A Arte da Guerra escrita por clariza


Capítulo 31
// amor é Perigoso //


Notas iniciais do capítulo

hey there folks
cadê as minhas leitoras??? não me abandonem!!!



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Voltar a hydra foi como voltar à cena de um crime onde eu não era a vitima, eu era a assassina, eu havia feito mal as pessoas, eu as feri de inúmeras maneiras. Cada segundo que eu passava naquele lugar eu sentia como se eu fosse vomitar, como se aquele lugar fosse me consumir por completo, me destruir.

Fingir que estava trabalhando no soro foi à parte mais fácil, eu apenas me trancava no meu laboratório misturando os fingindo que estava fazendo alguma coisa usando os meus fones de ouvido o mais alto que podia, desejando não ter que sair de casa ou ter que voltar, falar com os meus antigos parceiros de trabalho era torturante, eu não sabia o que havia acontecido com eles, e todas as possibilidades me davam arrepios, eles trabalhavam lá por que queriam ou por que eram obrigados? Nana minha melhor amiga por anos, ela era apenas malvada ou em algum momento eles lavaram a mente dela também?

Por baixo dos olhos azuis doces dela havia alguém torturada? Por baixo daquela animação havia alguém sofrendo? Quando ela aparecia no laboratório colocando pimp a butterfly no volume máximo eu não podia imaginar que ela sentisse dor, mas também não queria pensar nela fazendo isso de boa vontade.

Ir para casa era a melhor parte do dia, quando eu podia ver as mensagens de texto codificadas na linha secreta que a S.H.I.EL.D havia criado para que eu mantivesse contato e avisasse sobre alguma eventual mudança de planos, era reconfortante deitar na minha antiga cama pegando meu celular e vendo todas aquelas mensagens que Bucky me mandava ao longo do dia.

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Bucky Baby ❄ ♥

“Yuri realmente precisa ver você, boneca, ele esta tão triste”(11:17)

“estou seriamente preocupado com o gato, eu comprei aquela comida que você disse,

a molinha de peixe, ele não comeu nada”(11:20)

“ok, ele comeu, sem pânico” (11:30)

“odeio quando você não responde” (12:00)

Freya K.

“ELE COMEU TUDO?”(18:25)

“Bucky, como Yuri está?” (18:25)

“JAMES BUCHANAN BARNES ME RESPONDA LOGO”(18:25)

Bucky Baby ❄ ♥

“estou aqui, como foi o seu dia?” (18:26)

“sim, ele comeu tudo,e comeu a ração normal, ele está bem”(18:26)

Freya K.

“Meu dia foi exaustivamente longo, Novak me fez ver o soro 3 vezes

não entende onde eu estou errando”(18:27)

“E nem eu, obviamente, hahahah” (18:27)

Bucky Baby ❄ ♥

“só vai ser engraçado pra mim quando você sair desse lugar”(18:28)

“menos de 24 horas”(18:28)

“você nunca mais vai se meter nessas coisas sozinha”(18:28)

Freya K.

“estou bem, vou sair bem” (18:30)

“até amanhã” (18:30)

Bucky Baby ❄ ♥

“até amanhã” (18:31)

“Use preto por favor, eu gosto quando você usa preto ;)” (18:31)

Freya K.

“vou pensar no seu caso”(18:31)

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Pela manhã não havia nenhuma mensagem, imaginei que eles partiram cedo dos EUA então logo eles chegariam a Polônia, me arrumei normalmente dessa vez usando calças e um casaco preto e botas, caso eu precisasse correr, convenci a mim mesma que não seria necessário, que tudo daria certo, uma rápida e limpa ação da S.H.I.EL.D como eles já haviam feito milhares de vezes, tudo iria dar certo, tudo que eu tinha que fazer era ficar o meu canto fingindo que não sabia de nada. Eu podia fazer isso.

A minha chegada ao trabalho foi como sempre, passar o meu crachá, dar bom dia por porteiro pegar o meu jaleco com o enorme símbolo da hydra no bolso e ir para a ala dos microscópios, Oliver já estava lá, sentando numa bancada completamente atento ao seu cubo mágico, ele não tirou os olhos do brinquedo enquanto eu me espalhava pela sala, deixando o meu café perto do microscópio a minha bolsa dentro do armário.

―Bom dia, patinho ― Eu disse sorrindo para ele, ele sorriu por um segundo.

―Bom dia Pīchi-hime ― respondeu, usando o apelido que ele havia me dado anos atrás ―Novak disse que quer ver você na sala dele, não está em problemas não é princesinha?

Rolei os meus olhos, sentindo o meu coração pesar, mesmo tentando me parecer tranquila.

―Deve ser por conta do soro, essa porcaria está me dando dor de cabeça, ele não está exatamente feliz porque eu ainda não consegui reproduzir s soros pros brutamontes.

―Deve ser, de qualquer jeito, é um desperdício de soro ― opinou o ruivo e eu não pude evitar concordar.

A sala de Novak ficava a alguns corredores da nossa, então não havia muito que pensar o que de certa parte era bom, mas ao mesmo tempo era ruim já que não havia tempo para planejar nenhuma boa desculpa não que eu precisasse havia trabalhado nela a semana inteira e agora eu me sentia mais confiante que daquilo, resposta padrão, eu não sabia o que estava acontecendo e que havia chance da amostra ter sido contaminada por alguém dentro da hydra.

Deu duas suaves batidas em sua porta antes que ele me permitisse entrar, a sala dele era diferente das demais, era grande e aconchegante coberta por estantes de livros e tapetes, junto com uma grande lareira sempre acesa, atrás de uma grande mesa de mogno escuro Novak lia os resultados que eu havia entregado ontem, rapidamente ele me convidou a sentar na grande cadeia acolchoada de frente para ele, seus olhos continuaram no papel ignorando-me quase que completamente, alguns minutos de silêncio desconfortável depois, ele finalmente me perguntou alguma coisa, um amargurado “pode me dar uma explicação”.

―Eu gostaria de ter uma ― respondi tentando passar sinceridade na minha voz ― Mas nem eu entendo o que está acontecendo, eu isolo as partículas acho um elemento chave e as replico, apenas não funciona.

―Você tem alguma teoria? ― perguntou desatento.

―Eu estive pensando que talvez a amostra tenha sido contaminada, ao chegar ao laboratório desde que eu não cheguei a abrir em nenhum outro lugar. ― ele levantou os seus olhos, me olhando pela primeira vez desde que eu entrei na sala e sorriu.

―Você sabe minha cara qual a coisa mais forte do universo?

―Vibranium ― respondi prontamente ganhando uma risada debochada do cientista.

―Eu conheço algo mais forte que isso, algo capaz de mudar o curso da nossa história, derrotar homens, iniciar e também por fim a guerras, ele coloca o homem mais forte em seus joelhos prontos para morrerem por ele.

―Esperança? ― perguntei incerta.

―Amor ― respondeu o homem, se apoiando em sua mesa sobre os cotovelos e abaixando os seus óculos para me olhar mais profundamente. ― Você que saber como eu sei disso?

―Eu adoraria ― Novak apertou um pequeno botão vermelho sobre a sua mesa, fazendo que da porta saíssem dois homens um deles Felix segurando um terceiro homem semi acordado em seus braços, o cabelo cobria o rosto dele, mas eu sabia que era.

Segurei a minha respiração, fechando a minha boca e trincando a minha maxilar, tentando não me desesperar, como diabos eles tinham conseguido pegá-lo? Felix agarrou os cabelos longos de Bucky me mostrando o rosto ferido dele, um corte no supercílio, o nariz com um sangramento já contido.

―Amor faz com que homens saiam de suas tocas seguras por que a mulher que eles amam está em perigo, devo admitir que não fosse fácil de pegá-lo. Não é mesmo Felix? ― o loiro em questão mostrou um sorriso sádico ― Ele achou que poderia te manter mais segura se mantivesse incógnito na cidade.

Meu coração desmoronou dentro do meu peito como uma bomba de sangue, senti como se eu tivesse levado um milhão de chibatadas ao vê-lo naquele estado, por minha culpa, pelo meu plano idiota, lentamente eu me virei para Novak, ele ostentava um sorriso enquanto eu lutava para não chorar.

―Você pode quebrar a minha alma, tirar a minha vida, me bater, me machucar, me fazer ser o seu robozinho de novo, me matar ― eu sentia a minha voz mais frágil a cada palavra que eu dizia ― mas, pelo amor de Deus não o machuquem.

Novak olhou para mim eu podia ver a satisfação em seus olhos.

―Vê minha querida, amor é perigoso.

―Eu disse a verdade Novak, deixe-o ir, por favor, me leve no lugar dele, eu te imploro.

O senhor pareceu pensar por um segundo avaliando as suas opções, eu sabia que o capitão nunca deixaria isso barato, ele tinha a minha localização e certamente teria a de Bucky, Steve salvaria o seu melhor amigo em qualquer circunstancia, eu sabia disso, ele reviraria o inferno se fosse preciso, tudo que eu tinha que fazer era lhe comprar tempo.

Alguns segundos torturantes depois Novak pediu novos guardas, imaginei para me levar aos meus novos aposentos.

―Nós temos um trato, certo? ― confirmei ―Você me leva, e promete que não vai machucá-lo, vai o mandar embora, inteiro.

―E quem disse que você está em posição de firmar tratos? Você é uma traidora mesquinha, você não merece um trato, eu não sei quem a fez pensar que é mais que uma peça descartável aqui, eu não sei de onde tirou esse sonho, você é parte de uma maquina, você não é sequer um ser humano pra mim. Há uma falha no seu código, nós vamos consertar isso.

Os soldados agarraram os meus braços, me levando pelo corredor estreito por alguns minutos enquanto eu tentava pensar alguma coisa uniforme, o meu cérebro parecia uma infecção, febril em dor aguda, gritando “o que vai acontecer agora?”, entrei voluntariamente na sala branca acolchoada e me deixam sozinha.

O quarto branco é a pior parte do método da hydra. A antecipação. Eu já passei por isso, eu sei o que está por vir, eu já posso sentir a cadeira metálica com uma suave corrente elétrica o suficiente pra me fazer ter arritmia cardíaca, o meu coração dispara, mas não o suficiente pra me matar. As tiras de couro me prendem na cadeira, uma estrutura metálica prende o meu pescoço forçando-me a olhar para frente para a tela gigante onde uma espiral colorida rola pela tela junto com uma música irritante, algo prende as minhas pálpebras para que eu não feche os meus olhos. Eu sei o que vai acontecer, naquele quarto branco completamente acolchoado e sua luz irritante, me sento no canto me forçando a não perder a calma e horas mais tarde forçando-me a não dormir. Eu não quero que a sirene toque, a sirene perfura os seus ouvidos, o frio começa a apertar e a minha respiração sai condensada do meu nariz, meus músculos se atrofiam e a minha pele está completamente arrepiada, é como se houvesse uma corrente de ar vinda do polo norte cortando a minha pele, os meus dentes estão batendo tão forte que sinto que eles vão se quebrar a cada segundo que passa. Mas nada disso é tão torturante quanto esperar. A espera é o que está me matando de verdade, essa é a dor, eu não sei quando eles virão aqui e me levarão para a outra sala, eu não sei o que está acontecendo com Bucky. Será que eles já o reiniciaram? Eles já arrancaram as suas memórias e quebraram a sua humanidade de novo? O pensamento me faz chorar e imediatamente me arrependo, as lágrimas saem congeladas dos meus olhos, rasgando a minha pele e congelando ainda mais as minhas bochechas. Há uma pequena parte do meu cérebro se perguntando "por que você apenas não desiste?" Expulso esse pensamento preenchendo a minha mente com o meu castelo nas nuvens, penso em quando eu acordava pela manhã completamente emaranhada nele, os braços do meu soldado tão presos em mim que eu mal podia me mexer, a sua respiração quente e lenta no meu pescoço nossas pernas entrelaçadas meu coração antes adormecido batendo mais rápido que as asas de um beija flor, penso nos olhos azuis dele, o modo em que ele sorri ao me ver, a sensação dos seus lábios nos meus, a sua voz mansa e baixa perto do meu ouvido sussurrando "boneca" e eu sei que é por isso que eu não posso desistir, por que ele também não vai.

Algumas horas depois a porta se abre de dois outros homens me levantam do meu lugar me levando até a outra sala, dessa vez há resistência, eu choro, grito, chuto tudo que está ao alcance das minhas pernas e mesmo assim não consigo me livrar deles, na sala seguinte há uma tela de TV gigante, e dessa vez não há cadeira e sim uma estrutura metálica em forma de X grande o suficiente para me prender naquele lugar, eles prendem os meus braços e logo em seguida as minhas pernas eu fecho os meus olhos antes que eles o alcancem, mesmo assim eles prendem a minha cabeça e me forçam a abrir os olhos, os abrindo de forma arregalada impedindo que eu pisque, e tudo que eu posso ver é a espiral, girando e girando e girando, a voz na minha cabeça surge como um trovão “É melhor quando você obedece”.




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Notas finais do capítulo

I've had it with this damn double vision
My hands swollen, I can't keep holding on
My heart's sinking and stuck in deadly rhythm
I can't fake it. I can't, can't brush it off
Love, love is dangerous
Love, love is so dangerous
Love is dangerous - Blink 182