Encare-me escrita por Lena V


Capítulo 10
10- É impossível não gostar de você


Notas iniciais do capítulo

Voltei mais rápido :p



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Acordar no sofá com dor nas costa, a muito tempo isso não acontecia.

Olhei para o relógio na parede da sala e ao ver que estava atrasada me desesperei. Peguei a mochila e fui em direção a porta, mas percebi que estava sem o celular então voltei para busca-lo.

Peguei o celular e vi varia ligações e mensagens perdidas. Isso só pode significar uma coisa... Olhei para o calendário, e havia um “X” marcando o dia.

Senti uma pontada em meu coração e uma lagrima escorrendo. Larguei a mochila no chão e desliguei o celular.

Subi as escadas tirando a blusa e caminhando para o banheiro. Terminei de me despir e entrei debaixo do chuveiro. Fiquei lá debaixo por um longo tempo achando que minha tristeza iria sair com o banho. Mas não foi isso que aconteceu.

Entrei em meu quarto e comecei a me vestir. Abri o porta-joias e peguei um colar que eu raramente usava, mas que amava. Ele era da minha mãe, ela havia me dado em um dos meus aniversários quando eu era criança, era um pingente com a pedra jade.

Peguei as chaves de casa e sai.

Caminhei sem prestar atenção em nada ao meu redor, minha mente estava vazia, não conseguia pensar em nada. Eu acordava desse “transe” quando alguém buzinava ou quando alguém me puxava para a calçada por eu quase ser atropelada. Mas seguia distraída sem dar muita importância.

Cheguei ao cemitério.

Caminhei sem pressa até o tumulo que eu iria visitar.

Me sentei sob ele e comecei a brincar com o colar da minha mãe, segurando o choro o máximo que podia.

Senti alguém se sentar atrás de mim e pondo os braços ao meu redor. Aquele perfume adocicado de canela.

—Sabia que te encontraria aqui...- Disse Roberta me abraçando forte fazendo todo o meu esforço para não chorar ir por água a baixo, literalmente.

Lagrimas escorriam em meu rosto enquanto Roberta se preocupava em me aconchegar em seus braços.

—Eu realmente não sei a dor que é perder uma mãe Jessy... – Começou Roberta acariciando meus cabelos – Mas eu sei que é difícil, toda perda é... Você não precisa passar por isso sozinha, eu estou aqui. Sempre que precisar.

No dia da morte de minha mãe eu sempre ficava sozinha. Mas depois que conheci Roberta ela passava esse dia difícil e doloroso comigo.

Meus amigos sempre tentavam fazer algo para me animar, mas esse era o dia em que eu afastava todos ao meu redor. Eu queria ficar sempre sozinha nesse dia. Porque foi assim que me senti quando ela morreu.

Sozinha, abandonada, deixada para trás.

Com a chegada de Roberta na minha vida, isso meio que acabou mudando. Ela era a única que conseguia me consolar. O único abraço que poderia me confortar naquele dia era o dela.

Eu estava encostada em seu ombro, quando lentamente levantei a cabeça. E avistei seus lábios. Me inclinei para alcança-los mas Roberta hesitou.

Talvez o beijo que tenha me dado ontem foi apenas um impulso. Não havia significado nada para ela. Eu estava enganado a mim mesma achando o contrario.

Minhas lagrimas agora não era apenas por causa da minha mãe. Mas eram também por causa de Roberta.

—Vamos sair daqui. – Sussurrou apenas para que eu ouvisse.

Assenti com a cabeça e a segui saindo do cemitério. Ela passou um de seus braços ao meu redor a caminhou comigo até uma praça que raramente alguém ia.

Nos sentamos na grama e quando fui olhar para Roberta, a mesma me surpreende com um beijo. Calmo e carinhoso. Ela foi a primeira a romper o beijo e deitar na grama, eu a segui fazendo o mesmo.

—Ruby... – Tentei chamar a sua atenção

—A gente pode não falar sobre isso? – Perguntou olhando para mim

—Claro – Respondi me aconchegando perto dela.

Eu poderia não entender o que estava acontecendo. Mas estava gostando e não queria estragar isso.

Longos minutos se passaram sem ninguém dizer ao menos uma palavra. Não era um silencio constrangedor. Era um silencio gostoso, relaxante. Poderia ficar assim com Roberta por horas, talvez até dias.

Olhei para seu rosto, tão lindo e angelical, Roberta havia dormido. Ou pelo menos achei que havia. Subi em cima dela e fui me aproximando de seu rosto para lhe roubar um beijo enquanto dormia. Então fui surpreendida por Roberta abrindo os olhos.

Corei ao ver Roberta rindo de mim.

—O que é que iria fazer hein dona Ferrer? – Disse com um sorriso malicioso.

—Encare-me dona Marquês. – Disse fazendo com que ela arqueasse a sobrancelha.

Ela sempre fazia a mesma expressão quando começávamos a jogar.

Fui me abaixando, aproximando meu rosto do de Roberta. E lhe dei um leve beijo nos lábios.

—Perdeu- Sussurrei em seu ouvido.

—Você trapaceou – Sussurrou de volta.

Roberta jogou seu corpo contra o meu fazendo com que invertêssemos as posições. Assim eu fiquei deitada na grama e ela em cima de mim. Ela começou a me encarar como uma forma de dizer que voltamos a jogar.

Depositou um beijo em meus lábios antes dos primeiro trinta segundos de jogo.

—Agora você perdeu Jess... – Sussurrou em um tom desafiador

—Agora foi você que trapaceou Ruby... – Disse me defendendo. Não que precisasse me defender...

—Eu devo parar de trapacear? – Disse saindo de cima de mim mais ainda sorrindo.

—Não... – Disse me sentando.

Ela olhou para o relógio e eu sabia que isso significava que ela tinha que ir embora. Ela olhou de volta para mim e abriu a boca para dizer algo mas eu a interrompi.

—Temos que ir não é?

—Infelizmente... – Disse desviando o olhar do meu.

—Infelizmente? – Perguntei sorrindo

—Eu gosto dessa praça... – Se justificou

—A praça, claro. – Meu sorriso se desmanchou. Não sei porque eu achei que ela poderia estar se referindo a mim.

—E disso também... – Se aproximou devagar e me beijou lentamente, suavemente e deliciosamente.

Ao quebrar o beijo, corei vendo a forma que Roberta olhava para mim.

—Droga – Disse do nada

—O que foi? – Disse me preocupando.

—Deixei o carro perto do cemitério...

—Vamos buscar então – Sorri para Roberta que não parava de olhar para minha boca. – Ruby?

—Claro – Disse finalmente olhando nos meus olhos

Roberta pôs a mão na minha cintura e seguimos andando para o lugar em que ela havia estacionado. Parei em frente ao cemitério novamente e comecei a encara-lo.

—Quer dar mais uma passada? – Perguntou Roberta

Fiz que sim com a cabeça e entrei no cemitério indo direto ao tumulo de minha mãe.

—Não acredito que to fazendo... Mas... – Comei a falar com o tumulo de minha – Sinto sua falta... – Fiz uma pausa e sorri - Eu usei seu vestido favorito numa festa. Não sei se ficaria brava ou feliz... mas achei que seria legal você saber... Tia Lanna diz que você ficaria feliz de me ver usando ele... – Fechei os olhos derrubando uma lagrima. Não era de tristeza, era de felicidade – E eu to usando o Colar com a pedra Jade que você me deu de aniversário. – Sorri como uma criança fazendo confissões – E eu acho que estou apaixonada. – Sussurrei como um segredo

—Jess... – Chamou Roberta de longe vindo ao meu encontro.

—Achei que iria esperar lá fora...

—Trouxe isso – Pôs uma rosa em minha mão. – Achei que iria gostar de deixar algo para ela.

—Como sabia que ela gostava de rosas? – Disse sorrindo para Roberta e voltando a olhar para o tumulo.

—Eu sei que é clichê, mas é a minha favorita.

Me agachei e pus a rosa em cima de seu tumulo. Fiquei agachada por alguns minutos até ouvir a voz de Roberta sussurrando em meu ouvido.

—Eu não conheci a sua mãe...

—Ela ia gostar de você – Comentei

—Acha? – Sorriu para mim

—É impossível não gostar de você.

Roberta corou, fazê-la corar é uma tarefa quase impossível e me surpreendi ao fazer tão facilmente dessa vez.

—Vem... - Disse me puxando para um abraço – Vou te levar para casa.

Caminhamos para o carro, ao entrar eu me senti na total liberdade de ligar o rádio. Sempre que entrava no carro de Roberta me sentia livre para mexer no porta luvas e brincar com o rádio. Ela estava ouvindo um CD da Pink que eu havia dado a ela no ano passado. Ao ouvir a musica que ela estava escutando me surpreendi.

—True Love?! – Olhei para ela com um olhar curioso mas com um sorriso no rosto

—Não me olha com essa cara. Eu gosto dessa musica...

—Tudo bem... – Disse aumentando o volume.

Ela abaixou o volume ao acabar a musica fazendo-me encara-la sem entender.

—Quem é o admirador secreto? – Perguntou sem me encarar

—Se eu soubesse não seria secreto.

—Não faz ideia de quem seja? – Perguntou desviando o olhar

—O que é isso? – Disse em tom de deboche

—Isso o que? – Roberta se fez de desentendida

—Esse olhar que você faz quando fala do admirador secreto....

—Não tem olhar nenhum. – Disse ainda sem olhar para mim

—Bom nos marcamos um encontro e...

—Um encontro? – Roberta fez o carro desligar no meio da rua.

Eu ri da situação vendo como Roberta ficava quando falava sobre o admirador.

—E quando vai ser o encontro? – Ligou o carro novamente – Você não vai nesse encontro né?! Você nem sabe quem é essa pessoa. E se é um maluco querendo te matar?

—Ta falando igual a minha tia...

Roberta revirou os olhos e fechou a cara.

—Sabe que não tem encontro nenhum né?! – Ela não se virou para me encarar apensa continuou calada com a mesma expressão no rosto. – E mesmo que tivesse, eu não iria...

—Porque não iria? Vai me dizer que não esta curiosa?

—Curiosa eu to... Mas é que eu gosto de outra pessoa... – Essa foi a minha vez de desviar o olhar.

—E sobre o que você e esse admirador conversam tanto? – Perguntou curiosa mas soou mais como um interrogatório cheio de ciúmes.

—Na verdade... Sobre nada... Acho que o admirador não me acha mais tão admirável...

—Ele seria louco se achasse isso... - Sorri envergonhada e Roberta continuava a me olhar - Então acabaram as mensagens? – Perguntou sorrindo parando o carro na frente da minha casa

—É... Acho que sim... – Disse abrindo a porta do carro

Senti a mão de Roberta em meu braço me puxando de volta para o carro.

—Não vai se despedir de mim? – Sussurrou olhando para minha boca.

Me inclinei e a beijei suavemente.

—Boa noite Jessy... – Disse me soltando para que eu pudesse sair do carro.

Entrei em casa com um sorriso enorme no rosto. Me encostei na porta e fechei meus olhos, não acredito que tudo isso tinha acontecido. Estava com medo de dormir e quando acordar ver que tudo não passou de um sonho.

Me sentei na cozinha e peguei meu celular que havia ficado longe de mim o dia todo.

Havia varias mensagens de amigos que queriam me animar. Mas uma me chamou atenção. Avia acabado de chegar. Era de Roberta.

“Sabe que precisamos conversar não é?!”

Droga... de novo não... Só falta ela ter se arrependido do dia maravilhoso que tivemos e agora quer que eu esqueça tudo...

Outra mensagem de Roberta chegou.

“Não pense que eu esqueci de você pulando o muro da escola na segunda”

O alivio que senti ao ler essa mensagem não poderia ser descrito. Ma foi então que percebi que eu estava bem ferrada por ter fugido da escola.


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Notas finais do capítulo

A manteiga derretida aqui ficou toda emocionada escrevendo sobre a mãe da Jessy...
E esse novo passo na "amizade' de Roberta e Jessy?
Porque acham que o admirador secreto parou de escrever a Jessica?



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