Agora você sabe escrita por Angelic, Theeco


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura.



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Castiel apareceu no quarto do motel e observou os Winchesters enquanto dormiam. Não fazia muito tempo que haviam adormecido, mas já aparentavam estar em sono profundo. O anjo caminhou até ficar entre as duas camas; franziu o cenho rapidamente ao observar Sam, e depois Dean. Eles eram realmente intrigantes.
Depois de desvendar e resolver um difícil caso, Dean e Sam estavam num merecido descanso.
Dean se acostumara com a presença de Castiel, mas já fazia um tempo desde a última vez que esteve com o anjo, e isso era desmotivador. Quando a caça se tornou um negócio massante e com um fim nem sempre bom, Dean começou a se aborrecer constantemente. O que melhorava isso, era a presença do anjo, que amenizava toda a situação.
Antes de dormir, Dean se perguntara se já não era a hora de tirar um tempo (indeterminado) de folga. Não que a companhia de Sam fosse ruim, mas faltava algo; além de estar com fadiga acumulada, não tinha mais aquela motivação para continuar.
O anjo, um pouco sem ação, resolveu se sentar na ponta da cama do caçador mais velho e esperar até que acordassem. Não queria atrapalhar mais uma vez o sono de nenhum dos dois, embora quisesse ver o despertar de Dean.
Ele tornou a olhar para a mesa, que estava organizada, e alguma coisa parecia estranha ali. O anjo piscou os olhos rapidamente, tentando achar um significado, mas deixou isso de lado ao ouvir um ressonar alto no quarto.

As palavras ecoavam forte na mente do Winchester mais velho. "Nós, anjos, não podemos amar, Dean. É impossível sentirmos amor."
Castiel o olhava sem emoção alguma, parecia até mesmo um robô.

— Espere, Cas. E-eu...

Castiel virou de costas para o loiro, sem qualquer sinal de afeto.

— Não, Dean. Mesmo que anjos pudessem amar, você acha que é digno do amor de um ser celestial? Você sequer é amado por um humano. Você é patético.

Ao vê-lo desaparecer depois dessas palavras cruéis, o coração do caçador começou a acelerar descontroladamente, e logo acordou.
Suspirou aliviado por ter sido um sonho, mas parecia real; como uma previsão.
O Castiel do sonho não estava totalmente errado; então, tecnicamente, era questão de tempo até que a cena ocorresse realmente.

— Dean? — Castiel chamou um pouco incerto ao ver o caçador se sentando, com algumas gotas de suor escorrendo pelo rosto.

Dean estava sem camisa; Castiel desviou o olhar para Sam, para não ficar olhando demais para o corpo do loiro.
Alguma coisa no Winchester mais velho estava estranha, isso já há algum tempo; Castiel não sabia como reagir. Às vezes recorria ao sumiço, sem dar nenhuma explicação para os irmãos.

— Cas? — perguntou enquanto coçava os olhos, sem acreditar que o anjo de fato estava ali.

Dean sentiu algo crescer dentro de seu peito; talvez fosse a saudade sendo extinta, lhe causando essa sensação relaxante. Ou poderia ser outra coisa. De qualquer forma, Dean não assumiria isso em voz alta.
Sua única preocupação no momento era saber por quanto tempo o anjo estava ali, e o motivo de sua presença.

— E aí? — Constrangido, deu de ombros sem saber como iniciar uma conversa, sem saber se o anjo entrara em sua mente enquanto sonhava.

— As coisas estão calmas — respondeu sem ao saber ao certo se era isso o que ele perguntava; levantou-se, passando as mãos no casaco, e depois as colocou nos bolsos. — Me desculpe por incomodar.

Ele sabia como Dean se sentia ao ser observado enquanto dormia, mas não podia evitar.
Castiel voltou a olhar para Dean, mas fixamente em seus olhos; gostava daquela cor. Não era verde como as árvores ou florestas, obras do Pai, mas sim como águas cristalinas das paisagens mais belas do mundo, como vira num postal. Mas não, nem aquilo poderia se comparar aos olhos do Winchester. Ele não sabia explicar o motivo, mas aqueles olhos o mantinham num certo transe.
No momento em que fizeram contato visual, Dean se perdeu naquela imensidão divina de tom azul que são os olhos de Castiel. E não apenas divina por Castiel ser um anjo, criação de Deus; mas porque seus olhos são algo muito superior a qualquer coisa humana.

— Você não in... sem problemas, Cas.

Castiel se moveu, alguns instantes depois, notando que se persistisse daquele modo entraria sem querer na mente do caçador. Desviou o olhar para Sam novamente, mas logo voltou a fitar Dean.

— Você acordou cedo. Ainda não amanheceu.

— Sonhos ruins, cara. — Dean deu de ombros, como se aquele pesadelo não fosse nada. Como se já não tivesse tido os mesmos sonhos em outras noites.

— Eu posso ajudar nisso, se quiser. — Castiel olhou sério para ele, começando a ficar animado com a possibilidade de poder ser útil.

— Não — respondeu abruptamente. De jeito nenhum ele permitiria que Castiel entrasse em sua mente. — Quer dizer, deve ser só o cansaço, não é? — sorriu nervoso.

— Por que não? Iria eliminar seus pesadelos e você descansaria melhor. Não sei se cansaço causa isso. — O anjo franziu o cenho, sem entender. Mas desistiu de convencê-lo, dando de ombros.

— Foi mal, cara, não quero ninguém dentro da minha cabeça. — Castiel já estava dentro da cabeça do loiro; não literalmente, mas estava. Afinal, Dean sempre se pegava pensando nele.

— Você decide Dean.

Castiel deu as costas para o homem, andando a passos devagar; não tinha o que fazer, mas não queria incomodar enquanto ele se vestisse e fizesse sua higiene pessoal. Puxou uma cadeira e se sentou em silêncio. Por um lado ele queria entrar em segredo na mente do Winchester e ajudá-lo, mas por outro sabia que haveria uma briga se o fizesse.
Dean fez sua higiene pessoal, vestiu uma camiseta e sentou-se na cama.

— Então veio aqui só pra ficar nos olhado? — perguntou, esperando que o moreno fizesse ou dissesse algo, como, por exemplo, porquê sumira.

— Eu gosto de olhar vocês, mas não foi por isso. Eu passei tempo demais longe, e ouvi Sam orar para que eu voltasse.

Dean se sentiu ofendido no momento em que Castiel terminou de falar.

— E eu? — perguntou, sentindo um nó na garganta. — Quantas vezes eu orei, Cas? Você nem precisava ficar comigo. Jesus, eu só gostaria de uma resposta pra saber se você ainda estava vivo.

— Não era importante. Vocês estavam seguros e eu precisava refletir... sozinho. — Ele se aproximou sutilmente do caçador, franzindo o cenho. — Eu acho que às vezes você esquece o que eu sou. Eu devo cuidar de você, e não o contrário.

— É fácil pra você dizer que não era importante quando não era você que estava sof... — Dean engoliu em seco. — Droga, Cas. Será que eu não tenho o direito de ficar preocupado? Eu me preocupo com você da mesma maneira que me preocupo com o Sam. Você não é mais só aquele que me tirou do inferno. Você é da família.

— Sua preocupação comigo pode ser um ponto negativo no futuro — Castiel disse secamente, parado em frente a ele, com os olhos vidrados. — Eu lamento por te fazer passar por aquilo, não foi minha intenção.

"Sua preocupação comigo pode ser um ponto negativo no futuro."
Essa frase se repetiu na cabeça do loiro, fazendo-o se lembrar dos pesadelos.

— Eu não quero saber do futuro — disse convicto, mesmo que Castiel pudesse estar certo. — Não sabemos nem se teremos um futuro.

— Eu farei o meu máximo para que tenham um futuro, e espero que compreendam isso. — Castiel não entendia ao certo essa negatividade do caçador. Aquilo muitas vezes testou sua fé, mas dessa vez não. — Você me exausta.

— Não, Cas, você não tá entendendo. Eu não quero apenas um futuro para a gente: Sam e eu. Eu quero um futuro para nós: Sam, você e eu. — Dean baixou o olhar.

— Minha missão não se refere a mim, Dean. Se refere aos Winchester. Eu só estou aqui para ajudar... — Castiel se afastou, ficando de costas para o loiro — meu Pai não me deixou explicações, mas não preciso de uma para saber o que fazer.

Dean se levantou e começou a andar de um lado pro outro, irritado com a teimosia de Castiel.

— Sua missão, Castiel? — Era estranho vê-lo chamar Castiel pelo nome ao invés do apelido, mas estava realmente irritado com o anjo. — Se eu me lembro bem, você não podia se apegar a ninguém e nem ter opinião própria, e veja onde você está agora.

— Sim, eu tenho opinião própria, e sim, estou apegado a alguém. — Castiel virou o rosto para olhar Dean, sem qualquer expressão no rosto, mas aumentando gradativamente o tom de voz. — Vocês me mostraram coisas importantes, mas não deixarão de estar sob minha proteção.

— Esqueça a sua missão idiota, ela não vale de nada. Você não pode colocar ela na minha frente. — Dean parou na frente de Castiel, o levantou, segurando seu sobretudo e o olhou fixamente nos olhos — Eu me importo com você, Cas.

Castiel ficou com a boca entreaberta, vacilando no que falaria; seu coração batia rapidamente.

— Não é uma missão estúpida, você está nela.

Dean abriu a boca para falar algo, mas nada saía. Castiel o deixara sem palavras.
Castiel forçou o peso de seu corpo e conseguiu tocar os pés no chão. Continuou a olhar para Dean, que estava mais calmo.

— Eu devo fazer o que faço, porque quero.

— Então faça, mas não está sendo justo. — Dean soltou o sobretudo do anjo e se deitou na cama, de lado para não ter que encarar Castiel.

Estava um pouco feliz pelas palavras de Castiel, não podia negar; mas não era justo. Ele também se sentia no dever de cuidar do anjo.

— E qual seria o justo? Um humano cuidar de um anjo? Não está certo. — Castiel sentou sem jeito, na beirada da cama, próximo dos pés do caçador. Aquela discussão estava deixando-o transtornado.

— Não estamos discutindo hierarquia de raças aqui. Um dia você vai me entender, Cas. — Suspirou, e então sussurrou: — Eu espero que entenda.

— O que há para ser entendido? Não consigo entender. — Castiel franziu o cenho, olhando para o loiro. — Explique melhor o que sente.

— Eu não sei Cas. é... Complicado.

— Como vocês dizem, eu sou todo ouvidos. — Castiel deu um sorriso tímido ao usar aquela frase.

— Cas... eu...

— Castiel? — Sam perguntou, bocejando.

Castiel estava pronto para jogar a lâmina angelical em Sam por ter atrapalhado a conversa, mas se contentou em responder com um simples "olá"; olhou de volta para Dean, com um fio de esperança.

— Prossiga.

— Atrapalho? — perguntou Sam.

— Não, Sammy. O Cas já estava de saída. Ele tem algumas missões novas e sabe como é, ele fica cego por elas.

Castiel olhou para Dean, sem entender o comentário do loiro, e sentiu o ódio corroer seu ser, como jamais sentira antes. Ele não olhou para Sam. Somente colocou a mão no rosto de Dean e os levou para fora do motel.

— Eu não estou de saída — disse, encarando-o.

— Se você não está eu estou. — Dean empurrou Castiel e se virou, andando apressadamente para se afastar dele.

— Você não está. — Castiel pegou Dean pela gola da camisa e o virou, empurrando-o com força contra o lado externo da parede do motel. Sentia seus batimentos cardíacos acelerados. — Está difícil para eu fazer minhas escolhas, e você agindo assim me faz questionar o que sinto. Eu não vou. Vou ficar aqui, com vocês, e não quero que mande em mim.

— Eu não quero mandar em você.

Dean sentia seus batimentos cardíacos acelerando também. Sentia a respiração do anjo se misturando à sua, devido à proximidade de, não apenas seus corpos, mas suas bocas também.
Castiel franziu o cenho novamente, falando com a voz um pouco alterada, ainda mais rouca, e apertando a gola de Dean, enquanto o forçava mais ainda contra a parede.

— Você me deixa confuso. Fala como se escondesse alguma coisa.

— Não é nada demais, todos têm seus segredos. — Dean suspirou. — Me solta, Cas.

Ficar daquela maneira com Castiel estava sendo uma tortura para o loiro. Ele já não sabia mais ao certo o que fazer e o que falar, sobre aquele momento e sobre as coisas que guardava para si.

— Não. — Castiel apertou mais, quase o erguendo pela gola, sem deixar de olhar nos olhos do caçador. As pernas do anjo pressionaram a do loiro, sem que Castiel notasse. — Eu preciso saber.

Dean estava imobilizado pelo anjo. Pressionado contra a parede, seus corpos estavam praticamente grudados; Dean até podia sentir os batimentos cardíacos acelerados de Castiel — tão acelerado quanto os seus.
Castiel não estava lhe pressionando apenas fisicamente, mas psicologicamente também. O olhar intenso do anjo sobre seus olhos, como se o perfurasse; as perguntas invasivas; a insistência.
Dean quebrou o contato visual, direcionando seu olhar para a boca do outro — tão próxima à sua. Então voltou a fitá-lo, e não teve dúvidas. Tinha de ser a hora.
Dean se inclinou para frente e, de olhos fechados, selou seus lábios com os do anjo.
Foi rápido e casto, e Dean nem fazia questão de que fosse algo a mais. Era como se naquele gesto ele tivesse exposto tudo o que sentia. Tudo o que Castiel queria e insistia em saber.
Castiel não reagiu e Dean o empurrou.

— Agora você sabe — sussurrou Dean, antes de virar as costas e caminhar em direção ao motel.

Castiel então (e finalmente) soube.
E também soube que não tinha como falar nada. Não naquele momento.
Seu coração continuava batendo acelerado, mesmo com Dean se afastando. Queria pedir para que ficasse, mas sua voz não saía.
Na verdade, Castiel estava em uma disputa silenciosa pelo que fazer: ir atrás do caçador ou o deixar como queria, por um tempo.
Castiel viu Dean entrar no quarto sem olhar para trás. Ele não se conteve, e, em seguida, surgiu no quarto.

— O que você quer? Veio zombar de mim? Ou veio me dizer o que eu já sei: que anjos não são assim e bla bla blá? — perguntou Dean, sem se importar com a presença do irmão.

— Não — Castiel disse firme, olhando para o chão. Com cuidado, procurava as palavras que devia usar. Ainda não tinha coragem de encarar o caçador. — Anjos não têm livre arbítrio, mas... vocês me ensinaram isso. Por que duvida de mim?

Castiel ergueu os olhos, hesitando em olhar para Dean. A falta de confiança de Dean sobre ele o machucava.
Sam olhava de um para o outro, sem entender nada.

— Vou deixar vocês a sós — disse o Winchester mais novo.

Após Sam sair do quarto, Dean olhou para Castiel, mas não agüentou encará-lo por muito tempo.

— Desculpe por aquilo, e-eu não...

— Você não o que? Não consegue falar comigo sinceramente? — Castiel franziu o cenho, sem deixar de olhar para Dean. — Não se desculpe.

Dean encarou Castiel. Não ia adiantar não olhar para ele, isso não o faria ir embora.

— Eu não queria que fosse daquela maneira — disse, ainda usando um tom de desculpas.

— Já disse para não se desculpar. Você finalmente fez o que queria. Deve se sentir melhor... por nós — disse, dando dois passos em direção ao loiro.

— Por nós? O que você quer dizer com isso? — Dean perguntou, sem entender muito bem o que Castiel queria dizer com aquilo e se levantou esperançoso. — E eu não estou feliz. Estou... Relaxado, eu acho.

— Eu não sei explicar, Dean. O vínculo que temos... Agora isso... Desculpe-me. — Castiel virou as costas para o loiro. — Não sou bom com explicações.

— Tudo bem, Cas. — Involuntariamente, Dean colocou a mão no ombro do anjo, e ao vê-lo estremecer ao toque, decidiu se afastar. — Eu só não queria te perder, como nos meus sonhos — sussurrou, quase para si mesmo.

— Sonhos? — Castiel ouviu a última frase, e se virou, encarando o outro e sentindo um mal-estar, por estar nos sonhos dele. — Você sonhou comigo?

— Você sempre me esnobava e me deixava, Cas. — Dean suspirou, segurando as lágrimas. — Foi tão ruim.

— Você sabe que eu nunca faria isso. Quando os deixo... é por um motivo importante. — Castiel andou até ele e tocou seu ombro. — Lembre-se como eu sou.

— Esse é o problema. Eu não quero ter de me lembrar como você é, eu quero você presente para que eu veja e sinta. Não sempre, Cas, mas pelo menos de vez em quando. Você some e isso quase me mata.

— Se isso o machuca, eu não vou mais sumir. Eu prometo, Dean. — Castiel subiu os dedos até tocar o pescoço do caçador, passando até a nuca — Eu fiz tudo por você. E faria mais.

Dean sentiu um arrepio instantâneo percorrer seu corpo ao sentir o toque dos dedos de Castiel.

— Acho que vou voltar a dormir.

Dean se afastou do anjo. Ficar tão próximo seria uma tortura e tentação imensurável, e ele não queria fazer nada que deixasse o clima entre eles mais constrangedor.

— Eu não vim para te ver dormindo. Não é a sensação mais agradável ficar sozinho — Castiel falou baixo, as atitudes do caçador estavam o deixando sem jeito. — Dean... por favor.

— Você também não veio aqui para ser beijado — retrucou, se lembrando do beijo. Mas preferiu não voltar a tocar no assunto, era melhor fingir que aquilo não acontecera. — Tudo bem, tudo bem. — Desistiu de dormir, e voltou a encarar Castiel.

— Foi uma surpresa, mas não posso achar ruim. Foi uma sensação nova... — Ele deu dois passos até Dean novamente. Ergueu os olhos aos poucos, olhando para os lábios do outro. — Ainda estou curioso.

— C-curioso? — gaguejou, mas dessa vez não se afastou do anjo.

Dean tentou fingir que não reparou em Castiel olhando para seus lábios, mas seu corpo reagiu; seu coração voltou a acelerar, enquanto sentia as "famosas" borboletas no estômago. Também sentiu um aperto em sua calça, mas estava disposto a ignorar qualquer manifestação de seu pênis.

— Deixe-me tentar de novo? — pediu suavemente, olhando para o rosto do caçador, e deu alguns passos, deixando seus rostos separados por apenas poucos centímetros.
O anjo aproximou sua boca à boca do caçador. Lentamente, pois queria que aquela sensação que sentia durasse o máximo possível. Não sabia muito bem o que viria a seguir, mas estava disposto a tentar.
Encostou seus lábios nos do loiro devagar, e abriu a boca, começando um beijo, sem experiência, mas com sentimento.
Dean não conseguia acreditar que aquilo estava realmente acontecendo, mas decidiu aproveitar.

"Se for um sonho, que não acabe", pensou.

Colocou os braços ao redor da cintura de Castiel e lhe puxou para mais perto, aumentando o contato físico entre eles, mas não aprofundou muito o beijo. Afinal, Castiel não tinha experiência.
Dean segurou o rosto do anjo com uma mão sobre cada bochecha, e separou suas bocas. Em silêncio, apenas olhou fixamente nos olhos do anjo. Ao vê-lo esboçar um sorriso tímido, Dean também sorriu e lhe beijou novamente.
Castiel colocou uma mão na nuca do caçador, como vira alguns casais fazendo nos filmes. Acariciou seus cabelos e ousou em invadir a boca dele com sua língua. Sentira algo incrível e indescritível.
Sem notar, ele já estava pressionando o corpo contra o de Dean, sem parar de beijá-lo.

— Oh, Cas — gemeu entre um beijo e outro. — Esperei tanto por isso.

Dean deitou Castiel na cama e subiu em cima do moreno, beijando e chupando-lhe o pescoço.
Castiel não sabia o que pensar, só agir. Ele fechou os olhos ao sentir os arrepios percorrerem seu corpo, e colocou uma mão na cintura do loiro, puxando-o para si.

— D-Dean... Isso é tão bom... — murmurou.

Ele inclinou o pescoço ligeiramente para dar mais acesso para o caçador. Foi então que uma dúvida surgiu em sua mente: E se Sam aparecesse?
Os olhos do anjo se voltaram para a porta, cheio de preocupação, e depois para Dean.
Dean continuou a beijar e tocar Castiel sem a menor preocupação.
Como se Castiel tivesse previsto, Sam entrou no quarto.
Castiel e Dean só tiveram tempo de parar de se beijar e se virar para a porta, mas isso não melhorava muito a situação; Dean ainda estava em cima de Castiel. Na cama.
Sam arregalou os olhos, começando a ficar totalmente envergonhando. Sua mente tentava processar o que estava acontecendo.

— Dean...? Preciso de uma... Boa explicação — balbuciou.

Castiel continuou parado embaixo de Dean.

— Bem... — Dean olhou entre Sam e Castiel, pensando em alguma coisa para inventar. — Ok, não há explicação pra isso. A culpa foi sua que nos deixou a sós. — Tentou brincar. Ele definitivamente não estava afim de ter a conversa sobre "saída do armário" com o irmão mais novo. — E não me olhe com essa cara, você não pode me julgar. Você já pegou uma demônia, cara.

Perplexo, Sam fitava Castiel, que estava desconfortável e tentava se sentar.
Dessa vez ele tomou a palavra.

— E-Eu fiquei curioso, Sam... Não enxerguei algo errado nisso. — Castiel passou a mão novamente na nuca do loiro, com carinho, sem olhar para Sam.

— Eu tenho que falar com você agora, Dean. A sós. — Sam disse em tom sério, quase como uma ordem.

— Você nos dá uns minutos, Cas? — pediu relutante e sussurrou: — E não pense que não continuaremos depois. — Piscou e sorriu para o anjo, e então se virou com uma expressão tediosa para Sam.

Dean seguiu Sam até a sala e Sam ficou lhe olhando sério. Ele não sabia certo o que dizer, mas improvisaria.

— Dean... não sei o que você está fazendo. Ele... ele é o Castiel... — passou a mão pelos cabelos, respirando fundo, e completou: — não uma "gatinha fogosa".

— Jesus, Sammy. Eu não o vejo como uma gatinha fogosa. — Dean bufou. — Nós temos um vínculo, lembra? Não é qualquer coisa.

— Esse tipo de vínculo? Desde quando? — Sam franziu o cenho, olhando diretamente para Dean. — Aposto que ele nem sabe o que está fazendo, Dean!

— Não aja como se eu estivesse abusando dele, Sammy. Ele não é uma criança. Meu Deus, nem sabemos quantos anos ele tem! — Dean estava se irritando com Sam. Demorou tanto tempo para entender e assumir o que sentia pelo anjo, e depois que o fez, Sam achou que podia duvidar? — Isso não te diz respeito.

— Diz respeito sim! Depois que tivermos um anjo de coração partido não venha reclamar. — Sam estendeu a mão, pedindo as chaves do Impala. — Ande, não vou ficar para conferir.

— Ah, qual é?! Isso é ridículo, Sammy. Você não vai a lugar nenhum. Nem eu, nem Castiel. Tudo vai continuar como estava. Talvez um detalhe ou outro mude — disse, incerto de como sua relação com Castiel ficaria depois "daquilo" —, mas dá no mesmo. E bem, você devia ser o primeiro a saber que eu faço de tudo para não chatear quem eu amo.

— E eu vou ficar aqui, de braços cruzados enquanto isso? Estou somente me preocupando com o Castiel, Dean. — Sam deu de ombros. — Ah, faça o que bem entender. Preciso refrescar a cabeça depois do que vi. Chaves. — Ele fez um aceno com a mão.

Dean jogou as chaves para o irmão; ele merecia um tempo só. Não era justo forçá-lo a ficar ali, e Dean também precisaria de privacidade para conversar com Castiel.

— Não vá muito longe.

— Vou aonde eu quiser. — Sam pegou as chaves e saiu o mais rápido possível do motel.

Castiel ainda aguardava, sentado na cama, com as mãos apoiadas nas coxas, pensando no que ouvira. "Ele nem sabe o que está fazendo!"; "Ele não é uma criança!".
Olhou para o chão e ficou pensativo.Ele sabia o que queria. E queria estar ali, com Dean. Nada importava mais.

— Hey, Cas — sussurrou, entrando no quarto.

Castiel se levantou e Dean se sentou.
Não estava com vontade de ter uma conversa sobre seus sentimentos, isso era algo que odiava, mas era preciso. Ao menos uma conversa rápida, afinal, eles tinham coisas melhores para fazer.
"E se ele estiver confuso? E se ele estiver sendo impulsivo? E se não for o que ele quer?" A única maneira de Dean acabar com o "se" que o perturbava, era ir direto ao ponto.

— Senta aqui, Cas. Precisamos conversar. — Apontou para a cama e Castiel se sentou, de frente para ele. — Olha, só Deus sabe o quanto eu tentei encobrir e esquecer essa coisa que crescia dentro de mim. Negava que era isso que eu queria, mas nunca conseguia. As coisas só aumentavam. Sonhos, pensamentos... Tudo foi tomado por você, cara. Eu sofri pra entender e aceitar isso, mas hoje eu tenho certeza do que eu quero: você. — Dean pegou a mão de Castiel e a acariciou com seu polegar. — É isso mesmo o que você quer? Digo... nós... — gesticulou, apontando de um para o outro — juntos...?

— Sim, Dean. Eu tenho certeza.

Castiel não tinha palavras.
Não sabia como exprimir os sentimentos que tinha — sequer sabia quais eram exatamente —, mas aquilo aquecia seu peito.
Devagar, ele juntou seu rosto ao de Dean e lhe beijou. Calmo, mas era uma resposta digna para o caçador.
Dean correspondeu e Castiel o puxou para mais perto, aprofundando o beijo e colocando a mão por dentro da camisa do loiro para sentir seu corpo.

— Acho que Sam estava errado — disse, entre beijos —, você é mesmo uma gatinha fogosa.

Dean riu da própria piada, mas Castiel apenas o olhou, em extrema confusão.
Castiel parou os movimentos e esperou uma explicação, mas Dean apenas tirou sua camisa e deitou sobre o moreno, pressionando-o na cama e o beijando avidamente.


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Notas finais do capítulo

Foi uma delícia escrever essa fic. Agradeço ao meu maninho por me proporcionar isso. Comentem o que acharam.



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