Wendy & Peter escrita por Igor Carolino


Capítulo 28
A última viagem de Wendy




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Já teve a sensação de estar sonhando algo tão nítido e por causa disso não saber discernir o real do imaginário? Toda a manhã Wendy acorda assim, sem saber se está vivendo uma vida real ou um sonho.

Aos abrir os olhos Wendy respira profundamente como se a sua mente voltasse ao seu corpo após ter feito uma longa viagem transcendental. Desde que ela passou a dormir sozinha no próprio quarto parou de se importar dele ficar arrumado, ela então dorme em meio a livros, roupas, iphone e o notebook, outro dia ela até achou um pedaço de pizza preso no seu cabelo. As vezes Wendy até admite pra si mesma pensando que é muito imatura para a idade ela logo fará dezessete anos e ainda gosta de coisas como pintar mechas coloridas no cabelo e usar roupas estilo grunge. Interrompendo os seus pensamentos reflexivos a porta do quarto de Wendy se abre e Naná sua antiga babá e atualmente de seus gêmeos irmãos mais novos entra sem pedir permissão e diz.

— Bom dia minha jovem já passa das dez, hora de se levantar.

— Já acordei Naná!

— Eu disse se levantar menina anda vamos e espero que não tenha sobras de comidas na sua cama ou embaixo dela outra vez. - Naná empurra Wendy da cama que se joga no chão e diz.

— Não se preocupe comi fora ontem com o James.

— Vou logo avisando que seus pais sabem que você chegou depois das duas da manhã, você não acha que esse jantar não foi muito longo não mocinha?

— Foi você que contou? - Wendy mira os olhos verdes de Naná procurando qualquer vestígio de mentira, mas ela responde seguramente.

— Claro que não, mas o fato de você usar a janela do seu quarto para entrar em casa não vai impedir eles de saberem a hora que você chegou.

— Droga! E eles estão em casa?

— Não criança eles saíram e mandaram avisar que o seu castigo é levar os gêmeos ao cinema.

— Mas era a vez do John esse mês.

— Pois é, era. - Naná sorri, depois coloca as duas mãos na cintura, apesar de já ter vivido muitos anos ela conserva todos os belos traços da juventude inclusive a vitalidade, ela já colocou todas as coisas que estavam largadas na cama e no chão em seu devido lugar e Wendy sempre fica pensado como a Naná arruma o quarto dela tão rápido, a babá sai e fecha a porta do quarto atrás de si e a Wendy fala pra si mesma em voz alta enquanto se joga na cama.

— A Lily vai me matar!

Wendy pega o celular e liga para amiga que fica furiosa ao saber que elas vão ter que assistir ao último filme infantil recém-lançado ao invés do filme que já tinham programado.

Mais tarde Wendy acompanhada dos seus dois irmãos gêmeos menores Michael e Micaela se encontram com Lily na entrada do cinema de um shopping no centro de Londres.

A melhor amiga de Wendy parece muito insatisfeita, mas tenta disfarça para não desagradar os pequenos.

— Desculpa. - Wendy fala sem graça.

— Ah tá fazer o que, chegou tarde outra vez?

— Foi.

— Tá legal vamos logo, depois de daquele filme da zebra eu aguento qualquer coisa.

  Depois do filme Wendy e Lily levam os gêmeos para praça de alimentação e enquanto eles brincam com os brinquedos que ganharam de brinde elas conversam sobre a noite anterior de Wendy com o namorado dela o James.

— E ai Wendy vai contar o que aconteceu com você e o James?

— Nós jantamos e depois ele me levou para conhecer o apartamento novo dele, mas só conversamos.

— Sei? - Lily faz uma cara de desconfiada e Wendy protesta.

— É sério, o James não tentou fazer nada comigo. - Wendy respira fundo demostrando um pouco de frustração.

— Mais queria que ele tivesse tentado? - Lily rir com o próprio comentário e Wendy também, as duas são amigas desde a infância e parecem saber exatamente o que outra pensa e também sobre muitas coisas além.

— Eu te “odeio” Lily se você quisesse me conquistar eu estaria perdida contigo sabia?

— Pode ficar tranquila, garanto que todos os seus segredos estão muito bem guardados, mas sabe é bom te ver assim, namorando, rindo e vivendo uma vida “real” e feliz.

Wendy fica em silencio um pouco e percebe como está se sentindo bem naquele momento e depois diz.

— Ainda bem que tenho uma amiga como você graças aquele negócio que me ensinou estou dormindo bem melhor agora, não estou tendo pesadelos ou sonhos esquisitos, estou dormindo em paz.

— Está falando dos sonhos com a tal Terra do Nunca e o Peter Pan?

— Sim, acho que nunca mais vou sonhar com eles outra vez.

Próxima delas sentada em uma mesa sozinha uma bela mulher caucasiana de cabelo loiro longo e olhos azuis observa Wendy e Lily, ela sorrir e demonstra parecer estar ciente do que elas estão conversando e quando ela ouviu Wendy falar que nunca mais vai sonhar outra vez se levanta e sai andando calmamente com uma leve expressão de satisfação. Wendy mesmo sem saber de nada presente algo e olha na direção da jovem, ela veste uma calça jeans surrada e uma camisa baby look curta e branca com os dizeres “eu acredito em fadas” a mulher percebe que foi vista e pisca antes de sumir no meio da multidão de pessoas que andam na praça de alimentação.

Wendy levanta e Lily a chama levantando-se em seguida. - Wendy tudo bem? - Lily pergunta olhando em volta.

— Eu não sei dizer, mas você pode me esperar aqui com meus irmãos? Eu quero ver uma coisa.

— Tudo bem eu acho.

— Eu não demoro. - Lily percebe que Wendy viu algo estranho, mas não a questiona, Wendy sente algo e parece saber para onde ela deve ir e vai para o elevador que dá direto no estacionamento do shopping, ela entra sozinha só que antes das portas fecharem um garoto e uma garota correm apressadamente em sua direção, Wendy impede as portas do elevador de se fecharem e os dois entram muito ofegantes.

— Obrigada! - A garota a cumprimenta com dificuldades e Wendy responde apenas fazendo um sinal de positivo com a cabeça, eles estão de mãos dadas e Wendy imagina se eles são namorados apesar de aparentar serem muito novos.

O celular no bolso de Wendy toca e ela atende rapidamente. - Alô! Mãe? Sim mãe já acabou o filme e já irei voltar para casa, só estou indo ver uma coisa.

— Tem certeza que você quer voltar pra casa Wendy? - O garoto fala com Wendy como se a conhecesse ela olha para ele e a menina também fala.

— Olha Wendy sei que vai parecer loucura, mas você precisa voltar pra Terra do Nunca.

— Mãe eu ligo pra você daqui a pouco. - Wendy desliga o telefone e os questiona. - Quem são vocês e como sabem o meu nome?

— Eu sou Sandy e esse é o Pedro não somos seus inimigos.

— Inimigos? - O elevador chega ao andar do estacionamento e a porta se abre Pedro e Sandy, os dois ficam parados, olhando para Wendy e eles parecem aflitos, ela percebe que os dois não vão descer do elevador e ela mesma agora fica na dúvida de descer e seguir para onde sua intuição está a levando ou então ficar no elevador e ir para ouvir o que o casal desconhecido tem a dizer.

— Ainda não me responderam como sabem o meu nome? - Wendy olha para Sandy que passa uma das mãos no longo cabelo, seus olhos azuis claros parecem ser sinceros, mas Wendy está confusa demais, para tentar adivinhar qualquer coisa sobre ela, ainda mais como dois desconhecidos a conhecem pelo nome.

— Somos amigos de uma conhecida sua ela nos pediu para te encontrar e falar com você.

Wendy deixa a porta do elevador se fechar e ele começa a subir - Que conhecida a Lily?

— Não. - O garoto chamado Pedro tira do bolso algo e entrega para Wendy ela olha para mão e vê um pequeno dedal e diz.

— Como conseguiram isso?

— Acho que você sabe. - A resposta de Pedro atravessou os ouvidos de Wendy como uma flecha que atravessa o coração.

— Eu pensei que tudo fosse um sonho. - Wendy aperta o dedal com uma das mãos e fecha os olhos, infinitas imagens passam por sua mente e todos os sonhos e lembranças de centenas de histórias e aventuras vividas por ela se organizam em sua mente trazendo finalmente a mais importante das memórias.

— Peter Pan ele existe.

Sandy ao ouvir Wendy falar o nome de Peter Pan, diz em tom de comemoração. - Você se lembrou. - E surpreende Wendy com um abraço caloroso.

A porta do elevador se abre de volta no andar da praça de alimentação Pedro segura a porta e diz. - Precisamos ir Sandy temos pouco tempo essa realidade logo vai se sumir. - Sandy está com lágrimas nos olhos, claramente feliz, Wendy não compreende muito sobre o que está acontecendo, mas entende que aqueles dois de alguma forma se arriscaram para abrir os olhos dela, Wendy então dá um beijo na testa de Sandy como forma de agradecimento e depois diz.

— Obrigado! - Wendy sai do elevador e a porta começa a se fechar, mas ela a segura mais um pouco e pergunta. - Essa não é a primeira vez que nós encontramos não é?

Sandy olha para Pedro que pensa por uns dez segundos, mas ele acaba falando.

— Não.

Sandy sorrir e diz. - Ele está te esperando Wendy seu Peter Pan, assim como o meu me esperou... Ele te ama... Sempre te amou.  

Wendy solta á porta do elevador, ela se fecha e eles se vão deixando-a sozinha num mar de dúvidas se questionando.

— Wendy? - Lily aparece acompanhada de Michael e Micaela os pequenos parecem muito cansados.

— Tiger Lily? - Wendy reconhece imediatamente a amiga como a princesa da tribo Piccaninny, mas claro que Lily não faz ideia do que ela está falando.

— Tiger o que? Wendy você está bem?

Wendy olha para Micaela e percebe que viveu uma vida sem notar a presença da irmã ela se ajoelha e a pequena rir e depois pergunta. - Que foi Wendy?

— Nada não só estou feliz por ter uma irmã agora, prometo que vou cuidar sempre de você, está bem?

— Tá bom. - Responde a pequena Micaela como se entendesse o que se passava com a Wendy.

— Você está muito estranha sabia? - Lily carrega Michael nos braços que fecha os olhos quase que imediatamente.

— E se eu agora te contasse algo sobre você que nem você mesma sabe?

— O que?

— E se eu te disser que você é uma princesa?

 - Tá brincando não é?

— Claro que não, mas não tenho tempo pra explicar precisamos voltar.

— Pra onde?

— Pra terra do nunca segure minha mão.

Lily fica confusa, mas de alguma forma sente que deve fazer o que Wendy pediu e quando elas dão as mãos são magicamente levadas de volta ao momento em que Peter Pan aponta sua espada para Rainha Titânia.

 Wendy se aproxima dos dois e calmamente faz Peter Pan abaixar sua espada e como uma verdadeira princesa encantada beija o seu príncipe surpreendendo a todos, depois do beijo ela diz sussurrando no ouvido dele.

— Nunca mais deixarei você sozinho.


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