Querido Aiolia escrita por Kokoro Tsuki


Capítulo 1
Querido Aiolia.


Notas iniciais do capítulo

Oi, tudo bem? Fico feliz que tenha clicado nessa história destina ao desafia de abril, é uma honra. Eu realmente espero que goste desta singela one-shot, que infelizmente não saiu como o planejado, mas que mesmo assim eu amei escrever.

Então, sem mais enrolar, vamos à leitura?



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'Querido Aiolia,

Ontem choveu aqui, choveu de uma maneira intensa, quase me fazendo desistir cumprir minhas responsabilidades. Mas claro, como todo bom menino — não venha me dizer que não sou, ou paro de lhe escrever! —, me levantei da cama e fui para o hospital, fazer meu estágio. Até aí tudo continuou completamente normal, sem nenhuma diferença do que me ocorre todos os dias.

Bom... É basicamente isso que acontece na minha vida super agitada. E você, o que fez ontem o dia inteiro? Me conte, estou curioso.

De seu amigo, Shun.

30 de abril de 2015'

*

O jovem de madeixas castanhas suspirou pela trigésima quarta vez ao reler seu escrito, tentando decidir-se se iria colocá-lo na caixa do correio ou não. sentia-se extremamente inseguro com tudo aquilo, e se Aiolia não gostasse do que havia dito por meio da caneta e do papel? E se nem lesse? E se por acaso Aiolos pegasse a carta primeiro e mostrasse para Saga, Shura... Ou até mesmo o Afrodite!

O que faria? Já conseguia imaginar a vergonha que iria sentir e que ira trazer ao leonino e... Ah, por que isso sempre tinha que acontecer? Os dois se comunicavam dessa maneira há um bom tempo, que problema haveria se alguém descobrisse? Nenhum.

— Vamos Amamiya, você foi para o hospital na chuva, por que não iria colocar uma carta no correio? — perguntou a si mesmo, tentando livrar-se da tensão. Por mais acostumado com aquela rotina de cartas, ainda era difícil. — Aiolia vai ficar decepcionado se você não entregar.

Bem, essa era a maior verdade ali. O próprio rapaz se sentiria um lixo se por acaso decepcionasse o outro. Não que fosse obrigado a fazer isso todo o santo dia, porém... Nem ele sabia.

Deixou que outro suspiro escapar, levantando da cadeira de sua mesa de estudos, apagando a lâmpada que iluminava fracamente a folha de caderno. Vestiu um casaco e tomou a folha em mãos, trazendo consigo um envelope branco. Saiu do quarto a passos cautelosos, quase na ponta dos pés descalços, indo em direção a porta de madeira de sua casa.

Quando deu por si, já estava do lado de fora, sentindo os ventos gregos balançarem seus fios escuros — e meio cacheados —, de maneira a quase faze-los dançar. Pelo menos foi isso o que pensou, uma coisa meio retardada para alguém de dezenove anos.

Andou de um lado para o outro na frente do portão da residência, pensando seriamente em dar meia volta e entrar, fingindo que isso nunca acontecera. O universitário, porém, não conseguiria colocar sua cabeça no travesseiro tranquilamente se deixasse o mais velho na mão. Não se perdoaria.

Suspirou novamente, deixou seus pés o guiarem em direção ao destino — chama assim sua caminhada para entregar a carta —, alguns pensamentos confusos ressoavam em sua mente. Será que Aiolia iria gostar? Ia o achar muito infantil? Ele realmente gostava de seus escritos?

Estancou com o último pensamento. E se o grego lesse e respondesse somente por pena? Se fosse dessa maneira se sentiria um lixo, ou melhor, pior que lixo, porque lixo ainda podia ser reciclado, seus sentimentos não. Nessa hora o menino de olhos esmeraldas quis dar meia volta e ir embora, mas já chegava em seu objetivo.

Mesmo inseguro, colocou o envelope na caixa do correio, tocando a campainha do local e saindo correndo, para sua casa, no outro lado da rua.

*

Aiolia não pode deixar de sorrir ao ver pela janela do seu quarto o menino deixar a carta e correr, provavelmente envergonhado. Um jovenzinho tão previsível, mas também tão... Lindo! Realmente, o mais novo o encantava por ser tão singelo e frágil.

Desceu rapidamente pelas longas escadas de seu lar — ainda não entendia por diabos Aiolos escolhera montar uma escadaria tão grande! —, chegando ofegante até ao lado de fora, onde pegou o envelope e retirou de lá o papel branco, lendo de forma afobada as palavras escritas com letras tão belas.

Quase teve um enfarte quando leu paro de lhe escrever, isso com certeza o deixaria em destroços. Ficar sem aquela demonstração de carinho de Shun... Será que o estudante pensava que as cartas não lhe agradavam? Torcia para que o moreno soubesse o quanta amava recebe-las.

Foi para a sala em passos largos, encontrando na mesinha de centro um de seus cadernos — que usava para estudar medicina veterinária, na qual cursava o último ano — e arrancou uma de suas folhas, ansioso para dar a resposta ao seu pequeno.

'Caro Shun,

Não diga jamais que tem uma vida super agitada com essa ironia. Assim como eu, você tem uma vida calma. Só isso. Olhe meu exemplo: ontem, mesmo com aquela chuva infernal — tenho certeza que Poseidon está com raiva de nós! — fui para a faculdade e para o trabalho, me molhando todo!

Cheguei em casa não parecendo um leão, como me chamam, e sim um gatinho ensopado. Aiolos vai me matar quando ver o estado que ficou o meu tênis. Sim, eu tive a brilhante ideia de sair usando um tênis branco e completamente novo com o mundo caindo sobre minha cabeça em forma de gotas de chuva!

Ou seja, meu dia foi um porcaria. '

Parou aí, pensando em como dar continuidade. Que tipo de coisa diria a seguir? Ah, tinha tanta coisa para falar ao menor, mas como colocar em palavras? Bem, nesse caso, e somente nesse caso, resolveu seguir as dicas dadas por seu irmão mais velho, tempos atrás. Deixaria fluir.

'Isso tudo por que fui um idiota e não pensei direito, do contrário, teria dado tudo certo e meu tênis ainda estaria em condições. O pior disso é que minhas roupas, principalmente a calça, ficaram numa condição lastimável. Quem, Shun, me diga quem, em pleno 2015 saí com um sapato branco na chuva, quando o campus da universidade é quase todo de terra? Apenas tontos com eu.

É, esse foi meu dia... '

Fez uma segunda pausa, puxando ar para o seu pulmão e o soltando lentamente. Escrevia com amor e afinco, porém, na realidade, queria estar conversando pessoalmente com o rapaz de descendência japonesa. Ouvir sua voz fina entoando as palavras que lhe mandara.

Se bem que, tímido do jeito que era, Shun gaguejaria trezentas vezes antes de conseguir pronunciar algo, como na primeira vez que se encontraram, há dois anos, quando o Amamiya ainda era um colegial. Uma simples coincidência do destino. Quando também descobrira a paixão do garoto por fazer algo tão antigo e incomum — principalmente para a era tecnológica em que viviam —, enviar cartas. E começaram a se comunicar assim, quase todos os dias.

E, por serem vizinhos, isso se tornava mais fácil. Mas isso não era o pior, e sim o 'relacionamento' que haviam começado por meio disso, podia-se dizer que namoravam, apesar de Aiolia nunca ter tocado o rapaz oriental, mesmo com enorme desejo de fazê-lo, tinha medo de dar o primeiro e assustar Shun.

Se bem que, se não desse o primeiro passo, talvez nunca chegasse em seu objetivo — e lá estavam as palavras de Aiolos novamente!

Voltou os olhos verdes azulados para o caderno, apertando com força a caneta preta em sua mão e voltando a deslizar sua ponta sobre a folha cheia de linhas retas, ficando dessa forma por um bom tempo, até ter o resultado esperado.

*

A chuva retornava com força total quando a noite gélida caiu, atingindo como tiros o teto da simples casa dos irmãos japoneses. Shun estava com a cabeça colada no vidro da janela, observando as grossas gotículas caírem em sua direção, mas não o tocarem por conta daquela 'proteção' em seu caminho.

Passaria a noite só, para variar, já que Ikki ficaria até tarde fazendo trabalhos e mais trabalhos. Quem mandou inventar de fazer pós-graduação? Se bem que estava orgulhoso dessa atitude.

Apertou-se mais no cobertor, querendo se aquecer. Até tomaria um gole do chá que tinha ao seu lado, contudo já se encontrava frio, precisaria pegar mais na cozinha. E realmente faria isso se a campainha não tivesse tocado, o obrigando a se levantar e ir atender.

Abriu a porta com lentidão, encontrando de primeira o peito molhado de alguém, subindo devagar seus olhos esmeraldas até os verdes azulados de Aiolia, sem poder negar o susto inicial ao ver o quão se estava ensopado.

— O... O qu... — começou a gaguejar, como sempre, aliás. Que diabos o leonino fazia ali? — A... Aiolia... — viu a mão do maior estender-lhe algo, sorrindo.

— Você devia visitar um fonoaudiólogo, Shun. — disse, com calma, fazendo o moreno corar. — Trouxe esta carta para você, como resposta.

— N-não precisava... — murmurou, pegando o envelope que lhe fora estendido. Baixou a cabeça escondendo um pequeno sorrisinho. Então o grego saíra naquela chuva só para entregar uma carta? Esse gesto fez seu coração bater mais forte, mesmo que apenas um pouco.

— Precisava sim. — a insistência do leonino era de se admirar, com certeza. Aproximou-se um pouco do mais novo, depositando em sua testa um rápido selinho. Deixando ainda mais encabulado.

A primeira vontade de Shun após isso era expulsar Aiolia de sua casa, mas, como com menino que era, não o fez. E, envergonhado, apenas o chamou para dentro, onde poderia se aquecer.

*

Aiolia observava com atenção o menor digitar uma mensagem rapidamente no celular enquanto trazia um pouco mais de chá quente. Via-se agora confortável, sentado no sofá da sala e vestindo roupas secas de Ikki — que certamente surtaria se soubesse disso.

— Te dou um pouco de trabalho, não? — perguntou, notando um arquear de sobrancelhas confusas por parte do jovem. Riu baixo. — É que te faço escrever, escrever, e escrever, à mão, quando poderia usar uma coisa moderna dessa aí.

— Eu gosto de escrever, na verdade. — deu de ombros, servindo um pouco da bebida quente da xícara com companheiro. Sentou-se, ouvindo mais uma vez o celular apitar. — Só um minuto. — desbloqueou a tela com um passar de dedo, voltando a responder o colega. — Desculpe, o Hyoga está precisando de ajuda. Onde estávamos mesmo?

— Comigo dizendo que você pode deixar de mandar cartas.

— Por quê? É algo prazeroso pra mim... Se não fosse por isso, nós... — sua voz morreu neste ponto, sem poder continuar. Fosse pela vergonha, fosse por qualquer outro motivo, Aiolia não queria ouvir mais também.

Levantou, se aproximou do menor, e beijou com calma seus lábios molhados pelo chá. O menino não recuou, não impediu. Mesmo sendo a primeira vez que o outro lhe tocava desta maneira, sentia como se fosse melhor assim, melhor em seus braços.

Não foi o ar que os faltou. Na verdade, não se podia dizer que faltava algo, somente que havia excesso de tudo, de sentimento, de confusão... E de vontade de fazer outra vez. No entanto, a única atitude de Aiolia foi sorrir e sair, deixando um Shun com o coração acelerado que uma carta em cima da mesa.

Deixaria para ler no dia seguinte se não fosse por toda a emoção palpitando em seu peito. Não havia palavras melhores que aquelas.

' [...] Mas, como você sabe, não gosto de falar de mim, meu pequeno. Gosto de falar de você, de como seus cabelos brincam quando um vente bate neles, de como seus olhinhos verdes brilham ao ler, de como seus lábios rosados tremem quando vem falar comigo. Não canso de notar isso em você, caso não tenha percebido.

Provavelmente está lendo isso depois d'eu ter tomado a primeira atitude. Ótimo. Só espero que não me odeie depois disso, mas eu simplesmente já não posso mais segurar, desculpe se fui muito precipitado, meu pequeno. Eu simplesmente estou perdidamente apaixonado por você. E não ria — sei que está rindo sim! —, okay?

Beijos do Aiolia.

30 de abril de 2015

PS: O Ikki vai me matar. '

O rapaz de madeixas escuras não pode evitar um sorrisinho bobo, largou a carta em qualquer lugar e foi para a janela, podendo ver de lá Aiolia, olhando da própria casa em sua direção, acenou acanhado, antes de correr para o andar de cima, onde iria escrever sua resposta enquanto tivesse tempo.

Porque realmente, Ikki ia matar Aiolia.

*

‘Querido Aiolia,

Não precisa pedir desculpas por nada. Na verdade, aquele beijo é algo que eu ansiava já há algum tempo, você só... Foi rápido! Só isso! E sinceramente, seus lábios são ótimos — não ria, estou morrendo de vergonha por dizer isso — e eu realmente gostaria de prová-los novamente.

Se o Ikki não te matar, claro.

Então... Até amanhã;

De seu... Hm... Amigo e namorado, Shun.

30 de abril de 2015.

PS: Quando o Aiolos descobrir ele vai surtar. '


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Notas finais do capítulo

Eu espero que tenham gostado, amores. Quem sabe não temos uma continuação em forma se long ou short fic? Por que eu realmente tive muitas ideias escrevendo isso.

Enfim, obrigada por ler, e se quiser comentar, fique à vontade, a casa é sua!



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