Hoje o dia estava claro, e, por algum motivo, mais feliz. Estava com vontade de sair de casa e esticar as pernas, mas não para ir ao shopping.

— Bom dia, Alexy! — dizia para o garoto que estava na cama perto da minha.

— Oi bonitinha. Acordando essa hora? — ele levantou e deu um bocejo.

— Hoje eu vou ir pra algum lugar, tipo um parque, sei lá.

— Podemos ir para a praia. Mas acho que o bonitinho ali não vai gostar. — ele apontou para Armin com o polegar, que estava dormindo.

— Não precisamos fazer tudo com Armin, cara. — me levantei. — Se você quiser ir, troca de roupa. Ouvi dizer que na praia não usam pijamas.

Ele riu baixinho e eu sai, desci as escadas. Vou procurar a Rosalya.

— Rosa! Hoje, praia? — disse diretamente.

— Pode ser. — ela sorriu de lado. — Mas você não vai almoçar antes?

— Não, estou sem fome. Se precisar de mim, vou estar perto da piscina.

Fui em direção á piscina e me sentei em umas cadeiras que tinha ao lado. Observei o jardim da Melody, estava cheio de borboletas e flores lindas. Sorri.

— Lynn, precisamos conversar, por favor. — ouvi uma voz masculina reconhecível e logo desfiz meu sorriso.

— Kentin... — olhei para minha frente.

— Você nem me deixou explicar. E-Eu, por favor. — disse.

— Você tem cinco minutos. — voltei ao olhar ao jardim, eu me recusava a olhar nos olhos dele novamente.

— Por onde começar? Eu espero que você lembre da minha vingança com a Ambre. — assenti. — Ela não olhou pra mim por três meses e por algum motivo, Letícia descobriu a localização de onde é Sweet Amoris e foi me procurar, pra sei lá, me zoar como antigamente.

— E-Ela te zoava? — eu fiquei surpresa por eu nunca ter notado.

— Era igual a Ambre. Então ela vinha todos os dias no colégio para ver você e logo me procurava. Então, eu decidi fazer como Ambre, mas sem beijar, eu iria dar um fora nela logo depois, como todos meninos que você gostava antes de aceitar meu pedido de namoro. Fomos pro vestiário e ela me beijou, foi algo inesperado, e quando você caiu daquele armário, eu só queria... morrer. Isso, morrer. Então, se você quiser parar de falar comigo eu entendo. Eu também estou me odiando agora. — ele estava com lágrimas nos olhos, eu nunca o vi chorar antes.

— K-Ken! — eu também estava chorando, logo, abracei ele. — M-Me desculpa por fazer isso com você. Ahn, nós, podemos, virar amigos, sabe?

— Amigos. — ele olhou pro chão. — Tudo bem. Melhor que você me odiar.

— Eu n-não posso voltar, não agora, isso tudo... é muito pra mim. Você entende?

— É claro que entendo. Eu só espero que você aceite... — ele estava com uma caixinha nas mãos. — O colar. Bom, a carta dizia exatamente o que eu desabafei. Eu tinha medo que você me ignorasse.

— Sim, tudo bem. — eu coloquei o colar e observei novamente a foto.
Era uma foto que tinha eu e Ken. Era na nossa antiga escola, há dois anos, antes da escola militar. Estavamos no parque, eu, ele e uma amiga nossa, eu esqueci o nome. Ela tinha ganhado uma câmera e estava tão animada que tirou foto de tudo, até Kentin pedir pra tirar uma foto nossa. É uma foto muito fofa que contém boas lembranças.

— Eu tinha ido muito mal na prova de ciências esse dia. — ele riu.

— Você estava quase pedindo pra mim te doar a minha nota. — ele disse, joguei a minha cabeça para trás e ri.

— O papo está bom, mas... — olhei para trás de Kentin, onde Rosalya fazia sinal. — Preciso ir. Até mais, Kentin.

— Até mais, Lynn. — sorriu de lado.
***

— Lys-fofo disse que já vinha. — disse ela sentando na areia.

— Ele estava estranho ontem. — falei.

— Ah, sobre isso... — ela colocou a mão atrás da cabeça.

— Conseguiu fazer o Lysandre e a Charlotte se...

— Não. E ele ainda admitiu uma coisa que eu não tenho muita certeza que você vai gostar.

— Então, me diz?

— Ele gosta de você. — ela fez sinal para um homem que carregava um carrinho de picolé.

— Mas... eu, não sei se correspondo, e não quero partir o coração dele novamente.

— Novamente? — ela ficou confusa.

— Esquece.

— Eu vou querer um picolé de limão e um de... — ela olhou para mim, estava falando com o cara do picolé.

— Uva. — sorri.

— Aqui está. — ele ofereceu o picolé e Rosa deu o dinheiro.

— Depois eu te pago. — falei.

— Sem problemas. — disse Rosalya. — N-Não precisa dizer pro Lys isso que eu te falei, tá?

— Claro. — suspirei.

— Você gosta do Armin, né?

— Eu queria. Mas eu não faço ideia dos meus sentimentos atualmente. — suspirei novamente.

— Eu vi você falando com Kentin. Imagino que vocês tenham virados amigos ag... — ela virou para trás, boquiaberta do que viu.

Virei para ver também, e, como Rosa, fiquei impressionada. Eram Lysandre e Alexy vindo, mas atrás deles, estava o Armin! Sim, aquele que odeia sol mesmo.

— Vai chover? — Rosalya gritou.

— Hoje é o dia dos milagres. — ri.

— Nem eu estou acreditando. — Alexy chegou e sentou-se ao lado de Rosa. — Vocês acreditam que ele nem trouxe o PSP?

— NÃÃO! — eu e Rosalya gritamos em coro, em um tom irônico.

— Daqui a pouco o Lysandre vai se lembrar onde deixou seu bloco de notas. — ri.

— Está falando desse? — puxou da sacola que trazia com ele.

— Hoje é mesmo dia dos milagres, Lynn. — disse Rosa.

— Alexy me arrastou. E, pensando bem, o que seria uma tarde inteira sem vocês? — riu Armin.

— Uma tarde horrível. Até eu quero ficar comigo mesma. — ri da minha própria piada.

— Vocês vão no mar? — disse Alexy.

— Vamos? — me levantei e dei a minha mão pra Rosalya se levantar.

— Tá. — Rosa bufou. — Mas nada de afoga afoga, certo?

— Não prometo nada. — falei.

— Talvez eu pense no seu caso. — disse Alexy.

O mar estava quente, finalmente! Alexy e Lysandre afogaram Armin sem parar, eu tinha minhas dúvidas de que ele ainda estava vivo. Na hora que eu iria afogar Alexy, minha barriga roncou. Eu ainda não comi nada desde que eu acordei.

— Rosalya, acho que vou desmaiar. — disse.

— Francamente, eu te chamei para almoçar, Lynn! — disse rindo.

— O que eu não faria por um sonho... — falei angelicalmente.

— Você é uma chata. — ela bufou. — Lysandre, vem, vamos comprar sonhos.

— Mas eu não estou com f... — ela arrastava ele pela praia.

— B-Bom, eu vou com eles! — Alexy disse rapidamente depois de olhar para mim.

Não entendi porque Alexy quis ir, até olhar pro Armin. Eles só queriam nos deixar sozinhos.

— Você não trouxe mesmo seu PSP? — me sentei na areia.

— Quem diria, não é mesmo? — ele se sentou do meu lado. — Talvez tenha coisas mais divertidas que jogar.

— A-Armin... — eu corei.

— Lynn? — ele olhou para mim.

— E-Eu... — tentei me aproximar, mas não sei se deu muito certo.

— Esse é o colar que o Kentin te deu, não é? — suspirou.

— Sim. Nós conversamos e eu perdoei ele. — sorri.

— Você o-o que? — ele tossiu.

— Não me diga que você está com ciúmes. — joguei a cabeça para trás e gargalhei.

— N-N-Não, aquele cara é um falso. — ele corou.

— Depende do seu ponto de vista. Ouviu a explicação dele?

— Eu não ouvi, mas deve estar cheia de mentiras. Então vocês voltaram?

— Por que isso te incomoda tanto? — eu estava me divertindo.

— Lynn, você voltou com Kentin?!

— Calma aí, eu não voltei não! Também não sou burra.

— Você gosta do Lysandre? — disse.

— Armin! Eu n-não gosto desse jeito.

Ficou um tempão no silêncio, até Armin me beijar. Eu fiquei bastante surpreendida, eu jurava que quem fosse fazer isso fosse eu, sei lá. Depois que ele parou, eu não sei o quanto fiquei vermelha. Mas eu sentia como se deixasse minhas bochechas por horas no sol.

— Voltamos! — gritou Rosa. — Nossa Lynn, você se queimou?!

— N-N-Não, ou sim, p-provavelmente. — disse e Rosalya provavelmente notou o que houve, pois sorriu.

— Bom, ainda está com fome? — ela disse e eu assenti, ela me deu os sonhos.

Enquanto eu estava quase devorando os sonhos junto com Rosa, os meninos foram nadar.

— Me conta! — disse Rosalya com um grande sorriso.

— Vou resumir. Conversa, ciúmes, silêncio, beijo. — murmurei.

— Ele finalmente tomou uma atitude?

— Parece que sim. — sorri.

— Espero que o Lys-fofo não descubra sobre.

— Você já viu o Lysandre chorar?

— Não. — ela me olhou.

— Nem eu. É algo que eu tenho medo de ver.

— Por que fugiu do assunto?

— Rosa, eu amo o Lysandre. Ele é um amor e meu melhor amigo, mas eu não sou apaixonada por ele, entende?

— B-Bom, a esperança é a última que morre. — ela sorriu. — Eu adoraria dividir uma casa com Leigh, você e ele.

— Vamos? — Alexy gritou muito alto, ele estava longe. — Vai escurecer!

— A praia a noite é tão linda! — disse Rosalya, feliz.

— Frio também, vem, vamos.

Nós fomos a pé para a casa da Melody. Demorou mais ou menos quinze minutos para chegarmos, e quando chegamos, Kim nos chamou. Eles iriam fazer uma festa a noite e chamaram a gente pra ir ao mercado, mas recusamos. Eu precisava dormir, fui correndo pro meu quarto e não demorou nem cinco minutos para eu cair no sono. Quando eu acordei, já era madrugada e vinha um barulho de música altíssimo do andar debaixo.

Eu rapidamente desci para ver a festa e acho que tinham menos de dez pessoas que não estavam bêbadas.

— Lynn! Pensei que não acordaria. — disse Armin, ao lado de Alexy. — Ele está bêbado.

— Quem além de nós não está? — ri.

— Eu sei lá, mas eu poderia fazer uma lista gigante de quem está. — Armin ria enquanto Alexy parecia querer vomitar.

— Armin, a-aquela é a Rosalya? — eu apontei.

Rosalya estava beijando Dake — eu não fazia a mínima ideia do que ele fazia aqui — o que me fazia querer vomitar também. Eu fui correndo em direção a Rosalya.

— ROSALYA, O QUE VOCÊ TA FAZENDO? — puxei ela pelo braço.

— L-Leigh me ligou, Lynn. — ela estava com lágrimas nos olhos.