Biologia em ação escrita por Rafaella Nunes


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Bom, espero que apreciem e peço desculpas adiantadas se tiver algum erro. Boa leitura!



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Desde o início da aula Nora estava quieta, pensativa e o fato de não me olhar por sequer um segundo me fez ter certeza de que eu era o motivo. Isso realmente me divertia, quando comecei esse jogo não poderia imaginar que seria tão proveitoso.

Eu permaneci a observando de forma descarada, pois apesar de não estar olhando diretamente em minha direção, sabia que, mesmo que inconscientemente, isso a deixaria mais desconfortável ainda.

Após uns longos minutos ela retirou um frasco de sua bolsa e, destes, dois comprimidos, que engoliu a seco e apesar de saber sobre seu quadro médico anêmico, ergui as sobrancelhas inquiridoramente quando ela me encarou.

Não havia encontrado nenhuma dificuldade em obter todas as informações possíveis sobre ela, mas poderia confessar que não havia me entretido tanto quanto usando cada uma delas para brincar um pouco com a garota.

Ela notou minha pergunta não dita, mas resolveu ignorar e voltou a se perder em seus pensamentos novamente, ignorando todos, imersa em algo que eu não sabia exatamente o que era.

— Nora? – Chamou-a Mc Conaughy com as mãos esticadas, esperando sua resposta, mas ela não a deu.

Recostei-me em meu assento, tranquilamente, apenas a observando corar, me deleitando com sua reação perdida.

—Você poderia repetir a pergunta? – Ela questionou envergonhada, após um momento de silêncio, fazendo a classe rir.

Com clara irritação o treinador repetiu o que havia dito minutos antes - e eu devo admitir, também não prestara a mínima atenção na primeira vez. – Que qualidades atraem você em um possível parceiro? – Se Nora já estava desnorteada anteriormente, depois que compreendeu do que se tratava, seu rubor aumentou e ela realmente não sabia o que falar ou fazer, o que resultou em mais risadas.

— Parceiro em potencial? – Foi a única coisa que saiu de seus lábios.

— Vamos logo, não temos a tarde toda. – Apressou-a novamente, claramente impaciente com a demora.

— O senhor quer que eu faça uma lista de características de um... – Ela interrogou novamente, provocando ainda mais a curta paciência do treinador.

— Possível parceiro, sim, ajudaria muito. – replicou sem conseguir esconder a exasperação na voz.

Neste instante, relutantemente, seu olhar foi em minha direção, o que me fez abrir um sorriso de satisfação, sabia que eu era o que ela queria então resolvi utilizar isso para introduzir um tipo mais direto de provocação e balbuciei “Estamos esperando”.

Nora colocou as mãos na mesa, em uma tentativa vã de passar confiança. – Nunca parei para pensar no assunto – admitiu em forma de desculpa.

— Então pense rápido – O homem a frente da sala rebateu intolerante.

— Será que você não poderia ouvir primeiro outra pessoa? – sugeriu esperançosa e a questão foi passada para mim. E eu soube imediatamente o que dizer. Me virei um pouco em sua direção e a descrevi como via. – Inteligente. Atraente. Vulnerável.

Ele escreveu minha resposta na lousa e logo me inquiriu sobre o vulnerável. “Sim, vulnerável, ela era vulnerável a mim, ao mundo que pertencia, mas nem ao menos conhecia. Era o que mais me dava prazer em continuar aquele jogo” pensei, mas não falaria aquilo.

Quando ia responder aquele completo idiota em frente à sala, a melhor amiga de Nora, Vee, com sua voz extremamente irritante, se intrometeu, me livrando de ter que responder à questão.

— Isso tem alguma relação com a aula? Porque não consigo encontrar nada sobre as qualidades desejadas em um parceiro em nosso livro.

Mc Conaughy parou de escrever e falou por cima do ombro. – Todos os animais do planeta atraem parceiros com o objetivo de se reproduzir. O corpo dos sapos incha. Os gorilas machos batem no peito. Já viu o macho da lagosta levantar nas patas e estalar as garras para atrair a atenção da fêmea? A atração é o primeiro elemento de toda a reprodução animal, inclusive a humana. Por que não nos apresenta sua lista, srta. Sk?

Observei-a levantar sua mão e ir abaixando um dedo a cada característica dada. – Deslumbrante, rico, generoso, altamente protetor e só um pouquinho perigoso. – Isso me fez rir, além do que eu já esperava vindo dela, tinha um ponto chave, muito importante da atração humana e que muitos desconheciam. O perigo.

— O problema da atração humana é você não saber se será correspondido. – Comentei, jogando a frase quase que aleatoriamente, somente para poder continuar o assunto. Não poderia perder essa oportunidade.

— Muito bem pensado – Elogiou-me o técnico e continuei, sem me importar com o que ele havia dito.

— Os seres humanos são vulneráveis porque são capazes de sofrer. – Esbarrei com um de meus joelhos nos de Nora, que analisava a situação sem se pronunciar, queria deixar claro que estava falando particularmente dela e tive certeza de que ela compreendeu o recado quando se afastou rapidamente.

"Sim, Nora, eu vou te machucar, vou brincar com você por um tempo e depois vou te matar pra conseguir o que realmente quero", meditei.

— A complexidade da atração entre os seres humanos e da reprodução é uma das características que nos distinguem das outras espécies. – O professor retomou sua fala e, depois de ouvir aquilo, não tive como deixar de bufar. Os humanos não eram em nada diferentes, cada espécie tinha seus mecanismos, bastava aprendê-los para que tudo se tornasse fácil. Uma questão de habilidades.

— Desde a aurora dos tempos – Prosseguiu. – As mulheres sentem atração por parceiros com mais habilidades ligadas à sobrevivência, como inteligência e força física, porque homens com tais qualidades têm mais chances de trazer comida para casa no fim do dia. Comida é o mesmo que sobrevivência, time.

A sala se manteve quieta, o que, pelo que pude ver, não era comum.

— Da mesma forma, os homens se sentem atraídos pela beleza porque é um indicativo de saúde e de juventude. Não há sentido em se acasalar com uma mulher doente que talvez mais tarde não esteja por perto para cuidar das crianças. – Ele ajeitou seus óculos na ponta do nariz, assumindo uma postura desafiante para com os alunos.

— Isso é tão machista. Diga algo que tenha a ver com uma mulher do século XXI. – Era Vee novamente, mesmo que ela não soubesse nada a respeito, o fato de ser uma nephilim já me fazia ter certa aversão por ela, mas não era só isso que me desagradava nela, eu também não suportava seu jeito intrometido.

— Se abordar a reprodução sob a ótica da ciência, srta. Sky, verá que a prole é fundamental para a sobrevivência da espécie. E quanto mais filhos tiver, maior será sua contribuição para o pool genético.

— Acho que finalmente chegamos ao assunto do dia. Sexo. – Comentou, claramente cansada da conversa.

— Quase. – Anunciou, erguendo o dedo. – Antes do sexo vem a atração, mas antes da atraca vem a linguagem corporal. É preciso comunicar ao possível parceiro que existe interesse sem usar palavras.

— Muito bem, Patch. – Disse apontando diretamente para mim. – Digamos que você esteja numa festa. O lugar está cheio de garotas de todas as formas e tamanhos. Você encontra louras, morenas, ruivas, algumas meninas com cabelos preto. Umas são tagarelas, outras aparentam ser tímidas. Você encontra uma garota que se encaixa em seu perfil. Atraente, inteligente e vulnerável. Como mostra a ela que está interessado?

— Eu a escolho. Vou falar com ela – respondo de imediato.

— Muito bem. Agora é a hora da pergunta importante: Como é que você sabe se ela está a fim ou se quer que você dê o fora?

— Eu a observo, descubro o que está pensando e sentindo. Ela não vai ser direta e me dizer, por isso preciso prestar atenção. Ela vira o corpo na minha direção? Olha nos meus olhos e então desvia? – Olho furtivamente para Nora, percebendo que poderia usá-la como exemplo, o que a deixaria completamente desnorteada – Morde o lábio e brinca com o cabelo, como Nora está fazendo agora?

Isso despertou a atenção de todos e também suas risadas. As mão dela caíram em seu colo. Claramente não esperava por isso, o que me fez ficar ainda mais animado com a brincadeira.

— Se é assim, está no papo – Disse esbarrando mais uma vez minha perna na dela, fazendo com que a cor de seu rosto se assemelhasse a um pimentão.

— Muito bom! Muito bom! – Aprovou Mc Conaughy satisfeito, mas isso pouco me importava, eu estava com minha atenção em Nora, queria a atingir mais, vê-la daquele jeito me proporcionava um imenso prazer.

— Os vasos sanguíneos capilares do rosto de Nora estão se dilatando e a pele dela está aquecendo. Ela sabe que está sendo avaliada. Gosta da atenção, mas não sabe muito bem como lidar com isso.

Não estou corando – Foi sua resposta, mas visivelmente ela estava, não tinha como esconder o rubor em suas bochechas.

— Está nervosa, – fingi que não havia ouvido sua intervenção e continuei, tendo plena consciência de que pior que apenas falar dela, seria misturar isso com algum tipo de elogio – passa a mão nos braços a fim de desviar a atenção de seu rosto para o corpo, ou talvez para a pele dela. Ambos são pontos vencedores fortes.

— Que ridículo – Seu queixo erguido tentando mais uma vez negar e a cada vez que ela o fazia, me incentivava a continuar.

Estiquei meu braço e o apoiei na cadeira atrás de si. Prendi seu olhar no meu, aquele tom de cinza envolvente, que não desgrudou dos negros dos meus nem seque por um segundo me instigando, involuntariamente, a querer mais.

Ninguém mais existia ali, isolei-me de tudo e de todos, menos de Nora, que parecia atônita. Assim que cheguei consideravelmente próximo a ela, balbuciei “vulnerável”.

Não dando tempo para qualquer reação da parte dela o treinador exclamou. – E aí está! A biologia em ação.

— Será que podemos falar sobre sexo agora? – Novamente Vee se intrometeu, querendo claramente ajudar a amiga a sair da situação em que se encontrava, mas já não importava mais, já havia atingido meu objetivo por hora.

Amanhã. Leiam o capítulo sete e estejam prontos para debater o assunto. – Assim que terminou de falar o sinal tocou, me levantei, empurrando a cadeira para trás, fazendo barulho, o que pareceu tê-la acordado.

— Foi divertido. – Comentei sarcástico. - Vamos repetir a dose um dia desses. – Não dei tempo para que ela pudesse responder, apenas me dirigi para fora da sala de aula. Aquilo estava saindo melhor que o esperado.


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Notas finais do capítulo

Oi, de novo... E aí? o que acharam da one na visão do anjo caído mais lindo e gostoso de todos? Ia amar saber a opinião de vocês. Bjs mil!!!