Primeiro Beijo escrita por Witch of Death


Capítulo 1
One


Notas iniciais do capítulo

Espero que vocês gostem *-*



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Para um bom começo de dia eu sempre caio da cama, por ser acordado por um apito estridente já que minha mãe resolveu usar um apito antigo de quando ela dava aulas de educação física. Bom já que tinha “levantado” fui para o banheiro me preparar para o primeiro dia de aula, depois de fazer minha higiene matinal voltei para o quarto e vesti meu uniforme, que consistia em uma calça preta e uma camisa formal branca com uma gravata também preta e para completar o casaco preto com o brasão da escola.

Saí do quarto e fui até a cozinha onde minha mãe estava preparando o café, me sentei à mesa e peguei uma torrada.

- Bom dia Guilherme, dormiu bem? – Falou minha mãe animadamente.

- Bom dia mãe, sim eu dormi bem, mas preferia não ter sido acordado por uma maluca com apito. – Falei mordendo minha torrada.

- Maluca com um apito? Eu te chamei e te cutuquei, o apito foi o único jeito de te acordar criatura – Falou minha mãe bebendo o café.

- Ta bom mãe desculpa só da próxima vez não me faz cair da cama – Resmunguei pegando minha mochila – Eu já to indo para o colégio. Tchau.

- Tchau, boa aula, e não esquece que eu só volto de noite então tu vai ter que te virar com o almoço – Falou ela continuando a comer.

Fui caminhando até o colégio já que não era tão longe. Coloquei meus fones e Boom Boom começou a tocar, não tenho a mínima ideia de como essa música acabou no meu celular, provavelmente minha melhor amiga adicionou na minha playlist antes que minha mãe e eu nos mudássemos. Infelizmente quando cheguei à escola ela já havia grudado na minha cabeça. Agora eu encaro o pior pesadelo de qualquer criança ou adolescente: uma nova escola. Como ainda não conheço ninguém apenas fui andando até chegar à secretaria e pegar meus horários.

- Com licença, minha mãe me matriculou a aqui algumas semanas atrás, mas não pegou os horários. – Falei para a senhora, que parecia muito com minha avó, do outro lado do balcão.

- Ah, claro querido... É Guilherme, certo? Aqui estão os teus horários, tua primeira aula é história e tua sala é a 303. – Respondeu a secretária sorrindo amavelmente. – Boa aula querido.

Agradeci e saí de lá, mas como minha sorte não é das melhores eu acabei derrubando alguém e caindo em cima dessa pessoa. Espera, quem sabe minha sorte tenha resolvido me ajudar uma vez, porque eu cai em cima de um quase deus grego, é sério só o rosto já me fez babar. O deus de cabelos pretos meio azulados, acredito que seja pela luz batendo contra ele, olhos azuis escuros marcados por um lápis muito leve, nariz fino e um tanto arrebitado e boca muito convidativa estava me encarando de uma maneira não muito amigável.

- Será que dá pra sair de cima de mim, imbecil?! – Falou entre dentes o cara que eu já estava julgando ser meu tipo perfeito.

- D-desculpa, eu estava distraído e não te vi quando saí da secretaria – Falei saindo de cima dele.

- Só sai da minha frente – Falou o garoto já em pé e entrando na secretaria.

Acho que a sorte não está do meu lado. Bom pelo menos minha primeira aula é história e quem sabe aquele cara não seja da minha sala, o melhor é torcer para não encontrar ele novamente assim eu não morro tão cedo.

Saí de perto da secretaria e fui para minha sala, que não foi tão difícil achar, achei uma carteira perto da janela e no meio da fileira, o que para mim está ótimo já que eu tenho 1,75m de altura, tirei o livro que estava lendo e recoloquei os fones para não ser incomodado. Devo ter lido um capitulo quando o barulho e vozes ficou muito alto e me fez olhar a meu redor. Péssima ideia levantar a cabeça e olhar para os lados, porque ele estava lá exatamente duas classes para a direita olhando para uma loira oxigenada sentada em cima da classe conversando com as amigas, só acho que ele tem um péssimo gosto para mulher. Acredite se quiser, mas eu fiquei babando mais uma vez por ele.

Depois de uma aula de história minha sorte se mostrou novamente e agora eu teria educação física, o professor não disse nada antes de nos mandar para os vestiários. Eu já havia me trocado e estava tentando convencer o professor a me deixar de fora da aula quando ele aparece do meu lado cumprimentando o professor. Agora que observei melhor ele deve ter 1,90m de altura, um corpo magro, mas bem marcado por músculos, e duas cicatrizes discretas nos braços. Parei de olhar quando os outros garotos chegaram falando alto.

- Bem garotos agora que todos vocês chegaram nós podemos começar com o jogo. – Ele falou olhando para nós – Carlos, Mateus, escolham os times vocês vão jogar caçador já que é o primeiro dia.

Eles começaram a escolher os times e eu fui ficando pra trás, bom nunca fui muito bom em esportes então não faz muita diferença, na verdade o único esporte que sou bom é a natação, mas esportes com bola realmente não são para mim. Os times estavam quase completos e só restava eu e outro garoto, acabamos indo um para cada time e eu ainda tive a sorte de ficar no time adversário ao meu deus grego.

No par ou impar meu time perdeu, ou seja, nós éramos o alvo. O terceiro a morrer e sentar no banco fui eu, e não foi uma morte honrosa, já que eu havia desviado de uma bola quando tropecei e me desequilibrei, não cheguei a cair, mas foi o suficiente para dar chance ao time adversário me matar. E se não bastasse morrer assim, ainda tinha que morrer pelas mãos do deus grego.

O lado bom disso é que passei o resto da educação física no banco e não suei tanto quanto os outros caras, mas devo dizer que ver aquele cara suado foi uma ótima visão. Quando o jogo acabou foi a vez das gurias entrarem para jogar, o lindo, gostoso, suado, ficava olhando para aquela loira falsificada de farmácia que usava um short muito menor do que o permitido. Felizmente ela foi “morta” por uma moça ruiva linda que a acertou no meio da cara, infelizmente metade dos garotos correu para socorrer a loira inclusive o deus grego.

O treinador encerrou o jogo e pediu para que a levassem até a enfermaria. Algumas das gurias se voltaram contra a ruiva e começaram a xingá-la por ter acertado sua amiga no rosto. Ninguém estava ajudando a guria e mais gente se juntou na roda. Cansei de ver aquilo e fui até o grupo.

- Seus idiotas... Ela não teve culpa. – Falei pondo a mão sobre o ombro da ruiva. – Vocês estavam mais interessados na bunda daquela guria que foi levada para a enfermaria e não viram o que realmente aconteceu.

- E o que aconteceu? – Perguntou vermelho um dos garotos.

- Aquela guria loira estava olhando para o banco onde todos nós estávamos sentados, e quando voltou a olhar para o campo adversário a bola que deveria ter pegado no ombro acertou-a na cara. – Menti com a maior convicção do mundo.

- Foi exatamente isso que aconteceu, mas vocês não me deram chance de explicar. – Disse a ruiva fazendo uma carinha inocente.

Todos só acreditaram porque realmente estavam olhando ou para alguém na arquibancada ou para a bunda da loira. Saí de lá assim que me troquei no vestiário e quando estava sentado na minha carteira recebi um cutucão.

- Espero que tu não ache que depois do que tu fez eu vá me apaixonar por ti. – A ruiva falou esnobe.

- Desculpa ruivinha, mas tu não faz o meu tipo. – Falei rindo da cara de “impossível” dela. – Eu só quis te defender por ter acertado propositalmente a loira oxigenada.

- Tu viu tudo? – Ela pediu com medo

- Inclusive o teu sorriso quando ela caiu de bunda no chão. – Respondi num sorriso

- Qual o preço do teu silencio? – Ela perguntou sentando na carteira da frente.

- Um beijo teu – Respondi com deboche.

- Nem vem – Ela disse com raiva – Pode contar para todos, não vou te beijar, a única pessoa que eu beijaria nessa escola estúpida é o....

- Hmmm. Então a senhorita tem uma paixão platônica? – Eu disse rindo da cara dela. – Posso ajudar em algo?

- Tu estava brincando sobre o beijo né? – Ela pediu derrotada. – Vamos fazer o seguinte: tu é novato, precisa de um aliado; eu sou uma das gurias mais legais, preciso de um aliado.

- Aliados, mais adiante quem sabe até amigos. – Falei estendendo a mão para ela.

- Eu sou a Morgana. – Respondeu ela ao pegar minha mão.

- Guilherme – Falei no momento em que o deus entrou com a loira. – E acho que tu deveria ter acertado com mais força

Morgana deu uma risadinha e concordou. O intervalo foi com ela me mostrando os melhores esconderijos para fins variados, os últimos períodos foram chatos. Quando estava indo para casa, ela apareceu do meu lado dizendo que também tinha que ir para aquele lado, chegando em casa descobri que ela era minha vizinha.

- Ótimo vou ter que me virar com o almoço. – Ela falou abrindo o portão da casa. – Meu pai foi mais cedo pro trabalho.

- Eu também vou ter que me virar, quer almoçar comigo? Eu prefiro fazer comida pra mais do que um. – Eu falei sorrindo.

Só vi uma coisa ruiva parada na minha frente me abraçando.

- OBRIGADA DEUSA FINALMENTE UM HOMEM QUE SABE COZINHAR!! – Ela falava enquanto me abraçava.

Entramos em casa e fui direto para a cozinha preparar o almoço. Fiz algo rápido: rondelli ao molho quatro queijos. Tudo que posso dizer: vou ter que fazer janta, não sobrou nada. A guria é uma draga comendo, minha mãe tinha deixado um pouco de sobremesa que minha avó mandou e a criatura simplesmente devorou, deu até medo.

Minha tarde foi passando com a criatura ruiva do meu lado me contando sobre tudo na escola. O deus grego é um dos seguidores da loira oxigenada, esperando que algum dia ela largue o namorado bombadinho da faculdade e deixe um dos outros da fila, inclusive ele, possam dormir com ela. Até mesmo o porquê do ódio da ruiva e dela: quando as duas tinham treze anos a loira, na época morena, eram melhores amigas e ela a forçou a beijar um dos garotos mais feios da turma e ele já era um dos seguidores da outra. Resultado a ruivinha se negou e virou motivo de piada, já que fez birra para não beijar, até hoje as duas se detestam e só piorou esse ódio quando a loira beijou o garoto que a outra é apaixonada.

Cinco meses se passaram desde que me tornei aliado de Morgana, tá até parecendo com complô, praticamente nada mudou o meu amor platônico ainda corre atrás da loira e não sabe que eu existo, mas descobri quem é o amor de Morgana. Daniel, o presidente do grêmio estudantil, capitão do time de voley, o crânio da escola, um dos caras mais gatos desse lugar, tenho que admirar a ruivinha, ela mira alto quando sonha.

Estamos quase no último mês de aula, então o professor de biologia resolveu dar uma chance para os alunos em provão, um trabalho valendo 75% da nota final do trimestre que deveria ser em duplas e entregue no início do próximo mês. Então todos já estavam buscando suas duplas, resolvi aproveitar a oportunidade e ajudar Morgana, já que sento ao lado de Daniel.

- Daniel, posso te pedir um favor? – Falei me inclinado para seu lado.

- Claro Guilherme – Ele me respondeu com um sorriso.

- Sabe a Morgana, a ruiva ali na frente, então ela não está muito bem na matéria e eu já tenho dupla pra esse trabalho, pensei se tu não ajudaria ela? – Falei sorrindo calmamente.

Esperei um tempo a resposta dele e notei um brilho no olhar quando ele respondeu.

- Claro que faço dupla com ela, tenho uma queda por ela desde a sexta série. – O sorriso era enorme.

Bom agora ela vai me amar, mas vai querer me matar. O professor liberou para que formássemos as duplas e a cara que ela fez foi simplesmente incrível, só superou a de derrota da loira, e o olhar de ódio que ela me lançou não foi nada agradável. Vendo todos os alunos formando dupla, percebi que estou completamente ferrado, não tenho dupla e corro o risco de ficar com os piores alunos que não encontraram par. Estava ali divagando se deveria ou não encontrar alguém quando sou cutucado.

- Hey, será que tu pode ser minha dupla? – Falou Lucas, meu deus grego, sem jeito. – Fui muito mal no último trimestre e não posso rodar ou pegar recuperação. Então, aceita ou não?

- Hã... Eu... Claro, eu não tenho dupla mesmo – Falei meio sem jeito.

- Ótimo, eu sou Lucas – Ele disse sorrindo e sentando ao meu lado – Desculpa, mas não lembro o teu nome.

Antes que eu pudesse responder ele me olhou e riu.

- Tu é o loiro que me derrubou no primeiro dia de aula, desculpa pelo modo que te tratei aquele dia, mas eu tinha tomado um fora então tinha que descontar em algo. – Lucas falou sem jeito.

- Achei que tu me odiasse e torci pra que tu não fosse meu colega, minha sorte não é das melhores. – Falei me ajeitando na cadeira e pegando o livro de biologia. – E meu nome é Guilherme. Sobre o que tu vai querer fazer o trabalho?

- Não sei cara. – Já estou sentindo que vou fazer todo o trabalho sozinho – Que tal se fosse sobre os problemas que ocorrem com filhos de relações incestuosas?

- É uma boa idéia – Estou realmente impressionado com a idéia – Começamos agora então?

- Claro – Ele arrastou a classe para juntar a minha e foi buscar sua mochila.

Fizemos uma boa parte do trabalho durante os dois períodos, mas ainda faltava digitar, anexar imagens e colocar toda a bibliografia do negócio. Já falei que odeio essa escola, então se não falei acabei de falar. Combinamos de nos encontrar no final de semana para terminar o trabalho logo, cada um faria uma parte durante a semana e depois juntaríamos para ver o resultado.

No intervalo fui atacado e apanhei de uma criatura baixinha e ruiva, sabia que ela ia me matar.

- Guilherme eu juro que ainda vou te matar – A fúria dela me assusta – O que tu tinha na cabeça pra fazer o Daniel ser a minha dupla?

- A tua felicidade, isso é o que eu tinha na cabeça. – Falei segurando os braços dela. – Agora para de reclamar e aproveita essa chance, nós só temos mais um mês de aula mesmo.

- Ta bom, mas se eu sair magoada tu vai apanhar muito.- Ameaçou a baixinha.

- E eu bato nele se tu for magoada. – Falei sorrindo.

O mês passou rápido, minha mãe trabalhou muito como sempre, então quase não a vi. Morgana parecia nas nuvens, o trabalho de biologia está terminado e agora estou aqui na cama pensando em como esconder minha paixão do Lucas que só aumentou durante esse trabalho.

Essa é a última semana de aula, o trabalho teve uma das maiores notas, estou torcendo para nunca mais ver o Lucas e assim seguir em frente. Morgana e Daniel se deram super bem e é nessas horas que eu gostaria de ser uma guria e poder me declarar. Estava no pátio conversando com os dois quando sou puxado até o corredor principal.

- Cara eu to péssimo, fui rejeitado de novo ontem. – Lucas disse com a mão no meu ombro. – Quero sair e me divertir como quando era criança. Vem comigo, por favor?

- Claro – Sim eu aceitei, mas que se exploda tudo é a última semana e ele é hétero.

- Ótimo, então domingo eu passo na tua casa e nós vamos juntos. – Ele falou bagunçando meus cabelos.

Concordei e fui para a sala, esperei mais uns minutos e o resto da turma chegou também. Não sei por que, mas já estou ansioso por domingo, e sinto que a semana vai passar muito devagar.

O domingo chegou depois de uma eternidade, e eu fiquei duas horas esperando na sala com minha mãe me encarando até que ele chegasse, dei um beijo nela e sai correndo de casa, encontrando um Lucas animado do lado de fora. Ele não quis falar onde íamos e me fez prometer que não riria dele quando chegássemos lá, tenho que dizer o guri é muito criança, ou estava precisando sentir-se como uma, já que me levou para um parque de diversões.

Passamos o dia indo de brinquedo em brinquedo, já estava esgotado, sem mais dinheiro e querendo ir pra casa, quando ele chegou com um coelho azul de presente. Fomos caminhando e conversando para casa sem nenhum assunto definido quando sinto uma mão quente em minha cintura.

- Guilherme, espero que tu não ache nojento e não me odeie – Ele disse se aproximando – Mas eu estou apaixonado por ti desde aquele primeiro dia de aula.

- Tu está brincando comigo né? A Morgana te falou algo? – Já estava entrando em desespero.

- Não estou brincando e não falo com a Ruiva desde que ela disse que não ia me beijar com treze anos – O rosto dele estava próximo demais. – Desculpa, mas não agüento mais.

- Desculpar o... – Não pude terminar a frase, já que minha boca foi calada por um beijo. Meu primeiro beijo.

Acho que minhas férias vão ser bem longas esse ano, principalmente se ele estiver ao meu lado.


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