Novamente Você escrita por Letícia Castanheiras


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Desculpe a demora. Mês de provas na facul me deixam sem inspiração.
Mas aí está um capítulo novinho pra vcs.



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– E quais são as circunstâncias? – Perguntei, tentando manter a calma.

– Se estiverem realmente limpos, nós apenas deixaremos umas advertências a serem tomadas e vamos embora, deixando vocês aqui, pra sobreviverem nessa vidinha pacata até o último morrer de morte natural, mas se tiverem infectados ou se em um futuro próximo a infecção surgir daqui , a CRUEL terá que tomar providencias drásticas nesse lugar. – Disse o sujeito com a expressão de que não se importava muito com aquilo.

– Seu mértila, eu não sei se essa ai de contou – Disse Minho apontando para Teresa – Mas nós todos somos imunes ao vírus. Então já querendo ser indelicado, eu peço para que entrem naquela droga de Berg e saiam daqui o mais rápido possível. – Ele disse já se levantando, indo em direção à porta.

– Vocês são imunes ao Fulgor, mas não ao novo vírus. – Teresa disse atraindo a atenção de todos na sala.

Minho que estava na porta voltou ao seu lugar e se sentou indicando para que Teresa continuasse.

– Na verdade ele é uma mutação do Fulgor, nós os estamos chamando de Fulgor X.

– Como aconteceu? Quando? Como ele é transmitido? – dessa vez foi Gally quem perguntou.

Teresa abaixou a cabeça, talvez tentando achar uma maneira de começar a falar, e pela forma que estava agindo, notei que a coisa era realmente séria. Ela olhou para Andrew, indicando que ele prosseguisse.

– Como eu disse, vocês não foram os únicos grupos de sobreviventes que minha mãe formou. Na época em que vieram pra cá, já havia três lugares como esse há algum tempo com pessoas formando uma nova sociedade, depois vieram vocês e os seis restantes. No total havia uns 2200 sobreviventes. Só que depois de um tempo, nós notamos que alguns grupos ao invés de estarem crescendo, estavam diminuindo.

– E como a CRUEL soube disso? Ah, já sei, mais uma vez vocês estão manipulando todos nós – Disse nervoso. Olhei com raiva para Teresa, por saber que ela estava fazendo parte de tudo aquilo e pra minha surpresa, ela olhou com mais raiva ainda pra mim.

– Nós não podíamos deixar os grupos sem uma supervisão por medo de que alguma coisa acontecesse e realmente aconteceu. Só que não se preocupem, ninguém invadiu a privacidade de vocês, eu não faço ideia do que estão fazendo – Ela olhou para mim e de relance para Brenda – Um Berg passava de tempos em tempos para fazer a contagem das pessoas através do calor corporal, sem contado nenhum com os grupos.

Fiquei triste pela reação de Teresa, mesmo eu a provocando para isso. Mas fiquei de certa forma aliviado em saber que ela não nos observava de verdade. Seria estranho imaginar que ela sabia tudo o que eu e Brenda fazíamos ou que visse os meus momentos de confusão no alto da colina.

– Tivemos que mandar soldados da CRUEL para averiguar o que estava acontecendo. E quando eles voltaram, as notícias foram horríveis. Eles relataram que ao contrário do Fulgor que deixa a pessoa louca, o Fulgor X a deixa num estado quase vegetativo. Os contaminados vagam sem rumo, não comem, não dormem, não falam, não tem expressão. Eles simplesmente andam e sangram. – Continuou Teresa mais calma.

– Como assim, sangram?

– O vírus literalmente come o cérebro do infectado, e conforme isso vai acontecendo, ele vai sangrando pelos olhos, boca, nariz, ouvido, até morrer, o que geralmente aconteceu em dois, três dias no máximo.

Um silencio mortal pairou sobre o lugar, acho que ninguém queria acreditar naquilo, mas ao mesmo tempo sabia que era verdade.

– Ele também é transmitido pelo ar? – Minho perguntou agora entendendo que a situação era grave.

– Nós não sabemos muita coisa ainda sobre ele. A principio parece que é transmitido através de fluidos corporais, mas não temos total certeza disso. A única coisa que temos certeza é que dos dez grupos que existiam, com vocês sobraram apenas cinco, até ontem pelo menos.

– E a CRUEL veio até aqui pra transmitir o vírus e matar todos nós, adivinhei? – Brenda perguntou nervosa.

– É mais fácil vocês nos contaminarem do que ao contrário. Uma coisa que descobrimos é como o vírus sofreu a mutação. – Disse Andrew.

– E como isso aconteceu? – Perguntei.

– Acho melhor Teresa responder a sua pergunta. Ela buscou conhecer mais do assunto do que eu.

Andrew olhou para Teresa, indicando que ela prosseguisse. Ela relutou alguns momentos, como se estivesse com medo de falar algo. Até que respirou fundo e começou.

– O vírus sofreu mutação através dos bebês recém-nascidos.

– Como assim? – Minho perguntou já alterando sua voz.

– Quando Ave Paige percebeu que o mundo não teria mais salvação, ela criou esses ‘Paraísos’; é assim que chamamos o lugar onde vocês moram; para que os imunes procriassem e o planeta não entrasse completamente em extinção. No inicio realmente a ideia funcionou, casais se formaram e as mulheres engravidaram. Tudo parecia dar certo. Só que as coisas começaram a mudar depois que esses primeiros bebês nasceram. – Ela fez uma pausa – A população ao invés de crescer, estava diminuindo. Quando os soldados voltaram com as notícias de um novo vírus, procuramos descobrir de todas as maneiras de onde ele veio. Até que chegamos nas crianças.

– Isso é um absurdo, como você pode dizer que pobres bebês indefesos transmitem esse vírus. Você está ficando louca, isso sim. – Brenda estava gritando, encarando Teresa com raiva.

– Pra quem trabalhou tanto tempo na CRUEL, me impressiona a sua falta de cultura científica. Posso continuar? – Teresa perguntou séria, fazendo Brenda se calar – O pais desses bebês são imunes, então o certo seria que eles também nascessem imunes, só que não foi isso que aconteceu na maioria dos casos. Os vírus do pai e da mãe se alojaram nos fetos, ali se evoluíram e sofreram uma mutação e...

– E depois que nascem, eles liquidam todo mundo carregando um vírus completamente mortal. E nós estamos aqui para alertarem que POR FAVOR, NÃO SE REPRODUZAM MAIS, ou vocês vão todos morrem. – Disse o otário do Andrew.

Nesse momento, todos do nosso grupo olhávamos para Minho. Ele estava com um olhar vazio, distante. Não conseguia imaginar como deveria estar a cabeça dele agora. O cara viveu sozinho a vida inteira, apenas correndo numa mértila de um labirinto, tentando achar uma saída para salvar seus amigos, sofreu nas mãos da CRUEL e agora que acha que pode viver uma vida tranquila ao lado de alguém que descobriu amar, seu mundo acaba de vez.

– Que caras são essas? Não me digam que existem mulheres grávidas aqui? Isso não pode acontecer. – Andrew disse.

Eu iria mentir, dizer que não havia nenhuma grávida no nosso grupo, sabia que Teresa me ajudaria nisso, pois foi ela mesma quem me alertou para esconder Vanessa, mas antes que pudesse falar alguma coisa, Minho se antecipou.

– Minha mulher está grávida de quatro meses. É um bebê inocente, ele não fez nada, não tem culpa de nada.

Vi espanto nos olhos do meu amigo, o Minho valente, machão de alguns minutos atrás havia desaparecido e deixado um outro apavorado, receoso.

– Teresa, vamos embora. Chegamos tarde demais aqui. – Andrew disse, já puxando Teresa pelos pulsos, essa nem se mexeu.

– Não Andrew, nós não vamos a lugar nenhum. – Disse ela confiante.

– Você enlouqueceu? Eles vão morrer quando essa criança nascer. Vamos embora agora, isso é uma ordem.

– Vá você, eu vou ficar até ter certeza que existe um risco de verdade – Teresa disse se sentando.

Andrew ficou vermelho de raiva, mas não disse nada, apenas a olhou profundamente por um tempo e depois saiu.

– Ei, volta aqui, ninguém quer ela aqui não. Volta aqui. – Brenda dizia tentando alcança-lo, mas em vão.

Um sentimento de proteção me fez chegar perto de Teresa. Me agachei e peguei sua mão.

– Não ligue pro que Brenda diz, se você quiser ficar, ninguém vai te impedir, eu não vou deixar que nada de mal aconteça com você.

Ela olhou para mim, e a fúria saia de seus olhos. Ela bruscamente se soltou de minhas mãos.

– Você não vai deixar que nada de mal me aconteça? É pra rir ou pra chorar? Você já fez isso Thomas, no dia que me abandonou debaixo naquele muro me deixando pra morrer – Ela se levantou.

O muro caiu encima de mim agora, nunca vi Teresa tão fria como a vi agora. Parecia outra pessoa.

– E não se preocupe, Andrew não vai pra lugar nenhum, o Berg está quebrado e só será consertado amanhã.

De repente ela se aproximou de Minho que estava num canto da cabana de cabeça baixa.

– Nós vamos dar um jeito de proteger Vanessa.

– Como? – Ele perguntou a olhando, ele não demonstrava resistência nenhuma com sua aproximação.

– Como eu disse, alguns bebês nascem imunes como seus pais. Nós podemos fazer um exame que coleta o sangue do feto e ai descobrimos.

– E se ele não for imune? O que vai acontecer? – Minho derrubava discretas lágrimas.

– Nós vamos fazer um falso positivo. Coletamos o sangue de um feto imune e enganamos o Andrew dizendo que é o teste do seu bebê.

Minho pareceu se alegrar um pouco com essa notícia, mas não fazia sentido, e mesmo com Teresa querendo me matar eu tinha que perguntar aquilo:

– E em que lugar desse mundo destruído nós encontraríamos um feto imune?

Ok, eu estava pronto pra tudo, tudo mesmo, qualquer coisa, menos pra aquilo. Após minha pergunta, Teresa automaticamente colocou a mão em sua barriga.

– Aqui!


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Notas finais do capítulo

E aí, de quem será esse bebê?

Devo continuar? Comentem por favor!!!