(Por Ludmila)

Uma grande tempestade começou, entrei rapidamente na casa em que os meus pais construíram quando eu ainda era pequena, um pouco longe da costa, mas mesmo assim eu conseguia ver o mar. As ondas eram grandes e se quebravam violentamente. Uma chuva com pingos grossos e muitos raios e relâmpagos, trovões que causavam um barulho estrondoso. Eu até tinha uma vaga memória de quando eu era pequena e o navio em que eu estava afundou, sempre que chove me vem isso na cabeça, mas eu não sei porque.

Ao longe vejo uma sombra se aproximando, curiosa, saio da casa sem me importar com a chuva, até que consigo ver uma embarcação de madeira. Não fico muito perto do mar, mas consigo ver claramente que o navio estava afundando.

Alguns homens se atiravam do navio, tentando se salvar na ilha, mas parecia que eles não sabiam nadar e se afogavam. Apenas três pessoas conseguiram se aproximar da ilha, mas dois dos homens- que estavam muito bem vestidos por sinal- se afogaram e só um garoto que aparentava ter a minha idade conseguiu chegar a ilha. Se deitou na areia parecendo exausto e apagou.

Eu estava medo, muito medo! Eu não estava acostumada com gente! Aos poucos fui me aproximando dele, o mexi um pouco para ver se estava realmente desmaiado e ao constatar que sim, segurei seus braços e fui arrastando ele até a casa.

Suas roupas rasgaram um pouco, mas eu não tive outra opção a não ser seguir arrastando ele, eu não tinha força o suficiente para carregá-lo.

Coloquei ele na minha cama e cuidei de seus ferimentos. Me deitei em outra cama, e esperei o garoto acordar, já era noite e acabei caindo no sono.

Acordei, com a luz do Sol no meu rosto, abri os olhos bem devagar, me levantei, abri a janela e vi que o lugar estava se recuperando da tempestade, mas mesmo assim o dia estava lindo.

Ouço um barulho e ao ver o garoto se mexendo entro em pânico. Eu lutava com onças e tigres todos os dias e tinha medo de uma pessoa como eu? Pois esse é o problema, com os tigres convivo todos os dias, mas com pessoas como eu só tem... eu!

Pego uma lança e fico observando, até que poucos minutos seus olhos se abrem.

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