Aperto de mãos. Agora, as empresas San Roman e a Empreendimentos Salgado eram sócias.

Enquanto os sócios minoritários de ambas as empresas se retiravam, Geraldo e Estevão conversavam animadamente.

–Seja sincero comigo, Geraldo: Qual o motivo de criar raízes no país? Nunca aceitou que fôssemos sócios, e há alguns dias atrás, você mesmo me propõe o acordo...

–Cansei de ficar por aí, gastando com mulheres, bebidas, jogos... vou tomar juízo e cuidar do patrimônio do meu pai.

– Só isso mesmo?

– Não te entendo - disse Geraldo em meio aos risos - Porque acha que eu teria um motivo especial?

– Te conheço à anos. Lembra quando te conheci naquele casino em Las Vegas? - os dois caíram na gargalhada.

–Não me lembra daquele dia. Pagamos o maior mico de nossas vidas.

– ninguém mandou você se vestir de mulher - Estevão lembrou-se do amigo usando salto e quase teve um troço.

– você jogou dinheiro para mim achando que eu era travesti. Fui me divertir com a sua cara e me sentei no seu colo.

– Pare, já chega - suplica Estevão, enxugando as lágrimas- pois bem, naquele vexame todo, nos apresentamos e hoje somos melhores amigos. Uma vez você me disse que não gostava de ficar em um mesmo país por mais de um ano, e nosso contrato é de cinco...

– Vejo que me conhece muito bem... sim, há um motivo em especial.

– Eu sabia! Conta o que é!

– Uma mulher.

– Só podia ser. Cometeu a estupidez de se apaixonar.

– Você sempre fala do amor como se ele fosse algo sujo.

– Talvez porque ele seja mesmo.

– Diz isso porque sofreu por amor?

Estevão balança a cabeça positivamente.

– Não falemos sobre isso. Quem é sua namorada?

– Noiva. A pedi em casamento à um mês atrás, e namoramos à dois.

– Tão rápido assim, não há dúvidas de que ela te interessa, e muito. Eu a conheço?

– Ela não é da alta sociedade,. Você terá a oportunidade de conhecê-la sexta-feira, vou fazer uma festa.

– Diga a Alma o endereço da festa. Farei questão de ir. Mas diga-me: Você a ama realmente?

– Sou completamente apaixonado por ela. Acho que ficaria louco se a perdesse. Deveria arranjar uma mulher também, Estevão.

– Tenho todas as que quero. Sem compromissos. Aliás, quer ir beber algo comigo naquele bar que frequentávamos aqui perto?

– Beber? Nada disso. Deixa para amanhã. Hoje vou ver minha prometida.

– Essa mulher deve ser única, não é? Tudo bem, vou sozinho, então.

– Sim, ela é única. Quando a conhecer, saberá o por quê.

Despediram-se após longa conversa.

Estevão naquela noite, havia ido a um dos melhores bares da cidade. Já de madrugada, retornou à sua casa.

Sexta - feira chegou. Estevão estava na alfaiataria comprando um elegante smoking preto.

Retornou para a mansão, se arrumou e partiu sozinho em direção à festa, pois sua tia estava indisposta, e seu primo, sabe-se lá aonde.

Já eram oito horas da noite. Havia estado em um engarrafamento horrível, causa de seu atraso.

Geraldo o esperava, estava ansioso. Assim que viu Estevão saindo do carro, correu ao seu encontro.

– Que demora, Estevão. Por onde andou?

– Estava no meio de um congestionamento - justifica-se enquanto entrega as chaves de seu carro ao manobrista.

– Pois bem, entremos agora, já vou apresentar minha noiva para todos, apenas esperava você.

Entraram no salão de festa do hotel Luxury Bahr Principe Akumal, que ficava próximo à baía.

Estevão se sentou e pegou um copo de conhaque oferecido por um dos garçons.

Geraldo seguiu para um espaço reservado para um discurso. Um vulto se movia atrás de uma das cortinas que enfeitavam o salão.

Falou de sua vida profissional e pessoal. Por fim, começou a apresentar a noiva.

– Me sinto o homem mais feliz do mundo. A mulher que escolhi para esposa é inteligente, linda, simpática e atraente. Não há mulher mais bonita no mundo.

Que exagero! Pensou Estevão com um sorriso no rosto.

– Venha, amor - Geraldo estendeu a mão, que logo segurava outra, pequena e delicada.

Então.... ela apareceu. Estevão jamais havia visto uma mulher tão linda e atraente como ela. O vestido vermelho e colado ao corpo, desenhava as curvas de mulher, e a abertura da roupa que havia entre cada seio dava-lhe um ar sensual e ousado.

Os olhos possuíam um brilho radiante, como se as estrelas do céu e o mar tivessem se fundido, e essa fusão resultou em duas pedras de esmeralda que flamejavam intensamente.

Aquela boca vermelha e os longos cabelos negros, despertavam em Estevão sentimentos já conhecidos, mas desta vez, imensamente intensos.

A mulher movimentava-se lentamente, retribuindo os olhares de aprovação dos convidados que a observavam boquiabertos.

– Senhores, essa é Maria Fernandez, minha futura esposa! - disse Geraldo, não escondendo o orgulho de tão bela escolha.

Inesperadamente, os olhos de Maria encontraram os de Estevão.

Eram estranhos, mas inexplicavelmente sentiam-se velhos conhecidos.

Um se deleitava no olhar do outro, encarando fixa e atentamente.

Estevão, admirado com tamanha beleza e Maria, curiosa, pois tinha a estranha impressão de já ter encontrado aqueles olhos verdes há muito tempo atrás...

Continua...