As Cold as a Black Widow escrita por Bianca Romanoff


Capítulo 3
Perspectiva


Notas iniciais do capítulo

Oioi, primeiro gostaria de agradecer a todos pelos comentários e acompanhamentos, adoro vocês! Leiam as notas finais porque não quero dar spoilers aqui kk.



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O cenário estava turvo e distorcido. As vozes eram altas demais, como se competissem aos gritos pela minha atenção. Eu me enganei. Aquilo não era um porão, era a Sala Vermelha. Eu estava pulando corda numa quadra, quase como uma criança normal, mas chegava longe disso. A dor nas pernas retornou como se eu vivesse o momento de novo.

Só precisa pular mais algumas vezes. — eu dizia para mim mesma, me forçando a ir mais longe, com medo de ser punida se falhasse.

Você não falha. —a voz conflitou em minha cabeça.

Quando finalmente tropecei, já havia perdido a conta entre o 300 e 400. Mesmo sendo um recorde implacável para uma criança, eu havia errado. Não devia ter tropeçado. Um rosto se aproximou do meu, furioso, apertando meus ombros e gritando ordens para mim. Eu não entendia o que ela falava, mas sabia que era Lyudmila. Quanto mais sua boca se mexia, mas minha visão embaçava, e aos poucos, eu retornava à realidade...

Onde Steve apertava meus ombros, e chamava meu nome repetidas vezes. Eu agarrei seus pulsos num impulso, e o afastei com um chute. Não foi forte o suficiente para machuca-lo, mas ele se sobressaltou com o ato violento.

— Natasha? — desta vez havia uma interrogação em sua voz, e eu podia ver através de seus olhos uma faísca de medo, e de incerteza. Achava que eu estava louca.

Respirei fundo, me situando. Aquilo não fora real.... Eu havia perdido o controle, e odiava admitir isso. Natasha Romanoff nunca perdia o controle. Me dei conta da minha confusão momentânea quando Steve me envolveu em seus braços fortes. Eu me assustei, e minha primeira reação foi tentar me afastar, mas aquilo me trouxe certo conforto, e eu descansei minha cabeça em seu peito, tentando controlar a respiração.

— Seus pés... — ele sussurrou, o hálito quente contra o meu cabelo molhado.

Olhei para baixo e encontrei uma poça de sangue ao redor dos meus pés. Os cacos de vidro do espelho deviam ter entrado, mas eu não me lembrava em momento algum de atravessá-los, e nem de vestir a camisola de seda leve que estava trajando.

— Eu só escorreguei. — menti. Não era muito convincente, mas eu me sentia fraca demais para elaborar um caso. — E devo ter batido a cabeça, por isso a confusão.

— E os gritos? — ele ainda mantinha um dos braços no meu pescoço, mas eu me afastei, e logo senti... falta do seu calor na minha pele. Rejeitei a sensação e continuei com olhar fixo no dele.

— Doeu ter caído. Eu gritei, é a reação normal das pessoas à dor.

Ele não me pareceu convencido, e sua expressão revelou que se preocupava comigo. Isso atiçou uma parte sensível em mim, que queria que ele ficasse ali comigo, mas a parte racional respondeu:

— Você não tem uma guerra pra desvendar?

Com um aceno de cabeça, ele deixou o quarto. Me sentei na beirada da cama, pegando uma pinça e arrancando os pedaços de vidro nos meus pés. Depois disso, e de limpar o banheiro, dei uma olhada em mim mesma no espelho ( o que não havia quebrado). Meus cabelos estavam embaraçados, fundas linhas de cansaço circulavam meus olhos, minha boca estava pálida e meus olhos, inexpressivos.

Os Vingadores tinham uma reunião hoje à noite, para discutir sobre o atentado de ontem. Os jornais não paravam de falar a respeito, e a maioria deles acreditava que fora um ato terrorista, outros, muito poucos, insinuavam invasões. Quanto a nós, só rezávamos para não ser algo alienígena.

Passei uma camada de corretivo embaixo dos olhos, um batom vermelho vivaz, um bom delineador e arrumei os cabelos, que agora estavam na altura dos ombros, em cachos largos e os penteei para o lado. Abri o largo guarda-roupas, e escolhi um vestido estilo sereia verde-água.

Logo que saí do quarto, dei de cara com Wanda, que usava um vestido vermelho acima dos joelhos e saltos baixos. Ela estava prestes a bater à minha porta quando eu a abri, e parecia constrangida pelo meu timing perfeito. Apenas arqueei a sobrancelha em resposta.

— Desculpe. — mais uma vez me impressionei pelo forte sotaque russo em suas palavras. — Eu só ia... Bem, eu queria vê-la antes de ir.

— E por que? — então entendi. Ela estava insegura. Além de mim, era a única mulher ali, mas não era isso que mais a incomodava. A falta de Pietro. Ela se sentia sozinha sem o irmão, e por algum motivo procurou à mim como aliada.

Eu era de longe a pior das opções, mas uma parte de mim gostaria de ajuda-la. Com tudo que ela passou, eu meio que me lembrava da antiga Natasha, amedrontada, mas ao mesmo tempo cheia de potencial. Seus grandes olhos brilhantes continuavam me estudando, então decidi ser gentil:

— Vamos lá, não queremos nos atrasar. E você está maravilhosa.

— Obrigada. — um sorriso sincero surgiu em seus lábios ao me acompanhar.

Nós adentramos o salão de jantar e todos os olhos se voltaram para nós, e pelas bochechas enrubescidas, notei que Wanda não estava acostumada com este tipo de situação. Meus olhos encontraram os de Steve, e havia um quê de admiração ali, mas logo desviei o olhar e me sentei entre Wanda e Sam.

Thor, Bruce e Clint não estavam presentes, mas Sam, James Rhodes e Wanda ocupavam seus lugares na mesa. O banquete estava maravilhoso, mas eu não estava ali apenas para apreciar comida.

— Todos eles usavam aquele tipo de armadura, que devia ser um uniforme. — informei, me lembrando do homem que derrotei. — Não pareciam de outro mundo.

— Tampouco pareciam meros humanos. — replicou Steve.

— Poderiam ser mutantes. — Wanda se pronunciou pela primeira vez desde que a reunião começou. — Como eu.

Alguns ali trocaram olhares impressionados, porque até então descartaram a hipótese. Eu precisava admitir que era uma ideia inteligente.

— Mas afinal, porque estamos tão focados nisso se eles não voltaram a atacar? — foi a vez de Sam de falar. — Não tem nem com o que lutar, se ninguém está sendo ameaçado.

Um silêncio arrebatador tomou conta da sala. Ele tinha razão, ninguém estava atacando. Mas foi como se essas palavras tivessem ativado algum tipo de sensor ali, porque nem dez segundos depois, ouvimos uma forte explosão vinda do outro lado do prédio. Agora sim estávamos sob ataque.


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Notas finais do capítulo

Como deu pra perceber, eu gosto muito da Feiticeira Escarlate, e gostaria de explorar mais a personagem e até criar um vínculo dela com a Natasha, o que vocês acham? Eu sei que ainda estou mantendo mistério sobre esses ataques, mas no capítulo que vem terão revelações. Beijinhos.



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