E se... escrita por Virgo


Capítulo 15
Capítulo 15


Notas iniciais do capítulo

Imagino que, se o Ikki era um ótimo irmão (ótimo sim , porque qualquer um no lugar dele já teria matado o Shun), ele também deve ser um ótimo pai :)
Tenham uma boa leitura ;)



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Os dias andavam meio estranhos, mais que o normal, melhor dizendo.

Raramente viam a luz do sol e a chuva era um elemento quase constante, relâmpagos e raios iluminavam as noites no lugar da lua enquanto os trovões assustavam as crianças pequenas e davam dores de cabeça aos mais velhos. Também tinha o fato estranho do mar estar agitado e liberando uma quantidade anormal de cosmo, o qual mantinha todos atentos o tempo inteiro e sem descanso. Não havia barco capaz de cruzar o mar revolto da ilha.

¬ Estou ficando velho...— reclamou logo após o termino de mais uma reunião.

¬ Velho?— riu o polonês. – Só tem 24 anos, Wánax.

¬ Estou ficando velho...— repetiu.

Os outros não puderam resistir, tiveram que rir. Na verdade, tempo e vontade de rir tem estado em falta, ainda mais com o que vinham vendo e sabendo sobre o mar profundo.

¬ Tem estado muito dramático ultimamente.— observou o turco.

¬ Quero ver você não ficar dramático na minha situação!— rebateu.

¬ É só um enviado do Santuário.— disse o israelense. – Não é tão ruim assim.

¬ É porque você não sabe quem tá vindo!— respondeu.

¬ E quem tá vindo?— questionou o finlandês.

¬ PAPA!!

Só deu tempo de ver uma manchinha preta passar correndo pelos mais velhos e pular no colo do moreno. A pequena princesa escarlate – escarlate por conta da cor que suas orelhas e rosto assumia quando irritada – era a alegria de seu pai e de mais da metade dos oficiais.

¬ Hime!— abraçou a menina e deu-lhe vários beijos. – O que foi princesa? Tá toda saltitante, alguma coisa aconteceu?

¬ Tio Shata chego!— disse com um enorme sorriso.

¬ É Shaka, princesa.— deu risada. – Mas tudo bem, eu sei que ele te perdoa. Agora vamos?

¬ Vamu!— deu um beijo no rosto do mais velho e pediu colo.

Os outros homens não falavam nada quanto a esse “sentimentalismo” todo, na verdade até gostavam de ver o moreno tão sorridente. A alegria de um homem é sua família e ele tinha a alegria dele, então deixasse que ele fosse feliz. Dentre seus homens, ele acabou se tornando um modelo a ser seguido e nem percebeu.

¬ Bem, sabem o que devem fazer.— disse o mais velho. – Estão dispensados.

Bateram a mão no peito e saíram. Logo pai e filha estavam sozinhos e podiam seguir pra casa em paz, sem grandes preocupações.

O dia estava bastante nublado e parecia que ia chover forte. O mar também estava muito agitado, castigando os penhascos da ilha sem dó alguma. Até mesmo o poderoso e preocupante vulcão existente na ilha parecia se encolher frente à tempestade que ameaçava chegar com força total.

¬ Não é pra sair da cidade hoje.— disse o mais velho.

¬ Mas puque?— rebateu já fazendo bico.

¬ Estou com uma sensação estranha.— olhava para os lados com uma expressão preocupada. – Fique atenta mocinha.

¬ Hai!— fingiu bater continência como os adultos.

Somente quando chegaram na “segurança do lar”, foi que o leonino deixou sua princesinha pular de seu colo. Um cheiro maravilhoso vinha da cozinha, junto de risadas e piadas.

¬ Tio Shata!— viu sua pequena pular no colo do virginiano.

¬ Olá pequena!— o mais velho sorriu-lhe antes de fechar a expressão e erguer a sobrancelha. – “Shata”? É ideia do seu pai?

¬ Sou inocente.— disse o moreno entrando na cozinha.

¬ Mas você também diz que ele é chato.— comentou seu anjo em tom de brincadeira.

¬ Esmeralda!— e quem precisa de inimigos? – Assim você acaba comigo.— roubou um beijo e lhe sorriu carinhoso.

O mais velho, por outro lado, fazia uma careta indecifrável, não tinha como saber o que ele estava pensando, afinal, estava com os olhos cerrados. E o leonino rezava para que continuassem cerrados, queria sua casa inteira no final das contas.

¬ Bem.— disse o virginiano. – Acredito que já tenha uma ideia das razões que me trouxeram até aqui.

¬ Pame ver!— disse a menininha toda feliz.

Era impossível não sorrir. A pequena era um doce de menina, às vezes era tão mal humorada, casca grossa e irritadiça quanto o pai, mas no geral era tão meiga quanto a mãe. Nem mesmo o “homem mais próximo de Deus” resistia a pequena, a quem tinha como filha do coração e protegida.

¬ Também.— disse o virginiano risonho.

¬ Hime! Hime!— ouviu algumas vozes infantis invadirem sua casa. – Vem brincar! Hime!

Já sabia muito bem quem era. Aqueles três vinham todo dia buscar sua menina para brincar. No geral não se incomodava, mas ultimamente estava se incomodando demais, não porque não gostava dos amigos da filha e sim porque o céu nunca lhe foi tão ameaçador. Seu medo era que algo acontecesse e a filha estivesse longe.

Assim que as crianças entraram na cozinha, todas as três pararam. Foram ensinadas a respeitar o dono da casa acima de quase tudo e faltar com respeito para com ele era quase uma sentença de morte. Ou seja, não sabia a forma com que os demais pais educavam seus filhos, mas sabia que ele devia era estar pintado como o capeta para as crianças, podia ser bonzinho de vez em quando, mas ainda sim era o capeta.

¬ Bom dia, Wanáx.— suas vozes eram miados. – Bom dia, Senhora. Bom dia, Cavaleiro.

¬ Bom dia, crianças.— disse a virginiana com um grande sorriso, sorriso que as fez relaxar só um pouco.

¬ Bom dia.— já era pintado como um monstro, mas não precisava agir como um. – O que desejam?

¬ A gente queria chamar a Hime pra brincar, Wanáx.— responderam ainda meio encolhidos.

Medo de deixar a filha sair não lhe faltava, mas mirou a menina e esperou seu julgamento. Se a filha pedisse, é claro que deixaria, não conseguia dizer não para filha.

¬ Onegai, Papa...— pediu juntando as mãos.

O leonino apenas suspirou, tinha que aprender a dizer Não para menina.

¬ Preciso dizer o que vai acontecer se ela voltar com um único arranhão?— disse mirando as crianças.

¬ Não senhor.— respondeu um dos meninos, que agarrou a mão de sua princesa e saio correndo com ela e os outros. – Vem!

Da janela viu os quatro se afastarem em direção à cidade baixa, afoitos pra brincar e dar risada. Sorriu de leve, queria que fosse assim pra sempre.

¬ Não tem compaixão para com as crianças?— perguntou o mais velho com um mínimo sorriso.

¬ A filha é minha.— rebateu um tanto mal educado e o mirando sério, mas rindo juntos logo depois. – Não tá faltando mistura em casa amor?— perguntou para seu anjo algum tempo depois.

¬ Ciumento.— cantarolou sorrindo, achava graça daquele ciúme descabido. – E Shaka chegou no momento em que eu saia, por isso estava te esperando para ir ao mercado. Não queria deixar nosso convidado sozinho.

¬ Desculpe-me.— pediu o mais velho bastante cordial.

¬ Não há razões para isso.— disse a mais nova sorrindo, pegando sua cesta e rumando para saída. – Volto logo.

Os dois a acompanharam com o olhar. Logo estavam sozinhos e o moreno apenas arrastou uma cadeira para sentar de braços cruzados.

¬ Bem. Agora estamos sozinhos e na minha casa.— mirou o mais velho extremamente sério. – O que tem a tratar comigo Shaka?

¬ Inicialmente. Agradeço seu bom senso, não queria tratar de assunto tão sórdido na frente das duas.— disse o mais velho abrindo os olhos, o que quase derrubou sua parede. – Desculpe. Preocupá-las é a última coisa que eu gostaria.

¬ São minha esposa e filha. E são suas “protegidas”, apesar de minha menina ser de Aquário.— continuou sério, apesar do susto. – Agora diga. O que é de tão grave para justo você vir ao “Inferno na Terra”?

¬ O mar anda agitado demais não acha?— volveu.

¬ Então vocês também sabem que Poseidon despertou.— rebateu.

O ar ficou mais pesado. Tudo ficava muito mais pesado quando uma certeza era enfatizada.

Poseidon era um dos Três Grandes, não era exatamente um deus benevolente e muito menos um deus moderado. Podia ser muito bom, mas também podia ser absurdamente cruel.

¬ Estamos apreensivos no Santuário.— disse o virginiano depois de um tempo em silencio. – Sabemos que tem mantido seus homens em alerta, intensificado os treinos, mandado cada vez menos deles para missões, tem aumentado a segurança da cidade e as defesas dos muros. Além de que, devo comentar, sua esquadra naval está invejável.— estava bem informado. – Vem se precavendo há algum tempo, qualquer um pode reparar. Está montando uma verdadeira carapaça, uma armadura, pois sabe que o que está por vir não é algo que se deva subestimar.

¬ Kiki tem se tornado um excelente espião.— sorriu irônico, afinal o garoto vivia a visitar a ilha e sua família.

¬ Não é hora de brincar, Ikki!— repreendeu o mais velho. – O Santuário também tem estado em alerta, mas você e seus homens sabem mais, bem mais!

¬ O que querem se, aparentemente, já tem tudo de que precisam?— o Santuário era muito mais forte que a Rainha da Morte, só recorrendo a eles quando queriam informações, já que os Cavaleiros Negros estavam bem distribuídos pelo mundo.

¬ Suspeitamos de um ataque marítimo.— respondeu. – Poseidon vai tentar varrer a Terra com suas águas, mas certamente vai querer se certificar de que o planeta esteja tão “limpo” quanto ele deseja.— já não estava gostando dos rumos da conversa, agora estava detestando. – Não temos uma esquadra e mesmo Lady Athena tendo poder no mundo mortal, não é poder o bastante para mobilizar nenhum exercito ou construir um.

¬ Ou seja, querem que a minha esquadra detenha os homens de Poseidon antes que cheguem à terra firme.— concluiu desgostoso.

Não sabia o que era pior naquelas entrelinhas. Shaka de Virgem, seu maior rival e amigo, vim pedir para que ele se embrenhasse numa batalha cujo destino é duvidoso. Ou perceber que para o Santuário a Ilha da Rainha da Morte era um mero pião e não um aliado.

¬ Já tentaram deter Lady Athena duas vezes.— adiantou-se o mais velho, já prevendo que ele não daria respostas muito agradáveis a partir deste ponto. – E sei que está vendo os acontecimentos do mundo. França. Estados Unidos. Alemanha. Japão. Estão sendo tragados pelas águas.

¬ Eu sei!— sua voz estava bastante irritada. – Mas ainda não entendo no que posso ajudar. Minha esquadra não será o bastante para deter a fúria do mar se o seu senhor não for detido antes.— era suicídio e ele não iria cometê-lo, nem se a própria Athena viesse pedir.

¬ Por isso precisamos de sua esquadra.— respondeu. – Precisamos que detenha a ira do deus enquanto detemos o deus.

¬ Quer que eu sacrifique meus homens?— agora sim estava irritado. – Iie! Nem agora e nem nunca! Iie!

¬ Por favor, Ikki! Precisamos da sua ajuda!— pedia o mais velho. – Sem os Cavaleiros Negros o Santuário estará sem defesas e certamente será invadido! Precisamos que protejam nossa base para que possamos invadir a de Poseidon!

¬ Em troca da vida dos meus homens?!— bateu na mesa em fúria. – Eu não vou entregar corpos para suas famílias!

¬ Se não nos ajudar, não terá famílias para voltar!— rebateu tão irritado quanto, cansado daquela teimosia. – Tenha certeza que depois do Santuário, a Ilha da Rainha da Morte é o próximo alvo!

Palavras tem poder. Diziam os antigos gregos.

E o mundo parou.

Sentiram uma perturbação forte e pela janela puderam ver as pessoas se agitando nas ruas. O povo corria em desespero para a parte alta da cidade e os Cavaleiros Negros corriam enfurecidos para a parte baixa.

Sentiram mais uma perturbação. Saíram correndo da casa, indo em desespero para a parte baixa, mesmo sem suas Armaduras. Por cima dos muros conseguiam ver uma agitação anormal na praia. Mas o que diabos está acontecendo?!

¬ O que houve?!— conseguiu deter um jovem rapaz.

¬ Marinas!— respondeu aflito, pegando sua irmãzinha no colo. – Invadiram a praia! Mancharam a areia de sangue!— o rapaz se desvencilhou e continuou a correr.

Lançou-se ainda mais depressa para a parte baixa da cidade, sendo seguido de perto por Virgem. Encontraram alguns homens coordenando as pessoas na praça, dizendo para onde ir e acudindo quem precisava.

Assim que o avistaram, trataram de chamar sua atenção. Sabiam que ele queria informações mais concretas.

¬ Os homens estão lutando com os Marianas, Wanáx!— disseram sem parar seu trabalho. – Mandaram-nos entrar e ajudar o povo, mas ainda tem gente na praia!

Mal abriu a boca para gritar ordens e ouviu o grito aflito de seu anjo. Ela lutava contra o fluxo de pessoas para alcançá-lo, de seus olhos escorriam lágrimas de dor e medo. Ela não era de se assustar tão facilmente e aquilo o apavorou.

¬ Ikki!— finalmente o alcançara, quase se dependurando em seus braços. - As crianças estavam na praia! Nossa filha estava na praia!

Sentiu como se acertassem seu peito com o báculo de Athena. Transpassando-o sem dó e torcendo para garantir que não levantaria.

Levou um segundo para compreender a gravidade da situação. Nem mesmo o virginiano teve tempo de ver de onde veio a Armadura de Bronze que agora revestia seu corpo. E antes que perdesse mais tempo, já tinha alcançado a praia.

Seu rosto se contorcia em puro ódio. As feições cada vez mais parecidas com as de um animal em fúria do que com as de um humano. Mas seus olhos, pela primeira vez, não faiscavam de ódio e sim de medo.

¬ BENIHIME!!— gritava em desespero, procurando por todos os lados. – MOSUME!! BENIHIME!!

¬ PAPA!!— ouviu o grito de sua menina vindo do mar. – PAPA!!— era impossível, estreitou os olhos e viu Marinas correndo sobre a água e levando sua princesinha. – PAPAAAAAHHHHHHH!!

Seu olhar se tornou injetado. Derrubou quem quer que estivesse no caminho e se lançou ao mar. Não conseguia se manter sobre a água como os Marinas, teve que queimar muito cosmo para isso, chegando a beira da exaustam dessa forma.

Não era tão rápido na água, mas ainda sim estava conseguindo alcançar. Estendeu a mão como se já fosse capaz de apanhar o pulso fino e delicado da filha, mesmo esta ainda estando a metros de si.

Viu a filha estender a mão de volta. Nunca vira o olhar dela tão assustado quanto agora. Estava quase alcançando, quando simplesmente assistiu um buraco se abrir nas águas e engolir sua menina junto dos Marinas.

Se atirou tentando alcançar o braço da pequena, chegando a roçar os dedos nos delas e ver um pequeno lampejo de esperança no olhar.

O buraco se fechou antes mesmo de apanhá-la. Tudo o que recebeu foi a água salgada no rosto, tentando tragá-lo.

Ao emergir urrou de ódio e dor. Um urro tão longo e forte, que nem mesmo os trovões de Zeus eram capazes de se equiparar.

¬ BENIHIMEEEEEEEEEEHHHHHHHH!!

Não sabia quanto tempo ficou ao sabor das ondas. Só sabia que sua dor condensada se perdeu na imensidão do mar e séria totalmente ignorado, não importando o quão grande ela fosse.

Sentiu uma presença ao seu lado. Era uma presença amigável, apesar de ainda bastante orgulhosa, que lhe acolhia como um pai acolhia o filho prodigo.

Sentiu seu braço ser apanhado e que o erguiam, ajudando-o a ficar sobre a água. Desvencilhou-se com certa violência e cobriu o rosto, sentindo a mão do mais velho pousar condolente em seu ombro.

¬ Tem meu apoio!— respondeu olhando para o mar com o olhar cheio de ódio. – Minha vida! Minha alma! Eu vou à guerra e morro, mas vou trazer minha filha de volta!


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Notas finais do capítulo

Agora a poha ficou séria o.o Mexer com a filhinha de papai não pode, todo mundo viu o que acontece em Duro de Matar, 24 Horas e Busca Implacável, é suicídio!
Espero que tenham gostado :)

Bjs. L :3



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