Saint escrita por Akemi Hatagashi
A boca do justo
fala de sabedoria
E sua língua
falará o julgamento
— Senhor, sou uma pecadora — a garota fala ajoelhada. Na verdade, ela não estava de frente com o padre, mas sim de seu filho que logo o sucederia. Era uma ótima oportunidade, a garota não queria ter que falar com um velho enrugado. — Está me ouvindo? Sou uma pecadora. Mereço ser punida.
— O senhor é misericordioso — o garoto responde, atento às palavras da jovem. Era rara as vezes que cuidava de casos assim. Confissão.
— Não comigo.
— Claro que será.
— Se eu digo que não, é porque é não. Não gosto que me contradigam, me entendeu bem?
— Moça, entenda que estou tentando ajudá-la — o jovem responde e solta um suspiro baixo.
A garota então dá um sorriso malicioso, sai da cabine de confissões e escancara a cabine ao lado, onde o garoto está. Ele se sobressalta e se levanta.
— Não pode entrar aqui, senhorita! — exclama, olhando-a boquiaberto.
— Eu não disse que era uma pecadora? — a garota alarga o sorriso.
— Senhorita, peço que se retire.
— Oh — ela se aproxima e o empurra contra a parede. — Que linguagem formal. Você já sentiu dor, filhotinho?
O garoto fica calado. Está assustado, olhando a garota de olhos arregalados. Ela solta uma gargalhada e agradece pela igreja estar vazia. Estende a mão para trás do corpo e pega uma faca dali.
— Responda, querido. Já sentiu dor?
— Senhorita...
A garota se aproxima e, sem a mínima piedade ou tristeza, enfia a faca na barriga do homem. Depois aproxima seu rosto do dele e encosta levemente os lábios no dele. A faca não afundara tanto, pois isso apenas um filete de sangue manchava a roupa. O corte era superficial.
Bem-aventurado o homem que
suporta a tentação
A garota rapidamente intensifica o beijo, mas o garoto estava com medo e não retribuiria nem que estivesse na maior felicidade. Quando pode finalmente respirar, a garota afunda a faca, fazendo jorrar o sangue.
— Senhorita... Deixe-me, por favor...
— Sou uma pecadora, meu querido — ela sussurra no ouvido do rapaz pálido pela perda de sangue. — Nem Ele será misericordioso comigo.
— Ele é sempre misericordioso... — o rapaz fala fracamente. A garota revira os olhos, entendiada, e enfia a faca na testa do rapaz.
Depois de ser testado
irá receber a coroa da vida
A mulher retira a peça de cima da roupa, pois estava manchada de sangue, e coloca uma limpa que estava em sua bolsa. Depois joga as madeixas castanhas para trás, saindo da cabine e da igreja como se nada tivesse acontecido.
— Ele suportou a tentação... Rapaz forte — cochicha a garota, satisfeita. — Ganhará a coroa da vida.
Segue para seu prédio, dando uma piscadela para o guardo e entrando no elevador. Aperta o número 6 e se olha no espelho, satisfeita.
— Misericordioso? — ela dá risada. — Ele não é misericordioso com seres repugnantes como eu.
E finalmente o elevador para. A garota segue para seu apartamento e depois para o banheiro, trancando-se lá.
Oh senhor, fogo divino, tenha piedade
— Algumas pessoas se parecem com anjos... — a jovem fala para seu próprio reflexo. Ela pegou e penteou os lindos cabelos, depois passou lápis de olho dando destaque aos seus olhos azuis. Passou um batom vermelho em seus lábios carnudos. — Mas seu interior é completo de trevas. São verdadeiros demônios.
Se virou e foi para seu quarto. No meio deste, havia uma caixa e perdurado no teto, um nó de forca.
— Demônios não merecem viver. — conclui.
Depois sobe na caixa e encaixa o nó em sua garganta.
Oh quão santa
Quão serena
Quão generosa
Quão agradável
— Demônios mentem... — a garota fala baixo. Depois respiro fundo, preparando-se para chutar a caixa para longe. — Espero que ele seja realmente misericordioso.
Depois empurra a caixa. A corda imediatamente começa a apertar sua garganta, retendo o ar de seus pulmões, impedindo-o de sair e colocar ar novo. Seus olhos ficam injetados de sangue e lágrimas brotam, uma baba grossa desce, mas mantém seu batom vermelho intacto. A garota fecha os olhos, pois está cega. Não vê mais nada, apenas a escuridão.
Finalmente seu coração não aguenta mais e têm sua devida folga. Um sono eterno. A pecadora finalmente receberia o julgamento da boca do justo.
Oh, puro lírio
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