POV FELICITY

– O que você quer? – Cuspo as palavras ao entrar no galpão que iriamos nos encontrar com Malcolm. O homem antes virado para grande janela, com vista para cidade, se vira para nós.

– Precisamos ir para Nanda Parbat. – Solto uma gargalhada debochada.

– O que você está tramando agora? – Diggle pergunta de forma agressiva.

– Mesmo depois de deixar a Liga, ainda possuo membros que me devem uma eternidade de serviços. – Reviro os olhos. – Fui informado que Ra’s planeja um atentado contra Starling City. Ele usará uma arma biológica criada pela ARGUS. – Meus olhos vão até John que sorri e revira os olhos.

– E você espera que acreditemos em você? – John sorri e assente. Mas Merlyn permanece sério.

– Você já ouviu falar sobre Alpha-Ômega? – Dig para de sorrir e seu rosto empalidece. – Foi o que imaginei. Agora você sabe que não estou ‘tramando’ nada. – Faz aspas.

– O que é Alpha-Ômega? – Pergunto tentando entender alguma coisa desse assunto maluco. Malcolm se vira para mim e estica uma pasta de arquivos. Começo a folhear e meus olhos se chocam com o que veem. – Como Ra’s teve acesso a essa tecnologia? Que eu saiba aquele lugar é extremamente arcaico. – Pergunto nervosa.

– Isso não vem ao caso agora, Srta. Smoak. Precisamos impedir que o vírus chegue a Starling City. – Assinto e viro para Laurel que também assente. – Partimos ao amanhecer. – Some do nosso campo de visão.

[...]

– Já estamos nos aproximando do local de pouso. – Ouço Malcolm dizer. – Preciso que desative os drones que transportarão a arma. – Respiro fundo e assinto. – Nós cuidaremos de sua segurança. – Reviro os olhos.

– Ainda não confio em você. – Bufou e ele sorri. Sinto o jato pousar e olho para Laurel, ela assente e saímos rumo ao fogo cruzado. Corro em direção ao drone localizado a direita e começo a digitar em meu tablet. Olho para os lados e vejo todos envolvidos em uma batalha que poderia fracassar a qualquer momento. Meu tablet apita informando que faltavam apenas 5% para cancelar um lançamento quando sinto uma fisgada no braço. Grito e olho para minhas mãos, o tablet está destruído com uma flecha fincada. Me viro e um membro da Liga corre em minha direção. Olho ao redor e todo meu reforço está ocupado. Mesmo com dor, saio correndo em direção ao drone, afinal ele ainda estava programado para ser lançado. Abro o compartimento e vejo o frasco do vírus. Rapidamente, minha salvação aparece com sua armadura. Graças a Deus, Ray! Ele derruba o membro da Liga que me perseguia e pega o frasco da minha mão.

– Vá ajudar os outros Felicity. Eu cuido disso. – Assinto e me afasto para ajudar Laurel. Quando estou distante de Ray escuto o mesmo gritar e automaticamente todos param de lutar.

– Hey! - Todos olham em sua direção. Vejo Oliver se aproximar com mais membros, mas o mesmo para ao ver Ray com o frasco na mão. – É isso que vocês tanto querem? – Pergunta com seu jeito curioso de sempre. Encaro Oliver o desafiando. Ele estende a mão e seus homens antes agarrados a meus parceiros, os soltam e se afastam. Solto o ar aliviada por pelo menos isso ter dado certo. Meu braço doía muito, mas não podia me preocupar com isso agora. Vejo Ray começar a caminhar para mais distante e olhar em minha direção. Rapidamente entendo o que ele está prestes a fazer. Sem perceber meus pés já se movimentavam rumo a ele.

– Não faça isso! – Esgoelo o mais alto que posso e então meus parceiros parecem finalmente entender. Um membro da Liga segura meu braço brutamente e grito de dor e ao mesmo tempo de desespero. – Ray! – Soluço totalmente desesperada. – Por favor, não! – O mesmo ergue o frasco e sorri para mim transmitindo um olhar intimo de carinho que costumávamos trocar. A Liga impede todos de avançar para sua posição. Meus olhos se conectam com os dele por última vez, até ele virar o líquido por completo. – Não! – Grito descontrolada tentando me soltar dos braços do encapuzado e o mesmo me joga no chão com força. Sinto uma forte pancada na cabeça e permaneço deitada, levanto a cabeça e vejo o homem vir em minha direção com sua espada. Olho para o corpo inerte e distante de Ray, então fecho os olhos esperando pelo golpe.

– Já basta! – Ouço uma voz conhecida dizer. Abro os olhos e a espada está a centímetros do meu pescoço. – Levem-nos como prisioneiros. – Oliver trás o olhar para mim e desvio de imediato. John se aproxima e me ajuda a levantar. Caminhamos para dentro daquele lugar macabro, cercados por membros até que chegamos a um corredor escuro. Um homem encapuzado abre uma das celas e sem discutir entramos. Todos em silêncio, ainda atônitos sem acreditar no que havia acabado de acontecer. A imagem de Ray se sacrificando estava marcada em minha memória. Eu não acredito que ele fora capaz de fazer uma coisa dessas. Eu falhei e por isso Ray está morto. Oliver realmente está mudado e não consigo acreditar que deixou Ra’s transforma-lo nesse monstro. Ele deixou Ray se matar! Ele atacou seus próprios amigos! Ele quer destruir sua própria cidade! Sentada no canto da cela, levanto a cabeça e todos estão em silêncio provavelmente pensando se sairemos daqui vivos. Levanto e tudo ao redor girar. John percebe meu desconforto e me ampara.

– Você perdeu muito sangue Felicity. – Diz olhando para meu braço. – Precisa ficar quieta. - O encaro e nego com a cabeça. Passo por ele e caminho devagar até a grade da cela.

– Quero falar com ele! – Falo o mais alto que consigo para o vigia. – Agora! – Ordeno com uma coragem que não faço a mínima ideia da onde tirei. O homem some do meu campo de visão. Bufo frustrada e me viro para Laurel. Estou prestes a dizer algo quando a cela se abre e o homem acena com a cabeça para que eu o acompanhe. Sou escoltada até a grande sala, na qual enfrentei Ra’s Al Ghul. Oliver está de pé no meio da sala de costas para a porta. Ele se vira devagar e seus olhos sem vida encontram os meus. A lembrança do pesadelo me veem a mente e minha visão perde o foco por alguns segundos, mas rapidamente me recomponho. Ele permanece em silêncio. – Qual seu plano? – Finalmente pergunto. Ele permanece com a mesma feição. – Você deve ter um plano muito bom para acreditar que sequestrando Lyla e matando Ray vai conseguir se livrar de ser o herdeiro do demônio. – Cuspo as palavras. – Oliver, o que você está fazendo? Atacando seus parceiros, sua cidade, matando pessoas. Esse não é você Oliver! – Grito irritada.

– Oliver Queen está morto. – Diz com a voz grave sem mudar sua feição. Minhas pernas falham por alguns segundos e com dificuldade me mantenho de pé.

– Eu duvido. – Digo simplesmente.

– Eu sou Al Sah Him, o herdeiro do demônio. – Diz com um tom de voz mais alto que dá última vez.

– Então me prove. – Dou um passo à frente. – Me prove que depois de cometer todas essas atrocidades, eu perdi de fato a pessoa que mais amo. Prove o quanto estou errada por querer lutar por você depois de tudo o que você fez! – Respiro fundo e uma lágrima escorre de meus olhos. - Há algumas semanas você me disse que queria que eu fosse feliz se lembra? No mesmo dia te disse que seria feliz enquanto você ainda fizesse parte da minha vida. Na última noite que passamos juntos você falou que só conseguiria seguir em frente se soubesse que estou vivendo minha vida. Mas você se esqueceu de que no momento que parti deixei minha felicidade aqui. Então me prove que esse homem, no qual era completamente apaixonada, no qual eu dediquei anos da minha vida, se foi por completo. Prove que não existe mais felicidade. – Dou mais um passo a frente e me ajoelho. – Me mate. – Digo olhando diretamente em seus olhos. Ele fita meus olhos e comprimi os lábios em uma linha fina. – Se Oliver Queen realmente está morto, eu não tenho mais razão para qual viver. – Finalizo. Oliver ainda sustenta nosso olhar e está pronto para dizer algo quando Ra’s entra na sala.

– Levante-se. – Ordena, enquanto para ao lado de Oliver e de frente para mim. Não me mexo e continuo olhando para Oliver. Sinto dois braços me erguerem a força e estremeço com a dor. – Agora consigo entender porque Oliver Queen se apaixonou por você. – Diz caminhando em minha direção. – Você tem muita coragem. – Desvio meu olhar do seu. – Mas precisa entender que Oliver é apenas uma lembrança. Assim como o arqueiro. – Ele vira meu rosto novamente. – Este é Al Sah Him, herdeiro e futuro filho do demônio. – Franzo o cenho sem entender. – Ele ainda não te contou? – Diz surpreso. Vira-se para Oliver que desvia o olhar se volta novamente para mim. – Este é o noivo de Nyssa Al Ghul. – O que?! Meus olhos se enchem de lágrimas e sinto uma pontada na boca do estômago. Levo o olhar até Oliver ou sei lá quem e minha visão fica turva. Desequilibro-me e sou aparada por dois braços. Oh Deus, isso não pode estar acontecendo! É a última coisa que penso antes de ser engolida pela escuridão.