My Own Prison escrita por Ariane Munhoz


Capítulo 1
Only for you




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My own Prison

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Há um dia no ano em que eu não preciso ser quem eu sou. Nesse dia, Felicity, sou seu, para você e por você.

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"Eterno é tudo aquilo que dura uma fração de segundos, mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força jamais o resgata..."

Carlos Drummond de Andrade

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Eu nunca fui um cara muito tendencioso daqueles que acreditam em destino ou em superstição. Sempre acreditei que nós traçamos a nossa linha e seguimos aquilo que escolhemos até o fim. E que nossas escolhas nos levam a mais escolhas e que devemos arcar com as consequências delas.

No meu caso, as escolhas do meu pai me fizeram escolher ser um vigilante, mas com isso descobri quem eu realmente era. Mas, acima de tudo, eu descobri você.

As suas palavras, o seu jeito, o seu sorriso, o seu toque, os beijos que demorei a sentir em minha pele, e que me causavam calor a cada vez que seus lábios me tocavam.

Você, Felicity, que passou a ser a razão dos meus dias, o meu motivo para descobrir que eu não precisava matar, e que poderia ser útil de outra forma para a cidade. Você que me fez amar o que eu fazia, o fato de ter força para ajudar aqueles que não podiam, mesmo que o que eu fizesse fosse pouco em relação à tudo o que acontecia.

Mas, acima de tudo, você resgatou Oliver Queen da escuridão.

Você foi a minha luz.

X

Responsabilidade nunca foi o meu forte antes de retornar daquela ilha amaldiçoada. Curtir a vida, gastar a fortuna dos meus pais, me embebedar até esquecer quem eu era... esse era o meu conceito.

A ilha me mudou.

Hong Kong me mudou.

Mas, acima de tudo, você me mudou.

Vi naquela luz que você emanava, dias mais limpos do que jamais tive em meio à tempestade que vivia, banhado de álcool naquelas festas sem fim.

Aquilo não era vida.

Mas mesmo quando eu estava nas trevas, banhado pelo sangue daquelas pessoas corruptas, imerso no meu próprio ódio e no desespero de já ter falhado tantas vezes na minha vida, foi você quem me trouxe de volta.

Sempre você.

Com seus sorrisos sem tempo, os comentários fora de hora, os trejeitos, o modo como ficava sem graça quando eu me aproximava ou com qualquer ação.

Sempre você.

Felicidade é pouco para descrever o significado do seu nome. Eu poderia passar dias firmando e reafirmando todas as coisas que você fez por mim.

Todas as coisas que faz.

Você, Felicity, é a razão pela qual eu ainda não enlouqueci.

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Aqui, o tempo não tem uma vertente. Não passa depressa ou devagar. Apenas passa. Como a areia que cai lentamente de uma ampulheta, é assim que eu sinto a minha nova vida de Al Sah-him, o herdeiro do Demônio.

Não há nada nessa vida no qual a gente não possa se adaptar. E existir é uma coisa que, definitivamente, aprendi a fazer naquela ilha.

No entanto, quando se é tocado pela Felicidade uma única vez, a sensação torna-se única. Poder-se-ia dizer que é como vertigo. E que não se pode mais viver sem isso.

Aquele momento, Felicity, ficou marcado em mim como se feito a ferro quente.

Os seus lábios sobre os meus, o som languido da sua voz, suas unhas sobre as minhas costas. E você sussurrando baixinho: te amo, te amo, te amo.

Eu não consigo pensar em mais nada que poderia me manter vivo nesse mundo onde minha vida não me pertence. Onde minha alma não é mais minha.

Apenas você.

Dentro dessa prisão onde minha mente foi tragada aos poucos, eu tive que separar um compartimento para as coisas importantes que me restaram.

As vezes me lembro de Diggle, com seu jeito sempre centrado, tentando me puxar para a realidade.

(Mas quem é Diggle? Sua imagem some da minha mente)

De Roy, sempre impulsivo, ignorando a razão das coisas. Um verdadeiro herói.

(Mas Roy é vermelho e vermelho é sangue. Roy não existe)

De Thea, o motivo da minha partida. Minha querida e doce Thea.

(Mas o que ela era? Algo importante, uma palavra... qual era?)

E você.

(Consigo me lembrar! O desenho do seu sorriso, os cabelos louros, os olhos tão azuis, tão intensos e diferentes do céu cinzento que paira sob Nanda Parbat)

Minha alegria, minha luz, minha Felicidade.

Como eu poderia viver sem você?

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Então eu me dou esse direito, Felicity.

De fugir apenas uma vez. Só uma. Para te ter comigo, para te sentir do meu lado. Para sermos o que somos e nada mais.

Há um dia no ano em que eu não preciso ser quem eu sou. Nesse dia, Felicity, sou seu, para você e por você.

E não há nada mais que me importe além dos seus sorrisos, além da sua presença.

Eu não sei quem é Diggle, Sara, Thea, Laurel, Moira, Malcolm, Liga dos Assassinos, Nyssa, Barry, Roy, Shado, Slade, Ray.

São nomes, todos vagos. Todos sem significado algum.

Podem ter sido importantes um dia, mas não me lembro de suas cores ou de suas luzes.

A única que ainda brilha, e que está dentro de mim, é a sua.

Esse é o nosso dia, mais especial que todos os outros, e você sabe disso. Sabe tão claramente que já não me pergunta mais se lembro deles. Não busca mais nos meus olhos o que um dia eu já fui.

Mas se conforma em ter esse pedaço de mim, o pouco do Oliver que você conheceu e ainda restou.

E eu vejo a tristeza nos seus olhos, e queria sentir mais do que eu sinto por isso, mas não consigo.

- Oliver?

Sua voz me desperta para a realidade, e me volto na sua direção.

- Achei que estivesse dormindo. – caminho até a cama, inclinando-me sobre seu corpo e lhe dou um beijo.

- Estava. – você sorri. – Já precisa voltar?

É o tom da sua voz, tão doce, tão suave. O modo como me pede as coisas...como posso dizer não a você?

- É o seu dia, Felicity. Não há nada mais importante do que estar com você. – eu respondo, lhe beijando as costas da mão suavemente. E, por um momento, quando te encaro e vejo aquele sorriso, quase me lembro de tudo o que deixei para trás. De todos aqueles nomes, aquelas pessoas que se tornaram uma nebulosa em minha mente, e seus significados, e a Justiça, e o que significava ser O Arqueiro.

- Então fica comigo. – você diz baixinho, e me envolve com os braços.

- Sempre. – eu respondo, apertando seu corpo contra o meu. Te beijando, me esquecendo de todo o resto, porque nada mais importa quando estou com você.

Os nomes se apagam, as vozes somem.

Não sou mais Oliver. Não sou Al Sah-him e nem Ra’s Al Ghul.

Sou seu, para você e por você.


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Notas finais do capítulo

Existe uma série de motivos pelos quais eu escrevi essa fic, que não vale a pena enumerar, mas o maior deles foi o feel que eu fiquei no episódio 20.

Passei um bom tempo protelando em como escrevê-la até notar que o meu Norte sempre esteve ali.

Sou como uma balsa perdida em alto mar. Você é meu farol que me guia pro porto.

Eu só precisava me lembrar.

Espero que gostem, acho que no fim eu consegui achar o verdadeiro significado da fic.

Confesso ser muito dificil pra mim, particularmente, narrar com o Oliver.

Enfim.

Comentários sempre bem vindos.



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