O Vizinho Perfeito - Leonetta escrita por Nicky Uchiha Zoldyck


Capítulo 19
CAP. 19 - Sebastian




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Sebastian! Por que não disse que viria? Quando chegou? Quanto tempo vai ficar? Oh, estou tão feliz em vê-lo! Deus, mas você está todo molhado. Entre e tire essa jaqueta. Quando vai comprar uma nova? Essa aqui parece que passou por uma guerra!

Sebastian apenas riu e abraçou-a mais uma vez, levantando-a do chão e dando-lhe um beijo sonoro.

– Continua tagarela.

– Você sabe que eu não consigo parar de falar quando estou feliz. Quando... Oh, você está aí, León. - Ela foi até a porta, com um brilho de felicidade no olhar. - Não vi que estava aí.

– Isso ficou evidente - respondeu ele, contendo a vontade de agarrar o sujeito pelo colarinho e colocá-lo para fora do apartamento. – Mas não interrompam o encontro por minha causa.

– Sebastian, esse é León Vargas –Violetta os apresentou.

– Vargas? - Sebastian sorriu, mostrando os dentes muito alvos, sem sequer desconfiar que León estava com vontade de acertá-los com seu punho. - O roteirista de teatro. Vimos seu tra­balho da última vez em que estive na cidade. Violetta chorou um bocado. Tive praticamente de ampa­rá-la para fora do teatro.

– Não exagere, Sebastian. Eu não fiquei tão mal assim.

– Ficou, sim. Se bem que você é do tipo que chora até vendo comerciais de margarina. Então não sei se todo aquele seu sentimentalismo contou muito...

– Oh, Sebastian, como você gosta de me provo­car e... Oh, o telefone. Esperem um minuto, eu já venho.

Violetta foi atender ao telefone na cozinha, dei­xando os dois se entreolhando com ar desconfiado.

– Sou escultor - declarou Sebastian, contendo o riso. - E já que preciso da mão para trabalhar, acho melhor ir logo dizendo que sou irmão de Violetta, antes de oferecê-la para cumprimentá-lo.

– Irmão? - O olhar ameaçador de León se amenizou um pouco, mas não desapareceu por completo.

– Não se parece muito com ela.

Sebastian riu. – Engraçado... todo mundo diz o contrário, que para irmãos gêmeos bivitelinos, temos traços bem parecidos e que a nossa maior diferença é a minha altura. Mas se quiser conferir minha identidade...

– Era a sra. Calixto- anunciou Violetta, vol­tando para a sala. - Ela o viu entrando, mas não conseguiu abrir a porta a tempo de cumpri­mentá-lo. Acho que ela queria apenas dizer que você está mais bonito do que nunca. - Sorrindo, apertou as bochechas dele. - Ele não é lindo?

– Não comece Vilu.

– Ah, mas você é mesmo. Tem um rosto lindo, desses que fazem as mulheres suspirarem. – Ela sorriu e pegou a mão de León. - Venha, vamos beber algo para comemorar.

Ele fez menção de recusar, então deu de ombros. Não faria nenhum mal passar alguns minutos ao lado de Violetta e do irmão dela.

– Com que tipo de escultura você trabalha?

– Esculturas de metal - respondeu Sebastian, tirando a jaqueta e jogando-a sobre uma cadeira.

Violetta, porém, pegou-a no mesmo instante.

– Vou pendurá-la no banheiro para secar. León, sirva-nos um pouco de vinho, sim?

– Claro.

– Não tem cerveja? - indagou Sebastian, ar­queando uma sobrancelha ao ver a familiaridade com que León foi até a cozinha, procurar a bebida.

– Tem, sim. - León tirou duas latinhas da geladeira e abriu-as, antes de servir vinho para Hermione.

– Você trabalha em East Sussex?

– Isso mesmo - Sebastian respondeu. - Para mim, é mais prático ficar em Lewes do que em Londres. Raramente chove por lá e isso me dá mais oportunidade de trabalhar ao ar livre. Vilu não havia falado de você. Quando se mudou para cá?

León tomou um gole de cerveja , notando que os olhos e os cabelos de Sebastian eram da mesma cor dos de Violetta. Olhos em um tom de uísque envelhecido, cabelos castanhos. Observando com mais atenção, as semelhanças eram gritantes, mesmos traços, intensidade no olhar, O jeito, a postura elegante e descolada tão natural nos dois, como não percebera antes?

– Mudei-me há pouco tempo - respondeu.

– Age rápido, não? - insinuou Sebastian.

– Dependendo do meu interesse...

– León - Violetta suspirou ao entrar na co­zinha -, poderia pelo menos ter servido a cerveja em copos, não?

– Não precisamos de copos - respondeu Sebastian, dando uma piscadela para León.

– Be­bemos diretamente da lata, como homens de ver­dade, não é, Vargas?

Violetta riu.

– Então não vai nem querer o queijo temperado e o patê com torradas que eu pretendia lhe ofe­recer para acompanhar a bebida? - provocou ela.

– Quem disse? - indagou Sebastian, em um tom de protesto, sentando-se em um dos banqui­nhos diante do balcão.

– Você tinha quatro dessas banquetas, não tinha?

– Oh, emprestei uma para León. O que veio fazer em Londres, Sebastian? - perguntou ela, examinando o que havia na geladeira.

– Vim fazer alguns contatos para minha pró­xima exposição. Estou aqui apenas há alguns dias.

– E se hospedou em um hotel, não é? - ques­tionou Violetta, com ar ofendido.

– Essa sua "política de boa vizinhança" me dei­xa louco, irmãzinha. - Olhando para León, continuou: - Está aqui há algum tempo, não é? Então já deve ter visto como este apartamento vive cheio de gente. É um horror. Ela deixa... - ele fez um ar dramático -...as pessoas entrarem aqui a todo momento.

– Sebastian é um recluso profissional - expli­cou Violetta, começando a arrumar a mesa. - Vocês dois vão se dar muito bem. León também não gosta de ter contato com muitas pessoas.

– Ah, finalmente alguém com bom senso. - Sebastian sorriu para León, concluindo que certamente os dois iriam se dar bem.

– Certa vez, cometi a tolice de pedir para ficar aqui - conti­nuou ele, pegando uma torrada. - Foi um pesa­delo. Três dias vendo gente entrando sem bater, falando alto e trazendo seus parentes e bichos de estimação.

– Era apenas um cachorrinho.

– Que insistiu em ficar no meu colo, sem ser convidado, e depois comeu minhas meias.

– Se você não tivesse deixado no chão, ele não as teria comido. Além do mais, ele só as furou um pouquinho.

– Isso é uma mera questão de perspectiva - salientou Sebastian. - De qualquer maneira, em um hotel, as únicas pessoas que entram e saem são os funcionários, e eles batem à porta antes de entrar e não trazem "cachorrinhos" consigo. - Aproximando-se apertou o queixo dela com cari­nho.

– Mas vou deixar que cozinhe para mim, irmãzinha.

– Você é o melhor irmão do mundo, Sebastian.

– Já comeu o rocambole de frango que ela faz, Vargas?

– Acho que ainda não.

– Não sabe o que está perdendo - completou Sebastian, com um sorriso. Voltando-se para Violetta, acrescentou: - Esse pode ser nosso cardápio para hoje, irmãzinha?

Ela revirou os olhos.

Não deixava de ser uma maneira interessante de passar á noite, pensou León algum tempo depois, observando Violetta conversar com o irmão. Lembrava-se de que o relacionamento que tinha com sua irmã era mais ou menos como aquele. Pelo menos até Lara aparecer em sua vida.

Depois disso, evidentemente que continuara a haver afeição entre eles, mas a descontração de­saparecera. Com freqüência, passara a se sentir pouco à vontade na presença da própria irmã, coi­sa que nunca acontecera antes.

Mas ficar pouco à vontade era algo que estava longe da atmosfera familiar que envolvia os Castilho. Violetta e Sebastian contavam histórias embaraçosas a respeito um do outro com a mesma facilidade com que contavam piadas, caindo na gargalhada como se aquilo fosse a coisa mais na­tural do mundo.

Algumas horas depois, ao deixar o apartamento de Violetta, pensou na possibilidade de trabalhar algumas características dos dois em seus perso­nagens, no segundo ato de sua peça, para dar ao texto um ar mais leve e cômico.

Trabalhar seria seu melhor consolo pelo resto da noite, já que, pelo visto, Violetta ficaria algum tempo ocupada com assuntos familiares.

– Gostei do seu amigo - falou Sebastian, sen­tando-se no sofá e esticando as pernas, enquanto saboreava o conhaque que Violetta havia aberto em sua homenagem.

– Que bom, porque eu também gostei de León.

– Ele pareceu um pouco sério demais para você.

– Ah, bem... - Violetta sentou-se ao lado dele. - Mudar um pouco de estilo de vez em quando não faz mal a ninguém.

– É só isso que ele representa para você? - Sebastian deu-lhe um carinhoso puxão de orelha. - Notei que vocês não perderam tempo em aproveitar ao máximo o momento em que os deixei sozinhos, quando fui dar um telefonema lá em cima.

– Se estava dando um telefonema, como pode saber o que eu e León estávamos fazendo? A menos que tenha ficado nos espiando...

Ela sorriu e pestanejou, não tardando a levar outro puxão de orelha.

– Eu não estava espiando. Apenas olhei por acaso para o andar de baixo, em um momento bastante estratégico. Além disso, também notei o detalhe de León olhado para você, por várias vezes durante o jantar, como se estivesse considerando-a mais apetitosa do que o prato prin­cipal. Então somei dois mais dois e tirei minhas próprias conclusões.

– Você sempre foi brilhante, Sebastian. Portan­to, acho melhor eu confessar a verdade de uma vez, já que está sendo intrometido: León e eu estamos juntos.

– Você está dormindo com ele.

Violetta arregalou os olhos deliberadamente.

– Sebastian! - exclamou, fingindo estar escan­dalizada. - Claro que não! Nós decidimos trocar apenas alguns beijinhos e tentar lidar com o resto apenas como bons amigos.

Sebastian estreitou o olhar.

– Você sempre foi muito engraçadinha.

– Foi assim que conquistei minha fama e mi­nha fortuna, meu caro.

– E agora está mantendo a "fortuna" transfor­mando Vargas no amigo muito sério e carran­cudo de Emily.

– Como eu poderia resistir?

Sebastian tamborilou os dedos sobre o braço do sofá. - Emily acha que está apaixonada por ele. - Violetta não disse nada por um momento, então balançou a cabeça negativamente.

– Emily é uma personagem de quadrinhos que faz o que eu digo para ela fazer, Sebastian. Ela não sou eu.

– Mas tem características suas, e algumas das mais provocantes e inusitadas.

– É verdade - admitiu Violetta. - Por isso gosto dela.

Sebastian deixou escapar um suspiro e tomou outro gole de conhaque.

– Ouça, Vilu, não quero me intrometer na sua vida pessoal, somos como um, lembra-se? – ele sorriu, lembrando do juramento que eles fizeram na infância.- Eu te amo, me preocupo com você mas do que comigo mesmo.- ele abraçou-a com força.- Tome cuidado, tá?

– somos um, eu também te amo, Sebastian. - Ela o beijou no rosto. - Não precisa se preo­cupar comigo. León não está se aproveitando, e nem vai se aproveitar de sua irmãzinha. - Ela provou um gole da bebida dele. - Na verdade, eu me aproveitei dele. Preparei biscoitos de cho­colate para ele e, desde então, León se tornou meu escravo e amante.

– Lá vem você com essa língua solta de novo - ralhou ele, parecendo tomado por um raro mo­mento de embaraço. Ficando de pé, deu alguns passos pela sala.

– Tudo bem, não quero saber os detalhes, mas...

– Oh, mas eu estava tão ansiosa para contar tudo a você... Principalmente sobre a parte dos vídeos caseiros...

– Chega, Violetta! - Sebastian passou a mão pelos cabelos, dessa vez parecendo realmente embara­çado. - Sei que é uma mulher adulta e que é incrivelmente bonita, apesar desse nariz.

– Ei! Meu nariz é muito bonito, ouviu?

– Trabalhamos duro na terapia familiar para fazê-la acreditar nisso. Ainda bem que você con­seguiu superar tão bem essa deformidade.

Violetta não conteve o riso.

– Oh, cale essa boca, Sebastian.

– Mas, voltando a falar sério, tudo que eu quero lhe pedir é que tome cuidado. Entendeu? Cuide-se.

Sebastian ficou de pé, fitando-o com olhar carinhoso.

– Eu te amo, Sebastian. Apesar desse seu ca­coete horroroso.

– Ei! Não tenho nenhum cacoete!

– Trabalhamos duro na terapia familiar para fazê-lo acreditar nisso. - Rindo, ela enlaçou os braços em torno do pescoço dele e o abraçou com carinho.

– É tão bom tê-lo aqui. Não pode ficar por mais tempo?

– Não posso, meu anjo. - Ele pousou o queixo sobre a cabeça dela. - Vou passar alguns dias em Carlisle. Quero trabalhar um pouco, fazer al­guns esboços. Vovô reclamou que faz tempo que eu não vou visitá-los.

– Oh, ele é mestre em fazer isso. Por acaso, vovó está "morrendo de preocupação por sua cau­sa"? - falou ela, rindo e afastando-se para fitá-lo.

– Descabelando-se - respondeu ele, também rindo. - Por que não vem também? Dê um bônus a ele. Assim poderemos salvar um ao outro quando ele começar com aquela história de nos perguntar por que ainda não estamos casados e dando bis­netos a ele.

– Bem, ele andou me telefonando algumas ve­zes nas últimas semanas, sem me dar a chance de telefonar primeiro. - Violetta tornou-se pensa­tiva por um instante, considerando os compromis­sos que tinha para cumprir. - Estou com o serviço um pouco adiantado, mas tenho um compromisso, depois de amanhã, que não pode ser adiado.

– Então viaje depois disso - sugeriu Sebastian. - Convide Violetta para ir com você. Teremos uma reunião familiar por lá.

– Acho que ele iria se divertir - disse ela. - Vou ver se ele quer me acompanhar. De qualquer maneira, eu irei.

– Ótimo.

Sebastian ficou torcendo para que León acei­tasse o convite. Iria se divertir muito vendo seu avô intimando-o a pedir a mão de Violetta.

Como já passava da meia-noite quando Sebastian foi embora para o hotel, Violetta achou melhor tomar um banho e ir direto para a cama. Não havia dormido o suficiente na noite anterior, e nem León. Portanto, a coisa mais prática e sen­sata a fazer no momento seria tentar ter seu me­recido descanso.


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