A Song About Anarchy escrita por Skento


Capítulo 1
Capítulo 1: Um Caminho Sem Volta.




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07 de Setembro de 2018 - Sexta-Feira, Dia da Indpêndencia do Brasil - 04h20min


"A filosofia o anarquia

encontra-se em capacitar as pessoas

a assumir o controle de suas próprias vidas

e não ter outros com poder sobre eles"


– Sejamos francos Fernando nem voc,ê nem ninguém estava esperando por isso. – Quando cheguei na redação três dias atrás o caos já havia sido instaurado no prédio, correria e gritaria para cada canto em que se olhava, no meu celular mensagens em grupos de conversas já mostravam muitas manchetes sensacionalistas que estampavam matérias como Peste Negra Brasileira , Guerra das Sombras e Revolução das Máscaras, outras mais céticos eram inundados de críticas como “ guerra de um homem só”, “que era apenas uma modinha passageira”, “um Che Guevara brasileiro”, e no fim existiam aqueles conservadores que o chamavam de terrorismo e exigiam que o governa travasse como tal. Eu trabalhava para um desses jornais conservadores e acompanhei tudo desde o começo e confesso que ele estava preparado para o que estava por vir, ele sabia o que aconteceria antes de acontecer. Na terça-feira sua máscara foi conhecida, na quinta sua foto estava em todas as capas do país e nos principais jornais internacionais, ele era uma celebridade e sem sombras de dúvidas ele estava adorando isso.


– Olha Lúcia, não me importa o que você pense, apenas faça seu trabalho. – No auge dos seus cinqüenta e poucos, Fernando era o editor-chefe do jornal e no dia em que eu fui contratada como estagiária dois anos atrás, ele me disse que seria bom saber quais paus eu teria de chupar para subir na carreira, não me lembro de ter chupado nenhum pau para subir na carreira, de toda forma o velho está de cisma comigo desde então, mas creio que isso aconteça com a maioria das estagiárias de jornalismo – Você é a parte fútil, as velhas gordas que estão desesperadas por causa da morte daquele viadinho na novela não estão ligando para o que um mascarado faz nas ruas, então foque nisso, beleza? – Sua voz era imponente, na verdade tudo nele era imponente, seu paletó bem passado, seus cabelos brancos escovados cuidadosamente para trás e até a sua gravata cor de vinho, mas ele continua sendo um babaca. Antes que pudesse falar alguma coisa ele me deu as costas e foi discutir com João e ao que parece um dos câmeras foi atingido por uma bala de borracha, ou seja, matéria nova.


Confesso que escrever sobre noticias de novelas e fofocas das celebridades não era o que eu esperava quando me formei, jornalismo investigativo sempre foi minha paixão, bem de toda forma eu sou apenas uma mulher reclamando do trabalho chato. Estava de plantão faziam 3 dias seguidos, ou talvez 4 não sei bem ao certo, pela madruga eu meio que dormia no meu “cubinho” depois de terminar de escrever como seria o próximo capítulo da novela das sete e meia, mas naquela noite eu foi interrompida pelo murmúrio em frente a televisão coletiva da edição, um dos estágiarios novos que não lembro o nome passou por mim e disse algo que não pude compreender, mas sabia que estava me chamando para algo. Quando eu cheguei perto do televisor um aglomerado já estava formado, mas minha altura agiu a meu favor e pude ter uma visão clara do que estava acontecendo, não sabia se estava com medo ou excitação, mas ele havia voltado. As chamas haviam tomado o centro de São Paulo, a fumaça cinza das lojas se mesclava com a fumaça branca do gás lacrimogêneo e o clarão dos tiros de borracha e o ruído que causava quando atingiam os escudos improvisados de madeira dos manifestantes e lá estava ele na linha de frente, coberto por negro utilizando uma máscara de gás vermelho, girando seu taco de beisebol negro com as escritas “PAINKILLER” em vermelho vivo, aquilo havia se tornado sua marca, assim como sua máscara. Ele gritava palavras de ordem e seus comandados gritavam de volta em sintonia, eles não estavam fugindo como era de costume em tantas outras manifestações, o gás, os tiros, nada disso estava intimidando eles, a estratégia da polícia de dispersar não funcionou, mas isso estava acontecendo com freqüência nos últimos confrontos só que dessa vez foi um caminho sem volta.


Os policiais avançaram batendo em seus escudos com os cassetetes e os manifestantes que antes estavam todos afoitos e eufóricos ficaram em silêncio quando seu líder bateu o taco no chão, as imagens do helicóptero não foram claras por causa da fumaça durante um segundo, tempo suficiente para que um segundo grupo de manifestantes viessem pela esquina esquerda encurralando os policiais entre os prédios a sua direita, manifestantes a frente e a esquerda a única saída seria recuar, mas isso não era de costume da polícia, o 2º Batalhão de Polícia do Trovão do Estado de São Paulo era a quem o governo recorria para controlar dísturbios civis e sua maneira de agir era simples, dispersar manifestantes utilizando o medo e para instaurar o medo bastava agir com violência. Os manifestantes continuaram em silêncio enquanto os policiais pararam de bater em seus escudos e cessaram a marcha por um instante para lançar bombas mais bombas de gás lacrimôgenio nos dois grandes grupos que havia se formado a sua volta. O repórter no helicoptero narrava tudo que estava acontecendo com sua voz irritante e as imagens áreas puderam mostrar os focos de incêndios, pneus, madeira e diversas outras coisas estavam sendo queimadas nas ruas, até um dos prédios teve sua portaria semi-destruída, o canteiro central estava completamente sujo e só então percebi que as ruas estavam repletas de panfletos eleitorais.


Os momentos seguintes foram sem dúvidas os mais tensos da televisão brasileira desde que aquele idiota sequestrou o ônibus 285 à 18 anos atrás ou quando aquela garota foi sequestrada no seu apartamento e no fim todos trouxeram o mesmo sentimento. A ordem foi dada pelo líder e seus comandados ergueram seus escudos rídiculamente arranjados e em uma investida desinfreada eles foram de encontro com o grupo de políciais que inútilmente atiravam balas de borracha nos manifestantes. Os grupos foram cercaram os políciais em instantes e os espremeram contra as paredes dos prédios, nesse momento o repórter que cobria a matérial já estava desisperado e pelo visto os policiais também. Tiros foram disparados e só assim os manifestantes dispersaram tão rápido quando se juntaram notei que alguns caiam na correria, mas logo eram erguidos por seus companheiros, notei também que alguns que cairam mais próximos dos policiais não levantaram. A polícia não está preparada, não estava à 18 anos atrás não estava à 10 anos atrás e ainda não está agora, mas não os culpo o único filho da mãe que estava preparado está usando uma máscara.


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Notas finais do capítulo

" - ... Três dos quatros jovens que foram baleados no confronto de ontem a noite morreram a caminho do hospital. O único sobrevivente, Igor dos Santos um jovem de 23 anos está em estado grave na UTI do Hospital Israelita Albert Einstein. Os 4 jovens de classe média foram alvejados na cabeça e no peito ... "



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