POV ZIVA

Eu estava no avião para Tel Aviv, com o coração quebrado e uma foto da família que tive no último ano. Era difícil ter de deixa-los, mas era o que eu tinha que fazer. Não havia nem feito uma semana que eu tinha me despedido do Tony e decidido largar os distintivos quando o pessoal da agência ASEID me procurou, essa agência faz o MOSSAD parecer brincadeira de criança. E quando te recrutam para esse tipo de agência você simplesmente obedece, não há escolha. No segundo mês de serviço na ASEID descobri que estava grávida, tive de comunicar aos meus superiores que me deram duas alternativas: abortar ou doar meu bebê para o centro de treinamento. Estava inclinada a fazer o aborto mesmo que eu quisesse minha filha eu não queria vê-la sendo treinada desde criança para o combate. Felizmente eu havia feito amizade com a vice-diretora da ASEID, chamada Moriah, eu contei a ela que o pai do meu bebê morava nos Estados Unidos. Moriah conseguiu uma licença de um ano para que eu tivesse meu filho, deixasse com o pai e voltasse para ASEID.

E agora eu estava de volta a Israel, havia deixado Elisa e Tony sozinhos. Tinha tanto medo de minha filha crescer com ódio de mim, mas porque não cresceria? Sua mãe a deixou sozinha com o pai para lutar por algo que não acreditava mais. Eu planejo voltar, mas não sei quanto tempo vai durar minha missão e se depois dessa não serei enviada para outra, e mais outra.

Será que Tony poderá me perdoar? Poderá me perdoar por ter feito acredita-lo que poderíamos ficar juntos? Eu o amo, e me arrependo por não ter voltado com ele para os Estados Unidos quando tive oportunidade. Fico me perguntando qual foi a reação dele quando viu a carta? Será que ele não vai mesmo me procurar?

Eu não menti quando disse que confio nele como pai, sei que Tony vai fazer tudo para proteger Elisa, é claro que como mãe fico me perguntando: será que ela já comeu? Será que ele deu banho nela? Será que a babá que ele contratar não vai ter antecedentes criminais?

Após horas dentro do avião pensando em Elisa e Tony o avião finalmente pousa. No aeroporto já havia homens para me “escoltarem” até a base, chegando lá o diretor Gidon me recebeu dizendo:

–Bem vinda de volta oficial David, queria dizer que você teria folga para descansar da viagem, mas não temos esse tempo. Você parte hoje mesmo para o Afeganistão.

–Qual a missão?

– Você será espiã em uma célula terrorista.

–Eu e mais quantos?

–Você vai ser a única lá, para não levantar suspeitas, confio em você David e espero que você não estrague a missão. Lembre-se de deixar o velho Eli orgulhoso.

Gidon e meu pai eram amigos há muitos anos atrás, não sei ao certo o que aconteceu para terem parado de se falar.

Eu embarquei em um navio junto com algumas mulheres que haviam se convertido ao Islã, durante a viagem aprendi a me comportar como elas, ser uma delas para que não houvesse nenhuma suspeita. Nesse tipo de missão se te descobrirem você é uma mulher morta.