[HIATUS] Savin' me escrita por PC Boêta


Capítulo 6
Uma correspondência inesperada


Notas iniciais do capítulo

Demorei um pouco mas aqui estou eu, finalmente.
Espero que gostem do capítulo!
Outra coisa: RECEBI MINHA PRIMEIRA RECOMENDAÇÃO DO LULU, muito obrigada viado, amo você!
E, aproveitando o embalo: o Lucas começou três fics. Dêem uma passadinha nelas pra dar uma olhada, elas vão ser incríveis. Tenho certeza que vocês não vão se decepcionar.
Vou deixar os links nas notas finais.
É isso, boa leitura!



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Draco foi o primeiro a chegar ao Salão Principal naquela manhã. O céu estava um cinza malhado com algumas poucas nuvens mais claras. Obviamente, o dia seria frio e chuvoso. Suspirou e sentou-se à mesa na extrema esquerda. Puxou uma travessa de salsichas para perto, servindo-se, enquanto pensava em algumas coisas aleatórias. Quando já estava terminando suas panquecas com calda de melado, ouviu passos entrando no salão. Granger. Ela, também, havia madrugado. Mas, como ele havia prometido a si mesmo, não daria mais atenção do que o necessário à garota e seus amigos. Na verdade, aos seus próprios amigos, também. Malfoy queria paz e faria o impossível para adquiri-la.

Terminou sua refeição sem lançar nenhum outro olhar para os lados. Aos poucos as pessoas iam chegando e, quando o viam sentado na mesa da Sonserina, começavam a cochichar. E nem se davam ao trabalho de manter o tom das vozes baixo; falavam em um tom, claro o suficiente, para Draco poder ouvir. Ele suspirou, pensando que esse ato estava se tornando a cada dia mais comum em sua conduta, e levantou indo até a mesa dos professores no fundo do Salão.

“Bom dia, profª McGonagall!” cumprimentou-a cordialmente.

“Bom dia, Malfoy!” respondeu com um sorriso encorajador no rosto fino, lançando um olhar penetrante através dos óculos de aro quadrado. Sua expressão, sempre severa, estava levemente suavizada ao encará-lo.

“Gostaria de saber se a senhora poderia me dar os meus horários, professora.” Draco pediu, educadamente.

“Claro. Espere um momento que vou pegá-lo para você.” Disse, levantou-se e encaminhou-se por uma porta discreta ao lado da mesa. Enquanto esperava, tentava fechar os sentidos e ignorar os murmúrios que iam aumentando ao seu redor à medida que o salão se enchia de gente. Pouco tempo depois, a professora voltou com um pergaminho em mãos e estendeu-o à ele. “Algo mais, Malfoy?” perguntou. Ela tinha os olhares voltados para algo acima da cabeça dele. Provavelmente para as pessoas que o olhavam com ódio.

“Não, professora. Muito obrigado!” agradeceu, um sorriso leve pontuando seus lábios por um momento antes de virar-se, abaixar a cabeça e seguir para fora do Salão sem olhar pra trás.

Dirigiu-se para a Sala Comunal pelos corredores quase desertos. Ocasionalmente cruzava com alguns colegas que lhe lançavam olhares rancorosos, que ele propositalmente ignorava. Chegando ao corredor onde ficava a entrada para a Sala, encontrou Blasio encostado na parede. Ele olhou para Draco no momento em que ouviu seus passos no começo do corredor e colocou um sorriso nos lábios.

“Pronto para o primeiro dia de aulas?” perguntou casualmente.

“Nunca estou pronto para ser odiado.” Respondeu, dando de ombros.

“Ora, Draco... Você sabe como as pessoas dessa escola são. Uma semana te odiando e o resto do ano te ignorando.” Blasio desencostou-se da parede e seguiu Draco até a entrada para a Sala Comunal. Após dizer a senha (Segunda Chance), viram a porta materializar-se onde antes era apenas uma parede lisa.

“Eles podiam pular a parte do ódio e seguir, direto, para a parte de me ignorar... Eu não ia me importar.” Deu de ombros, cansado. Passou pela porta da Sala e jogou-se no primeiro sofá que encontrou, olhando Blasio que havia o seguido e sentado de frente para ele.

“Não são assim que as coisas funcionam, cara. Não é como se não tivéssemos feito por merecer, não é?” ele revirou os olhos e encostou-se no sofá, olhando para o teto esverdeado.

“Eu sei disso.” Disse, derrotado. “Mas queria pular toda essa hostilidade... Hoje sei como as pessoas que eu intimidava se sentiam.” Suspirou e olhou para os próprios pés.

“É, cara.” Blasio deu um sorriso e levantou-se com fluidez. “Espero que sirva de lição e que, nunca mais, nós façamos isso com as pessoas. Afinal, não somos melhores que ninguém, não é mesmo?” deu de ombros, olhando Draco que levantava-se lentamente.

“É.” Respondeu simplesmente. Passou a mão pelos cabelos sedoso, e quase brancos, e subiu ao dormitório para pegar a mochila com os materiais que precisaria nesse primeiro dia de aula, pensando em tudo o que havia conversado com Zabini.

Ondas de nervosismo e decepção passaram por seu corpo, fazendo-o tremer levemente. Queria alguém para quem pudesse escrever e se livrar de toda essa angústia que apertava seu peito. Pensando nisso, rumou para a primeira aula marcada em seu horário.

***

Hermione havia sido a segunda pessoa a chegar ao Salão Principal para o café da manhã: Draco Malfoy havia sido o primeiro. Ela lhe lançou um olhar discreto, por entre os cabelos que caíam como uma cortina ao lado do rosto, e percebeu que ele parecia querer se misturar à decoração. Estava concentrado no prato a sua frente e comia vorazmente, terminando suas panquecas antes que o salão estivesse cheio pela metade.

Ela se dirigiu até a mesa na extrema direita do salão, sentou-se e encheu o próprio prato com tomates fritos e ovos mexidos e viu, de relance, quando ele foi até a mesa dos professores e saiu do Salão com o horário de aulas em mãos e com a cabeça baixa. Parou com o garfo suspenso no ar, por um momento, pensando que ele parecia deprimido. Deu de ombros e voltou-se para o próprio prato. Quando estava dando a última colherada no bolo de cenoura com calda de vinho, Gina apareceu e sentou-se ao seu lado no banco.

“Bom dia, Mione! Dormiu bem?” perguntou, servindo-se de torradas com geleia de uva e suco de abóbora.

“Bom dia, Gina. Sim e você?” respondeu, lembrando do pesadelo que ainda dançava vívido atrás de suas pálpebras, olhando a amiga dar uma dentada na torrada e mastigar vagarosamente até engolir.

“Sim. Como uma pedra! Pronta para as aulas?” Gina perguntou, com um sorriso de escárnio no rosto.

“Eu sempre estou e não estou pronta para as aulas... Estou curiosa pelas matérias, claro. Mas, também, estou ansiosa pelos exames.” Disse revirando os olhos para a amiga.

“Os exames estão a séculos de distância... Como você pode já estar preocupada com eles?” Gina arregalou os olhos, chocada, e abriu a boca em um pequeno O. Hermione deu uma risadinha e balançou a cabeça.

“Esse ano, os exames vão interferir diretamente na profissão que vou escolher... Eles serão a preliminar para o meu futuro, Gina!” disse, indignada que a amiga não estivesse tão ansiosa quanto ela por eles. A amiga revirou os olhos e deu de ombros.

“De qualquer forma, para mim, os exames são apenas ano que vem...” respondeu Gina, voltando sua atenção para as torradas que restavam em seu prato. Hermione suspirou e olhou ao redor do Salão Principal. A professora McGonagall passava ao longo das mesas distribuindo os horários.

“A primeira aula é Feitiços, com Flitwick. Ainda estamos com a Lufa-Lufa.” Hermione informou Gina, que olhou rapidamente seu horário e soltou um gemido.

“Herbologia... Ainda com a Sonserina. Ai, que azar!” deixou escapar mais um gemido.

“Acho melhor eu ir buscar os meus materiais... Não quero me atrasar para a primeira aula.” Hermione disse, levantando-se e acenando com a mão para despedir-se de Gina.

Saiu do Salão e subiu a grande escadaria, que ficava em frente às portas principais, rumando diretamente para a Torre da Grifinória. Deu a senha (Perdão) à Mulher Gorda e subiu para o dormitório, a essa hora vazio. Recolheu seus materiais e colocou, juntamente com os livros, dentro da bolsa. Prendeu os cabelos em um coque frouxo e vestiu a capa por cima do uniforme. Os corredores estavam varridos pelo vento frio enquanto ela se encaminhava para a primeira aula do ano.

***

Ao decorrer do dia, Sonserina e Grifinória dividiram duas aulas: Trato das Criaturas Mágicas, antes do almoço, e Poções. Draco e Hermione fingiam que o encontro que tiveram no começo da manhã não havia acontecido. Contudo, Hermione reparava que ele parecia a cada aula mais triste e depressivo. E Draco, realmente, sentia-se péssimo. Queria que aqueles cochichos parassem.

Ele tentava concentrar-se apenas nas aulas, evitando ouvir qualquer burburinho que passasse por ele, entretanto ao decorrer do dia, e das aulas, já estava saturado de fingir que não via os olhares de ódio e as piadas maldosas que lançavam em sua direção. E ao final da aula de Poções, infelizmente, seu auto controle ruiu.

“Sim! Eu matei pessoas e, como castigo, perdi meus pais. Não tenho mais ninguém e isso não é da conta de ninguém... É um problema apenas meu!" respirou fundo e continuou extravasando em um único fôlego. "Mas quem é que liga para um ex-Comensal que está arrependido de tudo que fez e sofre, em silêncio, por não ter ninguém no mundo? Ninguém! Então deixem-me em paz!” gritou e saiu, rapidamente, da sala de aula com todos os olhares voltados em sua direção. Antes de fechar a porta, a única coisa que ele havia captado era um olhar. Olhos cor de chocolate o encaravam com pena.

Rumou para o banheiro masculino mais próximo e trancou-se em uma cabine enquanto, finalmente, deixava as lágrimas caírem. Não emitiu nenhum ruído. Apenas um soluço, estrangulado, escapou de sua boca. Depois disso, só as lágrimas mostravam o quanto Draco estava frágil.

Hermione olhou a cena de sua carteira. E não pode acreditar quando ele, simplesmente, jogou tudo o que sentia para fora, em um rompante. Talvez mais ninguém tenha reparado que ele mantinha os dentes travados, na tentativa bem sucedida, de segurar as lágrimas que ameaçavam cair. Quando ele saiu da sala, Hermione olhou para suas mãos, que estavam apoiadas na mesa, e não acreditou que faria o que estava pensando.

Rabiscou rapidamente um bilhete, dobrou-o e colocou duas iniciais na frente. Guardou-o no bolso para que pudesse enviá-lo quando as aulas acabassem. Ela suspirou e voltou a prestar atenção na aula que, com dificuldade, o professor conseguira voltar a lecionar.

***

As horas passaram e a noite caiu como um véu aveludado ao redor de Hogwarts. As nuvens carregadas deixavam algumas gotas caírem e não era possível ver nenhuma estrela. As luzes que escapavam dos archotes acesos no castelo, estavam borradas pelas gotas de chuva que manchavam as janelas. O Salgueiro Lutador estava imóvel e a superfície, geralmente lisa, do lago estava coalhada de ondulações. Dentro do castelo, mesmo com as janelas de caixilhos fechadas, o vento varria qualquer sinal de vida. Um vento frio e cortante.

Hermione estava no dormitório, sentada na cama de colunas, com o cortinado puxado ao seu redor escondendo-a de todos. Tinha uma carta na mão, dobrada. Ela a olhava, pensativa. Estava em dúvida se enviava ou não... Estava receosa que o destinatário recusasse sua oferta de ajuda. Mesmo que estivesse identificando-se com outro nome, temia retaliações. Deu um suspiro longo e decidiu-se. Levantou-se, vestiu a capa e colocou uma touca, para que pudesse cobrir suas orelhas da temperatura que caía a cada hora. Desceu para o Salão Comunal sem chamar a atenção e saiu pelo buraco do retrato em direção ao corujal. Encontrou Tayla, sua coruja, em poucos minutos. Chamou-a, prendeu o bilhete em sua pata e deu-lhe um petisco.

“Você sabe o que fazer!” disse, encorajando a coruja, antes de balançar o braço e lançá-la à noite. Voltou rapidamente ao dormitório perguntando-se se conseguiria obter alguma resposta.

Do outro lado do castelo, nos dormitórios subterrâneos da Sonserina, uma coruja castanho avermelhada bicava insistentemente uma das colunas da cama que tinha o cortinado verde esmeralda puxado.

“O que foi? Quem você procura?” Draco perguntou, resoluto, à coruja. No que ela respondeu bicando-lhe, carinhosamente, a orelha. Ele desamarrou a carta que vinha presa na pata da coruja que, imediatamente, levantou voo. Ele suspirou e olhou para as suas iniciais bem desenhadas. Quem iria lhe escrever? Bufou, fechou o cortinado novamente e puxou o laço bem feito que segurava aquela correspondência inesperada fechada.

A cada palavra, seu queixo caía com mais surpresa. Quando terminou a carta, seus olhos estavam arregalados e um sorriso de gratidão espalhou-se por seu rosto.


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Notas finais do capítulo

Fics do Lucas, dêem uma olhada:
http://fanfiction.com.br/historia/621628/PathPath/
http://fanfiction.com.br/historia/621579/A_Batalha_de_Hogwarts/
http://fanfiction.com.br/historia/621478/Chosen/
E não esqueçam de comentar o que acharam do capítulo, beijo e até o próximo!



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