Ontem decidi não ir às aulas, estava cansada, cansada de ver sempre as mesmas pessoas, as mesmas perguntas. – Tudo bem Serena? – Perguntavam-me sempre que me viam. Que conversa mais trivial. Eu até comecei a recusar-me de responder. Eu sei que nem sempre é por mal mas cansa-me que sejam todos os dias assim!

O telemóvel começou a tocar. Rapidamente atendi, era o Luca.

- Olá Serena hoje não te vi nas aulas e precisava mesmo de falar contigo! – Disse-me. Não sabia o que ele queria mas algo não estava bem o Luca normalmente está sempre na brincadeira comigo e nunca fala assim, tão serio. Pedi para que passa-se em minha casa depois das aulas, que eu não me estava a sentir muito bem. É claro eu só disse isso para que não me obrigasse a sair de casa.

As horas passaram-se a voar já eram quase 18horas quando Luca me enviou uma mensagem:

“Serina, em dois minutos estou à tua porta, Kissu”

Aquele Luca é sempre tão mulherengo, agora lembrei-me ainda não me vesti, estou de pijama, e vem um rapaz ao meu quarto.

Olho em volta livros em cima da cadeira, o portátil no chão, a minha camisola preferida no fundo da cama, para não falar da minha caixa dos elásticos, estavam espalhados perto da porta. Ontem a noite estava mesmo cansada.

Ouve-se a campainha. Bolas e agora.

- Já Vou – digo com alguma impaciência tiro as calças do pijama e ponho uns calções pretos após os tirar do armário e visto um top um pouco amarrotado acinzentado. Olho me ao espelho.

- Por favor, já te vi com melhor aspecto – Digo a mim mesma. Era uma rapariga de estatura média, olhos verdes e cabelo arruivado, tinha sardas e a minha pele era estupidamente branca. Olho com mais atenção, e levo a mão direita a minha orelha.

- Onde está o meu piercing favorito – penso enquanto aperto a orelha. – Deve estar na almofada, mas não tenho tempo agora – pensei enquanto descia as escadas.

Eu vivia num pequeno duplex com a minha mãe, sorte a minha ela nunca ou raramente estava em casa.

Cheguei a porta, abri-a. Estava um rapaz loiro com o cabelo penteado para o lado, de olhos verdes, notava-se que fazia desporto pois apesar da camisola verde larga notava-se bem os seus ombros largos.

Disse-lhe para entrar.

- Ups – disse Luca quase caindo.

- Já te disse para levantares as calças, um dia ainda te aleijas – disse-lhe olhando para as calças de ganga que usava já gastas no calcanhar onde se fundiam com os ténis avermelhados.

- Serina, vá-la deixa te de coisas, preciso mesmo de desabafar contigo – disse Luca ajeitando a franja.

Sorri, fechei a porta e sem lhe responder passei a frente dele e encaminhei-me para a sala onde estava um enorme sofá de cor creme.

- Senta-te Luca e diz me o que te aflige, é hoje que te vais jurar o teu amor eterno a mim? – Perguntei-lhe sarcasticamente.

Luca aproximou-se devagar e ao ver me a sentar fez o mesmo, ele não aprecia nada bem.

- Vá Luca agora asserio diz me o que se passa, o que comeste que te fez mal? – Disse-lhe em tom de brincadeira. Era normal ele estar sempre a brincar comigo e hoje mal consegue olhar para mim.

Luca aproximou-se um pouco mais de mim e segurou-me as mãos.

- Serina, babe, sabes que… É tão complicado dizer te isto, eu.. – Dizia luca

- Vá desembucha Homem – disse-lhe para apressa-lo.

- Serina estou apaixonado! – disse me Luca

- Apaixonado? Tu, AHAHAH, qual é a menina desta vez? Só te vejo com raparigas indecentes, em vez de vires ter aqui comigo que pelo menos eu aproveitava-te bem – disse-lhe tentando anima-lo.

- Serina desta vez é diferente, eu estou mesmo apaixonado por alguém diferente! – Disse Luca, eu já estava a ficar impaciente.

- Luca eu vou lá acima buscar o meu portátil, respira fundo e quando voltar diz de uma vez. – Disse-lhe enquanto me levantava.

Comecei a subir as escadas e ouvi Luca a inspirar fortemente.

- Deve estar num dia não, de certeza – pensei eu enquanto chegava ao meu quarto, abri a porta. Estava tudo tão desarrumado que nem me apetecia olhar para o chão. Peguei no portátil e fechei a porta daquele quarto só queria esquece-lo por momentos.

Desci as escadas e estava Luca no fim das mesmas.

- Luca, passa-se algo? – Perguntei-lhe dando mais um passo a descer o ultimo degrau das escadas.

- Sabes quem é o Xander da turma de economia? – Perguntou-me enquanto olhava para o portátil que tinha nas mãos. Detesto que não me olhem nos olhos quando falo com elas.

- Xander?! – Disse enquanto abria o portátil e via no facebook.

- Ainda bem que inventam estas bases de dados para que possamos ter toda a informação ao nosso dispor – pensei enquanto tentava encontrar o perfil.

Virei o portátil para Luca, este olhou para o ecrã.

- É este? – Perguntei.

- Sim! Eu estive com ele ontem, e … - disse-me Luca gaguejando um pouco.

- Luca queres um copinho de água? – Disse-lhe com um sorriso leve no rosto.

- Serina eu estou apaixonado por ele e não sei o que fazer! – Disse Luca pegando no portátil que tinha nas mãos.

Não sabia o que lhe dizer e ainda bem que pegou no portátil pois não esperava ouvir uma coisa destas muito menos do Luca, aquele rapaz que era o deus grego da nossa turma que todas as mulheres e meninas adoravam e o veneravam, não lhe escapou nenhuma rapariga do nosso secundário, e agora ele estava a ser verdadeiramente sincero e a assumir-se, logo a mim.

- Luca eu acho... – Dizia antes de ser interrompida.

- Achas péssimo não é, nunca pensaste que alguém como eu podia... – Dizia-me Luca

- Oh Homem, podia o quê, ser feliz? – Disse-lhe enquanto lhe agarrava na mão e o arrastava de novo para a sala.

Luca sentou-se a olhar para a fotografia que estava no perfil de Xander.

- Luca, o rapaz até é bonitinho. – Disse-lhe passando-lhe a mão pelo cabelo loiro.

- Ele não é bonito eu não sei Serina, o problema é que ele nunca vai olhar para mim – disse-me Luca.

- Luca claro que... – Dizia sendo novamente interrompida

- Ele disse que queria falar contigo e perguntou-me se tinhas namorado Serina – disse Luca desanimado.

Eu fiquei corada – Eu?, Porque eu… - pensei

- Mas Luca o que lhe disseste – perguntei preocupada.

- A verdade Serina, que não tinhas e quem te tivesse teria muita sorte – disse Luca olhando-me fixamente.

Agora sim estava super corada, as minhas bochechas pareciam que tinha entrado em erupção que calor, eu não sabia que o Luca me tinha em tamanho apresso, mas o Xander, eu nunca falei com ele.

- Luca achas mesmo isso de mim – perguntei-lhe delicadamente.

- Sim Serina sempre foste a rapariga que eu mais gostei! – Respondeu-me com seriedade.

Levantei-me peguei no portátil e coloquei-o no meu colo. Adicionei o Xander há minha lista de amigos, abri uma janela do Chat.

- Serina o que estás a fazer? – Perguntou Luca aterrorizado.

- Aprende Luca, estou a salvar-te a vida – disse-lhe enquanto escrevia:

“Hey Xander sei que queres falar comigo, vem ter comigo depois das aulas ao portão da escola.”

- Enviado – disse carregando no envio.

- O que acabaste de fazer Serina e agora? – Disse Luca levantando-se e começando a andar de um lado para o outro.

- Agora é esperar, amanha podes vir ca a casa também? – Perguntei-lhe

- Sim, acho que sim Serina – disse Luca sentando-se devagar.

Ouviu-se plimm.

- Olha Luca o Xander foi rápido – disse enquanto abria a janela do chat:

“Serena terei todo o gosto de ir ter contigo amanha, Kissus Xander”

- E o que eu faço Serina? – Disse Luca, estava mais branco que eu e eu já era quase lixivia.

- Luca diz me só uma coisa mas tu só gostas de Homens? – Perguntei, entanto desvia-lo do assunto do Xander

- Sim, Serina, Porque? – Respondeu-me enquanto penteava a franja.

- Mas tu tiveste tantas raparigas… - Disse-lhe não conseguindo terminar a frase.

- Sim mas nenhuma satisfazia. – Disse-me tentando sorrir

- Que lastima, ele é um rapaz tão lindo, desperdício – Pensei para os meus botões.

- Luca tenho mais que fazer, vai para casa e encontramo-nos amanha nas aulas – disse, tentando-o despachar tinha tanto que arrumar.

Luca saiu pouco depois. Subi as escadas a correr e olhei novamente para o meu quarto. – Devias arrumar-te sozinho! – Exclamei semi cerrando os punhos e instalando-os nas minhas ancas. Comecei por apanhar os elásticos e pouco a pouco o quarto começou a ficar mais ou menos arrumado.

Quando acabei, a minha mãe já tinha chegado, e estava a fazer o jantar. Desci jantei e voltei para o meu quarto. A minha relação com a minha mãe não é a mesma desde que o meu pai nos deixou. Mas isso seria outra história.

Não me deitei muito tarde e como costumo fazer sempre deixo uma pequena luz de presença ligada à porta do quarto, desde pequena que detesto o escuro.

Na manha seguinte levantei-me, lavei-me, vesti-me, comi e lavei os dentes num ápice, estava com um nervoso miudinho no estomago, provavelmente criado pelo episódio de ontem tão caricato.

As aulas passaram a correr e ainda bem, tem estado uma autêntica seca, revisões de matéria antiga atras de revisões de matéria nova, inacreditável como o ensino está hoje em dia.

- Trim – toca o meu telemóvel era o Luca:

“Serina não dormi bem, fiquei em casa vou ter a tua casa as 18h, Kissu”

Tinha estranhado o Luca não ter aparecido hoje, mas pelo que aconteceu ontem e o que virá hoje é melhor que ele se preparare.

À porta da escola estava um rapaz moreno de cabelo acastanhado desgrenhado vestia um casaco de cabedal e umas calças de ganga azuis, conseguia-se ver que segurava um capacete na mão direita.

- Xander? – Perguntei ao aproximar-me

O rapaz voltou-se e ficou a olhar para mim durante uns 5 minutos.

- Uau, Serena, tu és mais bonita do que… Não ligues. Obrigado pelo convite – disse Xander um pouco envergonhado.

Olhei para o lado, tentando que ele não notasse o meu rosto vermelho ele ainda era mais giro na realidade. - Aquelas fotografias do facebook enganam mesmo – Pensei

- Bem, vamos então – disse tentando voltar ao que interessava, tinha que o levar para casa e obriga-lo a falar com Luca.

Xander estendeu-me o capacete. Não queria acreditar.

- Vamos a pé, não precisamos de ir de mota – exclamei enquanto acenava com a cabeça negativamente.

- Tens medo de andar de mota ou tens medo de mim? – Disse Xander sorrindo um pouco e desta vez bem perto de mim tenta colocar-me o capacete.

Oh meu deus, porque é que ele tinha que ter uma mota, a minha casa é até bastante perto.

Xander aproximou-se de uma Kawasaki ninja verde e montou-a, estendeu-me o braço direito.

- Vamos? Tens que me dizer para que lado vamos – pediu Xander carinhosamente.

Apoiei-me no braço dele e montei na mota, agarrei-me logo a ele mal ele colocou a mota a trabalhar.

- Vai sempre em frente é no segundo quarteirão à direita – disse tentando ser o mais explicita possível de modo a não ter que o largar.

Xander arrancou, em segundos, pelo menos para mim foram segundos, estávamos à porta da minha casa.

Desmontei da mota e rapidamente tirei o capacete.

-Obrigado pela boleia – agradeci enquanto ajeitava o cabelo – deveria estar uma autêntica porcaria – pensei tentando sorrir.

Xander saiu da mota e sorriu-me. Eu abri a porta de casa e convidei-o a entrar, pedi que aguardasse um pouco na sala enquanto ia à cozinha buscar algo para bebermos.

Tinha loiça por lavar, - a minha casa precisa mesmo de uma arrumação urgente – pensei enquanto enchia dois copos com sumo de morango, o meu preferido.

Entrei na sala com dois copos, Xander tinha tirado o casaco e agora exibia uma t-shirt negra de uma das minhas bandas favoritas ”Green Day”.

- Quero-te fazer uma pergunta Xander – Disse dando-lhe um dos copos para a mão.

- Tu gostas de raparigas certo? – Perguntei após dar um pequeno golo no sumo.

- Claro, porquê não deveria gostar? – Respondendo-me com uma pergunta.

Na realidade não sabia o que dizer e quando ia dizer algo a campainha tocou – Trim.

- Vou abrir – disse rapidamente enquanto me dirigia a porta.

Luca estava a porta com um sorriso parvo, estava com uma t-shirte avermelhada e o cabelo que costumava estar sempre super penteado esta um reboliço.

- O que te aconteceu Homem? – Perguntei-lhe enquanto lhe tentava baixar o cabelo.

- Serina não dormi nada e depois adormeci, desculpa-me, estou muito atrasado? – Disse-me enquanto tnetava espreitar para a sala.

- Sim Luca ele já esta aqui, trouxe-me de mota – disse apontando para o capacete que estava em cima da mesa da entrada.

- O quê, ele tentou fazer-te algo? – Perguntou-me agarrando-me nos ombros, aprecia assustado.

- Não te preocupes Luca, eu já sou grande e consigo me defender, mas não fez nada, vá anda vamos para a sala vocês precisam de falar. – Disse dirigindo-me para a sala.

- Xander este é o Luca, um dos meus melhores amigos – disse ao entrar na sala.

Xander levantou-se e com um sorriso cumprimentou Luca.

Ambos se sentaram no sofá.

- Bem então porque chamaste o teu amigo, se eu precisava de falar contigo? – Perguntou Xander ao olhar para Luca.

- Bem na verdade… – comecei por dizer até ser interrompida.

- Desculpa Serina mas tenho que ser sincero – disse Luca.

- Fui eu que pedi para estar presente, ou melhor eu queria falar contigo e a Serina é que engendrou este plano – disse Luca sempre agarrado aos joelhos. Nunca tinha visto o Luca tão embaraçado, ele costumava ser sempre tão espontâneo e extrovertido.

- Porque não vieste ter comigo depois das aulas em vez de ter sido a menina Serena? – Perguntou Xander olhando para mim.

Levantei-me, os dois rapazes ficaram a olhar para mim.

- Vou à cozinha buscar algo para beberem, sim? – Disse enquanto saia da sala.

Cheguei à cozinha levei as mãos à cabeça. Que pressão terrível estava na sala, se Luca não tivesse interrompido era capaz de comer o meu próprio coração.

Ouviu-se risos na sala. – Bem pelo menos devem-se estar a dar bem – pensei.

De repente os risos sessaram, nem palavras nem nada. Comecei a ouvir uma respiração ofegante e depois parou.

- O que se estará a passar na sala? – Questionei-me enquanto acabava de encher os copos.

Sai da cozinha pé ante pé na direcção da sala. Um barulho estranho aprecia intensificar-se.

Olhei para dentro da divisão, Xander estava em cima de Luca, e estavam a beijar-se. Eram beijo tão intensos, como é possível que duas pessoas que raramente falaram terem tanta química assim, como é possível darem-se tão bem. Pelo menos aparentavam estarem a gostar.

- Oh meu deus que sensação estranha, estou a ficar com calor, estou um pouco corada – disse na minha cabeça, as minhas pernas começaram a tremer, olhei novamente para o sofá.

Xander gentilmente desapertou as calças de Luca com a mão direita e colocou a mesma mão de seguida dentro das mesmas. Sinto um tremor num sítio que nunca senti antes, não consigo me concentrar e coloco a minha mão dentro das minhas próprias calças.

Estou um pouco Húmida!