Frost observou estranhando enquanto Jane entrava no precinto, ela usava seus óculos escuros, e massageava seu pescoço, ele a fitou completamente tentando ver algum sinal de ter tido a noite que Maura tinha planejado com a ajuda dele, mas não parecia isso. Olhou calado a morena levar o café quente até sua boca, mas não completou o ato ao perceber os olhos do amigo a encarando.

— O que você está olhando? – ela perguntou ríspida.

O detetive se assustou com a amiga, os planos de Maura eram perfeitos, algo deu completamente errado, pensou ele.

— Que bicho te picou, Rizzoli?

— Não enche Frost, não hoje.

Jane era uma pessoa privada, não gostava de falar da sua vida pessoal, apesar de considerar Frost seu melhor amigo, ela ainda não estava preparada pra falar sobre o assunto, era muito recente e se conversasse sobre com certeza seus olhos encheriam de lágrimas, e se tem algo que Jane odiava era se sentir vulnerável.

Korsak entrou na sala com Boucher, os homens estranharam o clima pesado que cercava a detetive, mas Frost fez sinal para que não perguntassem. Jane em seus próprios pensamentos tentava imaginar onde Maura estaria, não tinha percebido os rapazes entrando na sala, mas ao ouvir a voz de Boucher ela levantou rapidamente e andou em direção a ele, foi tudo muito rápido, ela prensou o detetive na parede com seu antebraço no pescoço dele.

— O que foi que você fez? – ela perguntou rangendo os dentes.

— Do que você ta falando? – Boucher tentava entender do que a mulher estava falando.

— De Maura! O que você fez com ela?!

Korsak conhecia Rizzoli muito bem, não ousaria tocá-la no estado que estava, mas tentava conversar com ela para que ela liberasse o garoto.

— Jane, solta ele, assim vocês podem conversar. Ele já disse que não sabe do que você está falando, solta ele e conversa com a gente Rizzoli!

Rizzoli não ouvia nada que o mais velho disse. Ela não tirava os olhos do rosto avermelhado de Sam, e o resto pareceu não existir. Foi Frost quem interviu sem medo de receber um soco no rosto, melhor que deixar o amigo cair morto no chão.

— Jane! Para com isso, olha pra mim! – Frost puxou a morena e a fez ficar cara a cara com ele. Ao ver que a mulher se acalmou ele soltou seus ombros – Respira e converse. O que aconteceu?

Jane um pouco desorientada voltou a olhar para Boucher que estava tossindo se apoiando nos joelhos, o rosto ainda avermelhado.

— Maura. – ela limitou dizer.

— O que aconteceu com ela? – Frost perguntou alerta.

Jane faz olha ao redor constrangida com as pessoas olhando pra ela. Frost percebe a leva até a sala de entrevistas vazia. Rizzoli demorou um pouco pra poder se sentir segura o suficiente para se abrir pro moreno, tentava segurar o choro que vinha de sua garganta sempre que se preparava pra falar, Frost percebeu a luta interna da mulher e a puxou pra um abraço confortante, Jane segurava firmemente na camisa do moreno, tentando não chorar, mas não conseguiu por muito tempo. Ela chorava silenciosamente no ombro do amigo que passava as mãos em suas costas e cabelos tentando acalmá-la.

— Ta tudo bem chorar, Jane. O que aconteceu? – ele dizia calmamente.

O abraço se desfez quando ela se sentiu pronta para falar, ela limpou as lágrimas por debaixo dos óculos sem tirá-los e começou.

— Ontem eu cheguei em casa e encontrei esse bilhete na minha cômoda. – ela retirou o bilhete do bolso e entregou para Frost – Ela já ameaçou ir embora antes, mas... bem, eu a procurei na casa dela, mas estava tudo vazio, seu armário, seus pertences, tudo. E encontrei um bilhete semelhante a esse porém maior, na cozinha, e estava dizendo que era pra ma.

— Jane... – Frost não sabia o que dizer, abraçou a detetive novamente, e ela não recusou. – Eu sinto muito que isso esteja acontecendo.

— Eu só queria entender o que aconteceu.

— E como Boucher iria ajudar?

— Eu te expliquei, ele já fez isso antes, ele poderia fazer novamente.

— Você acha mesmo que seu pai iria interferir de novo?

— Eu acho que ele é capaz de fazer todas as merdas do mundo, ele foi liberado da “punição” dele, o que o impediria?

Frost não respondeu. Esperou até que Jane se acalmasse e a levou de volta para a sala dos detetives, ela ao encontrar Boucher se desculpou e explicou o mal entendido para o rapaz, que não fazia ideia do desaparecimento da legista. Jane então teve uma ideia, e estava preparada para realiza-la, mas o tenente entrou na sala interrompendo a detetive, porém ele vinha com as respostas que ela precisava.

— Eu gostaria de dar a triste notícia de que a doutora Isles já não trabalha mais para este departamento, e amanhã o doutor Pike se juntará à nossa equipe.

Todos os detetives odiavam trabalhar com o meticuloso doutor Pike, que mal sabe fazer seu trabalho direito, mas nada podiam fazer sobre isso. Ao ouvir a notícia do novo legista, Jane pegou seu celular e se pôs no fundo da sala, tentando contatar novamente Maura, mas como sempre suas ligações caíam na caixa de mensagens.

— Merda, Maura. – Jane xingou apertando seu celular, querendo esmigalhá-lo.

— Jane? – Korsak a chamou, ela levantou o olhar até o mais velho – Vamos ao trabalho?

— Ao trabalho. – ela concordou