Rei não poderia evitar Makoto por muito mais tempo, por mais que quisesse. Era impossível ficar longe dele, de seu olhar carinhoso e calmo, de sua voz gentil. Mas... Por que Rei estaria evitando Makoto? Simples: ele havia se apaixonado pelo maior. Não uma paixonite qualquer, um abismo. Era terrível ficar longe de Makoto, principalmente para Ryūgazaki, mas era um mal necessário. Precisava de um tempo com ele mesmo, para pensar, refletir.

A lógica era inútil. Se apaixonar por alguém não envolve raciocínio - simplesmente acontece. E era exatamente isso que perturbava tanto o garoto de cabelos azuis: o fato de ele não poder resolver isso de forma lógica. E pedir ajuda também seria inútil, supôs. Todos diriam coisas como "você precisa tentar" e "diga para ele". Só que era esse o problema. Como? Não era fácil assim.

Seu cérebro iria explodir. Ele queria, ele precisava, mas ele não conseguia. A sensação de impotência veio como um tiro. Falar não seria o maior dos problemas. E se Makoto o rejeitasse? Na frente de todos? Não queria nem imaginar. Mesmo sabendo que Tachibana não diria nada rude para ele – não era de seu feitio –, talvez ficasse meio confuso ou apenas rejeitasse de modo rápido, mas a imagem mental que Rei criou da situação era arrasadora.

Ouviu alguém bater na porta de seu quarto.

- Rei? – era sua mãe. – Um colega seu veio aqui, ele diz que quer falar contigo. O nome dele é Makoto. Deixo-o entrar?

Engoliu em seco. Era a hora, mas ele não se sentia completamente pronto.

- Sim, mãe.

Ouviu uma conversa meio sussurrada, mas não conseguiu identificar sobre o que eles falavam. Outra batida na porta.

- Rei? Sou eu, Makoto.

Levantou-se da cama e abriu a porta.

- Entre.

O moreno entrou no cômodo, observando um pouco ao redor. Parecia tentar memorizar cada detalhe.

- Preciso falar com você. – Makoto disse. – Faz um bom tempo que você anda me evitando, pelo que eu percebi.

A respiração de Rei parecia mais pesada.

- Por quê? – perguntou o maior. – Eu fiz algo errado?

Pensou um tempo antes de responder.

- Não é nada. Eu só... Precisava de um tempo.

- Rei... – Tachibana murmurou. – Você está escondendo algo de mim?

Ryūgazaki sentiu um calafrio subindo por sua espinha.

- N-não!

Makoto olhou diretamente nos olhos do menor, sabia que ele estava mentindo. Segurou os pulsos de Rei e colocou-os próximos de si.

- Não precisa esconder nada de mim. Eu sou seu amigo, pode confiar em mim para quando precisar.

Amigo.

Aquilo doeu mais do que esperava.

A palavra ficou ecoando em sua mente, como se fosse um grito em uma caverna. Rei sabia que Makoto não havia feito propositalmente, mas isso não era de grande ajuda.

Sentiu aquele ardor na garganta de quando se está prestes a chorar. Não. Ele não iria chorar.

- Rei? – questionou o moreno, aproximando-se do menor.

Respirou fundo, tentando aguentar. Aquilo não iria funcionar por muito mais tempo. Precisava falar.

- É que... Eu meio que... – tentou começar, mas tropeçava nas palavras. Não era bom em descrever sentimentos. – Eu não sei como dizer...

Tachibana inclinou um pouco a cabeça para o lado, ainda olhando para o garoto de cabelos azulados. Parecia confuso.

Ryūgazaki suspirou, desistindo de tentar explicar. Passou os braços ao redor do pescoço do maior, puxando-o para um beijo. Surpreendeu-se ao sentir Makoto corresponder seu gesto, e surpreendeu-se mais ainda quando percebeu que o outro estava assumindo o controle do beijo. As duas mãos de Makoto foram para a cintura de Rei, segurando-a com um pouco de força.

Quando separaram o beijo, o moreno não disse nada, apenas ficou observando o outro. Rei começou a ficar nervoso, já que Makoto estava quieto.

Subitamente, o menor sentiu os lábios do maior sobre os seus novamente. Seus olhos se arregalaram com a surpresa, mas logo ele fechou os olhos e ingressou no beijo. Após tempo os suficientes para perderem o fôlego separaram-se novamente. Rei estava em um estado de puro êxtase, com os olhos fechados, o rosto corado e a respiração ofegante. Makoto estava em um estado parecido, mas sua respiração já estava mais lenta e ele mais calmo.

- Isso significa "eu te amo", suponho. – Tachibana disse, passando a mão suavemente pelo rosto de Rei.

Ryūgazaki colocou a mão por cima da do moreno, sorrindo.

- Acertou.