(Por Ludmila)

Federico me acordou e o Sol nem sequer tinha nascido.

– É melhor você ir para o seu quarto. Senão acharão que aconteceu alguma coisa com a gente.

– Tudo bem. – Respondi meio zonza.

Saímos pela mesma porta em que entramos e cada um foi para o seu quarto. Encontrei Natália em um dos corredores, limpando uma das imensas janelas.

– O que faz aqui tão cedo Natália? - Perguntei me aproximando dela. Ela se assustou um pouco e respondeu:

– Bom, essa é a nossa rotina. E a senhorita, o que faz acordada tão cedo?

– Eu... estava na biblioteca lendo alguns livros.

– Perdoe-me senhorita por estar me metendo aonde não sou chamada.

– Não se preocupe Natália. Você é amiga de Violetta?

– Sim, eu e ela somos amigas desde pequenas.

– O seu sotaque é diferente.

Quando falei isso ela ficou pálida e um pouco nervosa.

– Meus avós eram espanhóis. - Disse ela baixinho.

– Não contarei isso para ninguém. Eu prometo!

– Obrigada senhorita.

– De nada. Bom trabalho para você.

– Obrigada.

Dito isso fui para o meu quarto descansar mais um pouco. Acordei com alguém me chamando, era Violetta.

– Bom dia senhorita Luiza! - Disse ela abrindo as cortinas e deixando que a luz do Sol entrasse.

– Bom dia Violetta! - Eu disse me levantando. Ela veio até mim e me disse:

– Eu sei que você estava no jantar ontem e ocorreu um pequeno probleminha. Mas não fique triste. Isso acontece com os novatos.

– Como soube de tudo isso?

– Leonard me contou.

– Se vira ontem a noite?

– Sim. Saímos pra passear pela cidade. Mas não conte para ninguém por favor.

– Não conto, você pode confiar em mim.

Ela me ajudou a me arrumar e desci para tomar café. Na mesa só estava a Rainha e o Federico. Me sentei meio envergonhada e tratei de tomar meu café.

– Senhorita Luiza, me desculpe pelo comportamento de Francesca ontem no jantar. - Disse a Rainha.

– Não tem problema.

– Você é uma pessoa boa, sabemos que não fez de propósito.

– Obrigada. Vossa Majestade também é uma pessoa muito boa.

Ela sorriu para mim e continuou comendo. Logo que Federico terminou de comer ele disse para mim: - Senhorita Luiza, gostaria de falar convosco na biblioteca depois que terminar o seu café.

– É... pode ser.

– Com licença. - Disse ele se retirando.

Tratei de terminar logo meu café e fui em direção á biblioteca. Estava muito curiosa! O encontrei no fundo da biblioteca, onde havia a passagem secreta.

– Precisamos conversar. - Disse ele parecendo nervoso.

– O que aconteceu?

– Vamos conversar lá em cima.

Ele abriu a passagem secreta e fomos até o quarto secreto dele.

– Sente-se. - Disse ele. E eu obedeci. Ele se sentou do meu lado, suspirou e disse:

– Meu pai resolveu adiantar a data do baile.

– É mesmo? E quando será?

– Essa noite. Meu pai mudou a data tão radicalmente para ver como se sairão as jovens que poderiam se casar comigo.

– O que?

– Eu sei, eu sei. Olha, eu não vou sair de perto de você entendeu?

– Por que?

– Para que eles percebam que é com você que eu quero me casar, que não importam o que façam, que quero ficar perto de você.

– Federico, não parece ser tão fácil assim.

– E não vai ser. Também quero que fique comigo, não saia de perto.

– Tá bom.

– Já pedi para a costureira do castelo o vestido mais lindo de todos para você.

– Não quero chamar tanto a atenção. Não sei me comportar nem em um jantar comum, imagine em um baile!

– Tenho certeza que se sairá muito bem.

– Federico eu...

– Não confia em mim? - Disse ele me cortando.

– Em você eu confio, mas não confio em mim.

– Então confie.

– Tudo bem.

– Esta tarde Violetta ou Natália trará o vestido.

– Certo.

– Bom, agora vamos indo. Temos muita coisa para fazer hoje.

– Temos mesmo.

Descemos as escadas e antes de sair ele me disse:

– Bom, nos vemos no baile então.

– Sim, nos vemos no baile.

Ele me beijou e então saímos da biblioteca. Eu saio primeiro e depois ele, para que ninguém desconfie de nada.

Fui para o meu quarto, me sentei em frente a janela, que dava vista para a cidade. Pense em tudo o que estava acontecendo, a loucura que minha monótona e triste vida estava se tornando. E tudo isso por causa de ninguém mais que o Príncipe da Itália, a pessoa que eu deveria odiar com todo meu coração, eu amo incondicionalmente.

Resolvi tomar logo o banho, não quero me atrasar de novo. Pedi para Natália preparar meu banho, fiquei um bom tempo tomando banho, mas depois a água começou a ficar fria, coloquei meu roupão e saí.

– Bom senhorita, vamos fazer primeiro a maquiagem, daqui a pouco Violetta trás o vestido, eu te ajudo a coloca-lo e depois arrumamos seu cabelo.

– Tudo bem.

Ela começou a passar algumas coisas no meu rosto e começamos a conversar quando eu já estava quase pronta.

– Seu sotaque é bem espanhol mesmo. - Eu disse pra ela.

– Posso te contar um segredo? - Disse ela depois de pensar um pouco.

– Pode, claro.

– Eu sou espanhola.

– É mesmo?

– É sim. Mas ninguém pode saber.

– Vou te contar uma coisa também.

– Conte.

– Eu sou... a Princesa espanhola da família dos Ferro.

Ela parou tudo e me olhou assustada pelo espelho.

– Mas você estava morta! Quer dizer, a Vossa Alteza.

– Não, eu sobrevivi. O navio naufragou perto de uma ilha, vivemos lá por bastante tempo, até que meu irmão e meus pais morreram e eu fiquei na ilha, perdi a memoria mas aos poucos fui lembrando de tudo. Federico naufragou perto da ilha e eu consegui salvá-lo.

– Ludmila, você está viva! Não acredito! Você e o Príncipe tem alguma coisa não tem?

– Por que acha isso?

– Não sei vocês trocam uns olhares...

– Outro segredo: Somos namorados.

Nesse momento Violetta entra com o meu vestido dizendo:

– Senhorita Luiza aqui está o seu vestido.

– Obrigado Violetta.

– De nada. Uma perguntinha: O que vocês estavam conversando era importante?

– Sim, porque?

– Porque a Princesa Francesca estava com o ouvido colado na porta escutando tudo.

...