My Dear Kevin escrita por Alessa Beckett Castle


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Primeira one-shot e original.

Espero que gostem.



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Não consigo acreditar que é o fim. Apesar de nosso tempo juntos ter sido muito curto, foram os melhores momentos da minha vida. Não quero aceitar que estou vendo tudo acabar. Kevin, meu querido Kevin. Nunca vou te esquecer.

Ah, não está conseguindo entender? Vamos voltar um pouquinho, até o dia em que nos conhecemos...

Um mês atrás

Eu estava na escola, no intervalo, lendo meu livro favorito. Qual? Não importa, é irrelevante na nossa história. Quando eu o vejo, caminhando e olhando para todos os lados, perdido. Como é uma cena muito comum, decidi ignorar. Porém, a minha curiosidade era maior que o meu interesse na leitura. Fechei o Livro Insignificante e fui até o garoto.

- Com licença, você está perdido? – Perguntei a ele.

- Hã? Ah, sim. Eu sou novo por aqui e gostaria de saber onde fica a biblioteca.

- Claro, você entra no prédio e entra no primeiro corredor à direita, segue até o final e entra na porta à esquerda. Pronto.

- Obrigado...

- Alexia. De nada...

- Kevin. – Respondeu e seguiu o seu caminho.

- Kevin. – Sussurrei.

Segui com o meu dia normalmente. Não esperava que ele viesse a ser o meu colega. E realmente não foi. Mas também, o que eu queria? Conheci o cara por causa da minha curiosidade. Ok, ele era um gatinho, só que não é assim que a banda toca.

Divagando em meus pensamentos, bati em alguma coisa na minha frente. Não. Em alguém. O destino só pode estar brincando, é ele de novo.

- Por que não olha por on... Alexia me desculpe, não vi que era você. Agora a pouco, umas duas garotas se jogaram em mim, dizendo ter tropeçado. Achei que fosse mais uma.

- Eu deveria me sentir ofendida, mas não ligo. Achou o que queria na biblioteca?

- Ah, sim. Este aqui é o melhor. – Disse, apontando para o... Espera, ele gosta do Livro Insignificante também?

- Você gosta do Livro Insignificante também? – Gente, cadê aquele filtro de pensamentos quando se precisa dele?

- Gosto. Na verdade, é por isso que é o melhor. A insignificância do nome...

- É o que desperta a curiosidade em conhecer...

- Os segredos que estão escondidos em suas páginas. – Finalizamos este trecho juntos.

A partir dali, passei a ponderar o que mais teríamos em comum. Começamos a nos ver mais frequentemente na escola. Descobrimos que gostamos bastante das mesmas coisas. Gostamos de música folk, de assistir seriados, e compartilhamos a mesma paixão: O cheiro delicioso de café passado de manhã cedo. Vimos que estava nascendo uma grande amizade.

Em duas semanas, já sabíamos quase tudo um do outro. Apesar de ser pouco, éramos como unha e carne. Harry e Ron. Ou Percy e Grover. No entanto, comecei a ver Kev com outros olhos. De repente, eu quis que fôssemos outro tipo de parceiros. Ainda unha e carne, mas quem sabe, nós pudéssemos ser como Harry e Gina. Ou Percy e Annabeth. Não, bobagem. Vamos manter como estamos.

Ah, Kevin. Como eu queria que tivéssemos sido daquele jeito. Não precisava ter acontecido nada daquilo. Conseguiu entender? Vejamos se acertou. Ainda não entendeu? Deixe-me continuar então.

A nossa amizade cresceu cada vez mais. Ele já era mais meu amigo do que aqueles com quem estudei desde o pré até hoje. Fazíamos mais programas juntos. Saíamos para o shopping para assistir “barbies” quase arrancando os cabelos umas das outras, só pela última blusa da moda. Íamos até o parque principal da cidade para respirar ar puro. Entrávamos nas livrarias na esperança de algum desconto em livros de nosso interesse. Não que tivéssemos deixado de gostar do Livro Insignificante, é que temos um gosto muito ampliado. De vez em quando, sentávamos na beira do lago perto do shopping juntos. Para assistir o pôr-do-sol. Era uma das vistas mais lindas que compartilhamos.

A última vez em que nós estivemos juntos neste lago foi... Ontem. É difícil de acreditar que ontem estávamos juntos, felizes. E agora... Meu mundo está se ruindo. Vou guardar para sempre a memória deste mês incrível que você me proporcionou.

Estava sentada no parapeito da janela de casa, olhando para o nascer do sol, quando algo bateu na minha perna. Ignorei, achando que era um mosquito. Algo bateu de novo, só que no meu braço. Eu olhei para baixo e lá estava ele, segurando em uma mão uma cesta de pães doces, e no chão, ao lado da perna direita dele, estava uma garrafa térmica. Ele sinalizou para eu descer. Como não queria sair do parapeito, desci pela árvore mesmo. Não esperava que o galho se quebrasse e eu caísse. Rápido como sempre, ele me segurou para que eu não me machucasse. Não posso dizer que foi um sucesso total, pois ele caiu junto. Rimos bastante neste momento.

- O que você tentou fazer? Garantir que ia para o hospital comigo? – Perguntei aos risos.

- Não. Evitar que você parasse lá. Trouxe café da manhã. Na cesta você já sabe o que é, e na térmica é o seu favorito.

- Nãããão. Você trouxe café passado agora de manhã?

- Sim, direto da minha cafeteira. Aprecie.

- Ai meu Deus, obrigada. Você é demais. Eu podia te beijar agora. Esquece a última frase.

- De nada. Disso eu já sabia. Eu não vou esquecer não e vem aqui. – Kev me puxou e me deu um beijo. E que beijo.

Confesso que isso me surpreendeu. E que eu gostei. E muito.

- Além do café... – Disse, logo que parou de me beijar. – Eu queria te fazer um convite. Vamos ao lago. Eu sei o quanto você adora aquele lago. E eu também.

- Ok, mas... Agora?

- Sim, agora. Tem algum problema?

- Fora o fato que eu ainda não terminei o café, e que estou de pijamas, não.

- Perfeito. Termine o seu café, e vamos.

Após estar satisfeita e de roupa trocada, nos direcionamos ao lago. Aproveitamos que era domingo e ficamos lá o dia inteiro. Abraçados. Até o sol se por. Quando decidimos ir para casa, já estava bem escuro.

Estava tudo perfeito. Infelizmente, o Destino resolveu que não deveria ser assim. Estávamos esperando para atravessar a rua, quando um ônibus que havia perdido o controle vinha em nossa direção. Na minha direção. Paralisada pelo medo, fechei os olhos e esperei. Quando senti o impacto do meu corpo no chão, abri os olhos para comtemplar o além. Mas eu ainda estava na rua. Eu ainda vivia. Ergui a minha cabeça e olhei para frente. Encontrei o ônibus em uma árvore e vi Kev no chão. Corri até ele e o abracei.

- Kevin. Você vai ficar bem, vai ficar tudo bem. – Falei para ele, enquanto telefonava para a ambulância.

- Lex, não adianta. – Disse ele, quase num sussurro. – O motorista está bem, inclusive fugiu. No entanto, a minha hora chegou. Não sabia qual era o meu propósito aqui. Não sabia que porta abrir, até conhecer você. Você me guiou até a porta certa. Você abriu caminhos para mim. Você me mostrou o significado da insignificância. Se não fosse você, eu jamais teria vivido o melhor mês da minha vida.

- Se não fosse por mim, você não seria atropelado. – Respondi, contendo as lágrimas.

- Seria sim. Se não para salvar você, talvez para salvar uma criança. Mas eu estava destinado a morrer assim. – Devolveu, ainda sussurrando. – Olhe aqui. Eu te amo. Nunca se esqueça. Vou te deixar com a nossa frase favorita. Só compreenderá o significado da vida aquele que percebe... – A partir disso, ele começou a perder o fôlego.

Eu olhei em seus olhos castanhos, segurando sua face em minha mão, assistindo-o dar seus últimos respiros, antes de me abandonar, sozinha, neste mundo frio.

Pronto. Agora, espero que tenha sido tudo esclarecido. Kevin não foi só a criatura mais importante da minha vida. Ele pensa que somente eu fiz coisas por ele, mas ele me abriu portas. Ele me mostrou o caminho para o Mundo. Ele me mostrou que há beleza em tudo. Ele me mostrou a vida. Ele me mostrou o significado da insignificância.

“Só compreenderá o significado da vida aquele que percebe que a insignificância de viver é uma peça pregada pelo medo.” – Livro Insignificante, Alessandra Oliveira Brehm.


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Notas finais do capítulo

Deixem reviews, please.

Obrigada por ler.



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