O Retorno De Um Estranho escrita por Senhorita Ruffo


Capítulo 19
O Passado Tem Um Preço - Parte II


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora (de novo!)

Desejo-lhes uma boa leitura...



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Não foi fácil para Frederico Rivero se converter em Estevão San Romãn. Foi preciso um árduo trabalho para que mudasse seus hábitos, sua educação, a maneira de se vestir...
Alba empenhou-se na mudança. Enquanto seu segundo filho ainda não havia nascido, foi ensinando tudo o que sabia para Estevão, com uma paciência extraordinária. Incentivou-o a ler, dava-lhe aulas para melhorar o vocabulário antiquado, aulas de etiqueta, enfim. Em dois anos não existia um rastro sequer do que foi Frederico, melhor dizendo, Estevão. Somente aquele erro seu ficou cravado no passado, perdurando no presente e refletindo em seu futuro. Pensou que jamais seria feliz de novo, e em certa parte, ele dizia que merecia isso. Perdeu o contato de vez com Maria. Lamentava ser o responsável pela solidão e orfandade da moça, agora sem irmã, ainda que Patrícia nunca a tivesse amado.
Mas assim como Patrícia, Maria fazia parte de Frederico. Precisava se refazer como Estevão e assim o faria.
Alba possuía uma boa quantia de dinheiro no banco, que juntou desde que abandonara Frederico para que um dia começasse a buscá-lo. Ofereceu a Estevão confiante de que ele conseguiria abrir um negócio de grande porte, já que não lhe faltavam a ambição e as idéias.
Foi um largo caminho para alcançar o sucesso, mas graças à sua força de vontade, Estevão conseguiu com que sua empresa gerasse bons lucros, o que possibilitou a quitação da dívida que tinha com Ernesto, o falsificador de documentos.
Mudou-se com a tia e o primo pequeno para uma casa em um bairro nobre, colhendo os frutos de sua futura riqueza.
Anos depois, seu empreendimento já era um dos maiores do país. Regressou à capital, lugar em que tivera amigos e amara. Mas dessa vez era um simples desconhecido. Converteu-se assim o seu retorno, o retorno de um estranho ao próprio lar após quatro anos afastado.
Vivia em uma mansão de luxo, tinha um nome de respeito entre as famílias mais tradicionais da alta sociedade, carros importados, promovia festas de grande euforia e era desejado pela maioria das mulheres. Muitas, algumas casadas, propuseram encontros às escondidas, mas ele veementemente, negou. Não queria ser o motivo de destruição de um lar. Teve relacionamentos casuais, mas nada passava de uma mera distração e voltava para a solidão de sua casa, recordando o que tinha feito e maldizendo a própria felicidade.
Foi então que em um determinado dia, ele a viu. Maria. Sentiu que seu coração voltara a pulsar, que seu corpo voltava a vida, que algo dentro dele fora remexido, desencadeando uma série de sentimentos que não pudera controlar. Agora estava com Maria, a mulher que o caçava. Sentiu-se repulsivo, digno de rejeição, mas ainda assim se atrevia a sentir a felicidade que lhe fora apenas uma ilusão por alguns anos de sua vida.
Ele não podia perdê-la, não queria, mas sabia que ela mais cedo ou mais tarde estaria a par do que aconteceu há mais vinte anos atrás.
Vendo que Estevão se perdia em pensamentos, Maria arriou o cavalo e se juntou a ele.
– Algum problema? - indagou enquanto estavam no estábulo da cabana.
– Não... - despertado de seus devaneios. - Não é nada.
– Está na hora do almoço, melhor voltarmos para que eu o prepare.
– Pedi a Felipe que se encarregasse disso. Vem, quero te mostrar um lugar.
Ele a colocou no mesmo cavalo e seguiram até um lago. Amarrou as rédeas do animal e caminharam abraçados em direção a água translúcida que fluía no lago. Ao redor, duas pedras enormes cobertas de musgo rodiavam a água, deixando uma parte do lugar na sombra.
– É lindo, Estevão! - Disse Maria, maravilhada.
– Nunca trouxe ninguém aqui... incluindo minha tia e Carlos.
– E porque não?
– Carlos não gosta muito da vida no campo, acostumou-se à cidade e só vem aqui quando estamos de férias; minha tia tem medo de que algum animal a ataque. - rindo.
– E então?
– Esse é um lugar especial pra mim, Maria. Por muitas vezes nadei sozinho, refleti aqui. Precisei de um alguém que me completasse, que fizesse parte desse lugar comigo, entende?
– Sim... - com a voz embargada de emoção. Ela era essa pessoa, estava sub-entendido nas palavras de Estevão.
–Quer nadar? - disse ele, sugestivo.
– Não estou com roupa de banho. - sorrindo.
– Não precisamos de roupa de banho. - olhando-a com malícia.
Diferente de muitas, Maria não sentia vergonha de sua nudez, a não ser quando perdeu a virgindade, mas tomar a iniciativa ainda era algo que precisava ser trabalhado.
– Vai você primeiro.
– Tudo bem. - respondeu Estevão, livrando-se da camisa.
Maria desviou os olhos da água e pôs-se a olhar o peito másculo e forte dele. Seguiu as suas mãos e viu que ele desabotoava a calça. Livrou-se de toda a roupa que o cobria, ficando como veio ao mundo.
Sua masculinidade já estava ereta.
Olhou-a com um sorriso travesso e entrou a água. Como era transparente, não ocultava nada, de modo que Maria teve que abanar a cabeça para reprimir pensamentos permissivos. Eles só iriam nadar, pensou ela.
– Vem Maria, a água está uma beleza! - gritou ele, já no meio do lago.
– Já vou. - mordeu o lábio.
Depois de um suspiro demorado, ela deslizou as mãos para o botão da camisa de Alba, a mais "atraente" que ela encontrou no meio das roupas da tia de Estêvão. Este prontamente se focou no show acontecendo à sua frente.
Não era intencional, mas os simples movimentos que ela fazia para desabotoar a blusa o deixava maluco. Sem pressa, ela se livrou da parte de cima. Estevão observou admirado os dois seios expostos, com algumas marcas ao redor dos mamilos, sinais de uma noite intensa de amor. Ela olhava pra ele. O desejo estampado no rosto de Estevão direcionado a ela deixava-a de pernas trêmulas, mas continuou despindo-se.
Baixou a calça e caminhou até a água, todo o percurso sendo comida a olhos - literalmente - por Estevão.
– A água esta boa, mesmo. - Disse ela, sentindo-se a vontade.
– Vamos nadar?
– Não gosto muito de nadar. Melhor ficarmos por aqui mesmo.
– Como preferir. - aproximando-se dela.
– Nem me toque, Estevão. Alguém pode nos ver! - adivinhando suas intenções.
– Esqueça as pessoas ao redor. Foque em nós.
Não era uma tarefa difícil. Ela mesma já havia fechado os olhos, esperando-o.
Ela poderia ter saído da água, mas Estevão conseguia prendê-la sem nenhum esforço.
Ele passou a língua entre os lábios, admirando cada contorno de Maria, desviando a atenção para a parte escondida de suas coxas. Maria enrubeceu-se. Aquele homem era deveras intimidante.
A puxou para que ficassem colados, testa com testa. Maria já começava a respirar com dificuldade ao sentir o membro duro tocando-lhe.
– Você é linda, Maria. - disse ele acariciando seu rosto.
Então ela procurou a boca dele, querendo prová-lo, absorvê-lo. Esqueceu-se do pudor e enrolou os braços em volta do pescoço de Estevão. O beijo a cada passo que se tornava mais quente despertava um fogo incontrolável em Maria. Queria-o e queria logo ali. Ele a direcionou para as pedras ao lado da lagoa onde havia sombra. Deitou-a sobre uma pedra plana e recomecou o beijo, puxando-lhe os lábios com os dentes.
– Por favor, Estevão! - murmurou suplicante.
Ele se encaixou no meio de suas pernas e penetrou-a num só golpe, arrancando um grito profundo. Recomeçou as investidas aumentando gradualmente a velocidade. Maria gemia sem parar, entorpecida. O que sentia era tão intenso que seu corpo já lhe dizia que era a hora.
Não demorou muito para que ambos estivessem saciados, o corpo de Maria sendo pressionado na pedra pelo de Estevão, sua mão acariciando os cabelos negros dele. Abandonados no meio do nada, mas nutrindo os sentimentos mais intensos que somente dois eternos apaixonados se entregariam com total irracionalide. Não precisavam dizer, sabiam e sentiam: Eles se amavam!
(Vish que eu não sei escrever cenas de amor, não hehehehe)

>>> Depois de almoçarem, Estevão guiou Maria até o escritorio. Ele fumava um charuto quando o telefone começou a tocar.
– Há dois dias esse telefone esta tocando. Deve ser importante,Estevão.
– Duvido. Querem se intrometer na nossa vida, nos importunar.
– Atenda, por favor. Vai que seja alguém querendo dar algum recado sobre Alba.
Estevão estacou. Estava sendo egoista com a tia. Ela devia estar muito preocupada ou quem sabe, doente.
– Atenda, por favor. - pediu ela, docemente. Não havia como negar.
Relutante, dispôs do telefone.
– Até que enfim, Estevão! - exclamou Alba, aflita. - Porque não me respondeu antes?
– Pensei que eu tivesse dito que queria ficar sozinho...
– Você está com 'ela'...não está sozinho. - em tom acusador.
– Diga-me o que quer. - querendo desligar o telefone de imediato.
– Faz dois dias que tento me comunicar com você... Luciano havia conseguido adiar o julgamento de seu primo, mas ontem um oficial de justiça nos intimou a comparecer à corte. Haverá uma audiência para julgá-lo. Não deixará que ele enfrente essa sozinho, não é mesmo?
– Claro que não, tia. Amanhã cedo volto para a capital.
– Amanhã? - Alterou-se. - Você está brincando com o fogo, Estevão. Geraldo voltou a ativa, mas com uma frieza que me espanta. Ontem fui visitá-lo e não tocou no assunto sobre... Você sabe. - iria dizer traição. - Senti que eu o incomodava, por isso saí antes do previsto.
– Claro que ele deve ter ficado abalado com o que houve. Nem sequer sabe onde Maria está...
– Não sabe? No dia do casamento ele esteve aqui em casa e perguntou por você.
– Sim e? - preocupando-se.
– Rebeca o viu muito aflito, e acabou revelando seu paradeiro. Ele deve ter ido aí em algum momento.
Foi então que Estevão se lembrou do carro que viu entre as árvores sumindo de vista, de madrugada, no dia em que Maria largou Geraldo no altar. Talvez isso explicasse o fato de ter encontrado a porta aberta, quando desceu para fazer um lanche.
– Sim, tia. Eu acho que sim...
– Vai tomar alguma providência sobre isso?
– Sim... - olhando para Maria. -Volto hoje mesmo para a capital!

**********

– Tudo bem, meu filho. Estevão virá. - colocando o telefone na base.
– Não precisava importuná-lo, mãe. - disse Carlos. - Somente a presença de Luciano seria precisa.
– Seu primo não pode esquecer que tem obrigações! Num momento como esse é necessário que ele esteja conosco, auxiliando-nos.
Carlos não queria continuar discutindo com Alba. Era uma perda de tempo. Decidiu perguntar-lhe quando faria o jantar de namoro para ele e Fabiola.
– Ainda continua com essa...mulher? - pronunciou a ultima palavra com uma pontada de desdém. Iria referir-se a ela como uma prostituta, devido ao modo como ela se vestia e se comportava mas o bom senso lhe privou disso.
– Eu gosto dela. - respondeu, sincero. - Você não?
– Ela não me caiu bem... - disse calmamente. - Poderia ter escolhido alguém de sua idade.
– Não vai me dizer que a senhora cultiva o pensamento antigo de que uma mulher mais velha não pode ter uma relação normal com um homem de minha idade, é isso?
– Se ao menos ela tivesse a decência de se vestir como uma mulher recatada...
– Acontece que nem todo mundo é você! - respondeu, rígido. - Estevão disse que eu poderia fazer a festa. Se não quiser organizá-la não tem importância, eu pedirei a Rebeca que a faça. E em relação a minha escolha, eu estou muito feliz com ela e não pretendo mudar só porque não te agradou...
E saiu irritado do cômodo batendo com força a porta, deixando-a sozinha. Sentiu-se indefesa. Seus filhos a estavam trocando por uma mulher. Lembrou-se do homem que a abandonou com um filho no ventre e teve pavor ao pensar que poderia ficar sozinha de novo.
– Ela não é mulher para Carlos... - murmurando para si mesma enquanto estava só. Precisava de algo que repelisse Fabiola da vida de seu filho.

********

Já era umas quatro da tarde quando Estevão entrava na empresa de Geraldo. Avançou para o elevador e solicitou o ultimo andar. Ao chegar no destino, caminhou a passos firmes em direção à mesa de sua assistente.
– Boa tarde, Daniela.
– Ah, olá senhor Estevão. - cumprimentou-o. - Viajava?
– perguntou porque há muito não o via.
– Sim, voltei hoje. Queria falar com Geraldo, ele se encontra? - teve uma discussão acalorada com Maria antes de chegar na empresa. Ela queria acompanhá-lo mas ele disse que precisava ir sozinho. Geraldo estaria muito magoado e sua reação ao vê-la de novo seria desconhecida. Deixou-a no apartamento dela e seguiu ao encontro de Geraldo.
– Está reunido com alguns acionistas. - mentiu. Tinha ordens para fazê-lo.
– Sabe se vai demorar? - Acabou de entrar na sala. Disse-me que não queria ser interrompido.
– Entendo...- aparentemente ela estava mentindo, mas respeitou a decisão de Geraldo.
– Quer deixar recado?
–Não... Outra hora passo aqui. - sorriu e com um aceno de mão se afastou.

>>>>> Na sala de reuniões...

– Diga-me Fabiola: O que descobriu?
– Um fato muito curioso. - disse ela, fazendo gestos com as mãos. - Estevão não é Estevão.
Geraldo riu.
– Explique-me direito.
– É isso mesmo o que você ouviu. - retorquiu ela. - Estevão possui documetos falsos. O nome dele não é esse.
– Deve ter trocado, qualquer um com uma fortuna grande poderia fazê-lo.
– Ele fez há mais de vinte anos... Ainda não tinha um tostão no bolso.
– Então quer dizer que...
– Exatamente!
– Ele está se escondendo de algo! - repetiram em unissono.
– Mas do que seria?
– Não o sei, Geraldo. O 'cara' responsavel pela documentação não sabia o motivo. Só Estevão e a tia dele sabem ao que parece. Eu perguntaria a o tonto do Carlos, mas provavelmente ele não sabe de nada.
– Qual será nosso próximo passo, então?
– Observar, meu caro. Não existe nada que possamos descobrir sobre ele. Você o conhece há anos e tampouco ele lhe disse algo sobre seu passado. Mas para escondê-lo, não deve ser nada bom.
Nesse instante, Daniela aparece com alguns documentos para Geraldo despachar.
– Traga-os aqui.
Ela colocou a pasta sobre a mesa. Quando ia se retirar, lembrou que Estevão o estivera procurando e comunicou a Geraldo.
– Hum... Interessante. - sussurrou. - Já chegaram da cabana.
Se levantou e caminhou até a porta.
– Geraldo, os papeis, preciso para logo mais. - falou Daniela.
– Tenho que ver alguém! - e saiu, batendo a porta.
Não precisavam adivinhar: Geraldo foi ao encontro 'dela'.

********

Estevão observou ao longe, seu primo conversando com amigos no portão da Mansão San Roman. Estacionou e andou até ele, onde foi recepcionado com um abraço.
– Poxa, Estevão. Pensei que estava morto! - brincou. morto
– Vira essa boca pra lá, garoto. Nem fiquei uma semana longe...
Carlos dispensou os amigos e entrou na casa apoiado nos ombros de Estevão. -
– Novidades?
– Amanhã é meu julgamento.
– Tia Alba ligou pra mim. Vim justamente por isso.
– E o que o fez sair da cidade? - olhando-o desconfiado. - Não me diga que estava acompanhado?
– Bom... Sim eu estava.
– Haha eu sabia! E quem era a mulher?
Estevão decidiu não mentir para o primo.
Conduziu-o para a biblioteca para conversarem em privado.
– Não! - retorquiu Carlos, pasmo.
– E Geraldo em tudo isto, como fica?
– Tentei falar com ele hoje mas não consegui. Depois de sua audiência tentarei de novo. Mas eu quero saber o que acha disso.
– Não há nada para achar, Estevão. Não te julgarei por amar a uma mulher. O problema está em Geraldo, na reação dele. Acredita que ele já saiba?
– Pior que sim...e eu temo que ele tenha descoberto da pior forma!

Alba ao ser informada que Estevão regressou para casa, correu para a biblioteca. Encontrou os dois filhos juntos e suspirou, aliviada.
– Precisamos falar em particular, Estevão. - autoritaria.
Estevão fez uma expressão de cansaço e pediu que Carlos os deixasse a sós.
– O que quer agora, tia?
– O que foi que deu em você? Disse que iria sozinho!
– E fui. Só que Maria percebeu que me ama e me encontrou na cabana.
– Ah e posso saber como conseguiu que ela o encontrasse?
– Não vou entrar em detalhes, tia. Contente-se por saber que estou feliz e ponto.
Ele já ia saindo, mas Alba o deteve.
– Até quando você acredita que sua farsa vai durar? Ela vai encontrar você um dia. Melhor largá-la antes de ser pego.
– Demorei muito para refazer minha vida de novo. Deveria me apoiar e não me criticar duramente.
– Eu te apoiaria não fosse a estupidez de se apaixonar pela mulher que te quer morto.
– Acha que já não pensei nas consequências? - bradou ele. - Acredito que talvez eu possa convencê-la a parar de procurar por mim.
Alba riu, sarcástica.
– E você acredita que consegue?
Estevão ficou calado, pensando.
– Por anos você viveu livremente. Quer desistir dessa liberdade agora?
– Claro que não tia, mas...
– Estevão... Aruba possui um rigoroso sistema de justiça. Você sabe qual é a sentença para o que você fez? Se tivesse assumido quando tudo aconteceu seriam vinte anos de pena, mas como fugiu...
– Sim tia... Eu sei.
– A sentença é pior.
– Pena de morte. - sibilou sem nenhuma vontade.
– É isso o que você quer? Perder tudo o que conseguiu por causa de uma mulher... Você já errou por uma.
– Existe algo muito pior do que a morte, tia.
– Ah é? E o que seria?
Ele ficou em silêncio, examinando as palavras que lhe vinham a mente.
– Perdê-la, tia... Perder Maria. De todas as sentenças, essa é a que mais doerá!

********

–E onde Estevão está agora?
– Falando com Geraldo, eu acho. - contestou Maria.
– Gay não é mesmo? - lembrando-se do que Maria havia dito sobre Estevão.- Tudo não passava de tatica sua para que eu não me interessase nele, verdade?
– Sim, foi. - admitiu com um sorriso.
– E está feliz com ele?
– Muito... Pela primeira em anos eu me senti feliz de verdade... - perdida em pensamentos, mas despertando com um beliscão no braço.
Ai, doeu. - disse ela passando a mão na mancha vermelha.
– Falei com você mas não me respondia.
– Hum sei...Mas me conta: como foi que sobreviveu sem mim?
– Eu estava na casa de um amigo...
– Ah sei... - disse Maria com um sorriso sapeca no rosto.
– Você vai ficar aqui em casa o dia todo? Posso fazer uma comida pra gente.
– Não! Você vai nos matar com suas experiências malucas.Além disso tenho que ir a delegacia. Deve estar uma bagunça sem mim.

********

– Já dizia minha avó: Quando o rato sai o gato passeia. - disse Barreto a Demétrio, que se esparramava preguiçosamente na cadeira de Maria.
Ele se recompôs.
– Arrume o gabinete que a delegada titular está vindo. - expressou Barreto.
– Maria está...
– Viva, você ia dizer? Pensou que estivesse morta ou o que?
" Pena que os sonhos não se realizam" pensou. Levantou-se sem nenhuma vontade e se pôs a recolher os seus pertences da mesa.
– Da próxima vez que quiser esta cadeira, consiga pelos próprios meios. - sugeriu Barreto ao ver Demetrio abrindo a porta da sala para sair.
– Determinação é tudo o que te falta!
"determinação..." repetiu, frio. frio
– Vejamos se não sou determinado o suficiente.

*******

– Oi gata. - saudou Carlos ao receber Fabiola em frente ao apartamento dela.
Beijaram-se fervorosamente.
– Sua tia ficou melhor? - Fabiola disse que tinha que viajar porque uma tia proxima estava muito doente e precisava de amparo.
– Oh sim...- com uma voz melosa. - Ela está muito melhor! - puxando-o pela gravata para que entrassem.
Depois do ato sexual, Fabiola se vestiu e se preparava para sair.
– Ei para onde vai? - perguntou Carlos, curioso.
– Não revelo meus segredos, querido. - beijou a ponta dos dedos e depois os passou entre os lábios de Carlos, saindo com uma bolsa grande e deixando-o sozinho.

Já era noite quando alguns relampagos no céu indicavam uma noite chuvosa. chuvosa- Parece que a chuva vai ser daquelas...- analisou Maria olhando para o céu através da janela de sua sala, na delegacia.
– É...talvez. - respondeu Barreto, distante.
– Norberto aconteceu algo?
– Diga-me você, Maria... Porque sumiu do nada? Eu fiquei preocupado com você!
Então ela relatou o que havia acontecido desde que saíra de seu apartamento no dia de seu matrimônio.
– Foi egoísta, Maria. - concluiu. - Nem sequer explicou a Geraldo o porque de tê-lo deixado. Não pude ir no casamento devido a doença, mas acompanhei pela internet e nos programas de fofoca. Seu ex foi motivo de chacota publica. As ultimas informacões que tive foi que ele sumiu por um bom tempo naquele mesmo dia e depois regressou, passando a se isolar. Você sabe que não gosto dele, mas ser abandonado em pleno altar deve ser um fardo, ainda mais sendo um homem tão conhecido como ele. Deveria se retratar o quanto antes.
– Vou falar com ele agora, então.
Barreto a deteve.
– Começou a chover. Melhor que fique aqui e fale com ele amanhã.
– E como reagiram aqui quando você disse que eu iria voltar.
– Murmuraram alguma coisa vaga... mas acho que entendem que você teve um motivo...ou não.
Maria se abaixou e apanhou uma lata de refrigerante do chão.
– Demétrio... - disse ela.
– O próprio.
– Ele sabe que detesto bagunça e sujeira.
– Aproveitou que você não estava aqui e fez a festa. Na sua ausência ele é seu substituto.
– Por pouco tempo. Vou mandar uma solicitação aos superiores para deixarem você encarregado do cargo enquanto eu estiver ausente. Daqui a alguns dias eu viajo para a Venezuela e quero que você fique a frente da delegacia.
– Sua irmã...
Ela abanou a cabeça.
– Bom... vou pegar um café na lanchonete, quer também?
– Sim... obrigada.
Maria esperou dois minutos, mas Barreto ainda não havia regressado.
Ficou pensando no que o amigo dissera e a culpa começou a lhe atormentar. Não devia ter feito o que fez com Geraldo. Deveria tentar consertar o erro e quem sabe, que se tornassem amigos...
Não aguentando mais, pegou as chaves do carro e saiu em meio a chuva.
Quando levantava a chave para desligar o alarme, ela caiu no chão e Maria se abaixou para pegá-la.
Alguémlocal emergindo da escuridão chegou por trás e a surpreendeu, enrolando seu pescoço com uma corda, sufocando-a.
Tentou gritar por reforço, mas além de não ter voz para fazê-lo, a chuva forte impediria que alguém a ouvissesufocando-a.
Tentava tirar a corda de seu pescoço mas não conseguia.
Pensou que iria morrer. Já perdia os sentidos quando ouviu ao longe que alguém gritava.
O malfeitor largou-a no chão e saiu correndo, deixando a arma do crime no local.
– Maria, Maria! - gritava desesperado o Barreto, envolvendo-a nos braços. Mas ela não o respondia, pois perdera os sentidos.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Comentem, favoritem, recomendem.
Beijos e até o próximo capítulo que dessa vez não tarda! ^^