Uma Seleção Diferente escrita por Emma Salvatore
Notas iniciais do capítulo
Nesse Jason vai aparecer um pouquinho mais.
Será q vai dar treta???
– Então quer dizer que May está bem? - estava conversando com meu pai no telefone a 20 minutos, e ele estava tecendo elogios a George, coisa que nunca fez.
– Está ótima, filha! Por favor, não se esqueça de agradecer a George. Ele foi muito generoso. Sabe, agora eu acho que você tem razão a respeito dele - meu pai falou.
Dei um sorrisinho. Não. Eu não tinha razão a respeito de George Schreave.
De repente, ele entrou no meu quarto sorrindo.
– Ah, pai. Bem, eu vou ter que desligar. Beijo. Te amo muito e dá um beijo na May. - me despedi.
– Claro, gatinha. Também te amo.
Desliguei o telefone e olhei para George, que continuava sorrindo.
– O que foi? - perguntei.
– Sua irmã está bem, não é? - ele ergueu uma sobrancelha, sem tirar o sorriso do rosto.
– Está. Ela está bem - dei um sorriso aliviado.
Seu sorriso se alargou ainda mais.
– Eu disse que ela ficaria. Acredita em mim agora?
Assenti. Mas eu estava tão aliviada e tão feliz por May, que me joguei em seus braços.
– Obrigada. Muito, muito obrigada. E... Me desculpa.
Ele retribuiu o abraço, me apertando contra ele.
Ficamos assim, em silêncio por alguns minutos, mas eu precisava saber de uma coisa.
– Hum... Alteza? - chamei.
Ele se afastou um pouco pra me olhar.
– O que foi? - perguntou, acariciando meu rosto.
– Por que fez isso? Por que salvou a vida da May? - perguntei, olhando-lhe nos olhos.
Ele pareceu pensar um pouco, até que disse:
– É a sua irmã. Você estava sofrendo. Já basta o que sofre todos os dias por minha causa. E se eu podia amenizar mais esse sofrimento... Por que não faria?
Ele roçou seu nariz no meu. Isso estava me dando arrepios. Então, ele rompeu a distância que restava e me beijou. Lento e suave. Retribui o beijo, perdida nesse momento.
Nos afastamos pouco depois, e nos olhamos. Ele se afastou e disse, de costas para mim:
– Vou providenciar sua passagem para Carolina.
– Você vai me mandar embora? - perguntei, fazendo força para segurar as lágrimas.
– Ainda não. Eu disse que você veria sua irmã quando ela voltasse. - ele falou.
Sorri.
– Obrigada. Mais uma vez.
Foi então que ele me olhou e pôde ver meu sorriso feliz e grato no rosto.
Ele veio como um raio em minha direção, me tomou nos braços e me beijou de novo.
Quando nos afastamos, ele falou:
– Não se esqueça que você não deve me amar.
– Não dá mais pra evitar - falei, baixinho - eu te amo.
Ele se contorceu um pouco ao ouvir essas palavras.
– Você não devia... Eu... - ele saiu correndo do quarto, me deixando lá, parada, relembrando do beijo.
Toquei meus lábios com a mão e sorri.
George não sentia nojo de mim. Não. Nojo não.
* * *
– Tchau, Katherine. Se cuida. E volte logo - Alice disse, me abraçando.
– Voltarei Alice. Fique bem - falei, me afastando. Ela sorriu.
Sai do Palácio e entrei na limusine que estava me esperando.
– Aaah! - tomei um susto - O que faz aqui?
George estava dentro da limusine e eu não fazia ideia do porquê.
Ele riu, divertido.
– Eu vou com você - falou - Disse a meu pai que precisava resolver algumas coisas em Carolina.
– Por quê? Por que você vai comigo? A minha família - suspirei - é Cinco. E você...
Ele tocou meu rosto.
– Não importa. Quero ir com você.
Apenas sorri e ele me envolveu em seus braços.
Era tão bom estar assim.
– Alteza...
Ele tocou nos meus lábios.
– Quando estivermos sozinhos, você pode me chamar de George.
Sorri.
– Está bem. George - falei e ele sorriu - Você não precisa ir comigo. Não precisa aturar uma casa cheia de Cinco. Então por que está indo?
Ele suspirou.
– Eu quero ir com você. É só isso.
Não perguntei mais nada. Ele me apertou mais em seus braços e eu me aninhei ainda mais a ele. Chegamos ao aeroporto escondidos e o vôo para Carolina não demorou muito.
Quando cheguei, me senti bem. Respirei o ar de Carolina, e senti novamente o cheiro de casa.
Andamos pela pracinha em que Jason e eu costumávamos brincar. Sorri com a lembrança.
– Kat!
Me virei e vi Jason gritando ao longe.
– Jay! - corri em sua direção.
Nos abraçamos forte, cheios de saudade.
– Você voltou? - ele perguntou, radiante.
– Na verdade, Jay...
– Não - George se pôs do meu lado - Ela ainda faz parte da Seleção.
Sua voz estava seca, carregada de desprezo.
– Ah, tá - James falou com um pouco de tristeza na voz - Então, o que faz aqui Kat?
– Vim ver May - expliquei - Como ela está?
– Fui ontem na sua casa. May está ótima. A mesma garota que conhecemos.
Dei risada pensando na minha irmã e ele me acompanhou.
George pigarreou.
– Algum problema, Alteza? - Jason perguntou.
– Jay, não é um nome, não é mesmo? - ele perguntou, frio.
– Não. Esse é o apelido que Katherine me deu. Meu nome é Jason. Jason Leger - ele estendeu a mão.
Ele olhou para a mão estendida de Jason e perguntou com desprezo:
– O que você é? Imagino que não menos que Quatro.
– Sou Seis - Jason respondeu com orgulho, abaixando a mão.
– Ah, claro - sua voz estava carregada de desprezo - Katherine. Vamos. Viemos para visitar sua família, não é mesmo?
Ao se dirigir a mim, sua voz se amenizou. Assenti e dei um aceno de despedida a Jason. Mas ele segurou a minha mão e perguntou:
– Vou te ver de novo? Só nós dois?
– Não! - George respondeu, tirando a mão dele da minha. - Vamos, Katherine. Já chega disso.
Ele me lançou um olhar ameaçador e eu obedeci. Segui com ele até a minha casa, enquanto Jason nos observava.
Ao darmos uma distância segura dele, George falou baixinho:
– Então esse é o tal Jay? Vocês podem ser tudo, menos irmãos.
– Eu te disse que somos irmãos de criação! - disse, frisando a última palavra.
Ele deu risada.
– Ah, Katherine, você acha não percebi? Ele estava praticamente se jogando pra cima de você. Eu poderia mandar torturá-lo por isso!
Parei e o encarei.
– Você não faria isso, não é? - perguntei, aflita.
Ele me olhou, sério. Analisou meu rosto e por fim disse:
– Por você, não.
Suspirei, aliviada.
– Você gosta dele não é? - ele me perguntou.
– Gosto. Mas como eu disse, só como irmão. Porque é isso que ele sempre será. Meu irmão - respondi, olhando para ele.
George não falou mais nada e nós caminhamos em silêncio até a minha casa.
Quando paramos em frente a ela, parei e encarei George.
– Olha, isso aqui não tem a metade do esplendor do palácio. É uma casa simples. Muito simples. Eu só peço que... - suspirei - Todos aqui gostam muito de você. O meu pai nunca gostou de você, mas agora... Por favor, só tente se controlar. Controlar suas expressões.
Ele sorriu e segurou meu rosto de uma maneira calma.
– Não se preocupe. Vai ficar tudo bem.
– A minha casa, ela não é...
– Deve ser ótima - ela falou, sorrindo.
Me forcei a sorrir também. As mudanças de humor de George acabavam comigo.
Bati na porta e meu pai abriu.
– Katherine! - ele me abraçou - Mas que saudade que eu estava!
– Eu também, pai. Muita - eu falei, apertando-o com mais força.
Foi aí que ele olhou por cima do meu ombro e viu George. Se afastou de mim rapidamente e tentou ajeitar a aparência. Ele estava com o avental sujo de tinta e suas mãos denunciavam que estava pintando.
Meu pai limpou as mãos nas vestes e estendeu a George, meio sem jeito.
– É um prazer em conhecê-lo, Alteza.
Diferente do que fez com Jason, George sorriu e apertou a mão do meu pai.
– O prazer é todo meu, sr. Singer - ele falou.
– Por favor, vamos entrar - meu pai convidou, indo na frente.
Fui logo atrás dele e quando olhei para trás, vi George limpar as mãos discretamente num pano. Suspirei. Pelo menos não fez isso na frente do meu pai.
– Magda! Temos visitas - meu pai avisou a minha mãe.
– Katherine! O que faz aqui? Não me diga que você foi... - minha mãe parou ao ver George.
– Príncipe George - ela fez uma reverência - Que honra recebê-lo em minha casa.
Minha mãe passou as mãos no cabelo, tentando arrumar aparência. Ela também estava com avental, já que estava cozinhando.
– O prazer é todo meu, sra. Singer - George sorriu.
– Não ligue para a bagunça, Alteza - minha mãe falou, estendendo os braços para abranger a casa.
Notei que George analisava minha casa com um sorriso. Mas seu nariz torcia discretamente e eu sabia que não estava se sentindo confortável. Que bom que meus pais não perceberam.
– Katiiii - Gerad gritou, saindo do seu quarto, vindo em minha direção.
– Que bom que você voltou! - ele falou, pulando no meu colo - Eu tava com saudade!
– Eu também, pequeno. Tava morrendo de saudades de você - apertei-o ainda mais contra mim.
– Finalmente você largou esse príncipe idiota! - Gerad falou, casualmente, sem ter notado George.
– Gerad! Tenha modos! - minha mãe repreendeu, nervosa. - Perdão, Alteza. Ciúmes de irmão.
Foi então que Gerad percebeu o nosso convidado. Ele desceu do meu colo e foi em direção a George, que tinha um sorriso divertido no rosto.
– Olá - o príncipe cumprimentou.
– Não gosto de você - Gerad disse na lata, sem se intimidar.
– Gerad! - minha mãe estava nervosa - Ele é o príncipe! Não pode falar assim com ele!
– Não se preocupe, sra. Singer. Está tudo bem - George a tranquilizou.
Pelo seu sorriso, parecia que ele estava se divertindo com a sinceridade de Gerad. Então me lembrei do que Alice me dissera.
Me aproximei dele e falei baixinho, para que ele só ele pudesse ouvir:
– George, ele é só uma criança. Não gostaria de nenhum suposto namorado que eu tivesse. É ciúmes de irmão, entende? Eu só peço que...
– Já sei - George me cortou, suspirando. - Você acha que eu possa fazer algum mal a ele. Katherine. Como você mesma falou, ele é só uma criança. Não sou um monstro!
– Filha, acho que você quer ver a May, não é? - meu pai perguntou, interrompendo nossa conversa.
– É claro papai - me animei.
– Ela está descansando, filha - minha mãe falou - Ela está no quarto.
– Alteza - meu pai se aproximou de George - Eu não tenho palavras para agradecer o que senhor fez pela minha filha. Eu não simpatizava muito com senhor. Para ser sincero, sempre te achei esnobe, fútil e arrogante. Mas vejo que tem um coração de ouro. E se por acaso Katherine ganhar, ficarei muito feliz em te ter como genro.
George pareceu sem jeito com o agradecimento do meu pai. De fato, ele era tudo que meu pai pensava. E um pouco mais.
– Não foi nada, sr. Singer. De verdade. Foi um prazer ajudá-los - George falou, esboçando um sorriso.
– Bom, estou ansiosa por ver a May - falei, para acabar com o constrangimento de George.
– Você sabe o caminho - meu pai falou, sorrindo.
Caminhei em direção ao meu quarto.
May estava dormindo, serena. Me aproximei dele e toquei no seu cabelo.
– Ei, gatinha, que susto você nos deu hein?
Ela abriu os olhos lentamente e se virou para me olhar.
– Katherine! - ela exclamou com voz fraca.
– Sentiu minha falta, gatinha? - perguntei e ela jogou seus braços no meu pescoço.
– Claro que sim. Mas espera. Se você está aqui, então quer dizer que...
– Não. Não fui mandada embora. Pelo menos não ainda.
– Como assim? - May se endireitou na cama - Você não quer mais se casar com o príncipe?
Eu ri.
– Você sabe que era tudo que eu mais queria. Mas as coisas não são assim. Não são tão fáceis.
– Como não? Você é linda. E inteligente, corajosa e determinada. Como ele não poderia gostar de você? - na cabeça da minha irmã tudo parecia fácil.
– Gatinha, eu não gostaria de falar sobre isso. Não quero discutir meu relacionamento com o príncipe George.
– Mas eu quero! - May insistiu.
– May... - eu realmente não queria discutir isso com ela. Mas os olhos dela estavam brilhando de curiosidade. Não tinha como negar isso a ela.
– Está bem. Você venceu. O que quer saber? - perguntei.
– Tudo! - ela se animou - Como ele é? Vocês já se beijaram? Aí me conta, Kats!
Eu ri de sua ansiedade.
– Sim. Nós já nos beijamos. E foi bem especial. Mesmo - contei, lembrando de como me senti sendo beijada por ele.
May deu palminhas de entusiasmo.
– E ele? Como ele é? Você se sente bem com ele? - perguntou, interessada.
– Às vezes. Depende do seu humor. Eu nunca sei o que ele quer - disse, sincera - Nunca ame alguém complicado, May.
– Aí Kats, você deve tá amando o palácio! Como é lá? Já mandou decorar um quarto pra mim, quando eu for morar lá?
Não tinha como não rir. May era impossível!
Escutamos uma risada na porta e nos deparamos com George. Quanto tempo será que ele ficara ali?
– Alteza - May ficou sem graça - Foi só uma brincadeira.
George se aproximou de nós sem tirar o sorriso do rosto.
– Olá, May. É um prazer conhecê-la. - ele disse, depositando um beijo em sua mão.
May ficou tão vermelha quanto a cor dos meus cabelos. Ela olhava para sua mão sem acreditar no que tinha acontecido. George sorria, divertido.
– May, acho que você precisa descansar - falei - Vamos sair agora, está bem?
Ela apenas assentiu, com o olhar fixo em sua mão. Puxei George para fora do quarto e enquanto estávamos no corredor, ele falou:
– Sua irmã parece muito com você.
– O quanto da nossa conversa você ouviu? - perguntei, encarando-o.
– Tudo - ele confessou, sorrindo.
– Será que você não podia ter batido na porta? - perguntei, aborrecida.
– Então você me acha complicado, não é? Mas ainda não desistiu de mim - ele disse se aproximando.
Eu o afastei e corri para a sala. Ele bufou e veio logo atrás de mim.
– Katherine, May acordou? - minha mãe perguntou.
Fiz que sim com a cabeça.
– Então você pode levar o almoço dela? - minha mãe me empurrou uma bandeja.
Assenti e voltei para o quarto de May. Fui seguida por George.
– Ei gatinha, ainda está acordada? - perguntei.
– Claro que sim! - May respondeu, ainda olhando para sua mão.
– May, você não vai parar de olhar? - perguntei suspirando.
Se ela soubesse como George era...
May abaixou a mão e olhou para mim.
– Feliz?
Dei risada.
– Mamãe mandou seu almoço - falei, indicando a bandeja.
– Ah, não Kats! Não vou comer essa sopa de hospital de novo! - May exclamou.
– May, você precisa. Anda, gatinha chega de manha - pedi, enchendo a colher e indo em direção a sua boca.
– Não Kats, isso não! Por favor - ela implorou.
– Se você comer tudo, te dou um lindo presente - George se meteu.
Só então que minha irmã percebeu a presença dele. Ficou sem graça e apenas assentiu. Ela comeu tudo sem dar trabalho. Ele não precisa nem ter oferecido o presente, só a sua presença deixaria May intimidada o suficiente.
– Agora descanse, gatinha - disse e pus a coberta sobre ela.
Saímos do quarto e encarei o príncipe.
– O que foi? - ele perguntou.
– Um presente? Que tipo de presente? - indaguei.
– Ainda não decidi. Me diz você. O que a sua irmã gosta?
Suspirei.
– Por que vai dar esse presente a ela?
– Porque trato é trato, não é? - ele falou como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.
– Por que fez esse "trato"? - ainda estava desconfiada.
– Para ajudar você - ele disse, sem me entender - Você queria que ela comesse e ela não queria. Ora Katherine você deveria me agradecer.
Bufei e sai andando. Ele me alcançou em poucos segundos.
Ajudei minha mãe a pôr a mesa, enquanto meu pai contava do trabalho dele a George, que parecia analisar cada canto da casa com um nojo disfarçado.
Almoçamos em silêncio. Gerad foi obrigado a sentar do lado do príncipe e não escondia sua cara de insatisfação.
Quando terminamos minha mãe falou:
– Alteza, se o senhor não se incomodar, eu vou arrumar o quarto de Gerad para que possa usá-lo.
– Quê! Meu quarto?! - Gerad protestou.
Minha mãe o calou com um só olhar e continuou:
– Gerad dormirá conosco durante esses dias. O senhor está de acordo?
– Obrigado, sra. Singer, está ótimo - não, não estava ótimo.
Eu o conduzi até o quarto de Gerad e ele analisou como todo o resto da casa. Marcas de pinturas, latas derrubadas, cama suja de tinta.
– Você não tinha um quartinho melhor para me oferecer? - George perguntou, não escondendo o nojo.
– Você quis vim. Aqui não temos o conforto do palácio - disse.
Ele analisou fixamente a cama.
– Sua mãe vai trocar esse lençol, não é? - perguntou.
– Claro que sim. - respondi - Minha mãe vai fazer de tudo para que você se sinta em casa.
– Impossível - ele murmurou.
– George, é claro que será impossível! Você não nasceu para essa vida aqui! Mas será que dá pra parar de achar que a minha casa é um lixão?! - exclamei.
– Mas é o que tá parecendo - ele falou, me encarando.
Sai do quarto quando as lágrimas começaram a cair. Corri para o banheiro e tranquei lá. Ele nunca mudaria. O que eu estava pensando?
– Katherine? - era ele - Posso falar com você?
Sua voz estava mais suave. Abri a porta.
– O que foi? O que está ruim agora? - minha cara denunciava o choro.
Ele passou a mão pelo meu rosto enxugando as lágrimas teimosas que insistiam em cair.
– Me desculpa. Não deveria ter falado assim
– É o que você pensa.
– Katherine - ele tocou meu braço - Me desculpa. Só... Só não estou acostumado.
Me afastei dele e disse, indiferente:
– Eu sei. Mas não fui eu que te pediu pra vim.
Segui para o meu quarto, onde May dormia tranquilamente. Me deitei na minha cama e chorei silenciosamente.
Eu tinha que esquecê-lo. Eu precisava tirar George do meu coração. Mas como fazer isso se ele insistia em me manter no palácio?
* * *
– Você poderia mesmo fazer isso para mim? - Gerad perguntou com um brilho nos olhos.
– Claro! Conheço todos os times de futebol de Illéa! Não me custa nada - George respondeu sorrindo.
Já se passara três dias que estávamos em Carolina. Amanhã iríamos embora. E durante esse tempo, vinha se esforçando para conquistar Gerad.
Nós não brigamos mais depois daquela vez. Me convenci que ele não quis falar o que falou. Pelo menos não em voz alta. E ficamos bem.
May estava super feliz com a presença dele em casa. Fez um desenho lindo dele com o rei e a rainha.
Apesar de fazer esforços para mim, dizendo que não importava, pude ver como ficou emocionado.
May fez outro desenho. Mas esse só mostrou pra mim. Era eu e George rodeados de crianças. Fiquei emocionada. Esse era o meu sonho. Mas sabia que não se realizaria. Mesmo assim guardei o desenho.
– Kati! Kati! - Gerad me chamou, tirando-me dos meus devaneios.
– O que foi, pequeno?
– Seu namorado vai me levar para um jogo do Chudley Cannons!
Corei e olhei para George, que sorria.
– Gerad, ele não é meu namorado - falei, baixinho.
– Pra mim é! - ele retrucou e foi para o quarto dos meus pais, pulando.
– Desculpa por isso - murmurei.
– Ele é só uma criança - George riu.
– Parece realmente que você o conquistou. - comentei - Pretende mesmo levá-lo para um jogo do Chudley Cannons?
Ele me olhou, incrédulo.
– Claro que sim! Cumpro minhas promessas!
Ia falar algo, quando minha mãe e meu pai entraram na sala.
– Katherine preciso de um favor. - minha mãe pediu.
– Claro, mãe. Pode dizer.
– Eu e seu pai precisamos sair. Tenho uma festa para tocar e seu pai uma exposição para fazer. Preciso que cuide de May. Ela tem que tomar o remédio daqui a três horas. Já deixei em seu criado-mudo.
– Ok, mãe. Farei isso com maior prazer.
– Bote Gerad para dormir também por favor - meu pai pediu e eu assenti.
Quando eles abriram a porta, Jason apareceu com flores na mão.
– Boa noite senhores Singer - ele cumprimentou.
– Jason, filho - meu pai o abraçou - Que pena que tenha chegando agora. Estamos de saída.
– Katherine também? - ele me olhou, esperançoso.
Pude ver George o fuzilar com o olhar.
– Jason, acho melhor você voltar outro dia - falei, receosa.
– Que é isso, querida? Jason veio até aqui. Fique um pouco. Bom, Magda e eu temos que ir. - meu pai e minha mãe saíram e Jason ficou me encarando sorrindo.
– O que faz aqui? - perguntei, nervosa.
George já tinha deixado claro que não nos veríamos de novo.
– Vim te ver. Você vai embora amanhã e não sei quando voltará. Toma - ele me entregou as flores - Para você lembrar de mim quando estiver longe.
Eu estava ficando mais nervosa. George levantou-se e ficou ao meu lado.
– Ela não precisará lembrar de você - ele pegou as flores e jogou-as longe - Eu falei para você que não a veria de novo. No entanto você veio.
– Por que não viria? - Jason deu de ombros - Queria ver minha amiga. E esta casa aqui não é sua.
George estava borbulhando de raiva por ser desafiado.
– Jayyyy - Gerad saiu do quarto pulando no colo de Jason.
– Ei, pequeno. Como você tá? - ele perguntou mexendo em seu cabelo.
Percebi pelo canto do olho que a raiva de George só cresceu.
– Eu disse que Jason era meu irmão de criação - falei baixinho - De todos nós.
– Pensei que Gerad tivesse "ciúmes de irmão" - ele falou, entredentes.
– Eu te falei que éramos irmãos de criação. O pai dele e o meu pai são muito amigos. Nos conhecemos desde criança. Gerad nunca o verá como você está vendo.
A raiva do príncipe só crescia ao olhar para como os dois se davam bem. Nunca tinha o visto desse jeito.
– Jay, sabia que o namorado da Kati vai me levar pro jogo do Chudley Cannons? - Gerad contou, empolgado.
– Ah, é? - Jason ergueu uma sobrancelha.
George sorriu, presunçoso.
– Isso mesmo. Eu o levarei.
Ele pôs a mão em meu ombro de um jeito possessivo.
– Gerad, já está na hora de ir pra cama - mandei, acabando com o silêncio.
Não queria que meu irmão presenciasse essa tensão.
– Mas eu não quero ir Kat! Jay acabou de chegar - choramingou.
– Te dou uma bola novinha de presente autografada pelo Chudley Cannons se obedecer a sua irmã - George ofereceu.
Os olhos de Gerad brilharam.
– Sério mesmo? - ele perguntou.
O príncipe sorriu e confirmou:
– Seríssimo.
Meu irmãozinho foi para o quarto aos pulos.
– Você chantageia uma criança? - Jason perguntou, incrédulo.
– Isso não foi chantagem. Foi um acordo - George respondeu, seco.
Jason revirou os olhos.
– Bom, acho que já está na hora de você ir - George falou, apontando para a porta.
– Mas eu quero ficar. Kat, tem tanta coisa para conversamos - Jason falou, segurando minha mão.
Mais que depressa, George tirou a mão dele da minha.
– Conversar não significa tocar - ele falou, fuzilando Jason com o olhar.
Eu estava com medo.
– Jay. Acho que é melhor você ir. - pedi.
– Kat, eu preciso falar com você - ele disse, suplicante - Antes que você desapareça por muito tempo.
Olhei para George. Sua raiva ainda não passara. Pelo contrário, parecia crescer a cada nova palavra de Jason. Mas ele estava tão suplicante. E eu o conhecia muito bem. Não iria desistir.
– Vamos sentar - sugeri.
Ele sorriu e sentou-se no sofá.
Antes que pudesse sentar-me ao seu lado, George me ultrapassou e sentou no meio. Jason bufou. Eu suspirei.
– Então como estão seus pais? Seus irmãos? - perguntei, tentando ser casual.
– Bem. Kamber e Celia não param de te elogiar. Adoram ver você na TV. Dizem que está mais linda ainda. E eu concordo com elas.
George cerrou os punhos ao lado do corpo. Olhei nervosa para Jason.
– É muita gentileza delas - falei, nervosa.
– Você é linda mesmo. Mas sinceramente, Kat, você fica bem melhor ao seu natural. Sabe, vestida como Cinco, não como princesa. Parece mais real.
– Essa é a realidade de Katherine, você goste ou não! - George estava a ponto de explodir.
Eu precisava fazer alguma coisa.
– Hum... Alteza? - chamei e ele se virou para mim - Será que você poderia ver se Gerad já está dormindo?
Ele ergueu uma sobrancelha.
– Por favor - insisti.
– Está bem. - cedeu. Ele levantou-se e olhou pra mim - Volto logo.
Assenti. Quando ele desapareceu da sala, Jason se aproximou de mim.
– Não acredito que você ainda continua com isso. Kat, esse cara é um idiota!
– Não fala assim - pedi.
– Ele é um príncipe esnobe e você sabe disso. Por que me mandou aquela carta então? É porque você sabe que é.
– Bom, para falar a verdade eu não sei. Às vezes sinto como se eu o conhecesse tão bem. Sinto que vamos ficar juntos. Mas aí de repente ele se fecha e todo o conto de fadas acaba. Eu não consigo entendê-lo. - confessei.
– Vocês se beijaram? - ele perguntou.
Assenti.
– Eu não acredito! Kat por que continua com isso? - ele segurou meu braço - Você merece muito mais.
Jason já estava a uma proximidade perigosa. Senti sua respiração em minha pele. Ele ia me beijar.
Ia.
George chegou como um furacão da sala e tirou Jason de perto de mim imediatamente.
– QUEM VOCÊ PENSA QUE É PARA TENTAR BEIJÁ-LA?! - gritou.
– EU SOU ALGUÉM QUE SE IMPORTA COM ELA DE VERDADE! - Jason retrucou sem se intimidar.
George o socou com toda a raiva que prendera todo esse tempo.
– George! - gritei.
Jason levantou-se e retribuiu o soco.
– Não! Jason! - agora ele estava encrencado.
George o encarou.
– Você tem noção do que acabou de fazer? Você acabou de bater no Príncipe de Illéa!
– O que você vai fazer hein? - Jason provocou - Chamar o papai e toda a cavalaria para te ajudar por que não sabe brigar como homem?
George desferiu outro soco. Segurou James pelo colarinho e falou com uma voz de contida calma:
– Vá embora agora e não sofrerá nada. Essa é a sua última chance!
Jason sorriu.
– Não tenho medo de você! Pra mim é só um príncipe idiota que aproveita que 35 garotas que tem aos seus pés só para usá-las e depois descartá-las!
– Jason! - repreendi.
George o apertou com mais força.
– Quer saber? Já me cansei de você! Amanhã voltará conosco para Angeles para ser castigado em praça pública. Cem chibatadas!
Jason engoliu em seco e eu fiquei paralisada.
– E nem tente fugir - George avisou - Eu te acharei e será muito pior para você!
O príncipe finalmente soltou Jason e foi como um raio para o quarto.
– Kat... Será que...
– Eu vou tentar reverter isso. E por favor, vá embora - pedi, cansada.
Ele assentiu.
– Adeus, Kat.
Quando foi embora, andei calmamente até o quarto em que George estava. Ele estava parado, mirando a noite pela janela. Me aproximei dele e toquei seu ombro. Ele se virou imediatamente.
– O que quer? - perguntou, rude.
– George. Por favor. Você não estava falando sério não é? Não vai fazer nada com Jason - disse, olhando em seus olhos.
– Eu não blefo! - ele exclamou - Ele me provocou e agora vai pagar!
– George por favor, eu também te dei um tapa e você deixou passar. Foi um impulso. Jason é muito impulsivo.
Ele deu uma risada sem alegria.
– Por favor não compare o seu tapa com o soco que ele me deu. Você tinha motivos para fazer isso. Ele estava me desafiando. E eu não suporto ser desafiado!
– George, por favor...
– E o pior! Ele ainda teve a ousadia de tentar de beijar!
Levei uns segundos para assimilar o que ele havia dito. O pior foi ter tentado me beijar? Então ele estava...
– Sabe, eu acho que você está com ciúmes.
– Eu? Ciúmes? Ah, claro que não! - ele não pareceu muito convincente. - Jason me irritou e vai ser castigado e pronto!
Me aproximei dele e falei baixinho:
– Lembra quando me disse que queria evitar todo o sofrimento pra mim? - ele assentiu - Então. Jason é meu amigo. Nos conhecemos desde que tinha três anos. Eu irei sofrer. Por favor não faz isso.
Ele segurou meu rosto delicadamente. Seu olhar estava terno. Ele se aproximou, ficando a apenas centímetros de distância.
– Katherine! - May gritou, fazendo que nos dois nos afastássemos.
– Preciso ver o que ela quer. Por favor, pense nisso - pedi.
Ele assentiu e voltou a mirar a janela. Corri para o quarto de May com mais esperanças. Talvez ele cedesse.
Por mim.
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Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Então?? Acham que George vai ceder??
Comentem!!!