aos seus aposentos. Ainda estava exausta.

Apesar do luxo, a rotina no quartel general secreto da Equipe Rocket era desgastante. Há muito a mulher havia perdido a conta dos diversos tipos de atividades diferentes a que fora submetida. Ela era obrigada a fazer, no mínimo, atividades físicas e treinamentos táticos específicos com seu Pokémon diariamente, sem contar as inúmeras palestras, aulas e treinamentos extras que variavam de sobrevivência no mar (executado em um simulador que parecia tomar um andar inteiro) até culinária e criação Pokémon. Quando era pequena, a jovem Jody achava que os criminosos maltratavam e destratavam os seus Pokemons, mas com o tempo ela descobriu que não era o caso. Até mesmo os criminosos precisavam contar com a obediência e, acima de tudo, a força e habilidade das criaturas em suas Pokebolas e, por isso, eram estimulados a criá-los bem.

Não havia do que reclamar. O acesso àquele tipo de atividade não era livre para qualquer membro da equipe, estando acessível apenas nos quartéis generais que ficavam muito bem escondidos pelo continente. Apenas um pequeno e seleto grupo de agentes, que subiam de patente e passavam a se encarregar de outras tarefas que não os pequenos roubos e crimes menores tinham acesso a toda essa estrutura. Eram esses agentes que comandavam operações especiais, chefiavam grandes missões e aspiravam um cargo de maior controle como supervisor. Jack e Jody eram agente novos, com poucos anos na organização, mas que já haviam chegado até ali, seja por puro talento, puro oportunismo ou apenas um golpe do destino, e por isso a mulher não podia deixar de se orgulhar. Sem duvida a dupla contara com a sorte para encontrar o Eevee perdido de Giovanni, mas ainda assim ela não se permitiria perder a oportunidade que tinha nas mãos. Se a sua missão acabasse e eles voltassem a sua posição original, Jack e Jody não seriam mais os mesmos agentes.

O quarto toque do telefone soou para tirar a mulher de suas memórias e devaneios e puxá-la de volta à realidade. Ela pulou da cama, ajeitou seus cabelos roxos bagunçados e atendeu a chamada. A voz eletrônica do supervisor G cortou o ar sem nem esperar que a agente dissesse “Alô”.

– Agente Jody, você me deve sérias explicações!

A mulher estremeceu e sentiu o sono esvair-se de seu corpo instantaneamente. Talvez tivesse chegado a hora de realmente volta a sua posição de origem.

– O que houve senhor?!

– O que houve é que você não sabe mais o paradeiro do Eevee e dos garotos! Há quanto tempo não recebe um relatório?

– Há alguns dias senhor, mas não acho que os garotos tenham tido tempo de chegar a Celadon ou a nenhum outro Centro Pokémon. Não há motivos para novos relatórios – Jody soltou seus pensamentos em voz alta, sem pensar em sua repercussão. Se ela estivesse mesmo certa não estaria recebendo a ligação nervosa de seu superior.

– Pois pense novamente agente! Recebemos informações de nossos contatos policiais de que o grupo já está em Celadon!

– O que?! – Ela não acreditava. Há poucos dias havia recebido noticias sobre o grupo de Eevee.

– Isso mesmo! E se não sabemos onde eles estão, como vamos saber o que está acontecendo? A sua única missão é monitorá-los agente. A única! Trate de fazer isso bem!

– Sim senhor! Pensarei em como resolver o problema. – disse ela, mas o supervisor já havia desligado, sem esperar a resposta. Aquilo fora uma ordem direta que não poderia ter outra resposta se não a positiva.

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Dave acordou revigorado no dia seguinte, antes mesmo que Jake levantasse. O menino havia chegado tão tarde na noite anterior que Dave já estava deitado em sua cama com as luzes apagadas quando ouviu a porta do quarto abrir. Ele tomou um susto, mas ao descobrir que era o amigo chegando, relaxou e voltou a tentar dormir. Eles mal tiveram tempo de se cumprimentar antes que o mais velho adormecesse por completo.

Agora ele acordava cedo pronto para outro dia. Normalmente ficaria na cama por mais tempo, mas tanto o treinador quanto Eevee pareciam bastante animados naquela manhã. Eles não estavam exatamente felizes, mas sentiam-se desafiados, provocados, como ha muito não se sentiam. Rusty com certeza tivera um efeito parecido em Dave, mas aquilo tinha suas peculiaridades. Não se tratava apenas de ganhar a insígnia e o prêmio. Tratava-se de provar para si mesmo que era capaz de vencer Erika. Ele precisaria treinar e aprimorar suas técnicas, sua estratégia e seu modo de pensar aquela luta se quisesse realmente vencer. Não teria apenas que sair vencedor da luta do ginásio. Ele tinha que se tornar um treinador melhor.

Dave não se lembrava de ter perdido lutas seguidas em algum ponto de sua jornada até ali, entretanto, em um dia, perdera duas. Três rounds de batalha, três Pokemons vencidos, poucos golpes executados com o sucesso esperado. Se ele fosse um mero expectador, diria que estava entrando em uma fase ruim, mas ele sabia que não podia deixar as coisas assim. A fase ruim teria de acabar antes mesmo de começar. E para isso ele precisava treinar.

O menino desceu de sua costumeira cama de cima do beliche com cuidado para não atrapalhar o sono tranqüilo do amigo mais novo e se encaminhou para o banheiro, para se lavar. Saiu então do quarto e se direcionou para o refeitório, pensando no café da manhã e nas atividades do dia. Não sabia se iria treinar sozinho ou procurar alguma das atividades de que Mary Jane havia falado no dia anterior, mas não pretendia decidir isso naquele momento. Os amigos ainda estavam dormindo e ele precisava, principalmente, saber a programação da ruiva, que tinha planejado enfrentar a líder da cidade naquele dia. Era uma luta que ele não pretendia perder. Sabia que Mary Jane poderia lhe servir de inspiração para a própria luta e pretendia observar melhor a forma de lutar de Erika.

Não sabia quanto tempo iria passar em Celadon, treinando, ate que a desafiasse novamente, mas não tinha pressa. Ainda faltavam diversos meses para a Liga Pokémon ter início e ele já possuía quatro insígnias. Com o Pidgeot de Mary Jane, viajar não era mais um grande problema e o garoto esperava poder contar com o próprio pássaro gigante em algum momento. E sempre que essa esperança entrava em sua cabeça, o pensamento seguinte o levava de volta para sua ambição com às pedras da evolução, mesmo sabendo que Pidgeotto não poderia evoluía utilizando-se de uma. Com mais tempo na cidade, Dave planejava participar de mais competições e atividades em busca de Celanis, aproveitando para treinar e ainda acumulando o dinheiro necessário para a compra das pedras. Ainda não tinha afastado da cabeça a ideia de comprar todas as quatro pedras disponíveis, mesmo sabendo que talvez não tivesse uso para todas elas.

Chegando ao salão principal, o rapaz fez questão de passar pelo balcão da enfermeira para saber de seus Pokemons. A enfermeira prometera cuidado especial com Oddish e lhe assegurara que ele não sofrera feridas graves como o menino temia, e que hoje mesmo ele já estaria completamente recuperado. Além disso, ela prometera um exame especifico em Haunter, buscando descobrir se o seu mau comportamento possuía alguma causa física, e outro no Pokémon de planta, buscando descobrir se existia alguma coisa errada com os seus ataques com esporos.

– Bom dia – disse ele à simpática mulher de cabelos rosa.

– Bom dia, Dave. Como passou a noite?

– Muito bem, obrigado. Alguma novidade?

– Sim, claro! Como prometi, o Oddish já está liberado, assim como os seus outros Pokemons – disse ela, entregando a Dave suas Pokebolas – Mas os testes que você pediu não foram conclusivos. Não encontrei nenhuma anomalia na estrutura física de Haunter, nem na composição dos poros do Oddish. Os dois parecem perfeitamente normais.

Dave sentiu-se confuso. Se Oddish não tinha problemas com os esporos, como poderia Eevee não ter sido afetado? Ou melhor, como poderia ter sido afetado e ter se liberado de seu efeito com tanta facilidade?

– Talvez o problema seja outro. O seu Oddish parece ser bem novinho, apesar de não se poder determinar a idade exata dele sem exames mais complexos. Talvez um pouco de treino deixe seus ataques mais efetivos com o tempo. E o Haunter pode precisar de um pouco de conversa, um pouco de confiança – completou a enfermeira

– É, pode ser – disse Dave, pouco convencido – Obrigado...

O garoto seguiu para o refeitório e tomou o café da manhã repensando em tudo o que tinha que fazer. Oddish ainda precisava de mais força e experiência de batalha, o que era um fato importante já que o garoto teria tempo para treinar. Já Haunter era um problema de outro nível, completamente diferente. Ele nunca tinha imaginado passar por um problema como aquele.

Dave repassou tudo o que fez desde que capturara Gastly naquela noite estranha, quando fora atacado pela Equipe Rocket. Havia sido uma luta justa, onde Eevee derrotou-o pressentindo a sua ameaça com seus sentidos sempre bem aguçados e, desde então, o treinador não tinha dado motivos para a desobediência do fantasma. Ele fora utilizado pela primeira vez contra o Ginásio de Zaffre e evoluíra de forma surpreendente para vencer a batalha, sem apresentar qualquer sinal de desobediência. Mas depois de evoluir ele começou a se comportar de um jeito estranho, independente e desobediente. Na própria batalha contra Gengar ele começara a desobedecer as ordens do garoto, e até então continuava a variar entre a obediência e o descaso como bem entendia. Talvez fosse mesmo necessária uma boa conversa entre eles para que se entendessem. Até lá, Dave não podia contar com ele para nenhuma luta.

E, como se não bastasse, havia outras questões ocupando a cabeça do jovem treinador. Se Oddish não apresentava nenhum tipo de anomalia, isso significava que o rapaz ainda não podia explicar a súbita recuperação de Eevee frente aos esporos paralisantes do pequeno Pokémon de Planta. O que teria acontecido naquela luta?

– Bom dia! – disse Jake, sentando ao lado de Dave em sua mesa no refeitório – Como você está? Já sabe o que vai fazer em relação à Erika?

– Bom dia, Jake. Acho que vou passar um tempo por aqui, treinar um pouco e voltar a desafiá-la...

– Acho uma boa ideia, e durante esse tempo você pode participar de algumas competições que estão rolando pela cidade e quem sabe até ganhar uns celanis...

Dave sorriu e voltou a imaginar-se brevemente com as pedras da evolução, mas logo foi novamente interrompido.

– Bom dia meninos – disse Mary Jane, chegando por ultimo para o café, já sorridente como sempre.

– Bom dia MJ... – respondeu Jake, amigável, enquanto Dave ainda sonhava acordado com as pedras.

– Ainda dormindo Dave?

– Ã? Ah não, desculpe MJ. Só me distraí. Bom dia.

A menina riu do amigo e percebeu que o prato a frente dele já estava vazio.

– Madrugou hoje? Já até tomou café...

– Pois é, acordei cedo para treinar...

– Legal! Olha, mais tarde eu vou ao ginásio desafiar a Erika e eu acho uma boa ideia você vir comigo. Observar e estudar um pouco mais o estilo dela...

– Claro! Vou com certeza! – respondeu o garoto animado – mas porque você só vai mais tarde?

– Ora, porque eu quero participar do campeonato de capturas de Pokémon...

Dave e Jake pararam e fixaram os olhares na amiga por um instante, enquanto ela agia com muita naturalidade. Passaram-se alguns segundos até que ela percebeu que os dois a olhavam fixamente...

– O que?! – disse Jake, sem acreditar no que ouvira.

– O campeonato... – disse ela, em um tom de quem declarava o obvio - Tem um parque fechado aqui na cidade e hoje vai acontecer o campeonato de capturas. Eles liberam alguns Pokemons selvagens no parque e os treinadores tentam capturar o máximo possível. Quem vencer pode escolher um dos Pokemons capturados para adicionar ao time...

– Que máximo! – Disse Dave, antes que Mary Jane parasse de falar.

– Mas não tem premio em celanis – disse a menina, fazendo com que a animação do amigo murchasse. – Acho que a próxima competição com prêmios assim só vai acontecer depois de amanhã, no torneio de batalhas aleatórias.

– Batalhas aleatórias? - questionou Jake

– São batalhas onde os treinadores não sabem que Pokemons vão usar. Pegam uma Pokebola aleatória e lutam entre si.

– Que demais! Imagina só se eu pego um grande Charizard! Ou um Dragonite! Seria tão legal! Quando eu era pequeno eu sempre quis ter um Pokémon desses grandes sabe, e muito, mas muito poderosos mesmos! Será que eu consigo pegar um desses nesse campeonato?! Seria tão legal! Eu quero muito participar sabe, e ainda vai ser uma ótima oportunidade para estudar como eles se... – Jake começou mais um de seus discursos empolgados enquanto Dave e Mary Jane reviravam os olhos.

– Bom, eu vou ligar para o Laboratório Noah – disse Dave para a menina, enquanto o menino mais novo continuava seu discurso sem nem perceber que o amigo se retirava.

– E eu vou pegar meu café – disse a garota. Passaram-se cinco minutos até que o mais novo percebesse que estava falando sozinho.

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Dave sentou-se em frente ao videofone e discou o numero do laboratório de Cardo, esperando pacientemente os toques da chamada. Sabia que logo Susan, a mãe de Mindy, iria atendê-lo e, com sorte, ela teria noticias da garota. A falta de notícias vinha deixando o rapaz impaciente. Sentia-se abandonado pela menina, que nem ao menos se incomodava em dizer “oi, estou bem”. Por vezes pegou-se até se perguntando se ela sentia mesmo a sua falta. Sabia que ela não poderia adivinhar onde ele estava para que se falassem diretamente, mas ela podia manter contato com o laboratório e mandar pelo menos um recado para ele. Ainda assim, tudo o que ele sabia fora o que disseram na despedida em Zaffre. O videofone deu a quinta chamada quando um rosto surpreendente finalmente apareceu na tela.

– Professor?! – disse Dave, em um misto de alegria e susto. Não via o velho há muito tempo, graças ao sequestro e tortura que sofreu da Equipe Rocket, e vê-lo de novo fez com que o menino abrisse um grande sorriso. Apesar disso, o animado e comunicativo professor estava quase irreconhecível. Sua pele estava mais enrugada e manchada, o rosto estava menos redondo e ele parecia ter envelhecido dez anos em alguns meses.

– Dave! Quanto tempo meu rapaz! – A voz do homem, ao menos, parecia normal.

– Professor! Como o senhor está?! Quanto tempo!

– Estou ótimo garoto, até que tudo isso me fez bem. Perdi uns quilinhos...

Dave não conseguia acredita que ele estava fazendo piadas com aquela situação. De fato, o Professor era um homem a ser admirado. O menino sorriu ainda mais, incrédulo.

– Diga-me rapaz, Susan me disse que você evoluiu um bocado. Mas ainda não me mandou nenhum Pokémon. Como você está?

– Estou bem – disse o menino, sem saber bem o que responder. Será que ele teria noticias de Mindy? E será que ele poderia ajudar a descobrir o que acontecera com Eevee? – Já tenho quatro insígnias e seis Pokemons. Mas não estou mais com a Mindy...

– Eu fiquei sabendo, rapaz. Susan me deixou um recado antes de partir...

– Partir? – perguntou Dave, sem entender.

– Ora, você não achava que a minha filha ficaria aqui esperando noticias enquanto a Mindy está com uma ideia maluca dessas não é? Principalmente depois do que aconteceu comigo, ela não se aguentou e foi atrás da garota...

– Foi atrás da Mindy? Mas...

– Isso é um assunto muito sério Dave, mas para você isso pode significar um pouco de tranquilidade – disse o professor – A Equipe Rocket me sequestrou exatamente por causa do pai de Mindy, que você sabe muito bem que desapareceu há mais de dez anos. Eles queriam qualquer informação sobre o seu passado. E isso significa que eles voltaram a se preocupar com outras coisas. O que, por sua vez, quer dizer que tem menos gente atrás do Eevee.

– Talvez, mas ainda tenho problemas – disse Dave – Tenho que me reportar a policia em todas as cidades, dar noticias a um tal de Detetive Henry.

O semblante do professor escureceu e ele se forçou a manter a serenidade enquanto ouvia a história de Dave.

– Entendo. Conheci Henry quando acordei e não tenho nada contra ele. Acho que é confiável, mas tome cuidado rapaz. Como está o Eevee?

Nesse momento, Eevee pulou a frente da tela e cumprimentou sorridente o professor, que sorria ao cumprimentá-lo de volta. Era incrível com a pequena raposa, aos poucos, tinha aprendido a gostar do pesquisador veterano. Dave, porém, tinha um assunto importante ainda a tratar com seu especialista.

– Professor, na verdade, eu tenho uma pergunta. Quer dizer, na verdade é mais uma suspeita...

– Diga rapaz, é sobre o Eevee?

Dave confirmou com a cabeça e explicou todo o ocorrido desde a batalha com Oddish na estrada para Celadon. Explicou como Eevee tinha sido atingido em cheio e atravessado a cortina de esporos lançados pelo Pokémon de plana e como ele havia se recuperado rapidamente. Em seguida relatou a luta contra Ekans e até mesmo a sua teoria, já provada errada, sobre o problema ser com Oddish.

– E isso tudo me levou a conclusão de que o Eevee, talvez, possua a habilidade de troca de peles... – disse Dave, nervoso – Pense bem, isso poderia explicar o porquê ele ser tão raro e especial.

O professor sorria abertamente do outro lado da tela, ameaçando até mesmo uma pequena risada, enquanto escutava o relato e a teoria do menino.

– Dave, eu conduzi pessoalmente o estudo sobre a Troca de Peles e eu acho muitíssimo pouco provável que um Eevee possa desenvolver essa habilidade. Mesmo considerando que seja esse Eevee e que ele já possa ter passado por qualquer procedimento cientifico existente. A troca de peles é uma condição genética que não é transmissível entre espécies diferentes de Pokemons.

– Mas...

Nesse momento, Jake e Mary Jane surgiram as costas de Dave, cumprimentando o Professor. A ruiva, que também era sua treinadora, correu para checar como ele estava e lhe fazer várias perguntas, enquanto Jake mal podia esperar para falar sobre seu encontro com o Professor Carvalho e sobre todos os elogios que o especialista de Pallet tinha oferecido ao Professor de Cardo, de modo que o assunto sobre Eevee foi rapidamente deixado de lado, mesmo que o Dave ainda não estivesse convencido.

– Garotos, foi muito bom vê-los de novo, mas agora tenho que descansar. O médico permitiu que eu voltasse ao trabalho, mas ainda sem força total.

– Tudo bem Professor, foi muito bom te ver – disse Mary Jane.

– Até a próxima – disse Dave.

E assim, eles se despediram do professor e voltaram as suas atenções para o longo dia que tinham pela frente. Dave e Mary Jane se entreolharam, animados pela promessa da competição em que entrariam, e logo começaram a imaginar o que poderia acontecer e que Pokemons poderiam adicionar ao seu grupo. Dave nem imaginava o que o professor iria dizer quando lhe mandasse o primeiro Pokémon. Foi só quando estavam saindo da sala dos telefones que perceberam que Jake havia ficado para trás.

– Podem ir, eu encontro vocês. Vou ligar para minha mãe – disse ele, e os amigos obedeceram.

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Jake encontrou o grupo há alguns metros da entrada do parque para o concurso. Ou pelo menos há alguns metros do que Mary Jane disse que seria o parque para o concurso de capturas de Pokemons.

– Mary, isso é um prédio, e dos grandes. Não estou vendo nenhum parque por aqui... – disse o menino, olhando fixamente para o enorme edifício de concreto que estava à frente deles, no final da rua onde sua amiga havia garantido ser o concurso. A rua não tinha saída e o prédio tomava toda a largura da pequena praça que se colocava a frente deles. O movimento de pessoas por ali era maior do que o esperado.

– Mas não pode ser. Esse é o endereço que está dizendo no panfleto – dizia a menina, olhando do panfleto para o prédio, sem entender o que poderia estar errado.

– Bom, não custa ir até a portaria perguntar não é? – sugeriu Jake.

Apesar de não gostar da ideia, Mary Jane acabou concordando. Afinal, eles não sabiam onde estavam e faltavam apenas vinte minutos para o horário marcado para o início da competição. Ela apenas torcia para que eles não tivessem errado o caminho por muito, ou eles provavelmente não teriam tempo para chegar ao lugar correto.

Os três amigos se encaminharam rapidamente para a entrada luxuosa do que parecia ser um enorme condomínio residencial. Atravessaram a praça gramada entre muitos outros jovens que seguiam, coincidentemente, o mesmo caminho, para dentro do prédio. A porta de vidro estava aberta quando eles passaram por ela. Apesar de ser automática, com o grande fluxo de pessoas, ela parecia não ter tempo para se fechar e os seguranças que fiscalizavam o saguão de entrada do prédio pareciam não estar incomodados já que, por algum motivo, todos pareciam saber muito bem para onde ir. Mary se aproximou de um deles e lhe mostrou o panfleto.

– Com licença senhor, eu e meus amigos estamos procurando o concurso de...

– Pegue o elevador e vá para o 28º andar senhorita – respondeu o homem, interrompendo-a.

– Como? O concurso é aqui?! – disse a espantada menina.

– Exatamente. Por favor, se encaminhe para o 28º andar. Todos os elevadores foram designados para fazer unicamente esse trajeto por hoje. Dentro de quinze minutos eles serão desligados.

A garota voltou para junto dos garotos ainda um pouco perplexa – Aparentemente, o concurso é aqui mesmo – explicou enquanto se encaminhavam para o elevador - Mas como isso vai funcionar dentro de um prédio?!

A pergunta somente foi definitivamente respondida quando o indicador do elevador acusou a chegada ao vigésimo oitavo andar e as portas de metal se abriram suavemente para os lados. Enquanto eles caminhavam sem acreditar nos seus olhos, o chão de metal do elevador foi substituído por um terreno de grama irregular e a musica ambiente deu lugar aos sons naturais de uma verdadeira floresta. O mais incrível era que, apesar de o elevador indicar que ainda existiam diversos andares acima do que eles estavam, ao olhar para cima eles viam o céu azul, com poucas nuvens, exatamente como estava do lado de fora.

A saída do elevador liderava-os por um curto caminho muito parecido com a trilha de verdadeiras florestas, até uma grande clareira poucos metros à frente, onde todos os outros participantes esperavam o momento de início da competição. Alguns ainda chegavam por diferentes trilhas por entre a floresta, que provavelmente levava para os diferentes elevadores. Pelas contas de Jake, ao todo cerca de vinte competidores estavam ali, incluindo seus amigos. Ele, não sendo um treinador, decidira não participar.

– Ei, Dave! – chamou MJ, enquanto os últimos participantes ainda chegavam – Como nós dois somos treinadores, acho que seria uma boa ideia se não participássemos disso juntos, sabe? Para evitar brigas...

– Como? – disse o menino, pego de surpresa – Eu concordo com você, mas eu quero participar também!

– Claro! Você não entendeu... Eu só disse para nos separarmos, entende? Se não vamos sempre brigar por cada Pokémon que encontrarmos.

– Ah! – disse o menino, um pouco aliviado e um pouco envergonhado por não ter entendido antes – Claro! Ótima ideia! Eu ia mesmo sugerir isso...

MJ riu e, em seguida, se posicionou em um ponto mais distante da clareira, em meio a outros treinadores desconhecidos. Jake riu, mas decidiu acompanhar Dave. Ainda não se permitia admitir que gostava de Mary Jane. A menina vinha aos poucos se mostrando gentil, inteligente, prestativa e, analisando o todo, uma boa companhia para a viagem, mas ele ainda a ressentia por tentar tomar o lugar de Mindy.

Exatamente na hora marcada para o inicio, uma tela surgiu através de uma abertura no azul límpido do céu que cobria a floresta, arrancando uma exclamação surpresa de todos. A abertura logo se fechou enquanto o monitor descia, preso a um tubo de metal e assim que estava na altura da vista de todos, ele parou por cerca de um segundo. Então um rosto apareceu na tela que se ligou sozinha. Era um homem aparentemente magro, de pele clara e cabelos curtos, bagunçados e claros. Usava óculos de fundo de garrafa e tinha um enorme sorriso no rosto.

– Bom dia, meninos e meninas, e bem vindos à “Ballpark”. Nós somos uma companhia produtora de Pokebolas e esse é nesse prédio que a nossa companhia funciona.

Dave não imaginara que naquele prédio onde estava, que tinha um andar inteiro ocupado por uma floresta um tanto quanto realista, funcionava, na verdade, uma companhia produtora de Pokebolas. Na verdade, nem mesmo tinha pensado na existência dessas empresas, mesmo que em algum lugar de seu subconsciente ele sabia que alguém produzia as Pokebolas que ele usava para capturar seus Pokemons. Eevee se agitou ao lado do amigo enquanto o homem continuava a dar explicações.

– Primeiramente, não se assustem com o teto acima de suas cabeças. Ele foi coberto com projetores que espelham o céu do lado de fora, em tempo real, como ele realmente está agora – Muitos, Dave e Jake inclusive, deram pequenos sorrisos e se pegaram olhando novamente para o céu, ou teto, enquanto o homem dava a eles alguns segundos para apreciar o que ele mesmo parecia achar brilhante – Mas não é com isso que vocês devem se preocupar – disse ele, recuperando a atenção do pequeno grupo de treinadores – A verdade é que vocês devem se preocupar com quem está acima do teto, e abaixo do chão. Nessa competição, dez andares do prédio da Ball Park foram transformados em floresta. Todos os andares possuem os mesmo designs, as mesmas plantas, e obviamente, os mesmos Pokemons. Exatamente vinte e cinco treinadores foram designados para cada andar, mas isso não significa nada. Todos estão competindo com todos.

Dave e Mary Jane trocaram olhares preocupados enquanto o homem continuava o seu discurso. Além deles, outros duzentos e quarenta e oito treinadores estavam naquele exato prédio, no mesmo ambiente que eles, ouvindo o mesmo discurso na tela, mas apenas um deles seria o vencedor que poderia levar um Pokémon novo para casa.

– Tendo dito isso, deixem-me explicar as regras para vocês. Como todos sabem, esse é um campeonato de capturas. Aquele treinador que conseguir capturar mais Pokemons, poderá escolher um, e apenas um dos Pokemons que capturou, para levar consigo. O que vocês não sabem, é que não poderão haver batalhas Pokemons.

Depois de um suspiro geral, varias vozes começaram a se perguntar como então poderiam capturar os Pokemons e o que aquele torneio pretendia provar. Como eles deveriam pegar Pokemons sem primeiro enfraquecê-los? O que teriam que fazer?

– Acalmem-se! – finalmente exclamou o homem na tela – Cada um de vocês terá acesso a uma nova Pokebola, que a “Ballpark” desenvolveu especialmente para a Zona Safari. Vocês terão direito, cada um, a trinta Pokebolas, como na Zona Safari, e terão uma hora para explorar o andar e capturar Pokemons. Fiquem notificados que toda a floresta é artificial e monitorada por câmeras escondidas, de modo que mantemos o controle das capturas através do vídeo. Assim que essa uma hora acabar, a contagem será interrompida e vocês deverão voltar a essa mesma clareira, para o anuncio do vencedor.

– Agora, por favor, todos se encaminhem para o elevador mais próximo de vocês e coloquem suas respectivas Pokedex no leitor preso a parede, ao lado da porta do elevador. Ele fará o seu registro na competição e lhe dará as Pokebolas. Assim que todos os registros forem efetivados, um sinal anunciará o início da competição. Até lá, ninguém deve sair da área do elevador. Boa sorte! – E com isso a tela voltou a ficar preta e tomou novamente o seu lugar no céu espelhado que era o teto.

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Dave tentou mostrar a nova Pokebola em desenvolvimento para a sua agenda Pokémon, mas ela não a reconheceu. Foi então que Jake lembrou o amigo de que aquela era uma Pokebola em fase de desenvolvimento e que ninguém fora da estrutura corporativa da Ballpark deveria saber de sua existência, logo os seus registros não estariam da base de dados da Pokedex. Apenas outros dois treinadores haviam acompanhado Dave e Jake para aquele elevador. Os outros, provavelmente se encaminharam para os elevadores de que saíram.

Mary Jane chegou um pouco depois e aparentemente foi a ultima a fazer o credenciamento pois não mais do que um minuto depois todos ouviram a sirene dando início a competição, mal dando a Dave tempo de guardar seus Pokemons na mochila e prender suas novas Pokebolas ao alcance de suas mãos. Com um aceno de cabeça, MJ lhe desejou boa sorte e partiu em velocidade para dentro da floresta, enquanto Dave, Jake e Eevee correram na direção oposta.

A floresta não era densa, deixando bastante espaço para que os treinadores caminhassem sem muitas dificuldades e oferecendo um bom campo de visão para todos os lados, mas ao mesmo tempo oferecia diversos locais para que Pokemons se escondessem, com pedras e arvores altas, grande arbustos e áreas de mato alto. Havia alguns pássaros nas arvores e esses foram os primeiros alvos de Dave. Ele viu um Pidgeotto pousado tranquilamente em um galho a cerca de quatro metros do chão. A árvore estava um pouco distante de modo que Dave conseguiu se posicionar por trás do pássaro sem que ele o avistasse. Andou cuidadosamente até cerca de um metro do local e mirou no Pokémon. “Vamos ver se basta jogar essa nova pokebola”.

Dave lançou a esfera verde e branca e atingiu Pidgeotto nas costas. O pássaro rapidamente foi envolto pela luz vermelha que o sugou para dentro do protótipo de Safari Ball. A pequena bola caiu no chão com a luz vermelha piscando em seu centro. Ela vibrou seis vezes antes de finalmente parar. Dave não podia ter ficado mais surpreso e feliz.

– Cara, essa bola é de mais! Eu nem mesmo tive que batalhar com ele!

Jake riu e comemorou com o amigo, mas logo o lembrou de que os outros treinadores não fariam apenas uma captura e se ele quisesse ganhar a competição, ele precisaria capturar mais Pokemons. Os meninos seguiram andando por cerca de quinze minutos, e encontraram no meio do caminho um Koffing, um Bellsrpout muito bem camuflando e um Caterpie que parecia perdido, todos facilmente capturados por Dave e suas Safari Balls. Ele não podia estar mais satisfeito consigo mesmo quando, de repente, sentiu uma leve vibração em seu cinto e o Pidgeotto que capturara mais cedo se libertou de sua Pokebola e voou para longe. Sem tempo de reagir, o menino apenas observou a ave se distanciar enquanto a raiva acumulava em sua cabeça.

– Isso é um absurdo! Eu peguei aquele Pokémon! – de repente, o menino lembrou que toda a floresta era monitorada por câmeras – Vocês viram não foi? Ele entra na minha conta! – Bradou Dave para o ar, enquanto Jake o continha e instigava o amigo a continuar procurando por Pokemons.

– Claro que viram Dave, você não vai perder por isso... – dizia Jake, pouco seguro de si mesmo, enquanto empurrava o menino mais velho no caminho que seguiam – esse torneio é justamente para testar a Pokébola e eles tem que ver os defeitos que elas podem apresentar. Eles com certeza contarão a captura que fugir - Dave finalmente se acalmou e continuou andando, mesmo que agora passasse a mão por suas outras capturas de trinta em trinta segundos, apenas para garantir que elas também não fugiriam.

Foi enquanto empurrava seu amigo pela estrada que, distraidamente, Jake pisou em algo estranho. Não foi apenas a sensação de ter pisado em algo bem mais macio que a grama da floresta, mas também o fato de o que quer que tenha sido, produziu um alto som agudo, como o choro de um pequeno Pokémon. Quando olhou para baixo Jake viu uma grande quantidade de pelo vermelho alaranjado se mover agitadamente. Seguindo a grande quantidade de pelos, ele percebeu que se tratava da cauda de um pequeno Vulpix que estava deitado próximo a árvore à beira do caminho dos meninos.

Jake e Vulpix trocaram olhares por cerca de um segundo, mas isso foi mais do que o suficiente para que o pequeno pesquisador Pokémon percebesse a onda de medo que percorreu todo o pequeno corpo do Pokémon raposa como um choque elétrico, antes dele disparar por entre os arbustos e desaparecer. A única coisa que Jake conseguiu perceber, enquanto o Pokémon corria, era que ele estava claramente mancando.

– Droga! – exclamou Dave – e agora eu deixo um belo Vulpix escapar... Sabe, ele seria uma ótima adição ao meu time.

Jake sorriu brevemente para o amigo antes de voltar a olhar na direção em que Vulpix havia sumido. Alguma coisa naquele olhar havia capturado a atenção do menino. O terror que ele sentiu percorrer o Pokémon enquanto trocavam olhares havia, de alguma forma, atingido também o pequeno pesquisador. De repente ele se sentiu horrorizado por ter provocado uma reação tão forte naquela pequena criatura. Sentiu muita pena dela.

Mas Dave e Eevee haviam continuado caminhando e logo Jake deixou para trás o local onde encontrara o pequeno Pokémon e seguiu os passos dos amigos, ainda bastante incomodado com o acidente inesperado. Porque o Vulpix estava machucado? Não pode ter batalhas aqui dentro pensava o menino e porque estava com tanto medo?!

O menino de Grené, entretanto, parecia muito focado na competição e não prestava atenção no amigo mais novo e no que ele poderia estar pensando. Com três Pokemons já no cinto e contando com Pidgeotto, que havia fugido, o menino de Grené começou a se sentir confiante. Não imaginava que precisaria de muito mais do que tinha para vencer a competição e já se debatia internamente a questão de qual Pokémon ele escolheria caso vencesse. Depois de mais cinco minutos de caminhada, ele se viu frente a seu primeiro verdadeiro desafio de verdade, por trás de um pequeno e volumoso arbusto. Dave só conseguia ver as grandes pinças cinza, mas sabia reconhecer que o dono só poderia ser um Pinsir. Aquela seria uma bela adição ao seu time.

Avançou mais alguns passos antes de parar a cerca de três metros do alvo, quando se permitiu parar e deixar se acalmar. O Pokémon inseto parecia não ter percebido o treinador enquanto raspava uma arvore ao lado do arbusto que o encobria. Dave percebeu que teria que atingi-lo em uma de suas pinças, pois o arbusto encobria quase o corpo inteiro e dar a volta seria arriscado de mais, podendo provocar uma fuga inesperada. Sacou então a Pokebola e a jogou no ar, mas foi pego de surpresa quando, de repente, o arbusto a frente de seu alvo entrou em súbita combustão.

Pinsir, assustado, se moveu bruscamente para longe do fogo fazendo com que Dave errasse por muito a Pokebola. Em seguida um pequeno Pokémon vermelho alaranjado surgiu por trás de Dave e se postou de frente para o arbusto em chamas. Com alguns fortes movimentos de suas seis caudas, Vulpix foi capaz de apagar o fogo antes que ele se espalhasse pela floresta.

Tudo aconteceu em menos de dois minutos e Dave estava sem reação. Aquele pequeno Pokémon deliberadamente tinha impedido Dave de capturar Pinsir e agora estava ali, se exibindo enquanto apagava o fogo que ele mesmo causara. A paralisia que o susto havia causado passou e Dave não pensou duas vezes antes de sacar mais uma Pokebola e lançar na direção da pequena raposa. O que ele não esperava é que ela fosse mais rápida, desviasse, e o encarasse profundamente nos olhos, cheia de raiva. No segundo seguinte, o Pokémon se virou e partiu por entre os arbustos.

Dave partiu atrás da pequena raposa, rapidamente seguido de Eevee, que em poucos segundos tomou a sua frente, e Jake que se esforçava para não perder o amigo de vista. Vulpix claramente estava mancando da pata dianteira direita, mas era incrível como ainda assim conseguia correr incrivelmente rápido.

– Não atrapalhe ele Eevee, isso pode ser considerado ilegal – disse Dave, quando percebeu que Eevee poderia alcançá-lo sem muito esforço.

Dave teve de agachar para desviar de um galho e pular dois arbustos, mas sentia que estava se aproximando quando, finalmente, Vulpix pareceu tropeçar e cair. O Pokémon rolou por alguns metros, levantando poeira e emitindo um baixo ganido de dor e surpresa, antes de Dave finalmente alcançá-lo.

– Ah-há! – exclamou o garoto, parando a cerca de um metro do Pokémon e apoiando suas mãos nos joelhos, enquanto recuperava o ritmo da respiração. Eevee parou ao lado do treinador, olhando desafiadoramente para Vulpix, mas, aos poucos, percebeu que havia algo errado. Deu um passo a frente ao mesmo tempo que, sem perceber, Dave sacava uma das suas Safari Balls e se preparava para capturar Vulpix.

– Espera! – bradou Jake, pouco atrás do amigo, tentando também recuperar o folego depois da corrida.

– O que foi?

– Tem alguma coisa errada com esse Vulpix. Ele parece estar machucado!

Dave voltou a olhar para Vulpix e viu que agora Eevee estava bem próximo dele, mas a pequena raposa parecia não reagir. Depois de observar melhor, Dave percebeu que o Pokémon estava desacordado. Aproximou-se com pressa e se arrependeu de quase ter se aproveitado de um Pokémon naquele estado.

– Espere, eu vou cuidar dele – disse Jake, agachando ao lado da raposa e apoiando sua mochila no chão para buscar um kit de primeiros socorros. Ele pegou cuidadosamente uma bandagem, procurou dois gravetos bem firmes, mais ou menos do tamanho da pata do Pokémon, e fez uma pequena bota de imobilização na perna que ele percebera estar machucada. Em seguida, procurou um pequeno spray para passar nas partes que o pequeno Pokémon havia machucado na queda. Ele percebeu uma pequena elevação atrás da orelha esquerda e deduziu que ele deveria ter atingido alguma pedra ou raiz quando caíra, e aquele impacto o havia feito perder a consciência - Ele precisa de atenção médica...

– Ora, o pessoal do concurso está vendo tudo pelas câmeras, tenho certeza que logo estarão aqui – disse Dave, olhando para o relógio. Estava perdendo tempo da competição ali.

Jake sentou em uma árvore próxima a Vulpix e o colocou em seu colo, acariciando o impressionantemente macio pelo do Pokémon enquanto ele e Dave esperavam alguém do concurso aparecer para cuidar da pequena raposa. Cinco minutos se passaram, dez minutos, e Dave começou a ficar impaciente enquanto Jake se agitava de preocupação. Tentou falar em voz alta que aquele Pokémon precisava de ajuda, esperando que as câmeras ouvissem o chamado, mas ninguém apareceu.

– Vai Dave, vai para o concurso. Eu fico aqui com ele... – se ofereceu Jake, o que fez com que o menino parasse para pensar, tentado em continuar, mas relutante em deixar o Pokémon ferido desacompanhado. O Jake vai ficar com ele até lá. E se eu encontrar alguém, eu posso chamar ajuda pensou o menino de Grené, tentando se convencer de que era realmente o melhor a fazer. Vulpix deu mais um breve ganido e se contorceu, mas voltou a ficar imóvel logo depois.

Dave ainda demorou alguns minutos para decidir antes de aceitar a proposta do amigo. Sentia-se responsável pelo que acontecera ao pequeno Vulpix, sabendo que ele tinha agravado a condição do Pokémon ao persegui-lo mata à dentro. O perseguira por um motivo bobo, mesmo depois de perceber que ele mancava, e se não fosse por Jake teria se aproveitado da fraqueza do Pokémon para capturá-lo, tudo por causa do desejo de ganhar aquela competição. Mas Vulpix estaria em boas mãos e Dave precisava recuperar o tempo perdido. Faltavam agora vinte minutos para o fim do torneio e ele só contava com quatro (incluído o Pidgeotto fugitivo) capturas. Com certeza precisaria de mais do que isso.

– Assim que encontrarmos alguém, mandamos ajuda – disse Dave, enquanto Jake mais uma vez se ajeitava perto da árvore com Vulpix no colo.

Ele e Eevee seguiram então por uma trilha a procura de novos Pokemons enquanto Jake tomava conta da pequena raposa ferida. Ele seguia cautelosamente, tomando cuidado para não fazer mais barulho do que o necessário e com os olhos e ouvidos atentos a tudo o que estivesse se movendo ao seu redor. Pensou ouvir um farfalhar de folhas e se virou, mas não viu nada. Continuou em frente por mais de cem metros quando finalmente ouviu alguma coisa. A voz de Jake.

– Dave! Dave! – chamava o garoto, claramente assustado.

O treinador demorou-se um segundo para processar que algo poderia ter acontecido e, em seguida, voltou correndo para onde o amigo se encontrava. Ele avistou Jake e quase tropeçou em uma Safari Ball aberta no chão, ao lado do amigo. Jake estava olhando fixamente para frente, onde um treinador alto, de pele morena, usando um casaco de couro negro e um par de jeans surrado olhava para Vulpix cheio de desejo. O menino não precisou de mais informações.

– O que você quer?! – perguntou Dave.

– Ora, o Pokémon que seu amiguinho esta tentando proteger. Eu cheguei a jogar a bola, mas o garoto deu um tapa nela antes de conseguir capturar o Pokémon – o rapaz parecia enfurecido, mas Dave não se intimidou.

– Olha, “amigo”, eu não quero ter que batalhar com você para te tirar daqui, porque isso me desqualificaria, mas eu não vou deixar que você se aproveite desse Pokémon. Ele está desacordado.

– E dai?! – respondeu o garoto, rindo para Dave – Se eu tiver que batalhar com você, não me importo, mas eu vou pegar ele.

– Bom, mas isso não seria muito esperto não é? – apontou Jake – Se vocês batalharem, os dois serão desclassificados e você não vai ficar com o Vulpix de qualquer jeito.

O treinador vestido de preto olhou para Jake confuso, e então para Dave, que lhe retribuiu com um olhar desafiador, pronto para enfrenta-lo se fosse preciso. O moreno não gostava daquilo, mas teve de admitir que lutar ali não valeria de nada.

– Vocês não valem os minutos que eu estou perdendo nessa conversa. Fiquem de olhos abertos quando saírem daqui! – disse ele, se virando e voltando para floresta.

Dave e Jake suspiraram de alivio e trocaram olhares.

– Obrigado, Dave! Desculpe te atrapalhar de novo, mas eu não sabia mais o que fazer...

– Não tem problema, você estava certo. Eu acho que é melhor eu ficar por aqui e garantir que isso não vai acontecer de novo...

– Mas a competição...

– Isso não tem importância. Ele está assim por minha culpa, e, aliás, eu estava mesmo querendo saber por que ele me atrapalhou lá atrás. Vou ficar por aqui até ele acordar – disse Dave, rindo e sentando-se ao lado de Jake.

Jake foi pego de surpresa pela atitude do amigo, mas não mais do que Dave ficou surpreso consigo mesmo. Passou os minutos seguintes imaginando a reação do Professor Noah, de Rusty e, impossível evitar, a reação de Mindy se o estivessem vendo ali agora. Imaginava que poucos concordariam com ele que aquela era a escolha certa a fazer. A única reação que ele não precisou imaginar fora a de Mary Jane.

Faltando cinco minutos para terminar a competição a menina surgiu por trás da árvore onde os dois estavam e parou, surpresa e incrédula. Por um segundo eles pensaram que fosse o pessoal da competição, vindo cuida do pequeno Vulpix, mas ficaram felizes em ver a menina.

– O que vocês estão fazendo parados aqui?! – perguntou a garota.

Dave e Jake tentaram explicar toda a história para a menina enquanto ela ouvia pacientemente. Ao final, ela parecia transtornada.

– Então você ficou aqui esse tempo todo e desistiu da competição?!

– Mas é claro! – disse Dave, tentando se defender. O que ele fizera não podia ser tão errado quanto o tom da menina indicava.

– Você é impossível Dave...

– Ei... – tentou começar o menino, mas ela não deixou.

– Você ficou aqui o tempo todo desnecessariamente parado, esperando por uma ajuda que obviamente não vai aparecer, e perdendo a única verdadeira oportunidade de ajudar esse Pokémon!

– Ãhn? – perguntaram os dois meninos juntos.

Bufando, Mary Jane não se dignou a explicar o que era óbvio e em vez disso, para a surpresa dos dois, sacou uma de suas Safari Balls e jogou no pequeno e desacordado Vulpix. Jake foi pego de surpresa e teve reflexos para evitar enquanto a Pokebola capturou instantaneamente o pequeno Pokémon ferido e voltou para as mãos da menina.

– Ei! – exclamou Jake, enfurecido – Como você ousa fazer isso?

– Confie em mim – Disse a garota, antes de sair andando a passos largos para dentro da floresta.

Dave e Jake a seguiram fazendo protestos, acusando-a de ter se aproveitado da situação debilitada de Vulpix simplesmente para ganhar a competição e de ter feito com que todo o trabalho e sacrifício que eles tiveram fosse em vão. Eles mal perceberam quando o alarme soou avisando que a uma hora destinada a competição havia acabado. Dave e Jake não haviam percebido, mas Mary Jane nem mesmo mudou o caminho que estava trilhando para chegar a clareira onde deveriam se encontrar para saber o resultado. Continuaram reclamando por mais cinco minutos até que ela mandou-os calar a boca quando a tela preta voltou a se ligar e o mesmo homem de óculos lhes dirigiu a palavra.

– Parabéns a todos! – começou o homem com um sorriso forçado – A Ballspark gostaria de agradecer a todos os participantes dessa competição por nos ajudar a testa essa nossa nova Pokebola – Dave pensou que o homem havia olhado de relance para ele enquanto falava isso, mas não tinha certeza – Infelizmente, somente podemos premiar um treinador. E já que estamos nesse assunto, fico muito feliz em anunciar que o vencedor dessa competição é...

Todos os competidores prenderam a respiração por um segundo enquanto o anunciador tentava, com sucesso, fazer suspense. Dave não estava mais ligando para o resultado, sabendo que não poderia ganhar, mas percebeu que, estranhamente, o anunciador parecia estar olhando fixamente para Mary Jane.

– Troy McMilan! – anunciou o homem, e Dave foi pego de surpresa. Por um momento ele realmente achou que a amiga havia vencido. O estranho era que, sem duvida, o homem de óculos continuava fitando Mary Jane fixamente. Dave ficou ainda mais surpreso quando percebeu que o vencedor, Troy, era na verdade o menino de casaco negro que tentara capturar Vulpix. Ele deu dois passos a frente, depois olhou diretamente para Jake e Dave e fez uma reverência debochada. Mary Jane sorriu.

– Com licença – disse a menina, se dirigindo a tela. O sorriso no rosto do anunciador sumiu de repente – Você poderia, por favor, nos informar quantos Pokemons o vencedor capturou? Como vamos saber que isso está sendo justo?

Houve um murmúrio de aceitação da sugestão de Mary Jane enquanto o homem se ajeitava em sua cadeira.

– Eu imaginava que a senhorita iria perguntar. Saiba que ele foi o primeiro a capturar vinte e nove Pokemons, coisa que apenas três outros competidores conseguiram e que ninguém mais, habilitado nesse concurso, superou.

Troy sorriu vitorioso, mas Mary Jane não havia terminado.

– Pois bem, eu capturei trinta. Não tenho mais nenhuma Safari Ball vazia comigo.

Dave e Jake não conseguiam acreditar no que ouviam, enquanto todos eram tomados de surpresa pelas palavras da menina ruiva. Ela realmente havia conseguido pegar trinta Pokemons em uma hora? Isso significava um Pokémon a cada dois minutos. Era um feito incrível.

– Eu sei senhorita, mas eu estava tentando lhe poupar da vergonha de ser desclassificada. Você vê, a sua ultima captura foi ilegal.

Dave e Jake se entreolharam. De fato, a última captura de Mary Jane havia sido Vulpix, um Pokémon que Dave e Jake impediram que qualquer outro treinador capturasse nos últimos trinta minutos de competição. Troy, o vencedor, continuaria com o premio caso eles não tivessem atrapalhado a captura que permitiram que Mary Jane fizesse. Mas a menina não se abalou com a acusação do homem. Ela estava dois passos à frente e não desistiria tão facilmente.

– Eu sei disso senhor, mas eu acho que não seria nada bom para Ballpark se todo mundo soubesse que você deixou um Pokémon ferido, desacordado, sem auxílio médico por mais de trinta minutos, simplesmente para não uma competição para testar as suas novas Pokébolas. Meus amigos o protegeram para ajuda-lo e foi pelo mesmo motivo que eu o capturei. Algumas pessoas na polícia podem considerar isso maus tratos.

O homem ficou calado enquanto encarava Mary Jane furiosamente, pensando na repercussão que isso poderia causar. Ele não havia prestado assistência ao Vulpix porque tirar ele da competição naquele andar significaria que o andar teria menos Pokemons, o que seria motivo para atrasar toda a competição, mas agora a menina o estava ameaçando com maus tratos de Pokémon. Mesmo que depois eles conseguissem vencer o processo judicial que a policia iria abrir, isso seria péssimo para a imagem da empresa, sem contar nas investigações indesejadas da polícia nos detalhes das operações da Ballpark.

Troy, percebendo o que estava acontecendo, resolveu se pronunciar.

– Olha, eu não vou devolver nenhum Pokémon se essa ruivinha ai ganhar a parada.

Mary Jane, cansada de segurar a raiva que estava sentindo, resolveu acabar de vez com a graça do menino. Sacou uma Pokebola de sua bolsa e liberou seu grande Pidgeot, que fez com que todos desse alguns passos atrás. Troy arregalou os olhos, com medo.

– Olha só, garoto, ninguém me chama de ruivinha ok?! E se eu tiver que batalhar com ele – agora ela olhava para o homem na tela – vou a policia de qualquer maneira! Estou perdendo a paciência...

– Tudo bem! – disse o homem de óculos, ao mesmo tempo em que dois seguranças apareciam por trás de Troy. Um deles colocou a mão em seu ombro e o menino entendeu o recado, desistindo da briga – Você então é a vencedora. Todo o resto, devolvam as Pokebolas para o segurança antes de saírem, inclusive as vazias. Menina, Mary Jane, qual Pokémon você vai levar de prêmio?

Mary Jane sorriu então, virando-se para Jake e jogando uma Pokebola Verde em sua direção, antes de responder – Um que precisa urgentemente de atenção médica.

–.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-.-

– Eu ainda não acredito que você vai me deixar ficar com ele! – disse Jake surpreso.

Ele, Dave, Mary Jane e Eevee haviam voltado às pressas para o Centro Pokémon e deixado Vulpix com a enfermeira Joy. Troy havia tentado impedi-los do lado de fora do prédio, onde não havia seguranças para segurá-lo, mas novamente Mary Jane liberou seu Pidgeot. O pobre treinador achou que ela estava o convidando para uma batalha e liberou seu intimidador Rhyhorn apenas para ficar observando, furioso, enquanto os três amigos voavam para longe nas costas do grande pássaro enquanto Mary Jane lhe devolvia a reverência debochada que ele fizera mais cedo. Jake foi carregado pela pata do Pokémon da amiga, um pouco contrariado, mas não reclamou muito, afinal, ele estava com pressa para levar Vulpix para os cuidados do hospital Pokémon.

– Primeiramente, não se trada dele e sim dela. Você sabe que a enfermeira disse que é uma fêmea não? – disse Mary Jane, sorrindo – E sim, eu vou deixar você ficar com ela, mas apenas se ela quiser te acompanhar, lembre-se disso. – a menina sorriu na direção do garoto mais novo e olhou para Dave, que parecia não entender o porquê da decisão da menina. - Olha, eu já falei que só coloco no meu time um Pokémon com quem eu tenha uma ligação. Eu não iria adicionar ninguém no meu time por causa do torneio. Meu plano sempre foi perguntar ao Pokémon se ele preferia ser liberado ou ir para o laboratório do Professor Noah, mas eu estou vendo que você tem uma forte conexão com essa Vulpix Jake, e seria um crime não permitir que você fique com ela.

Jake não sabia o que dizer, ainda achava estranho aceitar aquele presente de uma menina sobre quem ele ainda não se decidira se gostava ou não, mas ainda assim, era muito difícil para o menino esconder sua felicidade. Dave sorria abertamente para o amigo. Poucas vezes o vira tão feliz.

– Muito obrigado – disse o menino mais novo – Muito obrigado mesmo!

– Dave – era a voz da enfermeira Joy, aparecendo brevemente pela porta da sala de espera, onde eles esperavam sobre o resultado dos exames de Vulpix – temos uma chamada telefônica para você.

Os três amigos se levantaram, mas a enfermeira levantou a mão e chamo a atenção deles – Desculpem garotos, a ligação é apenas para o Dave.

Todos se entreolharam, mas sem outra escolha, Dave deixou os amigos para trás e seguiu para a sala de telefones enquanto a enfermeira voltava a cuidar dos Pokemons. Dave se surpreendeu ao perceber que era o detetive Henry na linha. Ele parecia muito cansado, com olheiras e marcas no rosto, o cabelo despenteado e a gravata frouxa na gola da camisa. Ao que tudo indicava, aquela havia sido uma longa noite para o policial.

– Bom dia Detetive – cumprimentou o garoto.

– Bom dia Dave. Eu não tenho muito tempo, por isso chamei só você, aquele seu amigo pode gastar muito tempo falando – Dave não segurou um breve sorriso, mas o tom do detetive era sério – Acontece que eu tenho novidades, e não são boas para você. Nós continuamos investigando a menina Aya, como eu expliquei a vocês, e descobrimos que ela pode estar no seu rastro garoto.

– O que, a Aya? Não é possível, se ela soubesse de mim teria me atacado quando estávamos em Zaffre. Ela teve várias oportunidades

– Pensamos nisso, mas a nossa teoria é um pouco diferente. Achamos que ela descobriu você depois de terem partido. Encontramos algumas edições da revista Trainerdex, do seu Professor, que estiveram recentemente em posse da garota, e ela tinha marcado as paginas sobre você – Dave congelou – Imagino que isso tenha sido após lhe conhecer e por isso ela não fez nada. Se for mesmo uma agente Rocket, ela pode ter percebido a oportunidade e ido atrás de você. Não há nada certo ainda, por tanto não acredito que há o que temer, mas achei que fosse importante que você ficasse sabendo.

– O-Obrigado – disse Dave, ainda sem conseguir pensar direito em como responder aquilo. Então outra pessoa estava sabendo do segredo de seu Eevee. Será que ainda posso considerar isso um segredo?

– Não há de que garoto. Por favor, mantenha contato com a polícia e tudo se resolverá. Agora tenho que ir, boa sorte.


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Notas finais do capítulo

E então? O que acharam? Deu para se divertir?

Quero ouvir a opinião de vocês! Espero todo mundo nos comentários!



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