Prólogo:

As coisas não estavam indo bem para ela, mais uma vez sairá de uma entrevista de emprego com as chances de passar minimas, não haviam dito que não tinha conseguido, porém sabia, ou melhor, sentia, a forma que a trataram quando tudo acabou. Com o seu:

"Ligaremos mais tarde".
Mas ela sabia que não iriam ligar, por que sua mãe lhe ensinou isso várias vezes, lhe explicou carinhosamente e um dia enfim entendeu. Que isso acontece com todo mundo, as pessoas vivem sendo rejeitadas não importa onde ou como seja, uma hora ou outra seremos rejeitados.
Na verdade não sabia o que fazia de errado, simplesmente não dava, talvez fosse sua falta de experiência mas se todos lhe dessem um pouco de tempo sabia que podia aprender, pedia apenas uma oportunidade qualquer uma que fosse, então ela mostraria que com certeza seria a melhor, ou se esforçaria para ser.

O que restava no final de cada entrevista era apenas o desapontamento de mais uma vez fracassar, sabia que a mãe estaria lhe esperando ansiosamente, ao passar por uma pequena multidão de pessoas conseguiu imaginar sua mãe andando de um lado para outro em casa rezando silenciosamente para que aceitassem sua filha por que assim como ela havia dito certa vez:" Afinal era uma boa garota", embora estivesse a aguardando voltar com uma notícia boa ela nunca chegaria, afinal a garota a desapontaria novamente.
Então foi assim que aconteceu ao abrir a porta do pequeno apartamento a mãe saiu ao seu encontro e sorriu, o sorriso esperançoso, os olhos brilharam de tanta expectativa.
– E então? - A garota a olhou os olhos castanhos mostravam uma certa tristeza, se a mãe não estivesse com tanta expectativa provalmente teria notado. - Como foi, Alice? Você conseguiu?
– Não - Apesar de falar balançou a cabeça negativamente, o sorriso da mãe se desmanchou, a tristeza pela filha lhe machucou profundamente - Mas... mas da próxima vez eu consigo, mãe. Não precisa se preocupar.. Eu prometo. - Algo doia em seu peito, era algo lhe incomodava, engoliu em seco e teve medo de chorar na frente de sua mãe.
– Por que eles não te aceitam? Você é maior de idade e uma garota esforçada. Os idiotas não conseguem ver isso?
– Tudo bem, mãe. Um dia irei conseguir, você vai ver. - Ela forçou-se a rir, dizia tais palavras tentando animar a sua mãe, mas principalmente a si mesmo, estava começando a desistir.
– Com certeza. E será um emprego ótimo. - A garota acentiu.
Então trancou-se em seu quarto se preparando para uma cena que mais tarde aconteceria e que sabia de có, seu pai chegaria do trabalho, cara fechada, falaria algumas palavras com a mãe, logo após o irmão e na hora do jantar o assunto principal (ou quase) seria a entrevista.
– Nada bem - Irá dizer, então o pai a encarara por um momento e não dirá nada e os outros também não, nem pai, nem mãe e nem irmão, o que restará será o silêncio e o pensamentos profundos da garota que mesmo tão jovem tem a sensação de ter falhado tantas vezes.
Ela deitou-se e fechou o olhos e teve vontade de chorar, sabia que mais uma entrevista se aproximava, mal se curará de uma e já se preparava para outra, desejando intimamente que dessa vez não fosse recusada... Rezando para que... Pela primeira vez em sua vida não desapontasse sua familia, tudo o que Alice queria era não ser rejeitada tantas vezes.