O Retorno De Um Estranho escrita por Senhorita Ruffo


Capítulo 17
Desvendando Segredos


Notas iniciais do capítulo

Desejo-lhes uma boa leitura...



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Capitulo anterior: Enquanto isso no veículo, Geraldo cravava as unhas no volante. Como Estevão pôde traí-lo? Sentiu-se idiota por não ter percebido o envolvimento dos dois muito antes. Desde que os vira dançando na festa de Estevão, notou uma aparente espontaneidade da parte dela em estar com ele, mas esqueceu-se da dúvida pois acreditava que estavam se conhecendo melhor.
Mas isso não ficaria assim! Odiava ser passado para trás.

– Você me paga, Estevão! - setencionou, profundamente magoado. E quanto a Maria, ela voltaria para ele mais cedo ou mais tarde!

–-----

Alguém tocava insistentemente a campainha.
Daniela, sonolenta, levantou-se e foi ver quem a incomodava àquela hora.
– Geraldo! - surpresa ao abrir a porta.
Ele a agarrou e começou a beijá-la, cerrando a porta atrás de si e a deitando no chão.
Nada de preliminares. Com raiva, penetrou-a de uma só vez de modo que o grito solto por ela ecoou pelas paredes do apartamento.
A pobre acreditava que, finalmente, Geraldo resolveu dar uma chance ao seu amor, mas mal sabia ela que não passava de um simples passatempo, um objeto que servia para o alívio do peso que Geraldo sentia sobre o corpo.
Para ele não era suficiente. Ele queria Maria, só Maria, mas sua tensão não podia esperar mais tempo. Sabia que estava ludibriando a mulher que o amava de verdade, mas se havia sido bruscamente iludido, hoje não mais se importava com os sentimentos dos demais.

**********

Eram oito da manhã quando os primeiros raios de sol entravam pelo quarto. Revirando-se na cama, Maria acaba acordando. Olhou para o homem ao seu lado e sorriu. Estevão a tornou mulher! Levantou-se com um lençol envolto no corpo e entrou no banheiro.
Havia um espelho grande, no qual permitia toda a vista de seu corpo. Soltou o lençol e este caiu no chão, projetando no espelho seu corpo nu.
Haviam marcas roxas em seus seios, sentia a virilha dolorida, mas ao lembrar-se do motivo, sorriu.
Tomou um banho demorado, eliminando os vestígios de sua virgindade.
Se enxugou com uma toalha que havia num compartimento e saiu do quarto.
Estêvão todavia ainda dormia. Havia um guarda-roupa e ela, procurando por uma camisa, notou variadas peças de roupa femininas. Ali deveria ser o quarto de Alba.
Achou que não teria problema em pegar uma peça, mas as roupas que Alba usavam eram um tanto antiquadas. Procurou por um chambre (uma espécie de camisola parecido com um roupão) e vestiu. Era de um azul-escuro e de seda.
Desceu até a cozinha e preparou o desejum: ovos fritos e bacon, prato que havia se acostumado a fazer desde que morava em solo inglês.
Fez café, esquentou o leite e pôs a mesa.
Subiu para chamar Estevão. Com carinho, foi dando selinhos no rosto, fazendo-o despertar.
– Bom dia, meu bem. - disse ela.
– Maravilhoso dia. - respondeu ele, de bom humor, retribuindo o beijo.
– Fiz café para nós. Porque não toma um banho e desce para tomarmos o desejum juntos?
– Aqui esta bom. - com um sorriso travesso nos lábios.
– Anda logo, que eu estou com fome. - ordenou, autoritária.
– Está bem, está bem... - fazenso gestos com a mão enquanto andava ao banheiro. - Não demoro.
Tomou banho e saiu enrolado do banheiro. Como estava no quarto de Alba, seu barbeador não estava ali.
Já saía do quarto em direção a cozinha quando notou alguém na varanda do quarto. Maria estava apoiada no parapeito, observando a vista.
Uma de suas pernas estava apoiada numa das grades de proteção, o que fez com que parte de sua perna torneada se revelasse. Automaticamente, seu membro acordou.
Tirou a toalha e avançou para o lugar onde Maria estava, se posicionando por trás, envolvendo-a nos braços.
Maria sentiu o pênis rígido sobre o fino tecido que a cobria.
– Alguém pode nos ver. - murmurou ela, já percebendo as intenções da proximidade de Estevão.
– Tudo o que você está vendo é propriedade privada. Ninguém transita por ali. - apontando.
Ela suspirou, sinal de derrota.
Os ágeis dedos de Estevão correram até o laço do chambre. Lentamente o desfez, abrindo a camisola.
Sua mão ousada, começou a circular pela barriga, subindo para um dos seios pesados de desejo.
Apertou um mamilo enrijecido, arrancando um gemido abafado de Maria.
– Está gostando? - perguntou no ouvido dela, excitado.
– humrum... - contestou, enquanto mordia os lábios.
Estevão a apertou mais de encontro a si.
– Você me deixa louco! - expressou.
Ela tentou virar para ele, mas com um rápido movimento Estevão a imobiliza.
– Ainda não terminei com você. - sua voz potente fazia-a tremer e ensopar sua calcinha.
Estevão baixou a mão, recomeçando as carícias, dessa vez, descendo.
Brincou com a borda da calcinha de Maria. Ainda sobre o tecido molhado, apertou a intimidade dela. Maria arqueou a cabeça para trás, delirante.
Cada gemido dela estimulava Estevão ainda mais, fazendo-o aumentar a força aplicada na sua região íntima.
Retirou o chambre de vez, agora, estavam pele com pele.
Colocou a mão dentro da roupa íntima e buscou por espaço entre os lábios vaginais, acariciando o clitóris de Maria.
Gritinhos eloquentes foram ouvidos. Com uma mão excitando-a e outra no cabelo dela, ele a puxa para um beijo selvagem.
Introduziu dois dedos na cavidade úmida e Maria instintivamente colocou uma de suas mãos encima da dele, fazendo-o intensificar o movimento.
Cada gemido era interrompido pelos lábios vorazes de Estevão, que os absorvia com vontade, desejo. Deslizou seus lábios ao pescoço e sua barba roçava na pele dela, acariciando-a.
Não suportando mais, pressiona-a na quina da parede e a suspende, onde substitui os dedos pelo seu pênis dolorido de ansiedade.
Golpeou-a de uma só vez, arrancando de Maria um grito profundo. Não podia esquecer que há um dia atrás ela ainda era virgem, por isso, esperou que ela se acostumasse com ele dentro dela e saiu, tornando a entrar outra e outra vez, até perceber que ela se remexia embaixo dele, querendo-o.
Ele aumentou as investidas. Maria arranhava suas costas, motivada pelo desejo insano de seu corpo em senti-lo dentro de si.
Aquela carne dura a preenchia por completo, abrindo-a, explorando-a, num vai-e-vém alucinante e, de novo, aquela sensação de saciedade se apoderando de seu ser.
– Agora, Maria... - rosnou ele.- Se entrega pra mim!
Sentindo que tudo se rasgava, ela o obedeceu, alcançando o orgasmo na mesma hora, enquanto sentia o líquido de Estevão jorrando dentro de si.

********
– Anda, vamos para a empresa. - disse Geraldo, abotoando a camisa.
– Pensei que passaríamos o dia juntos. - respondeu de forma débil.
– Porque acha isso, Daniela? Só por causa de uma noite? Aquilo não foi nada.
Sentindo-se um lixo, ela se levantou do chão onde havia passado a noite nos braços de Geraldo e se encaminhou ao banheiro, onde chorou copiosamente enquanto tomava banho.
– Preciso que me ajude de hoje em diante. - falou Geraldo ao ver que Daniela já estava na cozinha.
– Ajudar em que? - ainda triste com as palavras dele.
– Em coisas... - respondeu, misterioso. - Tome logo seu café para irmos embora...

***********

Alba tomava café da manhã quando Rebeca apareceu para saudá-la.
– Bom dia, senhora. Dormiu bem?
– Não, não dormi.
– Algum problema?
– Desde ontem Geraldo está sumido, ninguém o viu. Estou preocupada.
– Bom, vai ver está com o senhor Estêvão.
– Não, não está. Estevão viajou e não disse para Geraldo aonde ia.
– Mas senhor Geraldo sabe.
– Sabe? - levantando-se da cadeira, aturdida. - Como ele ficou sabendo?
– Ontem esteve aqui. Perguntou para onde o patrão tinha viajado... estava tão angustiado que me compadeci e contei do paradeiro do patrão.
– Não pode ser! - bradou Alba levando a mão a boca. - Preciso falar com Estevão! - e correu para alcançar o telefone mais próximo.

**********
– Bom dia. Gostaria de falar com Geraldo.
– Tem hora marcada?- perguntou Daniela.
– Não, mas diga-lhe que sou uma amiga.
Daniela achou estranho.
– O senhor Salgado não se encontra. Gostaria de deixar recado?
– Não sou nenhuma tonta, se quer saber. Sei que ele está aí. Preciso vê-lo.
Avançou para a porta da sala da presidência e entrou, sem prévio aviso.
Geraldo estava fumando um charuto e tomando cerveja em pleno horário comercial, mas não era de se estranhar, pra quem havia sido trocado...
– Desculpa, Geraldo, tentei impedi-la mas...
– Tudo bem, Daniela. Pode se retirar.
Já sozinhos, Fabiola se sentou sem ser convidada numa cadeira de frente a mesa de Geraldo.
– O que faz aqui, Fabiola? Veio mandar algum recado de seu namoradinho?
– Vim porque tenho negócios a tratar.
Ele a olhou de cima abaixo.
– Não costumo fazer programas dentro da empresa.
– Não sou uma prostituta! - gritou ela, fazendo-o rir.
– Não tenho nada a tratar com a senhorita. - tragando preguiçosamente seu fumo.
– O que me traz aqui é um assunto de grande valia para nós dois.
– Ah, é? - sarcástico. - E o que é?
– Sei que Maria te trocou por Estevão... - indo diretamente ao ponto, deixando-o irritado.
O olhar gélido que ele lhe direcionou não a impediu de prosseguir. - Mas você pode recuperar sua queridinha, isto é, tendo minha ajuda, claro.
– Esse assunto não te interessa. - estreitando os olhos, com raiva na voz.
– Me interessa mais que a você. Ajudo-o a ficar com Maria...
– A troco de que?
– Muito simples: Eu quero a Estevão San Romãn!

********
O telefone da cabana tocou insistentemente. Maria quis atender, mas Estevão a impediu. Haviam ansiado tanto por estarem sozinhos que não poderiam perder a oportunidade, atendendo a um telefonema desagradável, como era de se esperar.
– Como chegou até aqui? - enquanto colocava a xícara de café na boca.
– À cavalo. Um funcionário seu desta cabana me emprestou. - Estevão riu.
– Sabe montar a cavalo?
– Claro que sim. Tive aulas de equitação na polícia.
– Acho que foi Felipe quem te emprestou o cavalo. Para qualquer canto que vá, sempre tem um entre as pernas.
Maria sorriu, mas havia certa preocupação em seu semblante.
– Algum problema? Não gostou da noite passada?
– Não... tudo estava perfeito... - olhando-o com doçura. - Mas acho que seu cavalo deve ter fugido ontem à noite.
Estevão gargalhou.
Por um momento, Maria acreditou ter visto um amigo antigo naquela cozinha e começou a prestar mais atenção em Estevão, intrigada.
– Por isso não se preocupe. Aqui tem um estábulo com uns dez cavalos. Dou qualquer um para Felipe.
Mas Maria continuava a fitá-lo, com uma expressão de dúvida.
– Porque me olha assim? - com medo de Maria haver matado a charada.
– É que você me pareceu a...
– Seja quem for, esqueça. Sou muito mais bonito. - fingindo um sorriso, descontraindo-a.
– E quanto tempo vamos ficar aqui? - mudando de assunto.
– Vamos ficar aqui o tempo que você quiser.
– Deixei Vivian sozinha, ela não conhece muito bem a cidade.
– Quer ligar para ela?
– Depois... mais e Geraldo? Como vamos contar a ele? - preocupada.
– Ele não sabe que estamos juntos, teremos tempo para pensar.
– Não sei, Estevão. - terminando o café. - eu o deixei em pleno altar, não sei como ele reagiu.
– Ele está bem... - levantando-se e indo de encontro a Maria, para beijá-la. Aconteça o que for, vamos resolver tudo, juntos.

**********
– Deixa eu ver se entendi direito: Você está com Carlos só para se aproximar de Estevão? Não é um plano muito original. - gargalhando.
– Coletando informações, eu diria.
– E já tem alguma informação que nos valha alguma coisa?
– Em que cidade Estevão nasceu?
– O que diabos isso tem a ver?
– Tudo! Carlos uma vez me disse que ouviu uma conversa entre Estevão e Alba, onde haviam dito de um tal casamento... quero descobrir se Estevão foi casado ou não.
– E no que isso me ajuda?
– Se toca, cara! Um casamento é algo natural, se Estevão foi mesmo casado e se separou, porque não saiu nada a respeito disso na mídia, já que divórcio é algo tão comum?
Ele se pôs a pensar.
– Prossiga.
– Estevão esconde algo... se descobrirmos o que é, poderemos usar seu próprio segredo contra ele.
– E você pretende investigar o passado dele?
– O que me interessa e só essa história de casamento. Mas antes de começar, preciso que me diga onde ele nasceu.
– Segundo eu sei, em Guadalajara. Pretende ir até lá?
– Óbvio que sim.
– Porque não contrata um detetive profissional?
– Prefiro eu mesma descobrir tudo. Preciso de sua ajuda financeira.
– Não estranhava isso... - discando para a secretária. - Daniela, venha aqui, por favor.

Segundos depois...

– O que deseja? - perguntou Daniela entrando na sala.
– Transfira um milhão da minha conta pessoal para esta aqui! - estendendo o papel com o número da conta corrente de Fabiola.
– Até mais ver, Geraldo. - Diz Fabiola, estendendo a mão para Geraldo.
– Espero que traga-me notícias agradáveis. - retribuindo o aperto.
– É o que eu desejo, também.
E saiu.
– Um milhão, Geraldo? - retrucou Daniela. - Porque tanto dinheiro a essa mulher? - ciumenta.
– Sem perguntas, por favor. - cortou-a, frio. - Aproveite e faça-me uma conta no exterior com seu nome.
– Meu nome? E você não já possui uma conta?
– Daniela...- impaciente. - Faça o que lhe pedi, sim?
Resignada a ser um mero objeto de Geraldo, ela assentiu. Faria tudo o que ele quisesse, só para tê-lo perto de si.
– Tudo bem, eu faço. Deposito algum valor?
– Sim... 30 milhões.
– 30 milhões? - exaltou-se. - E de onde tiro todo este dinheiro?
– Da empresa, ora.
Daniela ficou incrédula.
– Quer me usar como laranja?
– Não, não, não... - Aproximando-se dela e acariciando o seu rosto. - Estou disposto a esquecer Maria...- mentindo. - Pensava que daqui a uns meses, poderíamos viajar para o exterior, o que acha?
– Sério? - alegre, mas lembrou-se do que ele havia dito. - E você não falou que o que se passou à noite foi...
– Shhh. - colocando um dedo na boca dela. - Esqueça o que eu disse, ainda estava triste com o que ocorreu comigo ontem, tente compreender.
– E se descobrirem o desfalque?
– Não vão, não se preocupe, meu anjo. - abraçando-a. - Esta empresa também é minha, estou apenas cobrando uma boa parte que me cabe.
– Farei tudo o que você quiser, Geraldo!
– Eu sei, meu bem...- com um sorriso de satisfação nos lábios. - Eu sei...

*********

Como Fabiola morava na Cidade do México, dali até Guadalajara seriam uns 536 km de estrada, mais de cinco horas de viagem, se fosse de carro.
Mas como sua pressa em descobrir algo o quanto antes era latente, resolveu que pegaria um avião.
– Preciso que vá comigo, Elisa.
– De jeito nenhum! - reprovou a outra. - Estou em semana de provas na faculdade. (Frisando que Elisa tem uns 22 anos.)
– Tudo bem, eu vou sozinha. - já tinha arrumado as malas. - Ligarei para o imbecil do Carlos mentindo alguma coisa e partirei agora mesmo.

*************

– Alô, Felipe?
– Sim, quem fala?
– Sou eu, Alba.
– Ah sim, senhora Alba. - surpreso, pois ela nunca tinha ligado para ele antes. - Em que lhe posso ser útil?
– Estevão está aí, não é?
– Ah, está sim, senhora.
– Acompanhado? - óbvio que sabia a resposta.
– Sim, de uma mulher.
– E ninguém apareceu por aí pela noite?
– Não estava na cabana, senhora. Senhor Estevão me dispensou depois que eu fiz meu trabalho. Mas voltei há uns cinco minutos.
– Ótimo. Pode me passar o celular para ele?
Felipe fez uma cara de quem estava em maus lençóis.
– Ele disse que não queria ser incomodado o dia todo.
– Então, por favor, pode dizer a ele para ligar para casa, quando o ver? Estou muito preocupada.
– Claro que sim, senhora. Mas adianto que senhor Estevão está bem, e me atrevevo a dizer que nunca o vi tão feliz desde que o conheço...

********
Eram quatro e meia da tarde quando Fabiola chegou em Guadalajara. Hospedou-se num hotel luxuoso e procurou na Internet o endereço do fórum da cidade.
Alugou um carro e rumou para o endereço anotado, cheia de expectativas.
Ao chegar no edifício, benzeu-se e entrou, rezando para que encontrasse algo útil.
– Bom dia. - sendo cortês com uma balconista mal-encarada.
– Bom dia, o que deseja? - respondeu com evidente mal-humor.
– Estou procurando o registro civil de meu namorado, Estevão San Romãn.
A mulher irou-se para que pudesse dar mais atenção a Fabiola. Se o tal Estevão San Romãn fosse quem pensava, então essa mulher na sua frente tinha muito dinheiro.
– Para que o quer? - era uma pergunta sem cabimento, já que era um assunto'pessoal'.
– Ele precisa do registro pois moramos na cidade do México e os trâmites do divórcio ainda não foram concluídos devido a ausencia desse documento.
Pareceu convincente pois, a mulher começou a mexer no computador.
– Não há registro de casamento algum. - disse após concluir a busca.
– Tem certeza? Talvez o registro esteja numa pasta, no local de documentos lá dentro. - gesticulando para o interior do edifício.
– Nós demoramos muito, mas conseguimos arquivar todos os registros no computador. Certidões de nascimento, de óbitos, registro de casamento, exceto processos judiciais. Lamento, mas não possui nenhum arquivo aqui.
– E a certidão de nascimento?
– Como posso comprovar que você realmente é namorada do San Romãn? - intrigada.
– Preciso provar? Mas como? Não estou casada com ele, a única prova que tenho é um anel de compromisso. - exibiu a joia, que brilhou intensamente nos olhos da balconista.
– Bom, vou procurar.
Outra busca, sem resultado.
– Não é possível! - disse Fabiola. - Se ele nasceu aqui...
– Isso não quer dizer nada. Em qualquer fórum que vá pode-se registrar alguém.
– E agora, para onde é que irei? - falouu Fabiola a si mesma.
– Olhe, há um meio para encontrar o que procura.
– Como assim?
– Há uns dois anos atrás, um funcionário desse fórum foi demitido após denúncias de queimas de arquivo, roubo de documentos... Quem sabe ele não se apropriou do qual você está procurando?
– Não sei... seria possível?
– Não custa nada tentar. Soube que ele também estava trabalhando para políticos corruptos, pois é possível incriminar uma pessoa usando seus dados de nascimento.
– Certo, e onde encontro esse homem?
– Ah, minha cara. - disse a mulher, sorrindo. - Existem informações que não se podem dar de graça. São muito valiosas.
– Então me diga seu preço!

*******

O dia transcorreu tranquilo para Maria e Estevão. Não se desgrudavam um só segundo. Mas havia algo que Maria não compreendia: Parecia que conhecia Estevão há anos, sendo que o encontrou pela primeira vez a meses. Devia ser coisa de sua mente, era isso!
Estevão mostrou a casa e os arredores, avançaram para o estábulo e deram ração aos animais, estavam tão alegres, tão cúmplices...
Ao chegarem na cabana depois de um passeio agradável, Maria foi preparar o jantar enquanto Estevão foi tomar banho. Ao regressar, a mesa estava posta. Sentaram e começaram a comer.
– Você cozinha muito bem. - elogiou Estevão.
– Obrigada. Aprendi com uma amiga... Estevão...
– Diga. - enquanto dava uma garfada no espaguete.
– Preciso começar, já estou preparada.
– Começar o que?
– A procurar o assassino de Patrícia. - Estevão parou de comer.
– Pensei que tinha desistido. - retrucou despreocupado.
– De forma alguma! Demorei muito tempo, é chegada a hora de descobrir quem tirou minha irmã e meu cunhado de mim.
– Gostava do seu cunhado? - quis saber Estevão voltando a comer.
Maria ficou em silêncio. Não tinha porque mentir para ele, afinal, seu cunhado não estava vivo.
– Eu gostava muito... demais até. - olhou para Estevão que o observava, atento. - Uma das razões pela qual viajei para a Europa não foi só pela faculdade... Mas porque eu... eu o amava!
– Amava seu cunhado?- Estevão estacou.
– Sim, amava. Por isso quis ficar o mais longe possível para esquecê-lo.
Aquela revelação deixou Estevão deveras perplexo.
– Não se preocupe, meu amor. - disse ela, segurando a mão de Estevão sobre a mesa. - Não o amo mais, mas tenho um carinho enorme por ele. Foi muito bom comigo.
Não conversaram mais sobre o assunto e seguiram o jantar em silêncio...

**********
Fabiola seguia as instruções dadas pela atendente rechonchuda que ela havia comprado. O endereço dava em um bairro de classe média, próximo ao centro da cidade. Estacionou o carro e andou até a casa número 223. Era ali.
Tocou a campainha e pouco tempo depois um senhor de meia-idade apareceu.
– Boa noite, procuro alguém chamado Ernesto Lemos. O senhor conhece?
– Sou eu. - olhando para ela de forma ousada. Oque uma mulher atraente estaria fazendo ali aquela hora?
– Que bom que te encontrei! Há tempos que o procuro.
– O que quer?
– Não vai me convidar para entrar? - fazendo uma pose.
– Claro que sim, doçura. Por favor... - fazendo um gesto para que ela entrasse.
– Está sozinho?
– Não... estou com a bela dama, aqui. - gesticulando para ela. - Aceita uma bebida?
– Uma cerveja, por favor.
Ernesto serviu os dois. Sentou em uma poltrona na sala e pediu que ela tomasse assento.
– Diga-me: porque me procura? - curioso.
– Preciso de informações e me disseram que você as obtém.
– E quais seriam?
Ela ajeitou-se na cadeira, cruzou as pernas e deu um gole na bebida.
– Por acaso você sabe de algum documento de um homem chamado Estêvão San Romãn?
Ernesto empalideceu. Com certa sofreguidão, falou:
– Eu... eu não conheço esse homem.
– Não mesmo? - insinuante. - Porque está tão nervoso assim?
– Impressão sua. - cortou o homem servindo-se de mais cerveja. - Melhor você ir embora.
– Sou noiva de Estevâo... ele disse para mim que eu deveria te procurar, a fim de falarmos sobre a certidão dele. - não especificou se foi de casamento ou nascimento, para não levantar suspeitas. Afinal, qualquer documento que fosse, serviria.
– E por que ele mesmo não veio aqui?- perguntou intrigado.
– Ele é muito ocupado. Dono de uma das maiores empresas do país, como um ex-oficial de justiça, talvez devesse saber.
– Sei disso. E porque ele não te acompanhou?
– Muito trabalho. Está na Noruega resolvendo alguns problemas de família.
– E por que quer o documento? Ele não o tem?
– Meu senhor...- colocando o copo numa mesinha de centro e avançando em direção a ele. Apoiou os braços na cadeira onde ele estava sentado. Sua blusa revelada parte de seus seios volumosos, e Ernesto encheu-se de água na boca.
– Estevão e eu oficializaremos a união dentro de alguns meses, mas a certidão sumiu. De uns dias para cá ele anda estranho, sabe? Não fala comigo com tanta paixão como antes, desconfio que foi casado. Já perguntei a ele mas sempre me nega. Mas você...- passando a mão no peitoral do homem. - Você poderia me ajudar...
Vendo que o homem estava rendido, prosseguiu:
– Quanto quer para me contar tudo o que sabe sobre Estevâo? - pegando o talão de cheques na bolsa.
– Não preciso de dinheiro. Como pode ver, tenho uma vida bastante abastada. - apontando para a sala.
– E então? - os olhos do homem se direcionaram para o corpo dela. - Sim... claro.
– Eu quero você! - disse ele, puxando-a para o colo.
– Vai me dizer tudo o que preciso saber?
– Tudo e um pouco mais. - disse ele enquanto deslizava as mãos pelos seios dela...

**********
Estevão e Maria acabavam de fazer amor.
Seus corpos estavam suados, arfantes sobre os lençóis. Ainda estavam ligados intimamente.
– Amanhã, se quiser, podemos andar a cavalo.
– Claro, Estevão...Mas há algo que preciso dizer.
– Pois diga.
– Há um mês eu tenho minha viagem para Aruba agendada, pensava em ir depois da... do meu casamento com Geraldo... - ela ainda estava se sentindo mal por tê-lo abandonado.
– Quando será exatamente?
– Daqui a duas semanas...
Estevão ficou em silêncio, pesando os prós e os contras, até que, por fim, resolveu falar:
– Quer que eu vá com você?
– Você pode?
– Claro que sim. Não quero te deixar sozinha nisso. - Recearia a atitude de Maria quando ela soubesse do paradeiro do assassino e sua identidade. Precisava estar lá, apesar de não poder ajudá-la em nada, no que sentiria.
– Obrigada. - disse terna, enquanto acariciava seu rosto.
– Eu te amo, Maria. - Era a primeira vez que ele dizia essas palavras. Mas havia um misto de tristeza na voz que fazia pensar que aquelas palavras o machucavam.
Ela, estupefata, não pôde repetir o dito. Ficou em cima dele acariciando o peito exposto, beijando toda a extensão do pescoço. Sentiu que sua intimidade se abria mais, Estevão estava excitado.
Ele segurou em sua cintura e ordenou que ela se mexesse. Ambos soltaram gemidos roucos. Maria começou a subir e a descer, amparada pelas mãos de Estevão. Foram poucos segundos até que aumentassem a velocidade da investida. Maria arqueou a cabeça para trás, mordendo os lábios e pronunciando palavras sem sentido.
Uma lágrima de alegria rolou no seu rosto. Estevão a puxou para um beijo. Ela gemia em sua boca a cada vai-e-vém. Era tão erótico! Seu corpo pulsava acelerado, os batimentos estavam tão acelerados que acreditava que a qualquer hora teria um ataque cardíaco. Mas que importava? Que se dane o mundo! Teriam que enfrentar a realidade, mas evitariam esse fardo o tanto quanto pudessem.
Ao sentir que seu corpo ficava cada vez mais perto, Estevão a penetrou bem forte, arrancando um grito dela, que caiu pesadamente sobre seu corpo, ao alcançar a liberação...

***********
– Já te dei o que queria. - Disse Fabiola, enrolada nos lençóis.
– Sim, claro! Merece seu prêmio. - sentindo-se satisfeito.
– E então, me diga: o que sabe sobre o San Romãn? - não escondendo a ansiedade.
– O conheci há uns vinte anos atrás. Eu trabalhava no fórum há uns dois anos antes de vê-lo pela primeira vez. Ele não era rico, mas tinha algum dinheiro. Acontece que eu tinha certa fama de 'fodão' entre todos os funcionários, de modo que eu era respeitado.
Estevão chegou em meu gabinete aflito. Queria documentos novos e de forma rápida. Como as mulheres caíam de amores por mim...- exaltando-se. - não foi difícil para que eu conseguisse ajuda das responsáveis pela plastificação de documentos. Ele pediu carteira de motorista, certidão de nascimento, passaporte. Arranjei todos. Me pagou uma quantia pequena, mas prometendo que quando desce certo na vida, me pagaria mais. A princípio receei, mas vi que ele tinha futuro. Cinco anos depois ele me procurou, pagou-me quinhentos mil reais, ainda não tinha tanto dinheiro como agora. Perguntei se queria novos serviços, mas ele disse não e que jamais eu deveria falar sobre o acordo. Como ele não foi o único que solicitou meus serviços, concordei, afinal, ele estava lavando minhas mãos... Muitos passarm por aqui, mas um impossível de esquecer foi Estevão, que hoje está podre de rico. Mas os documentos não eram falsos, apenas os refiz...de forma ilegal.
– Fabiola ouviu tudo em silêncio, atenta.
"Porque Estevão agiria dessa forma?" Pensou Fabiola.
– E a certidão original?
– Dei um fim, claro.
– Tem certeza de que é só isso o que tem a dizer?
– Sim...
– E qual o nome que constava na certidão original?
– Não me lembro, eram tantos nomes que apaguei, criei... mas de uma coisa te asseguro: Não era Estevão San Romãn.
Fabiola sentou na cama, de olhos arregalados.
– Então... Estevão San Romãn é um impostor!

Continua...


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Notas finais do capítulo

Comentem, favoritem, recomendem... bjos e até o próximo capítulo!