O Último Conto escrita por kushina-san


Capítulo 1
O Último Conto


Notas iniciais do capítulo

Esta estória eu escrevi há três anos atrás, quando minha vida estava em um contexto bem diferente. Infelizmente, ela acabou sendo, de diversas formas, um "último" conto mesmo, pois não voltei a escrever, dando mais importância para outros objetivos em minha vida. Ao postar este conto, estou dando mais um passo na recuperação de minha essência, continuando minha busca por novas formas de autoconhecimento.
E para me lembrar de nunca parar de escrever.



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Foi na desinteressante festa de aniversário de minha prima Luísa que eu a vi pela primeira vez. Minha mãe estava à procura de um bom casamento para mim, por mais que eu insistisse em dizer que era desnecessário. Ora, eu havia acabado de me formar em Direito, logo abriria escritório e a vida de casado não me agradava no momento. Entrementes, em cumprimento ao quarto mandamento, aceitei ir naquela festa e avisar a ela se alguma moça me interessava.

A princípio, todas as mulheres pareciam iguais, com o mesmo padrão de vestidos e penteados, em rodas, conversando trivialidades femininas. Entre risinhos e fofocas, eu limitava-me a observá-las, desinteressadamente. Minha prima se aproximou para me mostrar, de longe, uma moça que aparentemente se interessou em mim. Observei por algum tempo, era uma moça alegre e risonha. Definitivamente, contrastava com minha personalidade fria e introspectiva.

Mas tratemos de pular para quem interessa. Quando decidi que já passava da hora de desistir daquela entediante tarefa, fui à procura de minha mãe, sem sucesso. Com um longo e pesado suspiro, decidi esperar no hall de entrada, logo ela passaria por ali. Com indiferença, encostei-me na parede, decidindo que tipo de obra relembrar neste momento, com o propósito de passar o tédio.

Por longos minutos divaguei entre literatura portuguesa e inglesa, pensando em seus contrastes, relembrando meus autores favoritos. Foi nesse dilema que, pela primeira vez, olhei para a única janela do recinto. Havia uma moça lá. Havia ela lá.

Gisela, como descobri se chamar depois, estava sentada em uma cadeira com um de seus braços apoiados na janela, tinha uma expressão de profundo desinteresse em seu rosto. Observava o jardim, mas seu olhar era vago demais para saber se ela realmente via as flores, ou se estava além. Não havia sorriso em seu rosto. Numa análise mais atenta, notei que seu vestido não era nada parecido com as das outras moças, não era nada chamativo. Comum, até. Seus cabelos, soltos numa cascata ondulada e castanha, voavam com o sopro do vento. Intrigou-me, aquela mulher sentada à janela despertou uma sensação nova e calorosa em meu peito.

Aproximei-me dela e chamei sua atenção. Seus olhos cor de mel repousaram sobre mim e eu pude observar seu rosto com mais precisão. Sua pele era alva, não havia nenhum sinal de deformação em seu rosto e até mesmo seus longos cílios faziam sincronia com o pequeno nariz. Mas, o que mais me chamou atenção foi sua boca vermelha, ainda sem nenhum vestígio de sorriso. Não havia nenhuma maquiagem em seu rosto, o que significava que toda sua beleza era natural.

Como não havia falado nada, apresentei-me e comecei a falar sobre banalidades. Inicialmente, ela não demonstrou muita atenção ao que eu dizia, apenas respondia minhas perguntas com sua voz opaca, vazia... E ao mesmo tempo, doce. Seguiu-se longos minutos de silêncio. Não me incomodei com aquilo, gostava de alimentar os segundos de paz que o silêncio trazia, mesmo em companhia de alguém. Ela não deu sinal de que interromperia aquele momento e isso me agradou.

Observei por um momento as flores. O vento balançando-as, estava na hora do crepúsculo e o frio aumentava, mas eu não me importei e pelo que notei, nem ela. Em instantes, eu estava me transportando para lembranças nostálgicas de minha infância. Oito anos e muitas peripécias, eu apenas me acalmava no colo de minha avó, quando, ao crepúsculo, ela me contava suas lendas.

- Essa hora do dia costuma me dar saudade da infância – admiti.

- “Que é a saudade senão uma ironia do tempo e da fortuna?” – ela me falou, com um minúsculo sorriso brotando nos cantos dos lábios.

Surpreendi-me. Olhei-a mais atentamente, só para terminar minha constatação de que ela havia citado Machado de Assis. Reprimi um grande sorriso em meus lábios. Uma mulher com grande gosto para literatura não podia ser uma pessoa má.

Depois desse episódio, me senti a vontade para começar uma conversa sobre escritores e poetas, deixando-a mais a vontade com as palavras. Descobrimos gostos em comum e desde então, nasceu uma amizade.

Na hora da partida, perguntei a minha mãe quem era ela e onde morava. Feliz por eu ter me interessado por uma mulher, ela respondeu-me tudo o que sabia sobre a moça.

- Mas, filho, esta moça é deveras estranha... – ela advertiu-me. Eu não dei atenção aos seus conselhos fúteis sobre outras moças mais bonitas e bem vestidas.

Assim, sob um pretexto qualquer, comecei a visitá-la.

Passávamos tarde inteiras discutindo sobre os mais diversos assuntos, que variavam de filosofia para literatura. Ela mostrou-se ingênua apenas em matéria de direito, o que usei como pretexto para ensiná-la algumas leis. Ela aprendia mais rápido do que muitos colegas de faculdade que tive.

O tempo passou e eu temi que sentisse mais do que amizade por ela. Na verdade, para curar minha indecisão, fui conversar com outro amigo meu que não via há muito tempo. Danton recebeu-me com o sorriso apático de sempre e quando soube que meu problema era os males do amor, logo me informou:

- Aurélio, meu amigo, não é o único que foi atingido por este sentimento. Receio estar amando uma mulher.

Contei-lhe toda a história, omitindo apenas o nome, e ele me encorajou a confessar meus sentimentos o mais rápido possível, antes que outro rapaz o fizesse. Informei-lhe que a grande virtude da moça, sua inteligência, não era reconhecida pela sociedade. Ele não mudou de opinião.

Logo, ele contou-me que sua donzela também possuía o vasto atributo da fácil compreensão. Acrescentou, ainda, que mulheres como ela, que vêem o mundo sob olhos tão diferentes, eram raras, senão únicas.

- Faremos um trato, dizemo-nos o nome de nossas pretendentes assim que pedirmos suas mãos.

Eu assenti e naquele dia, eu concordei que havia me apaixonado por Gisela.

Na tarde seguinte, fui até sua casa na esperança de confessar-lhe o que me era tão novo. Ao chegar lá, ela me atendeu pedindo que a acompanhasse. Levou-me até um escritório, onde, em cima de uma mesa de madeira, estavam depositadas várias folhas de papel, todas alinhadas, como um grande livro.

- Não contei antes, pois queria fazer uma surpresa – e sob essas palavras, dirigiu-me até a cadeira atrás da mesa. Ela fez um gesto para que eu lesse o conteúdo das folhas. Notei que era uma espécie de livro, com vários contos. Dei uma folheada rápida pelas páginas, lendo com atenção alguns títulos, até chegar à última folha. Para minha grande surpresa, lá estava a assinatura do autor, assim como uma dedicação.

A dedicação referia-se a mim e a graciosa assinatura era de Gisela.

Sorri para ela, que tinha um sorriso ainda maior em seus lábios. Ela explicou-me que sempre gostou muito de escrever poesias quando criança e assim que cresceu, possuía o desejo de escrever contos, porém, não tinha mais coragem.

- Nunca publicarão um livro escrito por uma mulher e nem meu pai permitiria – ela constatou, tristonha – por isso, será um presente meu para você, Aurélio. Você foi um dos motivos que me deram entusiasmo e inspiração para escrevê-lo.

Na mesma hora, fechei seu livro, meu presente, e com uma certeza ainda maior de meus sentimentos, falei:

- Certamente você conseguiria publicá-lo se tivesse ao seu lado um marido influente que a apoiasse.

E, dessa maneira, juntei minhas mãos nas dela e confessei todo meu amor. Porém, na medida que eu lhe dizia o que sentia, mais seu sorriso ia desaparecendo e sua face demonstrava horror. Senti uma grande agonia crescendo. Quando terminei, ela soltou sua mão da minha e virou-se para a janela mais próxima, colocando suas mãos em seu peito, no seu rosto ainda havia desolação.

- Não tem como continuarmos apenas amigos? – ela perguntou-me, ainda virada, com a voz trêmula.

Eu congelei em meu lugar, enrijecendo meu corpo e tratando de não demonstrar minha aflição. Não a respondi. Depois de tudo o que havia falado, não me daria ao trabalho de responder essa pergunta.

- Eu... Não posso corresponder seus sentimentos – ela respondeu-me, num fiapo de voz – Amo outro...

Por um momento, eu era novamente uma criança levada que estava brigando com um garoto da sala de aula, recebendo um intenso golpe no peito. Mas dessa vez era muito, muito pior.

- Quem? – foi tudo o que consegui perguntar sem deixar transparecer minha dor.

Ela recusou-se a me dizer quem era. Talvez receasse minha reação a isso. Não estava errada por inteiro. Eu realmente tinha um desejo muito profundo de ir até esse homem e chamá-lo para um duelo de vida ou morte.

Acabou que eu fiquei com seu livro. Sua dedicação era tudo o que eu teria? Senti uma grande pontada de orgulho ferido em meu peito e a raiva não cessava. E, na verdade, não cessou até eu descobrir quem era.

Grande lamento é esse do amor não correspondido... Capaz de retirar a escuridão lacrada da mais pura alma. A única coisa que aplacava o sentimento de ter espadas transpassando meu tórax era o desejo de encontrar esse homem, esse alguém que roubou o coração de Gisela e retirou-a de mim.

Por semanas, não voltei a casa dela. Não queria vê-la, tinha sensação de não ser capaz de suportar olhar para os opacos e vazios olhos, de não me controlar ao ver seu incessante mexer de mãos enquanto gesticulava alguma ideia e abraçá-la mesmo sem seu consentimento.

Não tive coragem de voltar a falar com Danton. Ignorava seus bilhetes me chamando para ir até sua casa. Não conseguia nem ao menos me olhar no espelho sem me sentir um perdedor que deixou escapar pela ponta dos dedos a mulher de sua vida. Se ao menos aquele homem que roubou-lhe o coração não existisse...

Foi numa noite de inverno que, por insistência de minha mãe, resolvi ir ao teatro. Estava entediante... Não conseguia me concentrar na peça e retirar Gisela de meus pensamentos.

Naquela noite, provando que quanto mais se pensa em alguém, mais se atrai essa pessoa, eu a vi alguns bancos a frente de mim. Meu coração deu um estalo de emoção e outro maior ainda ao perceber que estava acompanhada.

Como um gato sorrateiro, eu escondi minha presença deles, tentando descobrir quem era o homem. Em vão, eles estavam silenciosos. Devaneei por segundos, pousando minha mão na arma que carregava, por precaução, comigo. Na saída, ainda sem ser percebido, fui atrás do casal, sentindo meu ódio crescendo a cada tom gracioso da risada de Gisela que chegava até meus ouvidos. Só conseguia distinguir a silhueta dela no escuro. Logo na esquina, um velho senhor esbarrou comigo, fazendo um barulho alto o bastante para chamar atenção dos dois.

Ouvi meu nome sendo chamado, mas não era a voz de Gisela. Minha mente não associou inicialmente, mas a voz animada de Danton chegando até meu ouvido me fez procurá-lo imediatamente. Estaquei onde estava ao vê-lo, de braços dados com a moça de meus sonhos, vindo em minha direção.

Ele pronunciava coisas irritantes sobre não ter me visto antes, meu olhar pousou no rosto de Gisela, mais lívido que o normal. Segui seu olhar mudando de susto para terror e logo depois, para compreensão. Essa última já se fazia presente em mim, também. Juntando as peças do quebra-cabeças, o único a não constatar a verdade foi Danton.

Era Danton que Gisela disse amar. Era para Gisela que Danton se declarou. Assim como eu me declarei... Senti-me um segundo sem chão, logo depois, raiva. Não tolerava me sentir um tolo, mas não tinha outra palavra que encaixasse na situação. Falamos coisas ordinárias e eu consegui encenar muito bem esse papel, assim que me recompus. Gisela parecia incomodada. Pelo menos isso não foi uma armadilha dela e sim do destino. Dava para ver isso em sua feição. Despedimo-nos, Danton feliz que já nos conhecêssemos. Por um instante, pensei ter visto alívio nos olhos dela quando ela me olhou pela última vez. Talvez tivesse medo que eu contasse ao meu amigo que éramos rivais no amor.

Quando virei minhas costas e segui na direção oposta a eles, só havia uma certeza em minha mente e eu a colocaria em prática. A casa de Gisela era apenas uma quadra de distância do teatro, e eu sabia onde ficava a casa de Danton, um pouco mais adiante. Contornando a quadra para que não me vissem, segui até uma ponte escura que meu amigo haveria de passar assim que entregasse minha amada a seus pais.

Um turbilhão de pensamentos passou pela minha cabeça na diferença de tempo entre eu chegar até a ponte e esperar Danton chegar. Esgueirando-me pela sombra, eu o esperei.

Fechei os olhos e somente os abri quando ouvi passos. Era Danton, dava para ver seus passos alegres de longe. Ainda pela escuridão, caminhei até ele, que finalmente percebeu que havia mais alguém. Parei no meio do caminho, lutando contra minha mente em fúria. Ouvi os passos de Danton ficarem mais atentos, um pouco hesitantes. Quando ele estava numa altura consideravelmente boa em meu campo de visão, eu deixei o ódio que sentia preencher todas as minhas veias. O sangue que corria ali, fervia, me corroendo de uma maneira errante.

Apontei a arma para ele. Ele percebeu, pois parou de andar e começou a falar sobre eu poder pegar o dinheiro que quisesse... Como se meu objetivo fosse dinheiro! Eu deixei escapar entre os dentes uma risada doentia, por um momento eu não reconheci minha voz, mas não me importei, na manhã seguinte não reconheceria nem minha face!

Ele ia falar mais alguma coisa, mas foi interrompido pelo primeiro disparo. Ele caiu e eu me aproximei, para ver onde tinha acertado. Entrei em seu campo de visão, eu havia acertado seu pulmão, dava para ver o rosto agonizante de meu amigo, que me olhava apavorado, como se visse um fantasma. Ele ia falar novamente, mas eu o interrompi.

- Você ainda quer saber o nome da moça que amo? – mirei em seu coração, dessa vez com toda a certeza – O nome dela é... Gisela – E dei o segundo tiro.

O sangue espirrou por minha roupa, mas não me importei. Fiquei por alguns segundos apreciando o desespero dele por ar, por respostas, por vida. Sem mais nada para fazer ali e antes que alguém chegasse, eu virei minhas costas e fui. Com certeza, ele já estaria morto quando o encontrassem.

Entrei em casa pela porta dos fundos, imaginando que os empregados que me esperavam deviam estar perto do hall de entrada.

O resto da madrugada não foi de sono. Na verdade, depois de conseguir dar um fim às roupas manchadas e de um banho, entrei em meu quarto com a intenção de descansar, mas avistei o livro que Gisela havia me dado. Com um pequeno sorriso, fui até ele. Não tinha conseguido olhá-lo mais durante aquele tempo. Mas agora era diferente. Agora não havia mais impedimento. Agora não havia mais Danton.

Li suas cinqüenta e quatro páginas com um sorriso. Reli três vezes um conto que tinha como título meu nome e contava sobre nossa amizade. Eu e Gisela. Não mais meros amigos. Agora sem nada em nosso caminho.

De manhã, mesmo sem ter dormido, meu humor era dos melhores. Sai de meu quarto já com a roupa negra preparada. Logo no café da manhã, uma vizinha avisou-nos do crime ocorrido durante a noite, logo pus minha roupa de luto e saí de casa, avisando a meus pais que iria no velório de meu amigo. Porém, minha intenção era outra. Gisela estaria lá. Com certeza, ela precisaria ser consolada.

Vi os pais de Danton assim que cheguei no velório. Sua mãe estava pálida, sem cor alguma no rosto e chorava compulsivamente. Se pai me deu um abraço e eu dei os pêsames que meus pais haviam recomendado. Mas quem mais queria ver, só encontrei junto ao caixão. Ela estava de pé. Não havia lágrimas em seu rosto, apenas um olhar atento, fixo. Padeci de sua desolação... Seu rosto era sublime até mesmo na dor.

Passamos o dia velando o corpo e na hora do enterro, quando começou a chover, ofereci meu casaco para Gisela, mas ela apenas me olhou com os mesmos olhos opacos e vazios que não viam a realidade e não fez menção de pegá-lo. Eu o coloquei em seu ombro e assim, o enterramos. Enterramos o nosso empecilho.

Quando todos praticamente já haviam ido embora, ela aproximou-se de mim e com uma voz diferente, surreal, fraca demais para ser dela, me chamou para ir até sua casa. Assenti e a segui. Quando chegamos, percebi que a casa estava vazia, já que seus pais ainda ajudavam os pais de Danton no cemitério. Parei no hall de entrada, não me atreveria a entrar sozinho com ela.

Gisela, alheia a minha estagnação, continuou em seus movimentos mecânicos até o escritório, o mesmo onde eu havia declarado meus sentimentos. O longo vestido negro, que caía tão bem em seu corpo esguio, roçava de leve no chão e nos móveis, dando uma sensação de paz para mim, por um momento. Enfim, decidi segui-la.

Ela mostrou-me novamente a cadeira atrás da mesa de madeira. Havia novamente papéis lá. Li a primeira folha. Era como uma continuação do livro que tinha me dado.

- Não tem título – afirmei suavemente para ela.

- Escrevi isso durante a noite – falou ela num silvo de voz, como se não ouvisse o que eu falava – Leia-o.

Pareceu-me mais uma ordem do que um pedido, mesmo assim, acatei.

A segunda folha continha a dedicatória... Era novamente para mim. Sorri e continuei. A mesma escrita dela... Mas dessa vez estava distorcido. Não era um enredo objetivo e direto, as emoções estavam misturadas, como se ela estivesse em agonia quando escreveu... Mesmo assim, distingui três personagens principais e eles formavam um triângulo amoroso, um perturbado e sinistro triângulo amoroso. Por fim, tudo terminava em tiros... Disparados pela personagem principal.

No mesmo momento em que juntei as peças daquela armadilha, percebi que ela estava na frente da mesa, apontando uma arma em minha direção.

- Danton era forte – ela falou com sua voz diferente, a que não era dela, mas dessa vez mais alta, segura – Consegui ver seus olhos verdes brilharem para mim uma última vez... E ele conseguiu falar para mim sobre os seus olhos. Os negros olhos que o levaram também para a escuridão...

Eu a olhei incrédulo, não acreditava que ela tivesse ao menos carregado a arma.

- Esse será meu último conto, não é lindo? – ela falou com um sorriso febril em seu rosto maculado de grossas lágrimas, agora. Ela não olhava pra mim, os opacos e vazios olhos cor de mel olhavam através de mim – Matarei aquele que tirou minha vida.

E antes que eu pudesse dizer para ela parar, senti um som estrondoso e a dor de minha pele rasgando, na posição exata de meu coração. Eu havia caído. Eu não a teria. A dor acabou? Quero ver seus olhos uma última vez, Gisela...

Como se ouvisse meus pensamentos, ela veio em minha direção. Eu ansiava por isso, morrer vendo-a seria o mais precioso presente... Ela mirou a arma novamente para mim, ajoelhou-se ao meu lado e então apontou para minha cabeça, levando para seu coração, depois.

Ouve um disparo. Minha visão ficou escura. No final, eu a terei. Vamos juntos para o inferno, minha eterna amada...


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Notas finais do capítulo

Parando para pensar, está é minha segunda death fic postada. Creio que sou boa em escrever drama mesmo hahaha.

Obrigado por ter lido até aqui. Se puder, deixe um comentário, me fará muito feliz.



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