Abra Cadáver escrita por Lúpulo Lupin


Capítulo 8
Cilada


Notas iniciais do capítulo

Aquele clima inocente.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/615935/chapter/8

Terça feira, Veela Café, 15h.

O local estava vazio, as cadeiras viradas em cima das mesas, a maioria das luzes apagadas. Em uma mesa solitária, estavam Adryan e Slughorn. O primeiro, despretensiosamente, bailava uma pequena garrafa de cerveja amanteigada nos dedos, o que fazia  um ballet bem interessante. Já o segundo estava bem sério com as mãos firmes em um copo de licor de maçã generosamente servido até a boca. Nenhuma moça estava no palco.

— Eles desconfiam, Adryan – falou o professor apreensivo.

— Desconfiam, tranquilo. Pode desconfiar a vontade. Se eles comprovarem a desconfiança aí sim temos um problema.

— Você sabe que não funciona assim. Se eles desconfiam, já era. Você por acaso acha que aqui vai ter um tribunal para produzir provas? Me admira você falando isso.

— Slug, também estou desconfiado. Foram muitas bolas na trave durante o jogo. Não parecia real. Mas aconteceu.

— Os apostadores vão vir. Você sabe. Esse povinho daqui não tem muito o que fazer da vida, as partidas da escola movimentam muita grana nas apostas.

— Tá, mas já disse que não tenho nada a ver com isso. E só tem imbecil naquele time. Aliás, a escola inteira é um aglomerado de idiotas. Ninguém interferiu no resultado. Não tem ninguém mais vigarista que eu lá, te asseguro isso. Nenhum aluno interferiu no jogo.

Bling-bling. O sino do estabelecimento tocou com a porta aberta.

“Opa, ainda não abrimos! Volte as oi’da’noite!” bradou, Sra. Hilton, a velhota dona do estabelecimento que passava pano no chão.

— Gilda querida, desculpe incomodar, mas queria trocar uma palavra com os senhores aqui presentes. Se a senhora não se importar, claro – respondeu uma voz doce.

— Oh, Alvo! Por que não avisou que vinha?! Venha, esquente as mãos junto a lareira. Quer uma dose de gim com suco de laranja?

— Obrigado, Gilda, mas vou passar, está um pouco cedo – disse Dumbledore, tirando o chapéu e as luvas e entrando no recinto -  Como disse, acredito que aqui estão algumas pessoas que queria bater um papinho. Mas aceito chá com biscoitos, se tiver.  Ah, ali estão eles.

— Claro, Alvo, é pra já. Sinta-se em casa, querido.

Queixo de Adryan caiu. Nunca tinha estada com Dumbledore que não em uma sala de aula.

O bruxo, sem cerimônias chegou junto da mesa, puxou uma das cadeiras e se sentou.

— Prezados, boa tarde.

— Olá, Alvo. Ainda bem que veio - disse Slughorn e em seguida deu um gole generoso em seu licor.

Adryan, se sentindo completamente traído, fechou a cara.

Dumbledore quebrou o gelo.

— Sr. McLaren, não costumo encontrar alunos fora da escola. Mas o meu amigo aqui solicitou esse encontro.

— Nem sabia que o senhor frequentava esse tipo de lugar – respondeu asperamente -  Sra Hilton, vou precisar de algo mais forte, um uísque por gentileza.

— Engraçado. Acho que ninguém com mais de trinta anos deve saber que  Gilda foi professora de Herbologia de Hogwarts. Ah, a juventude… - suspirou Dumbledore.

— Ora, Alvo, sem devaneios, vamos ao assunto – resmungou Slughorn.

— Claro, amigo. Como quiser.

Nesse momento, Sra. Hilton trazia uma chaleira e um pote de biscoitos que serviu a Dumbledore. “Biscoitos de macadamia e gengibre, e chá de amora, querido”. E a dose de uisque para Adryan "sem gelo, como o jovem gosta".

— Bom, quadribol é um jogo que me é muito caro. Os acontecimentos da última partida da Sonserina levantaram a suspeita de fraude, como vocês devem imaginar.

Slughorn  secou o copo de licor, e acenou com a cabeça. Ao mesmo tempo lançou um olhar de “te falei, porra” para Adryan.

— Professor Dumbledore, não tenho nada a ver com isso. Já que estamos aqui nessa espelunca, vamos falar de igual pra igual. Eu tenho uma reputação nesse vilarejo. Se eu me meter a interferir nos resultados dos jogos da escola, minha credibilidade vai pro espaço. Eu agilizo as apostas nos bares de Hogsmead.

— Adryan, se me permite chama-lo pelo prenome, não o acuso de nada, pelo contrário, quero que me ajude. Minhas suspeitas estão sobre o menino Riddle.

— O que tem aquele muleque esquisito? Ele é só um garotinho, nunca nem comeu ninguém, totalmente inofensivo.

—Sim, mas meu amigo aqui lhe deu uma Felix Felicis – falou Dumbledore, e olhou de esguelha para Slughorn, que fingiu que não era com ele.

— To sabendo. Slug pare de beber antes das aulas, porra – cresceu o rapaz loiro.

— Se quiser formalizar essa questão, leve ao Prof. Dippet, Adryan – disse secamente o professor de transfiguração – A questão não é essa.

— Tá, tá, o que quer de mim?

— Relatórios.

— Heim?

— Relatórios sobre o menino Riddle. Os vigaristas de Hogsmead suspeitam de Felix Feicis, pois souberam que um menino da Sonserina ganhou um frasco na aula de Poções. Sabe, o senhor não é o único aluno com contatos com o submundo bruxo. Outros garotos da escola também estão por aí. Só que te asseguro que não foi uso da poção.

A cabeça de Adryan não entendeu.

— Ainda não entendeu? – interrogou Slug.

— Deveria? –  Adryan perguntou sincero.

— Suspeitamos que Riddle fez uma contra poção contra a Felix Felicis – falou Dumbledore comendo um biscoito - Isso é grave - e bebericou o chá.

******

Joana gargalhou. “E o que tem demais uma contra poção?”

— Ah, eles falaram lá. Algo como caos pra economia, pros tribunais, sei lá – respondeu Adryan dando uma longa tragada em seu cachimbo, na porta das masmorras.

— Ah porra, esses caras levam quadribol muito a sério. Homens… -

— Nem sei, Jo. Não entendo essas paradas. Mas eles acham que o Tom pode fazer umas merdas, se não tiver ninguém vigiando o cara. Quadribol era só um pretexto. Vai que o muleque é um gênio do mal das poções?

— Não viaja. Visa fazer o que agora?

— Sei lá, madruga de terça pra quarta. Acho que vou ficar na minha, ir pro dormitório. Queimar umas brasas, chapar e cair na cama. 

— Mas aí, Dumb na casa de promiscuidade. Que surpresa heim.

Adryan riu.

Por pouco tempo.

Edd voltava pra porta das masmorras todo ensanguentado.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Se tu chegou aqui, tu gosta.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Abra Cadáver" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.