Por Trás da Seriedade escrita por Lilly Belmount


Capítulo 23
Capítulo 22




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/616483/chapter/23

No colégio, Cindy sempre andava com Roberta independente de qual fosse o momento. Todos os olhares que recebia eram de reprovação. Ninguém aceitava o fato de que ela estava grávida. Logo ela que sempre fora uma aluna exemplar em todos os sentido, que sabia formar uma opinião ao respeito de ser mãe ainda jovem.

— Olha só... — Comentava uma garota qualquer — Essa ai perdeu o juízo, vai passar o resto da sua vida tomando conta de criança.

— Dizia ser o exemplo do colégio, mas não foi o exemplo para si própria.

Cindy tentava ignorar os comentários.

— Ei mamãe! Vem cá que eu quero mamar — Murmurou um garoto idiota.

— Cindy, esqueça eles. São pessoas sem coração. Não sabem o que você tem passado. Deixa eles falarem. — Aconselhava Roberta.

Cindy sorriu fraco.

— Está tudo bem, Roberta! Nenhum desses comentários maldosos serão capazes de me derrubar.

— Amiga, seja forte agora. A Mellody está vindo na nossa direção.

Mellody caminhava confiante em direção a elas.

— Será que você não se cansa, Cindy? Saí desse colégio. Ele não pe digno de perdedoras, de jovens descuidadas que dão para o primeiro que aparecem na sua frente.

— Foda-se Mellody! — Urrou Cindy furiosa — Não ligo para o que você pensa a meu respeito. Chega de se divertir às minhas custas. Por que não vai procurar algo para fazer da sua vida?

— Ah meu bem... me sinto maravilhosamente bem em te ver afundando cada vez mais na lama. Sua mãezinha não quer saber de ti, logo será seu pai. — Ameaçava Mellody — Acha que realmente vou te deixar viver esse romance passageiro com Jared? Está na cara que você é apenas um passatempo na vida dele.

— Como quiser, mas saiba que um dia será você a se arrepender a ter cruzado o meu caminho.

— Não tenha tanta certeza, docinho! Sua vida me pertence!

— Só se for nos seus sonhos! Minha vida não pertence a ninguém, muito menos a você.

— Como quiser, mas vai se arrepender em ainda insistir nessa história ridícula de pode ser uma boa mãe.

— Com licença! Vou para a aula.

Cindy tentou respirar fundo. Mellody era insuportável demais. Não conseguia acreditar que um dia fora capaz de manter uma amizade duradoura com ela. As pessoas do colégio Bennington não compreendiam o quão difícil era gerar uma criança. Na biblioteca, Cindy procurava por revistas, livros em que pudesse conter algumas matérias falando a respeito do aborto ou de casos de garotas interrompidas.

Lia atentamente a revista.

" Eu desejava abortar. Ninguém me compreendia. Eu vinha de uma família religiosa e eu teria de viver um casamento forçado. O primo da minha amiga havia dito que naquela noite tudo seria como nos contos de fadas. Eu como uma tola, acreditei. Me entreguei aos seus caprichos. Semanas depois ele começou a me evitar e disse que a namorada dele logo retornaria de uma viagem internacional. Queria acreditar, mas a minha amiga disse que ele não namorava. Minha mãe quando descobriu a gravidez quis me bater, me colocar de castigo de acordo com a educação militar..."

Cindy não conseguia terminar de ler, pensava no quanto se sentia sozinha sem ter a sua mãe por perto, por não poder contar-lhe como se sentia em relação a sua primeira gestação.

Quando a aula acabou, Jared já a esperava do lado de fora do colégio. Algumas pessoas sorriam ao vê-lo todo carinhoso com Cindy, mas outros ainda insistiam em julgá-la por suas atitudes. O mundo era um lugar frio e cruel cheio de pessoas medíocres que se acham melhores do que os outros. Independente de julgamentos e apontamentos ela sempre poderia contar com a ajuda de pessoas muito importantes.

Jared resolvera levar Cindy para dar um passeio pela cidade, queria passar um tempo com ela, depois de todo aquele drama que tivera com a sua mãe. As ruas estavam calmas, o vento batia em seus rostos. A felicidade os embalava profundamente. Ambos olhavam para o outro e se deleitavam em sorrisos encantadores. Uma cumplicidade que crescia com os dias que passavam juntos.

— Como é bom te ver sorrindo, Cindy! Principalmente depois de ter reencontrado o seu irmão.

Ela suspirou profunda e longamente.

— Esse meu sorriso se deve a você, Jared. Sempre disposto a mudar a minha realidade, fazendo o que pode para me ver feliz como se fosse o meu anjo protetor.

— Você me faz ser assim. Eu te amo, Cindy.

— Eu te amo, Jared.

**********

George por fim conseguira convencer sua esposa de que sua filha precisava ficar no lar onde fora criada. Manter-se em um ambiente agradável e calmo onde ela sempre se sentia bem. Em duas semanas longe de casa fora o suficiente para que Brenda pudesse colocar a cabeça em ordem ou que pudesse chegar perto. Ao voltar para casa, Cindy fora proibida de muitas coisas. Não discutiu, nem dirigiu uma palavra a sua mãe, o silêncio poderia ser o melhor remédio para ambas. . Aceitou todos os termos como quem não tivesse escolha.

Brenda estava muito furiosa, por saber que sua filha está grávida. Era totalmente contra a ideia de ser avó. Para ela Cindy não passava de uma criança. Desta vez, não haveria mais segredos. Estava até proibida de sair de casa, exceto para o colégio. Todas as formas de contatos estavam bloqueadas. Até seu notebook, fora confiscado. Conforme os dias iam passando, mais isolada Cindy ficava. Trombava com sua mãe pela casa, mas não lhe dirigia nenhuma palavra. George era a Suíça entre as duas. Suas atitudes não mudaram quando o segredo lhe fora contado com detalhes. Entendia o medo que sua filha tivera no começo e sabia que sua mulher estava mais que exagerando sobre a situação. Não passava de um erro que não tinha mais volta.

Roberta e Jared foram visitar Cindy. À principio foram bem recebidos por George, mas foi apenas Brenda vê-los para começar com o falatório.

— Não basta ter desvirtuado minha filha, agora vou ser obrigada a ter que te encarar na minha própria casa? — Resmungava Brenda.

— Desculpa Brenda... mas eu só quero saber como a Cindy está. Não vim aqui pra arrumar confusão. — Ele disse olhando seriamente para ela, sem fazer muita movimentação.

— Calma, querida! — Exclamou George segurando Brenda pelo ombro — Jared, pode subir.

Ele já estava na metade da escada, quando Brenda novamente se pronunciou:

— E você Roberta? Sempre confiei em você e do nada me atinge pelas costas.

Não era um tom nervoso, como quando ela se dirigia a Jared. Era um tom mais arrependido. Dolorido por ser apunhalada.

— Desculpa, tia...mas fiz isso pela Cindy. A senhora não imagina o medo que ela tinha de contar. No entanto acredito que a senhora descobriu da pior forma e justo pela pessoa que a Cindy menos gostava nesse mundo.

— Sua mãe também agiria assim se fosse você... — Roberta a interrompeu.

— Não. Minha mãe, estaria do meu lado, me entenderia e me ajudaria. Porque eu teria que enfrentar um colégio, onde a metade das pessoas falam mal das suas atitudes. Já não basta as humilhações que ela passa no colégio e a senhora não consegue superar?

Brenda estava incrédula.

— Ela está sendo... humilhada no colégio? — Gaguejava a senhora — Por que ela não contou a mim?

— Como eu disse, ela precisa do seu apoio Brenda. Cada dia naquele colégio é uma verdadeira batalha. A Cindy pediu para que eu não lhe contasse devido a sua reprovação quanto a gravidez e ao que sente pelo Jared. Ao contrário do que a senhora pensa ela tenta ser forte a cada minuto naquele inferno. Seja mais amorosa com ela e dê uma chance ao Jared. Permita que a sua filha seja feliz. É tudo o que eu desejo para a Cindy.

Brenda escutava atentamente cada uma daquelas palavras.

— A senhora já perdeu o Damon, acredito que não quer perder a sua única filha.

— Eu não... quero perder a minha filha, Roberta. — Soluçava Brenda — Só não sabia como agir diante de tanta informação que a Mellody me contou. Eu estava furiosa, cega por ter sido a última pessoa a descobrir tudo.

— Converse com a Cindy... ela poderá lhe contar tudo melhor do que qualquer outra pessoa.

Assim Roberta foi para o quarto de sua amiga. Brenda e George estavam pasmos com a declaração da jovem. Literalmente alguém precisava dar um acorda. Tinha coisas mais importantes do que ficar remoendo erros. Tinham de se unir e mostrar que o maor da família poderia ser o alicerce tão necessário para os jovens que se perdiam no mundo.

No quarto, Jared conversava tranquilamente. Roberta deu uma leve batida e entrou.

— Meu amor... — Cindy correu para abraçar a amiga.

— Minha gostosa! Eu te disse pra fazer academia.

Cindy dá um leve tapa no braço de Roberta que não reclama.

— Saudades... — Continuou Roberta — Sua barriga está crescendo muito.

— Isso ainda não é nada! — Exclamou Jared,piscando — Vai crescer muito mais.

Permaneceram por alguns segundos em silêncio. Os três tinham um vinculo muito forte, era como se a vida deles tivesse sido projetada para que se entendessem com muita facilidade. Jared caminhava pelo quarto olhando as fotos espalhadas.

A foto do dia em que os três foram para o restaurante japonês estava numa moldurada bem detalhada. Provavelmente fosse uma das fotos que ela mais gostava.

— Minha mãe foi chata com vocês? — Perguntou Cindy quebrando o silêncio.

Roberta sorriu cinica, mas sabia o que sua amiga/prima queria ouvir.

— A mesma coisa de sempre, mas você sabe que eu não aguento ouvi-la falar sem que tenha conhecimento das coisas da vida.

Jared se aproximou das duas garotas sorrindo levemente.

— O que importa é que você está bem... estamos juntos mesmo que ela ainda não aprove o nosso relacionamento. — Disse Jared confiante do que estava acontecendo ao seu redor. — Prometi cuidar de ti e é isso que irei fazer até o fim dos meus dias.

— Ah! Parem com essa melosidade. Eu gostava mais dele quando não demonstrava esse lado romântico. — Roberta fingia ânsia.

— Ótimo Roberta! Vou dizer isso para o Evan. Sua anti-romântica.

— Não sou anti-romântica, sou anti vocês.

Cindy abriu a boca, mas não conseguiu se pronunciar. Roberta e suas crises de loucuras.

— Nossa! É assim que você ama a Cindy? Logo agora que eu estava querendo que você fosse a madrinha do nosso casamento.

Cindy ficou paralisada com o que ouviu. Jared virou o rosto na sua direção e sorriu. Ele fazia planos de casar com ela, sem ao menos alguém ter mencionado.

— Você? Casar com a Cindy? — Questionava Roberta incrédula — É hoje que eu morro! Sério mesmo, Jared. Você quer se casar com a Cindy?

— Eu planejo sim. — Declarou ele — Está na hora de sermos uma família de verdade.

Durante um bom tempo eles conversaram sobre o que planejaram para as suas vidas. Cindy ouvia tudo atentamente, mas sua mente insistia em querer tomar outro rumo. Um assunto que ela achava que fosse essencial, como se pudesse pressentir algo.

— Me respondam com sinceridade — Ela começou — Se acontecer algo comigo na hora do parto, me prometam que cuidarão bem do bebê?

Roberta e Jared se entreolharam confusos. Não sabiam como reagir. Ficaram sem palavras, não sabiam qual era o verdadeiro significado daquela pergunta, mas não hesitaram em responder.

— Meu amor é claro que cuidaremos do bebê. — Respondeu Roberta.

— Nós dois juntos cuidaremos do nossso bebê, Cindy. Juntos lhe mostraremos o quanto será amado. — Disse Jared entrelançando a mão da jovem.

Jared tinha muito mais do que a certeza de que cuidariam de seu filho juntos. Era o que ele queria. Enfrentara muitas coisas para não ser um homem responsável, mas antes de algumas coisas, ele terá de enfrentar seus maiores temores. Terá de provar o quanto ele iria pela garota que ama e pela criança que estava sendo gerada.

Uma batida na porta fez com que eles cessassem a conversa.

— Posso entrar? — Perguntou Brenda.

— Sim —Respondeu Cindy — Precisa de algo?

— Só vim saber se querem algo? Tem tido muito enjoo?

Jared e Roberta se entreolharam. Não entendiam essa mudança repentina em Brenda. No fundo Roberta queria demonstrar o quanto estava feliz por ver que a mulher tinha repensado em alguns casos.

— Estou bem... tenho me cuidado e alimentado da maneira correta. O Jared e a Roberta tem me ajudado muito.

Brenda os estudava cautelosamente.

— Ah sim. Agradeço por se preocupar com a minha filha.

— Está tudo bem, mãe?

— Sim. Precisarem é só chamar.

Brenda saiu do quarto enquanto Jared e Cindy não sabiam o que de fato estava acontecendo.

— O que você falou para a minha mãe? — Quis saber Cindy.

— Apenas o que ela precisava escutar e não me encham de perguntas.

Seria um novo começo para a vida de Cindy e toda a sua família? Ela acreditava que poderia ser algo positivo. Precisava de sua mãe, dos seus conselhos e do seus abraços. Novas mudanças estavam por vir.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Por Trás da Seriedade" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.