Perfeito Aos Meus Olhos escrita por Joice Santos, Joice Reed Kardashian


Capítulo 3
Capítulo 3 – Pesquisas e Planejamentos


Notas iniciais do capítulo

Boa noite pessoinhas lindas do Nyah! Aqui está mais um capítulo. Agradeço de coração a todos que estão acompanhando e comentarem nos capítulos anteriores, vocês me motivam bastante assim. Obrigada! (:
Espero que gostem deste capítulo também.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/615364/chapter/3

Fazia apenas 3 dias que eu não via Emmett e não podia estar mais ansiosa. Toda vez que encontrava meu irmão conversando com Alice no telefone, fazia questão de pedir que perguntasse a baixinha pelo meu garoto de covinhas.

Meu garoto de covinhas.

Okay, talvez eu esteja delirando. Emmett não é meu, é apenas meu amigo. Mas eu não me importaria de saber que ele gosta de mim, porque eu gosto dele. E muito.

Se havia algo no mundo que encantava era a fotografia, nunca pensei que nada mais pudesse prender minha atenção de tal forma. Mas descobri que alguém pode. Emm conseguiu me fascinar mil vezes mais e eu não sabia como fazer meu coração desacelerar toda vez que ele unia sua mão à minha ou quando sorria daquele jeito doce. Até seu olhar, mesmo quando vago, me encantava. Eu passaria minha vida inteira admirando aquele garoto.

– Ei Rose, sonhando acordada? – Jazz bateu na porta do meu quarto, colocando a cabeça para dentro e me encarando. Escondi a foto de Emmett que estava em minhas mãos embaixo da perna. – O que você escondeu aí?

– O que? – me fiz de desentendida. Jasper se aproximou de mim, tentando encontrar o que eu havia escondido.

– Não se faça de desentendida, garota. Eu vi quando você escondeu uma foto aí debaixo. Vamos, me deixa ver. – ele puxou minha perna e, antes que eu pudesse tomar das mãos dele, Jazz ergueu a foto. – Hmm, uma foto do Emmett. – estalou a língua.

– Pare de ser intrometido, eu vou chamar a mamãe. Me devolve, Jasper! – fiquei de pé em cima da cama tentando pegar de volta minha foto, mas ele se afastou ainda mais.

– Você está caidinha pelo irmão da minha fadinha, não é? – ele perguntou, me encarando e eu me joguei na cama fazendo minha melhor cara de emburrada. – Não adianta fazer bico, Rose, eu sei que sim.

– E se eu estiver, qual o problema? – cruzei os braços. O que ele tinha a ver com isso?

Era da minha vida que estávamos falando, Jasper era apenas meu irmão chato e curioso. Eu podia me interessar por quem quisesse, ele não tinha que se intrometer.

– Eu já te falei. Emmett não é um garoto normal, Rose. Ele... – não o deixei terminar, estava cansada daquele papo. Estava cansada de pessoas dizendo isso a respeito do Emm. Soava tão grosseiro pra mim.

– Ele é normal, Jazz. Pare com isso! Você está parecendo se com a mãe dele. Colocando milhões de restrições. Emmett é apenas diferente. Todos nós somos. – desci da cama, parando em sua frente. – Ele... Ele é especial, Jazz. – deixei meus ombros caírem e meus braços se descruzaram.

Suspirei. Porque tinha que ser tão difícil dele enxergar? Compreender? Somente eu e a Alice parecíamos enxergar a pessoa especial que Emm era. Queria poder abrir os olhos de todos a minha volta e esvaziar suas cabeças dos preconceitos. Ele era autista. Okay, mas e daí? Era tão impossível assim Emmett ter uma vida normal como dos outros adolescentes da nossa idade?

Eu tinha certeza que não. Entretanto, só teria se pudesse ter a oportunidade de experimentá-la. E isso parecia ser algo inalcançável tendo a mãe o colocando numa bolha e mais milhares de olhos o censurando.

Jasper também suspirou. Segurou minha mão e me puxou para cama. Quando o polegar do meu irmão acariciou o nós dos meus dedos da mão direita e seus olhos cor de mel analisaram meu rosto, soube o sentimento que estava implícito ali. A preocupação era clara, e eu não vi um motivo concreto para sua existência.

– Rose, eu sou seu irmão mais velho. Eu entendo que você esteja encantada com o Emmett, ele é sim um garoto incrível. Apenas não sei dizer se ele sente ou sentirá o mesmo que você e por você. Compreende? – explicou, tentando me fazer enxergar seu ponto de vista e eu assenti, positivamente. – Na adolescência tudo é muito intenso.

– Jazz, você está falando como se tivesse 40 anos quando é apenas três anos mais velho que eu. - brinquei, rindo de leve. Ele também sorriu.

– Sim, mas já passei por essa fase. Lembra-se da Tahliah? – fiz que sim com a cabeça quando ele se referiu a uma garota morena e baixinha de morava na casa ao lado. Jasper tinha 15 anos e babava por ela até descobrir que Tahliah Gibson também gostava de garotas. Meu irmão até chorou.

– “Oh mamãe, ela estava beijando uma garota. E uma garota feia! Eu tenho muito azar.” – imitei uma voz de choro, dramatizando a cena que Jasper fez assim que chegou em casa dizendo avistara seu paixão platônica no parque com uma menina que segurava um skate.

Jazz riu. Agora ele achava graça, mas na época o assunto era proibido nesta casa. Ficava todo vermelho quando eu ou nossas primas, Tanya e Kate, fazíamos comentários e brincadeirinhas sobre isso.

– Tá, tá. Não precisa me zoar pela centésima vez. O que eu estou querendo dizer é que eu gostava muito dela e fiquei realmente chateado por não ser correspondido. Não quero que você se magoe. Faz parte da vida, de crescer, que isso aconteça. Mas, Rose, você é minha irmãzinha e o que eu puder fazer para evitar suas lágrimas, irei fazer. – falou, exalando sua extrema sinceridade e amor fraternal.

Assenti. Entendia sua preocupação, entendia que como irmão maior queria e tentaria me proteger de tudo e de todos. Mesmo que não achasse que precisava de proteção. Pelo menos não em relação à Emmett. Quebraria a cara, me desapontaria, seria apenas a amiga que brinca com ele, tira fotos e lê histórias. Ele não precisava gostar de mim como eu gostava dele. Precisava, apenas, gostar. Simples assim. Só queria estar perto do meu garoto de covinhas. Bastava, mesmo que já estivesse me apaixonando e que talvez ele nem soubesse algo em relação a esse tipo de sentimento.

– Obrigada Jazz, de verdade. Sei que quer o meu bem e me proteger. – apertei sua mão. – Eu não ligo se o Emm não gostar de mim, já está bom ser só amiga dele.

– Qualquer garoto seria sortudo por gostar de você, Rose.

– Mas não é qualquer garoto, Jazz. É o Emm. É dele que eu gosto, mesmo que pareça bobeira pra você. Posso estar levando isso na tal “intensidade” – fiz aspas com os dedos -, da adolescência como você diz, mas deixa continuar assim. Eu vou ficar bem. Faz parte, não é, cachinhos-dourados?! – sorri, bagunçando seus cabelos e ele devolveu o sorriso.

– Vem cá. – Jasper abriu os braços e eu me arrastei até ele. – Te amo, irmãzinha. – meu irmão beijou minha cabeça e ficamos assim um bom tempo. Abraçados, curtindo o momento fraternal.

– Tá, agora chega de tanto amor. – brinquei, me soltando dele e colocando duas mechas do meu cabelo atrás das orelhas. – Você queria falar mais alguma coisa?

– Sim, e também tem a ver com o Emm. – suspirei.

– Mais Jazz? Sério, não vamos continuar com esse assunto. – reclamei, exausta por discutir algo que achava completamente desnecessário. Meu irmão riu, negando com a cabeça.

– Não, não. É sobre o aniversário dele e da Alice.

– Quando é? – meus olhos brilharam de ansiedade.

– Oito de Novembro. – meu irmão respondeu, me fazendo pensar no calendário. Já era no próximo final de semana.

– Está super perto, Jazz. – me espantei, pensando se teria tempo de comprar um presente bem legal. – Espera. Aniversário do Emm ou da Alice é no dia oito? – minha expressão era de confusão.

– Dos dois. Eles nasceram no mesmo dia por incrível que pareça. – Jazz deu de ombros e eu ri, achando o fato bem interessante.

Um garoto da minha turma no colégio, Donavan, que também era meu parceiro no laboratório de química, fazia aniversário exatamente no mesmo dia que o pai o dele. Era como se, no dia de seu nascimento, ele fosse o presente do pai. Isso era bem diferente e divertido na minha opinião.

Agora, sabendo do aniversário dos irmãos Cullen, era como se Emmett fosse o presente da Alice.

– Que demais, Jazz! – comemorei. – Vai ter festa? – meu irmão se ajeitou melhor na cama antes de responder, remexendo-se sobre meu edredom lilás, completamente embolado.

– Alice me contou que todo ano o Instituto que o Emmett estuda faz um bolo e o pessoal de lá canta parabéns para ele, assim como faz com todos os aniversariantes. – explicou Jasper e eu imaginei a figura de Emm toda lambuzada de bolo, exibindo seu lindo e doce sorriso de convinhas enquanto ouvia o famoso “parabéns pra você” e as palmas. – Lice também disse que a família não costuma fazer festas, ela comemora sempre almoçando com eles e saindo a noite com as amigas. Então eu pensei que a gente poderia fazer uma surpresa em família pra eles. O que acha? – sugeriu e meu sorriso aumentou de imediato.

– É claro que topo! Vai ser um máximo! Já falou com a mamãe e o papai? – perguntei e ele negou. O movimento com a cabeça fez seus cachinhos balançarem, me fazendo lembrar Alice o chamando de anjinho.

– Preferi falar com você primeiro, aí combinamos tudo com eles juntos.

– Okay, na hora do jantar nós vemos isso. – Jazz assentiu e ergueu a mão. Bati minha palma na dele, sorrindo.

Vi Jasper deixar meu quarto e me coloquei a pensar no presente perfeito para Lice e Emm. Queria algo que fosse autentico. Que eles olhassem e soubessem “este foi da Rose”.

Então a ideia estalou em minha mente, como um clarão de fogos de artifício.

Fotografias.

Era o que eu fazia de melhor, era minha marca registrada para família e amigos. Daria a Emm e a Alice algo que eles pudessem sempre olhar e se lembrar de mim. Seria um presente divertido, criativo e encantador. Precisava apenas amadurecer a ideia e elaborá-la melhor.

[...]

Durante o jantar, eu e Jasper conversamos com mamãe e papai sobre o plano para o aniversário dos irmãos Cullen. Eles toparam no mesmo instante e dona Carmen de prontificou a fazer os doces e sobremesas.

Alice havia ligado poucas horas antes, dizendo que Emm estava com saudades e queria que eu fosse lá ler e tirar fotos com ele. Meu irmão fingiu estar magoado pelo convite ser apenas para mim e logo a namorada tratou de avisar que ele não precisava ser convidado, estava intimado para passar o domingo com ela num passeio romântico pelo parque e cinema logo em seguida.

Não pude deixar de ir para cama sorrindo. Teria a melhor tarde de domingo do mundo e aproveitaria para falar com o senhor e a senhora Cullen a respeito da surpresa para os filhos deles.

Antes de subir, agradeci aos meus pais pela ajuda e pedi à mamãe que fosse comigo na segunda-feira até o centro da cidade. Precisava comprar filme e papel para revelar as fotografias, além do álbum. Sim, esta era minha ideia. Um álbum de fotos tiradas e editadas por mim, para Emmett e Alice. Só precisava pedir a Jasper que inventasse um pretexto para que Alice me deixasse fotografa-la. E tinha certeza que isso seria fácil.

Depois de vestir meu pijama confortável – e infantil aos olhos do meu irmão maior, já que consistia numa calça cumprida cor-de-rosa e blusa de magas longas, branca, com estampa de ursinhos –, liguei o computador e me sentei na cadeira com rodinhas.

Tanta conversa sobre Emmett, o fato de o acharem incapacitado, e minha súbita – porém não menos real e importante – paixonite por ele, me fizeram ficar curiosa quanto ao assunto autismo.

Assim que a página do Google abriu, me coloquei a pesquisar sobre as características de pessoas autistas para tentar compreender melhor com que estava lidando.

O autismo poderia se desenvolver em diferentes idades, em diferentes graus. O autista pode ter uma vida quase que completamente normal, dependendo dos tratamentos que fizesse. Na maioria, são muito inteligentes, mas a grande característica que os distingue das outras pessoas é o fato de não conseguirem se relacionar socialmente com as pessoas. Eles não gostam de muito contato, principalmente olho no olho. Isso me fez lembrar exatamente de Emmett que, apesar de gostar de me cumprimentar entrelaçando nossas mãos, não me olhava diretamente nos olhos e, quando o fazia, era extremamente rápido.

Outra característica que me chamou atenção foi o fato das pessoas autistas terem um comportamento muito regular, organizado e repetitivo. Quando fui pela primeira vez à casa dos Cullen, a estante de livros de Emmett era completamente organizada. Seus livros estavam ordenados por tamanho e cores, do menor para o maior, dos tons mais claros aos mais escuros. Ele também guardou o exemplar do Pequeno Príncipe no exato local e da mesma forma que estava antes. Não parecia um quarto comum de um adolescente de 16 anos, revirado e com objetos pelo chão. Era tudo limpo e arrumado. No momento não pensei que tivesse a ver com isso, apenas que ele e sua família gostavam de ter tudo em ordem.

Também me lembrei de que, durante o jantar, Emm parecia não ter gostado de sentar ao meu lado. Agora percebi que não era nada disso. Provavelmente ali não era seu lugar a mesa todos os dias. O simples fato de trocar os assentos contrariava o comportamento e a mente dele.

Encontrei vários artigos e pesquisas sobre o assunto, depoimentos de mães e familiares com parentes autistas. Porém o que mais gostei de ler foi à entrevista de um doutor com um rapaz autista de 28 anos. O médico lhe perguntara se ele já havia se apaixonado, se ele sabia o que era paixão. Ele disse que poderia não saber exatamente o conceito disso da mesma forma que nós, mas que tinha sentimentos e sabia como agir quando tivesse interessado em uma garota. O doutor perguntou como ele fazia para se relacionar com as moças e Max, o tal rapaz, disse que gostava de ir ao shopping, quando avistava alguém que lhe chamasse atenção ia até ela e pedia seu telefone.

Achei engraçada a história, mas não só isso. Havia também o depoimento de um neurologista que dizia ter tratado casos em que pessoas autistas haviam se casado e até tinham filhos. Essas pessoas sabiam, de sua maneira singular, manter uma vida familiar e um relacionamento, apesar de sua características marcante ser a dificuldade de integração social.

Não que eu esperasse casar e ter filhos com o Emmett. Entretanto, saber que ele era capaz, assim como qualquer outra pessoa, de ter esse tipo de relacionamento já me deixava satisfeita. Mesmo que não fosse comigo, mesmo que isso nunca acontecesse para ele. Saber dessa capacidade, que contradizia com o pensamento do meu irmão e de muitos outros, era como uma vitória. Me senti orgulhosa por ele e me peguei sorrindo bobamente.

Bocejei, coçando os olhos. As letrinhas miúdas na tela do computador começavam se embaralhar, então desliguei e fui para cama. Estava morrendo de sono e me sentia cansada, apesar de não ter feito nada empolgante ou agitado o dia todo. Amanhã seria sábado e logo depois chegaria meu tão esperado domingo. Já estava ansiosa. Não só pra isso, mas também para que amanhecesse e eu pudesse contar à Jazz sobre minha pesquisa noturna. Espero que quando ele me ouvir, mude um pouquinho seu conceito a respeito do que acha “não ser normal”.

Liguei a luz fraca do abajur e me cobri com as três cobertas que mamãe havia trazido depois do jantar. A previsão avisara uma nevasca nessa madrugada. O vento cortante lá fora embaçava minha janela. Fechei os olhos, me aconchegando sob os cobertores. O ruído vindo do lado de fora, as folhas da arvore próxima a minha janela roçando no vidro, me embalou para uma boa noite de sono.

[...]

O meu sábado passou rapidamente. Achei que, por eu estar ansiosa para domingo, fosse demorar. Mas foi ao contrário e eu agradeci, mesmo tendo tido uma tarde muito divertida com a vovó Meredith.

Logo pela manhã, enquanto eu e Jasper lavávamos a louça do café, contei a ele sobre o que tinha pesquisado na internet a respeito do autismo.

Meu irmão ficou contente por eu ter me esforçado para entender sobre o caso e também por explicar a ele. Jazz prometeu ser mais compreensivo e me pediu desculpas por ter dito que Emmett não era um garoto normal.

Eu sabia que ele não pensava realmente assim, era apenas sua preocupação de irmão batendo à porta de sua cabecinha cheia de cachos dourados.

O relógio marcava duas da tarde quando meu irmão saiu para encontrar Alice. Eles já iriam passar praticamente o domingo inteiro um com o outro, qual a necessidade do sábado também? Esses dois eram verdadeiros pombinhos apaixonados. Mas de acordo com esse passeio era junto com outros amigos, tanto da turma dele quanto da de Alice.

Vovó Meredith chegou a tempo de ver Jasper sair com seu carro – aquela lata velha que ele insistia em chamar de “meu xodó”. Ela ainda gritou para que namorasse bastante. Essa minha vó era uma peça!

– Rose, querida. Como está a neta mais linda da Mary? – Meredith me abraçou na porta.

Eu ri. Ela não proibia que eu e Jasper a chamássemos de avó, mas ela mesma não se referia a si como tal. Só Jazz era terminantemente proibido de chamá-la de vovó perto de pessoas que não eram da família.

Meredith dizia que não aparentava idade de ser avó do meu irmão. Isto porque Jazz era alto e passava a impressão de ter 20 e tantos anos, e não dezenove.

– Eu sou sua única neta, vovó. – fiz careta, enquanto entrávamos abraçadas.

– Eu sei disso. E mesmo assim é minha preferida. – Mary beijou minhas bochechas e as apertou. Era nessas situações que ela realmente parecia ser uma avó, me apertando e beijando.

Mamãe veio ver a vovó. As duas sorriram e trocaram beijos nas bochechas. Vó Meredith fez questão de brincar com minha mãe, dizendo ela aparentava estar velha de tanto se estressar.

Carmen deveria já estar acostumada com as brincadeiras de sua mãe, mas mesmo assim a vi ir, disfarçadamente, para o banheiro checar se não havia rugas ou marca de expressão no rosto.

Meredith era hilária! Esperava chegar à idade dela com o mesmo humor e disposição. Minha avó era um grande exemplo, me fazia sentir a pessoa mais preguiçosa do mundo.

Deixei vovó na sala por apenas alguns instantes e subi até meu quarto, a fim de encontrar minha câmera e mostrar as novas fotos para ela. Mary adorava minhas fotografias e dizia que eu tinha talento.

E essa paixão pela câmera meio que começou por influência dela. Meredith me mostrou um baú de coisas antigas do vovô e lá havia uma câmera bem antiga. Ela disse que o vovô John fotografava apenas como passatempo, já eu queria isso como profissão.

Desci, segurando a máquina e esbanjando um sorriso ansioso.

– Olha só vovó, eu fiz novos amigos. – me joguei ao seu lado no sofá. – Essa é a Alice, namorada do Jazz. – ela pegou a câmera de minhas mãos e olhou a tela.

Uma foto de Alice jogando bola com meu irmão, no dia que fomos ao parque, aparecia no visor. Os cabelos dos dois estavam arrepiados pelo vento e eles tinham sorrisos arrebatadores nos lábios. Era uma foto linda, eles haviam adorado.

– Que baixinha bonita seu irmão arranjou, hein?! Qual o sobrenome? – perguntou Meredith.

– Cullen. Alice Cullen. – respondi e minha avó colocou uma expressão pensativa no rosto.

– Hmm Cullen, esse sobrenome não me é estranho. Já devo ter dado aula para os pais dela. – ela comentou, analisando a imagem.

Vovó Meredith fora professora e conhecia muita gente. Quando digo muita é muita mesmo. Era raro sairmos para algum lugar e ela não encontrar algum conhecido. Sempre um ex-aluno ou colega de trabalho.

– Okay. Olha, esse é irmão da Lice. – passei para próxima imagem, onde havia minha foto favorita daquele dia. Emmett sorrindo segurando a bola de plástico vermelha. – Ele se chama Emmett.

Vovó olhou a foto e um sorriso singelo surgiu em seu rosto. Era impossível não sorrir olhando para aquele foto. Emmett estava pra lá de encantador.

– Garoto bonito. Olha essas bochechas! – ela balançou a cabeça como que aprovando e eu não consegui evitar a risada. – Parabéns querida, estão lindas as fotos.

– É, o Emm é lindo mesmo. – divaguei baixinho, ignorando a segunda parte da fala de Mary. Ela percebeu e me deu um olhar sugestivo.

– Hmm, nós temos uma garota apaixonada aqui? Eu acho que sim, hein. – Meredith cutucou minha cintura, fazendo-me encolher e rir mais.

– Nada a ver, vovó. Ele é só meu amigo. – disfarcei, pegando a câmera de suas mãos e trocando para próxima foto. Essa era de Alice, Jazz e Emm, comendo na lanchonete.

O olhar provocativo da minha avó pesou sobre mim. Ela me conhecia muito bem pra saber que eu estava ocultando algo dela. Resolvi contar sobre minha amizade com Emm, como nos conhecemos e quando saímos com nossos irmãos. Contei também sobre ele ser autista e o todo preconceito envolvido nessa história.

Não precisei chegar a contar detalhes sobre minha pesquisa na internet. Vovó disse que já teve alunos assim, na época em que trabalhou num instituto especializado para o caso.

Nunca soube dessa história, mas gostei de escutar sobre o ponto de vista de alguém que já teve mais contato com essas pessoas, mesmo que Mary tenha trabalho nisso por apenas 6 meses.

– Autistas são pessoas normais, Rose. Apenas com uma dificuldade intelectual diferente. Isso não os torna pior que ninguém. Esse preconceito é tão velho, até eu na idade que estou evoluí mais que alguns jovens de hoje. – vovó falou e eu concordei com a cabeça. Realmente, quando era jovem minha avó devia estar um passo a frente de sua época. – Não se afaste de seu amigo, querida. Vocês parecem ter uma amizade muito bonita.

– Eu não vou, vovó. Não vou deixar ninguém me afastar do Emm. Se ele me deu abertura pra construir essa amizade então eu vou aproveitar ao máximo. – sorri, abraçando minha avó. Meredith beijou minha cabeça.

Contei a ela que iria amanhã, durante a tarde, à casa dos Cullen tirar fotos com Emm. Ela sorriu, pedindo para que lhe mandasse as fotos depois por um email, já que logo cedo estaria viajando para La Push com o novo paquera, um tal de Billy.

– La Push, vovó? Mas é uma reserva com praia! E vai nevar provavelmente, o noticiário avisou hoje.

– E desde quando neve impede sua avó de se divertir, Rosalie Hale? – ela sorriu, me puxando para outro abraço.

Nisso eu tinha que concordar. A situação tinha que ser gravíssima para mudar os planos de Mary.

Mamãe se ajuntou a nós na sala quando papai voltou do centro da cidade. Ficamos comendo biscoito, tomando chocolate quente e escutando as histórias divertidas de minha avó. Só faltou Jasper para a família ficar completa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam?
Toda pesquisa da nossa Rose também foi feita por mim. Tudo que escrevi nessa parte tirei de sites, inclusive a tal entrevista mencionada.
Comentem e recomendem se puderem, me façam feliz, please :3
Beijos e até o próximo.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Perfeito Aos Meus Olhos" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.