Bom nossa história começa num dia extremamente comum, o que não é muito comum no bairro do Limoeiro que tanto conhecemos. Uma tarde chuvosa porém quente, dia 5 de Março de 2015. Um tempo e um dia em que ela não gostava muito de relembrar, dia em que toda sua atenção se redobrava para não cair em um único pensamento...

6h da manhã – Casa da Monica e de sua melhor amiga Magali

TÉÉÉÉÉÉÉÉ.... TÉÉÉÉÉÉÉÉÉ – O despertador resolveu acordar a Monica em meio a um sonho (que mais pode ser chamado de pesadelo) que voltava a incomodar. De um salto ela acorda, olha a hora e aperta a função soneca do despertador, vira para o lado e tenta dormir novamente.
Mais como dormir de novo? Com aquela sensação de dor na ponta do estomago? Seria fome?

Não, fome não. Ela sabia que não era. Se revirou na cama e resolveu levantar, afinal sua faculdade começava as 8h e ela não queria chegar atrasada logo depois do feriadão de carnaval, sabendo que seus professores iriam dobrar a matéria pra compensar os dias perdidos.

Ela levanta, se olha no espelho, respira fundo e pensa consigo mesma, borá la que o dia esta só começando. Pega o celular e checa suas mensagens no Whats, 21 mensagens no grupo TMJ, Cebola, Cascão e Titi (como sempre) zoando no grupo, mandando bobeiras.

Uma mensagem do DC, e uma da Denise. Ela abre a do DC era uma mensagem de bom dia. Abre a da De, era uma mensagem perguntando do encontro das garotas no Final de Semana.

Rolava todo mês um encontro de garotas, para que mesmo com rotinas corridas, não deixassem de se ver. Sempre acabavam encontrando os meninos e a noite acabava em boas risadas e recordações.

Mônica se pegou rindo sozinha, porém logo parou, sabia que aquele era um dia em que ela não se sentia tão bem, todo dia 5 do mês, era a mesma coisa, o mesmo sonho, com a mesma sensação, dias 5 eram tão ruins assim?

Porque tinha que ser assim, tinha que incomodar ainda? Mesmo com tudo que aconteceu?
Ela sempre repassava essa pergunta em sua mente, pelo menos todos os dias 5 eram assim, dias em que ela lembrava que faziam 7 meses que ela e o Cebola tinham rompido, dia 5 de Agosto de 2014. Ela sempre se questionava o por que machucava ainda, se ela já tinha se convencido que não gostava mais, já tinha até ficado com o DC por uns 2 meses, porém depois decidiu ficar solteira. Dar um tempo para si mesma.

Em meio a seus pensamentos e enquanto fuxicava seu face, ouviu alguém batendo em sua porta e despertou do transe. Olhando e percebendo que já eram 6h40, deu um pulo da cama.

Magali a chamava.

– Mô, migsss ta mimido ainda?

– Maga, não, pode entrar amiga, esqueci da hora fuçando o face RS

– Eitaaa vicio viu! Amiga, hoje depois da facul vou dar um help pro Quim com umas entregas, e vou passar na minha mamis, levar o Mingau pra tomar banho no pet ta? Não se preocupa se eu demorar pra chegar, e eu já vou indo porque senão perco a hora, e você sabe em Psicologia não podemos perder nem o comecinho da explicação. Beijos te amo.

– Ta bom Maga, hoje a tarde vou ver se dou um pulo na minha mãe também, dar um beijinho nela. Te amo também.

– Você está bem? (e lembrando repentinamente) - Ah hoje é dia 5 né amiga? Quer que eu volte pra casa pra ficar contigo?

– Ain por isso eu te amo tanto, mais não precisa amiga, vá fazer suas coisas, estou bem, é só aquela mesma lembrança, jájá passa.

– Então ta bom, beijos!

– Beijos.

Ahhh a Magali, sempre tão fofa, Monica tinha muito orgulho da amiga, Magali estava no 2º ano de Psicologia, era muito dedicada e estudiosa, amorosa como sempre, desde pequena e nutria o mesmo amor pelo seu namorado Quim.
Quim agora era formado em Gastronomia, tinha aberto uma pizzaria, e a amava da mesma forma.

Monica sempre apoiou Magali em sua decisão de fazer Psicologia, afinal a amiga era super dedicada as pessoas, e tinha um jeito todo especial de ajudar.

Monica correu para o banheiro no meio do corredor que dividia seu quarto do da Magali, tomou um banho rápido, escovou os dentes, depois do banho, colocou um vestidinho vinho curto de alcinha e um Allstar preto, pegou sua mochila e desceu para comer algo. Morar com a Magali alem de ótimo por ser sua melhor amiga, era muito saudável também, pegou um suco colocou na sua garrafa rosa da Academia, pegou um fatia de pão integral com peito de peru e queijo branco e correu para não se atrasar para sua aula de direito trabalhista, afinal fazer direito requeria várias horas de atenção, muita dedicação e leitura centrada. Ela ainda estava no 3º semestre e ser delegada realmente não seria fácil, mais capacidade e competência é que não faltam para nossa dentucinha. (ela que não me pegue falando assim rsrs).

Ela e a Maga tinham completado 19 anos há pouco tempo, foi há pouco que tomaram a decisão de irem morar juntas. Quase logo que completaram 18 anos, a tia da Maga mudou para Minas Gerais, e colocou sua casa para alugar, as amigas já vinham pensando nisso, a casa ficava no mesmo bairro, o que custava tentar? Resolveram juntar os trapinhos e irem morar juntas.

Mesmo tomando rumos totalmente diferentes em suas carreiras, ambas mantinham a mesmíssima amizade da infância, Maga tinha o sonho de ser uma grande Psicologa e ajudar o próximo com seu jeitinho meigo, já a Monica tinha o sonho de ser uma grande delegada, fazendo justiça, e ajudando ao próximo.

Ambas estagiavam cada uma em sua área para conseguir manter suas despesas, a tia da Maga cobrou um precinho bacana e baixo para elas conseguirem alugar a casa e ambas estavam em faculdade pública, então as despesas maiores eram alimentação, transporte, e coisas pessoais.

Magali, chegou correndo na faculdade entrou para ver sua aula, e se sentou em sua carteira de sempre, na segunda fila, ao lado da janela, ela amava o sol que batia de manhã que lhe causava uma sensação de calma, em meio a correria do dia a dia.

Monica foi para sua aula, em seu carro, um Fox vermelho que ganhou assim que entrou para a faculdade, foi um momento tão feliz de sua vida, colocou um adesivo no vidro de trás de uma menininha em um vestido vermelho, uma pelúcia azul no colo e se notava a marca de adesivo ao lado da mocinha, um adesivo recém tirado no formato de um rapaz com cinco fios na cabeça.

Chegou na faculdade, estacionou e correu pra sala, chegando alguns minutinhos antes de o professor entrar...

–-

Enquanto isso não muito longe da casa da Monica...

Casa do Cebola

Cebola acordou disposto, sem despertador, pulou da cama abriu a janela e viu que ainda estava garoando, bateu aquela preguiça de ir para faculdade, pegou o celular, mensagem de bom dia do Cascão, perguntando se rolava a carona de sempre, e as mensagens de zoeira de toda manhã do grupo TMJ que ele já tinha lido e respondido, jogou o celular na cama, se trocou rápido, colocou uma calça jeans escura, uma camiseta branca com uma camisa xadrez por cima e um tênis preto, e foi tomar café com seus familiares, Maria Cebolinha estava pronta sentada no sofá mexendo no celular, Cebola pegou um pão com frios, um guaraná e saiu, chamando Maria Cebolinha pra ir, toda manhã ele deixa ela no colégio e vai para a faculdade.

– Cebola, não esqueça de na volta passar na Pizzaria do Quim, encomendei umas massas lá.

– Ta bom Mãe, fui! Beijão.

–Cuidado com a Maria. Pega na mão do seu irmão.

– Ah mãeeee, fala sério - Disse Maria corando - Eu tenho 15 anossss.

Cebola escolheu por fazer TI, estava no 3º semestre, gostava muito do curso e trabalhava como autônomo, arrumando computadores, criando sites.

–-

Casa do Cascão

– Mãe, o Cebola está chegando, to saindo.

– Ta bom filho, boa aula, e bom estágio!

Cascão sai, enquanto Cebola já está com o carro parado na porta com a Maria atras, fazendo cara feia por sempre ter que trocar de lugar com o Cascão.

– Fala careca, fmz?

– Fala Cas, de boa e você?

– To bem mano, to mega atrasado, hoje o professor de Volei vai dar uma palestra sobre os movimentos adequados, e ainda tenho que correr para o meu estágio, porque entram 4 crianças novas no futebol, os pais querem me conhecer.

– Vixe, então vou te deixar primeiro antes de deixar a Maria.

Cebola pisou fundo no seu Celtinha preto, deixou o Cascão, logo depois deixou a Maria e foi para sua aula, que hoje começava no segundo horário.

Parou no farol, e viu um pingente de um coelhinho de pelúcia azul, balançando em seu espelhinho do carro, imediatamente uma onda de calor e uma sensação de vazio percorreu seu corpo. Ele desviou o olhar e continuou seu caminho.