Em cima do telhado, as frases ‘’Gostei de conversar com você’’, ‘’Eu também’’ e ‘’Meu namorado deve estar pensando que aconteceu algo comigo’’, se repetiam várias e várias vezes em sua cabeça.

Namorado? Oi? Não é possível que essas coisas só aconteçam comigo, pensou consigo Regina. Ela não pensava no fato de ter gostado de Emma, pelo fato de ser uma garota, uma pessoa do sexo feminino. Pois sua sexualidade nunca foi um problema para ela, amava seres humanos, não se definia a tal ponto. O vento soava frio e levava consigo o papel com o número de telefone da pessoa que queria tirar da cabeça. Um papel que parecia ter vida própria, ilustrado com uma belíssima animação de uma moça que parecia ela.

___

Na noite seguinte, a morena estava vestida em trajes escuros como de costume, desceu as escadas e logo em seguida falou com seu sobrinho Roland, filho de sua irmã Zelena que estava jantando no momento.

_E ai, Roland?

Ai! Ecoou uma batida em baixo da mesa.

_Você está bem? Perguntou para a irmã

_Meu brinco caiu. Disse Zelena. E seu jantar esta no micro-ondas. Boa noite!

_Volta que horas? Falou após dar um sinal positivo para a mesma.

_Se o encontro for bom, a meia noite; se for ruim ás 20:00h. beijou a irmã do rosto e logo advertiu _ Sem doces, esta bem? Sem filme de terror, e não o deixe ir ao telhado. E não venda os órgãos dele no mercado negro.

_Divirta-se. Boa sorte! Sorriu para a irmã e fechou a porta.

Zelena era totalmente o seu oposto, cabelos loiros, encaracolados, um pouco mais alta e dona de um par de olhos azuis magníficos, ela estava separada de Will, o pai de Roland. Seu sobrinho que possuía os cabelos cacheados da mãe, e a cor negra dos fios ao pai. Zelena cria o filho com a ajuda da irmã há sete anos, tempo exato em que Will abandonou a mesma, e desde então se vê indo a encontros semanalmente. De fato, eram diferentes, porém compartilhavam algo em comum, a falta de sorte do amor. Após ouvir o som do carro saindo, Regina se juntou ao sobrinho no sofá, colocando o filme de terror proibido, mas não importava, poque eles adoravam fazer aquilo juntos, quebrar regras.

_Feche os olhos. Alertou ao menor enquanto pegava mais pipoca.

_Pode abrir agora. Isto de nada adiantou, pois o menino continuava com os olhos bem abertos vendo as cenas ‘’fortes’’ de matança do filme. Os dois logo se assustaram com o barulho da porta, fazendo os mesmos se ajeitarem no sofá e desligaram o filme imediatamente, mudando assim de canal.

Após colocar as chaves em cima da mesa, Zelena voltava com cara de poucos amigos e que passava um semblante de encontro que não saiu nada bem. Suspirou e logo se juntou com os demais no sofá, os abraçando e colocando de volta no filme.

___

Os carros iam e viam numa velocidade típica da cidade de Toronto, tudo com muita agitação e luzes. Desacreditada das coisas, a moça de botas longas que combinavam exatamente com seu vestido azul escuro acompanhado de um casaco de frio, vagava pelas ruas da cidade. Comprando assim um bilhete para ver o filme, após o termino de sua Pepsi e do que assistia também, se encontrava mexendo em seu celular, de frente a bilheteria. O que não esperava é que aquela noite não só lhe trazia calafrios, como também uma moça que a observava com uma jaqueta vermelha, também mexendo em seu celular, tentando disfarça que a viu primeiro.

_Hey, precisam de um táxi. Falou o homem de gorro dentro do veiculo, assustando as duas e fazerem notar suas presenças.

_Hey! Disse Emma com um sorriso surpreso, porém radiante.

_Hey! Sorriu de volta _Não, acho que estamos bem, obrigado! Mills dispensou o táxi.

_Desculpe, não vi você.

_Também não vi você parada perto de mim, Swan. Expressou em um tom rígido.

_Oi Regina.

_Emma...

_Sim, estou aqui sozinha.

_Eu também. Virando assim para encara-la nos olhos;

_Meu namorado devia ter vindo, mas teve que trabalhar até tarde... Gosto de assistir filmes sozinha. Acho muito legal ter vindo sozinha. Tentava justificar ao máximo o fato de não estar acompanhada.

_Sim, muito legal. ironizou

E continuaram a caminhar lado ao lado.

_Sério? Olhava seriamente para Regina com os olhos de um azul profundo;

_Sim, sério. Respondeu meia sem graça, sem encarar aqueles olhos que faziam a encher de borboletas inquietas no estomago.

_Regina, ‘’A princesa prometida’’ não pode ser seu filme favorito, se acha que o amor faz de você uma pessoa pior.

_É irrelevante. Tentava se justificar. A princesa prometida é um conto de fadas, e o amor de conto de fadas inspira a ser nobre e corajoso. Mas, na vida real, o amor é só uma desculpa para atos egoístas. Você pode mentir e trapacear e magoar as pessoas e esta tudo bem, porque esta apaixonado;

Swan apenas a observava de um modo muito estranho. Sempre atenta a todas as gesticulações que ela fazia, a expressão que se pareava em seu rosto quando o assunto era esse, o modo como a mesma se vestia com luvas, o que tornava tudo tão exótico. Após um segundo em silêncio, finalmente deu sua opinião;

_Não sei se você é mesmo cínica ou uma boba super-romântica; você veio ver a princesa prometida, sozinha, no meio de uma semana, como uma ... boba

_É, bem... Seu namorado deu cano e você veio sozinha. Quem é a boba?

_Esta com fome? Emma parou a caminhada, a olhou nos olhos de um jeito doce, ignorando totalmente sua pergunta, pegou sua mão, o que fez a morena dar um gole em seco com a passada de uma carga elétrica em seu corpo, havia sido o primeiro toque. Sem mais, se destinaram ao um fast-food para terem mais outra contestação.