Acordei feliz no dia seguinte. Eu sabia que eu era importante para George. Sabia!

Lucy, Mary e Anne me ajudaram a me arrumar. Pedi o vestido mais bonito e discreto que elas podiam arranjar. Pus um vestido longo azul claro. Seu caimento era perfeito em mim. Me senti deslumbrante e tinha certeza de que o príncipe também acharia.

Desci para o Café e sentei-me ao lado de Alice. Olhei para a mesa da Família Real e notei que George ainda não chegara.

– Eu não sei por que você se importa tanto com ele - Alice comentou.

– Hein?

– Você. Parece uma boba esperando esse príncipe chegar - Alice explicou - Olha, eu tenho que ser sincera. Ele não dá a mínima pra você, Katherine.

– Isso não é verdade! - rebati - Ontem ele cuidou de mim. Tive um pesadelo e ele veio correndo me consolar.

– Ai, Katherine por favor! Não seja tola! Você não é nada pra ele! - Alice insistia.

– Por que você está fazendo isso? Por que está insistindo nessas coisas? - questionei, indignada.

– Eu só não quero que você se machuque, Katherine - seu olhar beirava a pena.

Não pude falar nada, pois neste exato momento, príncipe George entrou. Parecia que ia cuspir fogo pelas ventas.

– Ele expulsou Jenny Stone - Kriss falou baixinho - E parece que a garota não reagiu bem. E uma coisa que George detesta é que rebatam ele.

– Como você sabe? - perguntei.

– Tombei com ele ontem quando saiu do quarto da Jenny. Ele confessou que não tolerava ser questionado e que foi isso mesmo que Jenny fez. Parece que ela não aceitou a expulsão e fez um escândalo. George teve que mandar guardas tirarem ela daqui hoje - Kriss explicou.

Olhei para George. Ele parecia bem irritado. Coitado. Deve ser muita pressão sobre ele. Agora somos 34 e eu não sabia qual era o jogo das garotas. Mas eu faria de tudo para deixar o príncipe tranquilo. Talvez fosse isso que ele precisasse: tranquilidade.

Ao terminamos o café, nos retiramos da Sala Jantar. A Família Real ainda fazia sua refeição.

– Vamos Katherine - Alice chamou.

– Pode ir na frente. Tenho que fazer uma coisa - falei, olhando para a Sala.

– Hum... - Alice resmungou, mas saiu.

Esperei o rei e a rainha saírem. Por sorte, estavam entretidos em sua conversa e não me viram. George saiu pouco depois. Parei na sua frente. Ele ficou surpreso e, com expressão mais dura possível, perguntou:

– O que você faz aqui? Não deveria ter ido ao Salão das Mulheres com as outras garotas?

– Sim, mas...

– Se você deveria estar lá, não tem porque está aqui! - ele me interrompeu - Vamos!

George me puxou com força a caminho do Salão das Mulheres.

– Espera! - pedi.

Ele parou. Respirou fundo e me encarou.

– O que é agora? - ele perguntou, irritado.

– É que, bem, eu só... Só queria agradecer. Por ontem. O senhor me ajudou muito - falei sorrindo.

– Em quê? Se está se referindo ao seu escândalo, não estava te ajudando. Estava te situando. Você é Cinco. Nunca teve contato com o Palácio. Você não pode se comportar assim. Aquilo não foi uma ajuda. Foi uma bronca! E agora volte logo ao Salão das Mulheres antes que aconteça com você o mesmo que aconteceu com Jenny Stone! - dito isto, ele me empurrou para longe e saiu andando em outra direção.

Caminhei devagar até o Salão das Mulheres assimilando o que George dissera. Não era possível! Ele se importava comigo! Tinha certeza! Ele devia estar com medo. Só isso. Ele nunca teve contato com mulheres antes, esta é a sua primeira experiência. Enxuguei as lágrimas teimosas que insistiam em cair e entrei no Salão das Mulheres.

Ninguém percebeu minha entrada. Todas as garotas estavam entretidas demais em suas próprias conversas.

– Ei - Alice me chamou - O que houve?

– Como assim? - me fiz de confusa.

– Você está triste. Ah, é mesmo. Nem posso imaginar o motivo - Alice falou sarcástica - O que ele fez dessa vez?

– Nada. Dessa vez o erro foi meu - falei com toda sinceridade.

– Sei...

– Olha Alice, eu sei o que você pensa dele, está bem? Mas eu o amo! Sempre o amei e não vou desistir dele. Então por favor, não fale como se eu fosse uma idiota. Só isso que peço. Seja minha amiga - falei olhando diretamente em seus olhos.

– Está bem - ela cedeu - Só não quero que te façam de idiota. Você é minha amiga.

Sorri para Alice e ela retribuiu. Logo esquecemos o assunto George Schreave. Pelo menos ela esqueceu. Eu jamais esquecia.

* * *

– Senhorita Alice Tames - o fotógrafo chamou.

Alice olhou para mim e revirou os olhos. Eu ri para a sua expressão.
Estávamos na Sessão de Fotos com o Príncipe George. Já tinham ido todas as garotas. Eu e Alice éramos as últimas.

Esperei longos 10 minutos até ser a minha vez. O nervosismo tomava conta.

– Senhorita Katherine Singer.

Alice saiu, dando lugar a mim. A minha amiga parecia estar bem irritada.

– Olá, senhorita - cumprimentou o fotógrafo - Por favor, posicione-se ao lado do príncipe.

Prontamente o obedeci. George me ofereceu o braço a contragosto.

– Isso, Alteza. Por favor, abrace-a pela cintura - o fotógrafo tornou a pedir.

Meu coração parecia que ia saltar da boca quando George envolveu minha cintura em seus braços. O príncipe por sua vez, parecia muito incomodado.

– Por que não gosta de mim? O que eu fiz de errado? - perguntei, baixinho.

– Você é Cinco - ele respondeu, igualmente baixo enquanto trocávamos de posição para uma nova foto.

Então era isso. Minha Casta.

– Mas o que isso importa? Não sou mais Cinco. Sou Três agora - murmurei.

– Você nasceu Cinco. Sempre será Cinco - ele falou pelo canto da boca.

Depois disso ficamos em silêncio. Ele não pode me julgar pela minha Casta. Provaria a ele que sou muito melhor que garotas da Dois!

– Só mais uma, Alteza! - pediu o fotógrafo.

George me envolveu novamente de modo que podemos nos encarar. Então sem tirar os olhos do dele, disse baixinho:

– Eu só quero que saiba. Não importa o que você pensa de mim. Não importa o que aconteça. Vou te apoiar. Não quero ser mais uma na sua lista de deveres e obrigações. Não quero ser um peso, um fardo para você. Você pode não acreditar, mas eu te amo de verdade. Só estou dizendo que, se precisar de um apoio, de um suporte, estarei aqui.

Ele me encarou, surpreso. Podia notar um brilho diferente em seu olhar. De repente, ele se tornou o George Schreave dos meus sonhos. Nos aproximamos mais até nossos narizes de encostarem. Meu coração palpitava. Podia sentir que sua respiração estava falha.

– Eu acho que isto esta bom, Alteza - comunicou o fotógrafo e rapidamente nos afastamos.

– Ótimo - George falou - Você já deve ir.

Ele apontou para mim. Sua expressão era indecifrável.

– Sim, Alteza - murmurei antes de deixar o estúdio.